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Performances artísticas nas ruas buscam se conectar com território da Maré

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Performers se apresentarão no Galpão Bela Maré, na favela Nova Holanda, e também no entorno do espaço cultural

O segundo dia de apresentações da I Mostra de Performances MIOLO, será realizado amanhã (15), das 14h às 18h, no Galpão Bela Maré, localizado na favela Nova Holanda. O conjunto de apresentações é uma realização do Observatório de Favelas, junto ao Galpão Bela Maré, que selecionou 12 artistas performers, coletivos e pesquisadores do corpo para se apresentar entre os meses de agosto e novembro, no galpão e em vias públicas nas ruas do entorno do espaço cultural. 

A programação deste sábado, que conta com quatro performances, começa às 14h com a apresentação “Um homem chamado cavalo é meu nome”, de Lorre Mota. Logo depois, se apresentam Roberta Azevedo com a performance “Daninha”, às 15h, e Mariana Maia, às 16h com “CoroAção”. O dia de apresentações se encerra com “Enxoval”, de Rainha F, às 17h.

De acordo com o curador do Galpão Bela Maré, Jean Carlos Azuos, a proposta da mostra é que, além de conceitos artísticos, a programação possibilita reflexões e interações dos corpos com as ruas da Maré e seus fluxos.

“Temos historicamente, através do Galpão Bela Maré, atuado com a prática de performances de formas diversas. Agora com Miolo, esperamos que a programação transborde para as ruas, extrapole a área expositiva do espaço e se conecte ainda mais com o território em fluxo, como as vias públicas da Maré, com a Avenida Brasil, com as pessoas passantes, com o comércio.” – reflete o curador.

Sobre o Galpão Bela Maré

Inaugurado em 2011, o Galpão Bela Maré, localizado no Conjunto de Favelas da Maré, representa o projeto institucional do Observatório de Favelas do Rio de Janeiro, em parceria com a Produtora Automatica, na construção de um espaço alternativo dentro do cenário das artes do Rio de Janeiro metropolitano. O espaço existe com o objetivo de contribuir para a democratização e difusão de todos os tipos de expressões artísticas.

Sobre o Observatório de Favelas

Observatório de Favelas, criado em 2001, é uma organização da sociedade civil sediada no Conjunto de Favelas da Maré, mas com atuação nacional. Dedica-se à produção de conhecimento e metodologias visando incidir em políticas públicas sobre as favelas e promover o direito à cidade. Fundado por pesquisadores e profissionais oriundos de espaços populares, tem como missão construir experiências que contribuam para a superação das desigualdades e o fortalecimento da democracia a partir da afirmação das favelas e periferias como territórios de potências e direitos. Atualmente, tem em andamento projetos, divididos em cinco áreas: Arte e Território, Comunicação, Direito à Vida e Segurança Pública, Educação e Políticas Urbanas. Em parcerias com universidades, organizações locais, nacionais e internacionais.

Onde foram parar as ‘tardes de sol a pino’ da primavera?

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Estação das flores chegou com oscilações climáticas e cara de inverno; especialistas avaliam os motivos do clima predominantemente chuvoso e cinza neste período

Por Hélio Euclides, em 14/10/2022 às 14h22

Te amo (é primavera) meu amor. Trago esta rosa (para te dar)…”, todo ano é comum se ouvir essa música de composição de Cassiano e Silvio Rochael neste período do ano. A canção Primavera, na voz marcante de Tim Maia, narra uma estação de amor e flores. Mas este ano a parte da melodia mais recitada foi: “Vai chuva!”. O carioca ficou na espera de declamar: “Hoje o céu está tão lindo”. Desde 22 de setembro, usamos mais casacos e guarda-chuvas do que óculos escuros e guarda-sóis. 

A estação mais florida do ano não deu as caras como (quase todo) carioca gosta. Para muitos, a primavera não chegou e a estação do inverno permanece na cidade. Oficialmente, a primavera começou no dia 22 de setembro e deve se estender até 21 de dezembro. Aquele calor esperado deu lugar a algumas frentes de ar frio, o que impediu a chegada do sol na cidade. Outubro começou com temperaturas mais baixas e bastante probabilidade de chuva. 

Andrea Ramos, meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), indica que a primavera tem a característica de ser uma estação de transição, igualmente o outono, podendo adquirir características do inverno ou do verão. As estações mais definidas são o inverno, que é seco, e o verão, que é chuvoso. Neste início de outubro, que pega uma tendência de sistemas tropicais atuando, as chuvas não são tão anormais na Região Sudeste.

A especialista explica que já começa a vir uma convergência da Amazonas, que estabelece um canal. “Ainda não é uma zona de convergência do Atlântico Sul, algo comum na primavera, que chega no final. Esse fenômeno favorece chuva de três a cinco dias. Na medida que vai se desenvolvendo propicia chuvas moderadas a fortes, sendo constante. O que está persistindo é que estamos numa fase de instabilidade, que proporciona momento de baixa pressão, favorecendo essas chuvas”, detalha.

Segundo a previsão do tempo divulgada no telejornal local RJTV, o último sol forte durante todo o dia, ocorreu no dia 9 de setembro e agora no dia de ontem (13/10). Outra informação é que no mês de setembro foram 27 dias de tempo nublado e chuvosos. O site Climatempo informa que só em novembro o sol deve ser mais frequente, com aumento do calor, mas ainda com alguns dias de frio e chuva. Que 2022 vai ser sem surpresa, o verão não vai chegar antecipadamente. 

O site Casa Vogue lembra que apesar de ser uma estação conhecida por flores e frutos, estas variações de clima podem tornar o cultivo mais complexo nesta época. Além disso, a extensão do país faz com que seja importante compreender qual hortaliça se adequa melhor a cada região antes do plantio. Com as mudanças climáticas neste período do ano, as espécies mais aconselhadas para a Região Sudeste são: jiló, melão, espinafre, salsa, mamão, melancia e maracujá.

A primavera mudou de vez?

Em relação aos próximos anos, a especialista avalia que é difícil opinar, pois a previsão climática é trimestral. Ela esclarece o fenômeno ocorrido nos três últimos anos, algo confirmado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), foi a tríplice La Niña. “São três primaveras com a La Niña, que oferece muita chuva, secura ou diminuição da temperatura. Ela está com o sinal fraco, pois no verão de 2021/2022 ficou no grau mais elevado, com bastante chuva, comparado com sete a oito anos. A La Niña perturba e causa essas estabilidades, com muita nebulosidade no Rio de Janeiro. A previsão é a sua persistência por mais alguns dias”, expõe. 

Visual de um dia nublado no Piscinão de Ramos | Foto: Matheus Affonso

A meteorologista pede paciência aos cariocas e fluminenses, pois a primavera ainda está no início, por isso essa pitada de inverno. “A partir do dia 20 de outubro vamos sentir a primavera com mais calor, o que favorece a elevação de umidade, com formação de nuvens que trazem pancadas, rajadas e trovoadas. Essa é a característica da primavera. Estamos com registro da entrada do sistema frontal, que está atuando na costa da Região Sudeste, o que favorece essas chuvas”, comenta. Ela completa que a previsão é de subida da temperatura nos próximos dias, para uma tendência de máximo de 30 e mínimo de 20 graus, com a presença do sol que os cariocas gostam.

Briga de sol e chuva traz oscilações na saúde

As mudanças bruscas de temperaturas podem deixar o corpo humano um pouco “confuso”. Ao sair de casa é melhor levar o casaco e o guarda-chuva, para evitar surpresas desagradáveis. Além disso, ao começar uma chuva ou uma ventania é comum, em transportes públicos, habitações e locais de trabalho, o fechamento de todas as janelas, o que impossibilita a circulação do ar. Essas são situações que possibilitam o aparecimento de resfriados, gripes, rinites e sinusites.

“Eu estou muito resfriada. É complicado esse tempo frio e chuvoso. Um clima propício para os adultos e principalmente as crianças ficarem com síndromes gripais, que não sabemos se é covid, resfriado, sinute ou rinite. Está difícil, com saudade de um pouco de calor”, diz Carina Prado, moradora do Salsa e Merengue.

A Secretaria Municipal de Saúde indica algumas dicas para evitar problemas respiratórios:

– Evitar o acúmulo de poeira. Manter a casa sempre limpa e arejada. Trocar o uso de vassouras e espanadores por um pano úmido. Máscaras podem ser utilizadas durante a limpeza;

– Trocar as roupas de cama semanalmente, de preferência. Não deixar casacos guardados por muito tempo. Lave-os antes de usar, se for o caso; 

– Beber bastante água e ter uma alimentação saudável;

– Em casos de gripes ou resfriados, fazer inalação ou limpar as narinas com soro fisiológico ou solução salina;

– Em casos de crises alérgicas fortes, procurar o centro municipal de saúde ou a clínica da família mais próxima da casa;

– Na suspeita de infecção respiratória, use máscara.

Caso no Pará alerta autoridades para baixa adesão à vacinação contra poliomielite

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Segundo o Ministério da Saúde, apenas 52,3% das crianças entre dois e seis meses, período indicado para receber as doses, foram vacinadas no país; meta era de 95% de cobertura                                     

Por  João Gabriel Haddad*, Hélio Euclides e Rebekah Tinoco*, em 14/10/2022 às 7h

No dia seis de outubro, a Secretaria de Saúde do Pará comunicou uma suspeita de pólio em uma criança de três anos, no município de Santo Antônio do Tauá, a 53 quilômetros de Belém. O vírus, Sabin Like 3, foi encontrado após exame de fezes. A secretaria, imediatamente, enviou um sinal de alerta ao Sistema Único de Saúde (SUS). O tipo de vírus detectado, no entanto, é um dos componentes da vacina, não se tratando do poliovírus selvagem. 

Esse vírus, conhecido como vacinal, faz parte da composição da vacina Sabin, a famosa gotinha. Segundo Fernando Verani, chefe do Laboratório de Enterovírus do Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz). “Ele (o vírus) não causa a doença paralítica, ao contrário, protege contra a doença. Em raras ocasiões, por fatores imunitários do receptor de primeira dose da vacina, ou de seus contatos um dos dois tipos do poli vírus pode causar a doença”, explica.

O responsável pela poliomielite é o poliovírus, conhecido como cepa selvagem, extinto no país desde 1989. Depois do alerta, o Ministério da Saúde informou que não há registro da circulação da poliovírus no Brasil. Em nota, o Ministério reforçou a importância dos pais e responsáveis vacinarem suas crianças com todas as doses indicadas para manter o país protegido da poliomielite. Segundo a Secretaria de Saúde do Pará, um dia antes do início dos sintomas, a criança havia recebido a vacina tríplice viral e VOP sigla para “vacina oral poliomielite”, a gotinha; o que explicaria a presença do vírus nas fezes do menino. 

A preocupação da Secretaria de Saúde do Pará, no entanto, não é exagerada. Com uma cobertura vacinal em torno de 50%, a volta da poliomielite é uma possibilidade real porque o vírus não está extinto em outros países como Afeganistão, Índia, Nigéria e Paquistão; e a circulação de pessoas de um país para outro é muito intensa. Fernando Verani acredita que “O risco do retorno da doença no Brasil é real mas não por causa desse caso associado à vacina em investigação em município do Pará, mas por baixas coberturas em todo o país.”  

Perigo real

Segundo o Ministério da Saúde, apenas 52,3% das crianças entre dois e seis meses, período indicado para receber as doses, tinham sido vacinadas em todo o território nacional até setembro. A campanha de 2022, promovida pelo Ministério da Saúde, foi encerrada no dia 30 daquele mês. De início, a campanha seria encerrada no dia nove de setembro, mas a baixa adesão levou as autoridades a prorrogar o prazo. A meta era de 95% de cobertura. Desde a pandemia de covid-19, os índices de vacinação em todo país têm caído. 

No Brasil, a vacinação de crianças é obrigatória por lei. Pais que não vacinarem seus filhos podem ser obrigados a fazê-lo pela Justiça. A via da conscientização, porém, tem sido a mais utilizada. A criança infectada no Pará, como constatou o Departamento de Epidemiologia do estado, estava com o esquema vacinal incompleto para pólio. 

Segundo o pesquisador Fernando Verani, “as coberturas vacinais estão muito baixas. Toda criança deve completar seu calendário vacinal com urgência. E campanhas massivas precisam ser organizadas com ampla mobilização social. Há o risco da real de retorno da pólio e de outras doenças evitáveis pela vacinação.” 

A importância da vacina

Daniel Soares Martins, conselheiro tutelar, de 38 anos; e a mulher, Tabata Rodrigues, 34, entendem perfeitamente a importância das vacinas. Seus dois filhos, Glória, de dois anos e nove meses; e Pedro, de dois meses; estão em dia com as vacinas. Os dois, Daniel e a mulher, sempre vão juntos levar as crianças para vacinar e, segundo ele, procuram transformar aquele momento de tensão em diversão, mesmo quando incluiu picada de injeção e algumas lágrimas. 

Em primeiro lugar escolhem um posto mais calmo; em geral Adib Jatene ou Jeremias Moraes da Silva, “depois a gente dá uma voltinha para relaxar porque, de fato, é um momento estressante; essa tensão anterior à vacina, a dor da vacina”. 

Segundo Daniel, por seu trabalho no Conselho Tutelar, percebe que a preocupação em vacinar os filhos diminuiu. “É incrível como as pessoas não têm dado importância às vacinas. No Conselho Tutelar, vire e mexe, tenho que chamar a atenção de alguns pais para a vacinação de seus filhos, que está atrasada. Não sei se isso é anterior ou vem por conta da Covid. Por causa das muitas fake news me parece que rolou um descrédito com a vacinação”, afirma. 

A doença

A poliomielite é uma doença causada por um vírus que ataca o sistema nervoso e gera paralisia permanente nas pernas ou braços, podendo desenvolver paralisia geral em algumas horas. Em casos raros, a doença gera paralisia de músculos respiratórios, o que pode levar à morte.

Altamente infecciosa, a poliomielite é transmitida de pessoa a pessoa por via fecal-oral ou por consumo de água e alimentos contaminados. Locais com baixos índices socioeconômicos, com condições precárias de moradia e falta de higiene podem favorecer a transmissão do poliovírus. A transmissão também é possível acontecer via oral-oral, a partir de secreções expelidas ao falar, tossir ou espirrar. 

A multiplicação do vírus acontece no intestino e caso a doença se manifeste, os sintomas iniciais são febre, vômitos, falta de apetite, dor de cabeça e dores musculares. Num prazo de dois a cinco dias, são registrados movimentos musculares involuntários e formigamento nas pernas ou braços, além da redução de força desses membros e dificuldade para andar.

A importância da vacinação completa

A vacinação acontece em duas etapas. De acordo com o Programa Nacional de Imunização, a primeira conta com três doses da vacina inativada poliomielite, ou VIP, aplicada aos dois, quatro e seis meses de idade. A segunda etapa inclui duas doses da VOP, a vacina oral, gotinha, sendo uma dose aplicada entre 15 e 18 meses de idade; e a outra, aos quatro anos. Caso a vacinação não seja completa, como recomenda o Plano Nacional de Imunização-PNI, além de aumentar o risco de infecções importadas de outros países, as crianças podem contrair o vírus vacinal da poliomielite.

Fernando Verani, alerta para a importância de manter a caderneta de vacinação atualizada para impedir a infecção do vírus da pólio vacinal: “Com a introdução da vacina com vírus da pólio inativado, a vacina Salk injetável, no calendário nacional de imunização das crianças, não se registrou nenhum caso desde 1989”.

Atualmente, o vírus selvagem está em circulação no Paquistão, Índia e no Afeganistão; e a transmissão do vírus vacinal foi identificada em países da África, como Congo e Nigéria. Segundo Fernando Verani, “há um enorme contingente de crianças que estão suscetíveis a contrair o vírus caso haja alguma importação”. É bom lembrar que, em 2015, a taxa de vacinação contra a poliomielite alcançou 98% das crianças, superando a meta de 95% estabelecida pelo Ministério da Saúde.

Cobertura vacinal abaixo da média nacional no Rio

Na cidade do Rio de Janeiro, a taxa de vacinação contra a pólio está em 49%, menor do que a média nacional. A baixa cobertura vacinal é um fenômeno em ascensão e foi identificada em outras campanhas de imunização além da poliomielite. 

Procurada pela reportagem do Maré de Notícias, a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro respondeu através de nota, informando que além do acesso à vacina, a reversão do quadro de baixa cobertura vacinal também está associada a outras medidas de controle e informação, definidos como medidas estratégicas “A redução das coberturas vacinais […] está sendo enfrentada com base em ações assertivas de organização de processos de trabalho […], do combate à fake news […] e da intensificação de estratégias ativas de captação de usuários faltosos”.

Daniel, como pai de duas crianças pequenas, acredita que quanto à vacinação existe uma certa desinformação, “poderia ter talvez mais propagandas na TV, no Rádio. Se usa muito as redes sociais para divulgação, seria muito importante usar as redes para divulgar mais a importância das vacinas. Acho que a informação não tem circulado de fato.” 

Segundo o Ministério da Saúde, a vacina da pólio ainda pode ser encontrada nos postos de saúde em todo Brasil: “apesar do fim da mobilização, todas as vacinas que compõem o Calendário Nacional de Vacinação, incluindo o imunizante que protege contra a pólio, seguem disponíveis para a população brasileira durante todo o ano”. No Rio de Janeiro, as vacinas para a poliomielite estão disponíveis nas 236 salas de vacina; a população pode verificar o endereço dos centros de saúde aqui.

Fernando Verani, com sua experiência de pesquisador, não esconde a preocupação; mas afirma que o Brasil tem condições de enfrentar o problema, “Tomara que haja uma corrida aos postos. É o que precisamos. De forma organizada e programada, como sempre foram as campanhas no Brasil até 2015/2016. Esperamos que haja como antes vacinas disponíveis.

(*) João Gabriel Haddad e Rebekah Tinoco são estudantes universitários vinculados ao projeto de extensão Laboratório Conexão UFRJ, uma parceria entre o Maré de Notícias e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Após vencer batalha contra câncer, agente de saúde é homenageada em clínica da Maré

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Clínica da família Jeremias Moraes da Silva promove evento sobre câncer de mama que marca o Outubro Rosa e celebra vida de profissional que venceu a doença 

Por Andrezza Paulo*, em 13/10/2022 às 15h47

No mês de conscientização sobre Câncer de Mama, conhecido como Outubro Rosa, a Clínica da Família Jeremias Moraes da Silva, na Nova Holanda, promoveu um evento na manhã da última terça-feira (11) para falar sobre a importância da prevenção à doença e do acolhimento às mulheres com os sintomas. O encontro celebrou a vida de Luciana Conceição, agente comunitária de saúde da unidade que venceu a batalha contra o câncer de mama. Além disso, foram realizadas palestras com incentivo ao toque, informações sobre saúde mental das pacientes e o apoio da clínica neste processo.

No Brasil, o segundo tipo de câncer mais comum é o de mama. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), foram detectados mais de 66 mil casos em 2022. As mulheres são as principais afetadas, mas a doença também aparece em homens. A prevenção e a identificação precoce são primordiais para o tratamento eficaz e ajudam a salvar vidas.

Para Tamires Santos, gerente da Clínica da Família, falar deste assunto é muito importante principalmente dentro da favela: “por ser um território muito vulnerável, alguns temas ainda são desconhecidos. Esse evento é para fortalecer e propagar a informação do autocuidado na vida dessas mulheres”, diz.

Luciana Conceição, de 48 anos, agente comunitária de saúde da clínica fazia exames todo ano e já lidava com nódulos na mama, porém em estágios baixos. Em 2019, durante uma mamografia de rotina, foi detectado um tumor de estágio 5, o mais avançado. A agente de saúde foi recebida no Inca de Vila Isabel para todo tratamento necessário e no local detectaram outros 3 nódulos, que resultaram na extração da mama. Ela fez quimioterapia e será acompanhada por 5 anos na unidade. 

Rosana Tubarão, médica de família na clínica Jeremias, explica que “o tumor de mama é um dos mais bem estudados hoje e o tratamento é muito avançado. 98% dos casos descobertos precocemente têm cura e cirurgias menos invasivas”. Ela ressalta o papel do Sistema Único de Saúde (SUS) nesse processo: “a mamografia e a biópsia são oferecidas de imediato pelo Sistema Nacional de Regulação (Sisreg), com vagas em diversos polos de atendimento e sem fila de espera”. 

Acolhimento e preparo: equipe da Clínica da Família Jeremias Moraes da Silva reunida com a homenageada | Foto: Matheus Affonso

Além do amparo tecnológico e no atendimento de saúde, os pacientes recebem do SUS apoio psicológico e assistência social. Luciana recebeu cestas de alimentos e Riocard para auxiliar no transporte para as unidades de saúde durante o tratamento. Rosana destaca que é preciso ver toda a estrutura do paciente e que “a rede de apoio também cura”, conclui. 

Para Luciana, o incentivo ao exame anual pela Clínica da Família Jeremias foi fundamental: “o que fizeram por mim foi incrível e só tenho a agradecer. Fui acolhida por cada um dessa clínica, em cada etapa, em cada choro e hoje em cada sorriso”.

De acordo com a agente de saúde, os colegas a acompanharam nos exames e realizaram uma festa de turbantes quando ela perdeu os cabelos, decorrentes da primeira quimioterapia. Ela fala, ainda, que cuidar das mulheres ganhou um significado maior: “agora eu consigo dar mais atenção aos relatos e acolher ainda mais as pessoas que chegam aqui e que precisam de mim”.

Outubro é o mês da campanha para alertar sobre o câncer de mama, mas a prevenção deve ser feita o ano todo. Olhe, toque e sinta suas mamas no dia-a-dia para reconhecer alterações suspeitas. A partir dos 50, realize exames e mamografias a cada dois anos. Em caso de dúvidas, procure a unidade de saúde mais próxima. 

A Clínica da Família Jeremias Moraes da Silva também incentiva o autocuidado com a realização de exame preventivo de segunda à sexta, das 7h às 17h.

*Comunicadora da primeira turma do Laboratório de Formação em Jornalismo do Maré de Notícias

Morre moradora da Maré que questionou presidente militar

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Myroneide mostrou sempre o amor pelo Parque União

Por: Hélio Euclides

Editado por: Jéssica Pires

Myroneide Rezende Beleza Neto nasceu no dia 20 de março de 1928. Lutou e defendeu a Maré, chegando em 1980 a enviar uma carta ao presidente da época, João Batista Figueiredo. Essa peculiar ousadia conseguiu frear a remoção que aconteceria com os moradores do Parque União. Depois da resistência, o presidente respondeu com outra carta descartando a ação. Esse ato foi um dos que demonstraram o poder da mulher mareense na construção do território. Depois disso, ela se tornou um ícone da igreja católica, participando ativamente de movimentos e pastorais do Santuário São Paulo Apóstolo e Nossa Senhora da Paz, no Parque União. 

Ela foi mãe de Tadeu Ribeiro da Silva Neto, uma outra figura política importante que faleceu este ano. Ele se inspirou na força da mãe para a luta e mobilização. A moradora e líder comunitária foi destaque por duas vezes no Maré de Notícias. 

Com a pandemia, Myroneide se recolheu e este ano ficou acamada. Devota de Nossa Senhora Aparecida, Myroneide faleceu na madrugada do feriado da padroeira, (12/10), aos 94 anos, e deixou oito filhos, oito netos e três bisnetos. Seu velório será nesta quinta-feira, (13/10), às 11h, na capela B do Cemitério do Cacuia, na Ilha do Governador. O sepultamento ocorrerá às 15h.

Sorriso e potência de cria

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De acordo com o Censo Maré, o conjunto de favelas reúne mais de 34 mil crianças e adolescentes de até 14 anos. Algo comum nas 16 favelas é a presença dessa população ocupando as ruas e chamando a atenção para as demandas do território.

O ensaio especial da edição de outubro é o Crias do Tijolinho, projeto sociocultural com crianças e adolescentes da região conhecida como Tijolinho, na Nova Holanda. A iniciativa nasceu a partir de uma série fotográfica da moradora e artista visual Kamila Camillo, em 2019. “Todo mundo chega ao nosso território, tira algo de nós e não devolve. Eu não queria fazer a mesma coisa”, disse a fotógrafa. Com esse olhar, Kamila deu início a um processo contínuo de acompanhamento e cuidado, além do registro do cotidiano de crianças e adolescentes.

Com a chegada da covid-19, outras ações foram pensadas a partir das limitações impostas pelas barreiras sanitárias. A garantia da segurança alimentar foi uma delas; com o apoio de amigos, padrinhos e parceiros, foi possível minimizar os impactos da pandemia no Tijolinho. O projeto não conta com nenhum apoio financeiro consolidado e contínuo mas, mesmo assim, cerca de 250 pessoas foram alcançadas pelas ações das Crias do Tijolinho; atualmente, pelo menos 70 jovens e crianças têm relação direta com o projeto.

Visibilizar a potência das “crias” de toda a Maré é fundamental para fortalecer o protagonismo dessas crianças na busca por seus direitos.