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O nome da cultura mareense é resistência!

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A chuva não foi motivo para desânimo no ensaio da Escola de Samba Gato de Bonsucesso que aconteceu neste domingo! O ensaio-show com feijoada foi realizado para arrecadação de verba para o Carnaval. A escola não vai à Avenida há 3 anos e, no dia 21 de abril, promete ocupar o Intendente de Magalhães em Madureira e fazer o melhor Carnaval da história da Maré.

O evento contou com show do Grupo Nova Raiz, cria da casa, bateria, comissão de frente e velha guarda da escola. A quadra da Gato ficou alagada devido à forte chuva que caiu, mas nem isso desmobilizou a galera. No vídeo, a comissão de frente ensaiada pelo coreógrafo Leonardo Paiva segue fazendo a performance em cima das cadeiras. A Maré resiste!

Os ensaios da escola seguem acontecendo as quartas e domingos. Na Travessa São Jorge, s/nº – Nova Holanda.

? Kamila Camillo

A via da beleza: empreendimentos estéticos mudam a vida das mulheres mareenses

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Salões de beleza e outros negócios relacionados ao cuidado com a aparência têm espaço significativo na vida das 16 comunidades, perdendo numericamente apenas para a presença dos bares 

Por Tamyres Matos, em 21/03/2022 às 07h. Editado por Edu Carvalho

Que o mercado da beleza é poderoso em todo o território mareense, qualquer um que mora na região sabe. Basta caminhar pelas 16 favelas do conjunto para perceber algo registrado em números pelo Censo Empreendimentos Maré, que em 2014, apontava a área de beleza/estética como a segunda mais espalhada pelo conjunto de favelas (10,4%), perdendo apenas para os bares (22,4%). De lá para cá, muita coisa se alterou. Mas essa construção de independência por meio de empreendimentos estéticos, especialmente por parte das mulheres, ainda representa uma tendência potente.

Cada um dos salões e trabalhos independentes tem uma história especial por trás. Sara Silva Martins, de 23 anos, é designer de unhas nasceu e foi criada na comunidade de Marcílio Dias, conhecida como Kelson’s. “Atuo nessa área desde os 15 anos, Comecei na sala da casa da minha mãe e indo à domicílio. Foi muita luta para que hoje eu tenha um espaço em uma das ruas principais na comunidade em que eu fui criada”, conta a jovem empreendedora, com orgulho.

A trajetória de Sarah teve muito perrengue, curso, investimento, adaptação às circunstâncias. É importante ressaltar que empreendedorismo é uma saída abrangente, mas nem sempre é uma escolha. As restrições da pandemia, por exemplo, retiraram boa parte das opções de trabalho das pessoas e tomar as rédeas de um negócio próprio acaba sendo um caminho obrigatório para muita gente. 

“Quem mais perdeu emprego e renda durante a pandemia foram as mulheres. O empreendedorismo não é só um caminho para elas, mas, para a maioria, é a única opção”, analisa Ana Fontes, criadora da Rede Mulher Empreendedora, em entrevista ao site Consumidor Moderno.

De acordo com os dados do último levantamento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego das mulheres no final de 2021 foi 54,4% maior que a dos homens. Ou seja, entre as 12 milhões de pessoas desempregadas no Brasil, 6,5 milhões são mulheres e 5,4 milhões são homens.

Viver de beleza em Marcílio

Começar na sala da mãe; expandir para a varanda da mesma casa e ficar feliz com a pintura feita pelo pai no ambiente; conseguir alugar uma cadeira no salão vizinho – também comandado por uma mulher – e depois virar sócia do negócio. A história de Sarah ilustra, sem romantização, as dores e delícias do empreendedorismo feminino.

“Quando meu pai pintou a varandinha de lilás, eu fiquei toda boba. Parecia um sonho, mas mal eu sabia que era só o início. O calor chegou e eu atendia com um ventilador pequeno, mas o sol batia todo na varanda. Na época, também fui designer de sobrancelhas, eu lembro que a henna nas sobrancelhas das clientes escorria por conta do calor, elas suavam muito e eu comecei a ficar desanimada com aquela situação, mas não desisti”, relembra a moradora. 

Sarah conta que ano passado passou a ministrar alguns cursos na área. “Tem sido uma experiência incrível, pois tive a oportunidade de agregar conhecimento na vida de muitas mulheres que estavam iniciando nessa jornada. A maior parte delas já ingressou na profissão e tem ótimos resultados. É muito gratificante fazer parte disso. Porque um dia eu tive as mesmas dúvidas que elas e hoje posso ajudá-las com meu conhecimento, além de trazer um retorno para a minha renda”, comenta.

Mariana Silva leva seu talento em maquiagem para todos os cantos da Maré e do Rio | Foto: Matheus Affonso

Em texto apresentado no censo dos empreendimentos da Maré, desenvolvido pela Redes da Maré e pelo Observatório de Favelas, reflete-se sobre a grande valorização dos encontros em espaços públicos, o que, de certa forma, impacta no cuidado – e no investimento – de cada um com a própria aparência. 

“É inegável que o significado atribuído a bares e salões de beleza nas relações de intersubjetividade na Maré consiste em uma marca analítica relevante, embora não exclusiva, para a compreensão da viabilidade e do predomínio desses empreendimentos entre as atividades locais”, analisa o documento.

Mariana Silva, de 28 anos, é maquiadora, e vive em Marcílio desde os três anos de idade. Seus trabalhos estão mais voltados para a área da maquiagem artística e ela atende por toda a cidade do Rio, mas também atua dentro da Maré. “Posso estar de manhã em um ensaio fotográfico, à tarde fazendo pintura corporal gestacional e à noite produzindo personagens para eventos, minha vida é bem corrida. Aqui na comunidade os atendimentos são de maquiagem social. As meninas daqui são bem vaidosas, não apenas com maquiagem, mas no combo completo: unhas, sobrancelhas…”, relata.

Para Mariana, a área da maquiagem vai muito além do que pode parecer à primeira vista. “Os encontros nos atendimentos podem gerar conexões, experiências que o dinheiro não paga. Meu tempo de atuação me trouxe essa noção, de um trabalho que não se faz sozinha. Essa é a minha paixão e, para o meu futuro, pretendo ter meu espaço, me especializar em outras áreas da beleza/estética, criar meus cursos, levar o que eu aprendi nesses anos para outras pessoas, incentivar novas empreendedoras a correrem atrás dos seus sonhos”, pontuou.

Direitos e trajetórias de mulheres é pauta de evento na Casa das Mulheres da Maré

Na programação: lançamento de exposição sobre mulheres do Tijolinho, lançamento de canal de atendimento online, pautas da visibilidade trans e mesas de conversa

Por Jéssica Pires, em 19/03/2022 às 08h. Editado por Edu Carvalho

A Casa das Mulheres da Maré, espaço da Redes da Maré que fomenta o protagonismo das mulheres da região, promoveu ontem (18/3), um evento de lançamento de um novo canal de comunicação para mulheres da Maré. O “Maréas” faz parte da frente de direitos sexuais e reprodutivos da casa e irá acolher, informar e orientar moradoras que tenham dúvidas ou precisem de apoio neste campo e outros, pelo WhatsApp (21) 999246462.

“Esse evento foi pensado há meses pela Casa das Mulheres da Maré junto com a ONG Anis, com o intuito de divulgar e celebrar o lançamento desse espaço online e seguro para que mulheres mareenses possam levar suas demandas e também conta com uma programação pensada a dedo com a presença de mulheres que pautam a vida das mulheres em diversos campos”, comenta Andreza Dionísio, mobilizadora da Casa.

O evento contou com uma programação especial em homenagem ao mês das mulheres. A casa lançou um curso de manicure para jovens de 14 a 18 anos, que terá inscrições abertas de 21 à 31 de março, pelas redes sociais e site da Redes da Maré, intervenção artística com grafite com Amora, entrevista e bate papo sobre Visibilidade Trans, empreendedorismo com Brechó Jeans Ancestral e Brigadeiria da My, Roda de Samba com “Pra Elas” e a Exposição: 8 Mulheres, 8 de Março – Mulheres do Tijolinho.

Representatividade feminina ganha ainda mais espaço

A exposição Mulheres do Tijolinho, com a série 8 de março e 8 mulheres nasceu do olhar sensível da artista e moradora da Maré, Kamila Camillo. Em sua terceira edição, a exposição apresentou um estudo antropológico de mulheres da região conhecida como “Tijolinho”, localizada na Favela Nova Holanda, no Conjunto de Favelas da Maré. O centro desta narrativa está em “como essas 8 mulheres desejam ser vistas pelo mundo”.”Mulheres do Tijolinho vem em lugar de dizer que a mulher tem sim autonomia, tem sim direito de escolha de ir e vir, tem sim direito de escolher como quer se mostrar para o mundo e não tem ninguém que vá dizer algo para ela que não seja aquilo que é desejo dela”, comenta Kamila Camillo, artista autora da exposição.

Diversidade é ponto de discussão

“Ser quem somos nos faz vítima, nos faz alvo”, sintetizou Lúcia Xavier, ativista dos direitos humanos das mulheres negras e coordenadora da ONG Criola, em entrevista com Gilmara Cunha, diretora geral do Grupo Conexão G. Gilmara contextualizou um pouco dos desafios e lutas, assim como possibilidades de políticas efetivas para a população LGBTQI de favela. “Quando passarmos a ser naturais entre vocês a visibilidade trans terá feito sentido”, chamou atenção Indianara Siqueira presidente do grupo Transrevolução e da Rebraca LGBTIAPNB+No no bate-papo sobre visibilidade trans que teve também Jaqueline de Jesus, professora de psicologia da IFRJ, Maria Eduarda, advogada, presidente do Grupo pela Vidda RJ e Conselheira LGBT do Estado do Rio, Lohana Karla, manicure e coordenadora do Instituto Trans da Maré, Bárbara Sheldon e mediação de Quitta Pinheiro. Também foi promovido um desfile com mulheres travestis no evento.

O evento reuniu cerca de 100 pessoas em frente à Casa das Mulheres da Maré, na Rua da Paz, no Parque União e foi disponibilizado testes rápidos para Covid19 e HIV.

Companhia de teatro da Maré cria peça que trata sobre justiça

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Inspirado no conto de Machado de Assis, ‘Pai contra Mãe’, o espetáculo nasce da provocação feroz do autor ao concluir seu conto com a afirmação de que no Brasil: “nem todo filho vinga”. Movidos por essa crítica, o grupo Cia do Beco criou uma narrativa autoral ambientada na favela nos dias atuais, com o intuito de questionar os espaços de poder representados pelos ideais da justiça brasileira. Se há uma intenção de sistema igualitário, a peça questiona: por que nem todo filho vinga?

Grupo de participantes da Frente Saúde – Apoio ao Luto do Projeto Impacto de Vida faz visita ao Museu do Amanhã

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Por Adriana Pavlova, em 18/03/2022 às 07h. Editado por Edu Carvalho

Fim de tarde alaranjado na Praça Mauá, Centro do Rio. Uma grande teia feita de barbante, unindo as mãos de 11 mulheres. Ao fundo a Baía de Guanabara e o Museu do Amanhã. Sorrisos, choros, confidências. Crianças felizes correndo em volta. Um dia para guardar na memória dessas mulheres unidas pela mesma dor: a de terem perdido alguém muito querido para o vírus da covid-19. 

Foi assim, num clima contagiante de irmandade e empatia, que terminou o passeio de participantes da Frente Saúde – Apoio ao Luto, do Projeto Impacto de Vida, da Redes da Maré, ao Museu do Amanhã, no inicio do mês de março. A visita foi a terceira atividade externa desde os grupos de acolhimento psicossocial foram criados, em setembro do ano passado, reunindo mulheres moradoras de diferentes favelas da Maré, cujos familiares foram vítimas do coronavírus. 

A felicidade estava estampada nos rostos de quem, por algumas horas, deu uma pausa no cotidiano, para descobrir outras paisagens. Não só delas, como das crianças que aproveitaram a rara oportunidade de acompanhar suas mães num programa fora da Maré. O pequeno Bernardo da Silva, de 7 anos, não escondia sua excitação com tantas novidades sobre o universo. Se ele chegou a se assustar diante do poderoso telão da sala abre-alas da exposição principal, que tenta resumir 14 milhões de anos com imagens intensas, logo depois já estava totalmente à vontade, correndo entre fotografias da Terra ou imerso em diferentes culturas dos cinco continentes. 

“Eu gostei mesmo é da máquina do tempo, porque parecia que a gente estava dentro de um barco”, disse ele, referindo-se justamente ao espaço dedicado ao Cosmos. 

Sua mãe, a confeiteira Débora Moreira dos Santos da Silva, também não escondeu a surpresa com o tipo de acervo do Museu do Amanhã, totalmente digital. Até então, Débora só havia visitado o Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, no tempos de escola. 

“Eu nem imaginava que era possível ter um museu unindo história e tecnologia como esse”, disse ela, que levou um lindo e delicioso bolo para o piquenique de confraternização realizado logo após a visita guiada.

Outra que se surpreendeu com o que encontrou no Museu do Amanhã, sobretudo com a possibilidade de interagir com a exposição, foi a quituteira Abaudileia Soares Lopes, que vende lanches na feira da Teixeira Ribeiro, aos sábados. “Todas as vezes que eu pensava num museu, eu pensava automaticamente em coisas velhas, em algo antigo, muito diferente do que vi aqui hoje”, disse ela, que na exposição temporária sobre a Amazônia chegou a dançar ao som de flauta, tambor e chocalho, num dispositivo de interação que faz com que o visitante, ao se mexer numa área específica do chão, acabe disparando o som de cada um dos instrumentos. 

O misto de surpresa e alegria era tanto que todas as participantes empunharam seus telefones celulares para registrar boa parte da visita. O maior sucesso, porém, foi a paisagem de fora –  inclusive o espelho d’água da área externa do museu – descortinada através da parede de vidro do segundo andar, onde todas fizeram questão de serem fotografadas. 

Organizadoras do passeio – a coordenadora Laís Araújo, a psicóloga Carmem Costa e a assistente social Aline Sousa – festejaram êxito do programa.

“Desde o início do projeto, estamos trabalhando com suporte em saúde mental para essas famílias, que estão enfrentando o luto da pandemia de forma mais latente. Compreendemos que os cuidados em saúde mental vão para além do manejo clínico e psicológico. Atividades em grupo, sejam esportivas, artísticas, terapêuticas ou de lazer, também têm se mostrado ferramentas importantes para o cuidado e fortalecimento das pessoas atendidas”, opinou Laís. 

Já Carmem complementou lembrando da importância de ocupar a cidade além da Maré. “Estas mulheres esboçaram estar felizes, leves, relaxadas. Nos parece ter sido finalmente um momento de respiro. De poder sair não somente do espaço físico no qual vivem, mas também do contexto doloroso que todas têm atravessado, mesmo que por instantes. Além disso,  entendemos que poder ocupar e circular pela cidade para além do território da Maré é fundamental, e deveria ser um direito de todos. No entanto, na prática, é um direito muitas vezes furtado a determinados grupos de pessoas.”

O projeto Impacto de Vida está diretamente ligado à campanha “Maré diz NÃO ao coronavírus”, desdobrando, desde julho de 2021, três frentes de trabalho para o acompanhamento, a médio prazo, de cerca de 300 famílias das 16 favelas da Maré. Uma equipe multidisciplinar foi montada para atuar diretamente na segurança alimentar, com distribuição mensal de cestas básicas (incluindo de produtos orgânicos); na educação, com a busca de conectividade para estudantes em ensino remoto ou híbrido; e na Saúde, com o apoio a mulheres que perderam familiares para a covid-19 e a famílias que perderam para a doença mulheres que chefiavam seus lares. 

Evento de conscientização na Maré: hora de relembrar perigos do Aedes Aegypti

Ação realizada na quadra do Colégio Estadual Professor João Borges, atrás da Clínica da Família Jeremias Moraes da Silva, representa pontapé inicial para fortalecer prevenção contra as arboviroses urbanas

Por Tamyres Matos, em 17/03/2022 às 16h08. Editado por Edu Carvalho.

A prevenção das doenças provocadas pelo mosquito Aedes Aegypti não pode virar coisa do passado no Rio de Janeiro. Mesmo em um cenário ainda marcado pelas incertezas da pandemia de covid-19, é importante que toda a população, dentro e fora do conjunto de favelas da Maré, se conscientize disso. Ontem (16/3), quadra do Colégio Estadual Professor João Borges, na Nova Holanda, recebeu a ação que representou o pontapé inicial na prevenção e controle das arboviroses urbanas (dengue, chikungunya e zika).

“A gente não quer passar pelo que aconteceu em dezembro, com a explosão de casos de influenza (vírus da gripe). À época, a gente teve uma diminuição dos casos de covid-19, mas a influenza se espalhou rapidamente e causou preocupação. O objetivo desta ação é preservar vidas. A gente só consegue combater as arboviroses com o trabalho coletivo. A Comlurb sozinha não consegue dar conta, a Rioluz não consegue dar conta. A Saúde sozinha não consegue dar conta. É necessária a dedicação da população como um todo”, defende Thiago Wendel, coordenador geral de atenção primária.

Após o evento na quadra, foram realizadas visitas às casas dos mareenses e de outras regiões da cidade para espalhar as orientações de cuidado e prevenção. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, ocorreram 1.486 visitas para eliminar possíveis focos do mosquito e remover materiais que pudessem se converter em criadouros do inseto. A iniciativa na quadra atrás do Jeremias teve diversas vertentes: vacinação contra a covid-19, atividades do Programa Academia Carioca, isenção para tirar documentos… mas o foco declarado era relembrar a urgência da prevenção contra a disseminação das doenças provocadas pelo Aedes Aegypti. Ao todo, 300 profissionais participaram das atividades.

“Eu tomo os cuidados, evito a água parada, mas é importante lembrar que não podemos ficar sem assistência quando temos problemas com água e esgoto, por exemplo. Essa semana eu passei por um esgoto entupido e tinha uma criança tomando banho lá! Eu tive que alertar a mãe, pois a criança não sabia os riscos. A gente fica alegre quando têm essas ações, é importante porque são as autoridades que precisam tomar as providências. Cada um tem que fazer sua parte, mas essas pessoas (agentes públicos) precisam comparecer”, afirma Zuleide Ferreira de Araújo, de 69 anos, moradora da Nova Holanda.

Thiago Wendel, coordenador geral de atenção primária, ao centro de parte da equipe presente ao evento realizado na Nova Holanda | Foto: Gabi Lino

A iniciativa do evento de prevenção às arboviroses urbanas foi da Secretaria Municipal de Saúde, da Subprefeitura da Zona Norte, da Redes da Maré, do projeto Luta pela Paz e de  lideranças locais.

Contexto atual das arboviroses

A palavra-chave da iniciativa é prevenção. O cenário atual é de controle, mas estamos prestes a entrar em um período do ano que exige atenção extra. “Em abril, a tendência é que comecem a aparecer casos destas doenças. Por conta do aumento das chuvas, especialmente nos locais que têm acúmulo de lixo, muitos destes pontos viram criadouros dos mosquitos.

Segundo a Secretaria de Estado de Saúde do Rio, “é fundamental reforçar que para as arboviroses urbanas causadas pelos agentes infecciosos transmitidos pelo Aedes aegypti ainda não há vacina e, se não forem tratadas oportunamente, podem levar o paciente ao óbito ou deixar sequelas”.

De acordo com o último Boletim Epidemiológico Arboviroses, publicado em janeiro deste ano pela Secretaria, em 2021 foram notificados 2.879 casos prováveis (casos notificados exceto os descartados) de dengue no estado, correspondendo a uma baixa incidência acumulada de 16,5 casos por 100 mil habitantes. De chikungunya foram notificados 552 casos prováveis, correspondendo a uma baixa incidência acumulada de 3,2 casos por 100 mil habitantes. Já em relação à zika, notificaram-se 58 casos prováveis, correspondendo a uma baixa incidência acumulada de 0,3 casos por 100 mil habitantes.

Cara a cara com o mosquito da dengue

Alguns minutos após o início do evento na quadra da escola, uma aparição chamou a atenção dos presentes. Ele mesmo: o próprio Aedes Aegypti marcou presença. Quer dizer, quase isso. Tratava-se da agente de endemias, especialista em arte-educação, Fátima Pereira, funcionária da Clínica da Família Adib Jatene. Fantasiada de mosquito da dengue, Fátima chegou disposta a fortalecer a conscientização sem sair do personagem.

“Estou querendo picar geral aqui, velocidade 7 do ‘créu’. Porque a galera deixa água parada. O pessoal está tão preocupado com covid que está esquecendo da dengue, da zica, da chikungunya e da febre amarela, mas a gente está na área e queremos fazer estragos. Tem uma musiquinha que vou cantar pra vocês: ‘com tanta água parada no meio desse povo, a dengue botou mais um ovo’”, alerta Fátima, que finalizou seu discurso com uma paródia da vinheta de Carnaval da TV Globo.

O “mosquito da dengue” presente ao evento cumpriu sua missão: chamar a atenção de todos os presentes e reforçar a importância da prevenção | Foto: Gabi Lino

Combate e cuidados

Verifique se a caixa d’água está bem tampada;

Deixe as lixeiras bem tampadas;

Coloque areia nos pratos de plantas;

Recolha e acondicione o lixo do quintal;

Limpar as calhas;

Cubra piscinas;

Tampe os ralos e baixe as tampas dos vasos sanitários;

Limpe a bandeja externa da geladeira;

Limpe e guarde as vasilhas dos bichos de estimação;

Limpe a bandeja coletora de água do ar-condicionado;

Cubra bem a cisterna;

Cubra bem todos os reservatórios de água.

Cuidados com a família

Use repelente;

Quando o calor deixar, cubra a maior parte do corpo com roupas claras;

Coloque telas em janelas e portas;

O mosquito tem hábitos diurnos, sobretudo ao amanhecer e ao entardecer. Por isso, é importante reforçar a atenção nesse período. Mas atenção: o mosquito é oportunista e pode picar à noite também.