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Não há mundo sustentável sem a ação das mulheres!

Por Eliana Sousa e Silva em 08/03/2022 às 09h00

São muitas e diferentes razões por que as mulheres lutam mundo afora. A cada dia 8 de março, matérias nas mídias e diversos eventos nos chamam atenção para os desafios que bilhões de mulheres ao redor do mundo vivem cotidianamente, em diferentes níveis e maneiras. O Dia Internacional da Mulher pode, também, ser um momento de reflexão sobre o sentido e a importância desta data que, mundialmente, evoca a condição desigual e histórica das mulheres, quando comparada à dos homens.

Ressalto neste texto o processo de luta de mulheres de favelas e periferias, na sua maioria negras; elas são, de modo particular, afetadas nos seus direitos mais básicos desde o momento em que são geradas. Nessa perspectiva, cabe lembrar que a tão propagada igualdade de gênero, algo que muitos movimentos de mulheres buscam alcançar, é algo que, muitas vezes, não inclui essas mulheres e, tampouco, seus resultados impactam suas vidas.

Contudo, isso não significa que as mulheres que vivem nas favelas e periferias deixaram de criar formas próprias de atuação e liderança nas lutas que protagonizaram por mudanças em diversos campos das suas vidas. Entendo que os feminismos, como movimentos de luta, foram fundamentais para a materialização de muitas demandas das mulheres ao longo do tempo. Mas é preciso reconhecer que essas lutas, muitas vezes, não incorporaram necessidades e bandeiras de grupos específicos de mulheres.

As ondas que caracterizam o feminismo no tempo buscaram o direito à participação política das mulheres e a garantia do voto feminino; reivindicaram direitos reprodutivos e a sexualidade como algo prioritário. Em uma terceira onda, o feminismo mostrou que não temos como discutir os direitos das mulheres sem que sejam consideradas as suas condições de vida, sexualidade e raça conjuntamente.

Esta perspectiva escancara, sem dúvida, os desafios que temos para agir a partir de um olhar que rompa com as desigualdades que se impõem nas variadas formas de ser mulher. É neste olhar ampliado que precisamos reconhecer que não é mais possível aceitar as violências que acometem mulheres trans pelo simples fato de elas assumirem essa condição no mundo. Não há mais como pensar sobre essas mulheres fora do lugar feminino no qual se colocam. Não vejo como sermos feministas e não nos reconhecermos na opressão e fobia que passam essas mulheres, ao longo de suas vidas, para garantirem o seu lugar no mundo.

Neste momento, é importante lembrar a trajetória da Cristiane Rodrigues da Costa, mulher trans moradora da Nova Holanda (uma das 16 favelas da Maré, pela forma como afirmou seu lugar no mundo. Cris, como era conhecida, morreu há um mês, atropelada na Avenida Brasil. Ao nascer, lhe deram o nome de Cristiano Rodrigues da Costa. Desde a infância, como contou em uma entrevista, ela se reconhecia num corpo feminino; queria que seu nome fosse outro. Lutou muito, inclusive junto à sua família, para afirmar seus desejos de viver como acreditava. Conseguiu, apesar da luta para viver e não ser violentada e xingada, como aconteceu muitas vezes. Uma mulher negra que sofreu demais para ser respeitada e reconhecida na sua potência. De forma digna, permaneceu nos seus propósitos e seguiu os seus próprios passos, apesar de ter sofrido violência física muitas vezes.

Quando olho para a trajetória da Cris e vejo a potência da sua afirmação como pessoa e mulher, me pergunto: por que ela sofria tanto para afirmar o que era, o que desejava ser? Por que a sua vida e maneira de ser incomodava tantas pessoas? A resposta a essas e outras inquietações que carrego ao pensar sobre as razões (se é que elas existem) que levam uma parte significativa da sociedade a desrespeitar mulheres e suas formas de existir está no racismo, na ignorância e no conservadorismo que tanto estruturam a sociedade brasileira. Por isso eu acredito, de forma profunda, que não há vida, não há modelos de existência sustentável que não passe pela ação das mulheres.

Eliana Sousa Silva é fundadora e diretora da Redes da Maré e doutora em serviço social

Rio sem máscaras: Fiocruz diz que medida é ‘precipitada’

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Medida foi publicada no Diário Oficial

Por Edu Carvalho, em 08/03/2022 às 08h20.

Na tarde de ontem, terça-feira (07/3), a Prefeitura do Rio, através do Comitê Especial de Enfrentamento à Covid-19 (CEEC), indicou o uso facultativo de máscaras em ambientes fechados e abertos na cidade. A decisão foi publicada via decreto em uma edição extra do Diário Oficial do Município. O grupo de avaliação observa ainda que pessoas imunodeprimidas, com comorbidades de alto risco, não vacinadas (inclusive crianças) e com sintomas de síndrome gripal devem continuar usando máscaras.

”Atualmente, temos a menor taxa de transmissão de Covid-19 na cidade, desde o início da pandemia. Considerando também que o índice de positividade nos testes para a doença está menor e o número de pessoas internadas corresponde a menos de 1%, o Comitê Científico recomendou a desobrigação do uso de máscara na cidade do Rio também em locais fechados. Vale lembrar que, desde outubro do ano passado, já não era obrigatório o uso de máscara em locais abertos”, diz o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz.

O passaporte vacinal é a única medida restritiva que segue mantida na capital, conforme regra disponível no site coronavirus.rio.

Em entrevista ao G1, Raphael Guimarães, pesquisador do Observatório Fiocruz Covid-19, o Rio “não é uma ilha, está cercado por outras cidades da Região Metropolitana, com índices de coberturas vacinais e taxas vacinais diferentes”, sendo “um aporte considerável diário de pessoas de vários lugares”. Para o pesquisador, este influxo de pessoas de fora deveria ter sopesado.

No seu sistema de retorno híbrido, faculdades como a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Pontíficia Universidade Católica (PUC-Rio), indicaram o uso de máscaras dentro dos ambientes fechados, seguindo os protocolos preconizados pela Saúde.

Secretaria Municipal de Educação lança a campanha Bora pra Escola

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Por Redação, em 07/03/2022 às 09h50.

Entrou em campo neste domingo (06/03), no estádio Nilton Santos, um novo time para unir as torcidas cariocas: o da criançada na escola! A Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, com o apoio dos clubes Flamengo, Vasco, Botafogo e Fluminense e da FERJ (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro), lançou a campanha Bora pra Escola, com o objetivo de trazer mais de cinco mil alunos de volta ao convívio escolar. A grande aposta é conquistar a criançada com as mensagens de seus ídolos.

A causa é tão nobre que não existe rivalidade nessa disputa, e os times se uniram nesse ataque contra o abandono escolar. Os jogadores estão gravando vídeos para convocar os pequenos de volta às salas de aula. Nas filmagens, eles contam ainda histórias de quando eram estudantes. A ação será divulgada nas redes sociais da Secretaria de Educação e também dos times de futebol.

A busca ativa é um dos trabalhos mais importantes desenvolvidos pela rede de Educação do Rio. Por meio dela é possível trazer crianças que não estão frequentando a escola de volta para sala de aula, garantindo o direito à educação e ao convívio escolar.

– Nosso trabalho de busca ativa no ano passado trouxe de volta 20 mil crianças para as salas de aula. Ainda faltam cinco mil e não vamos descansar enquanto houver uma criança fora da escola! Sabemos que a pandemia aumentou a evasão escolar, mas nós vamos ganhar esse jogo –

Renan Ferreirinha, Secretário Municipal de Educação do Rio.

No ano passado, a rede municipal de educação usou vários recursos para trazer a garotada de volta. O trabalho de localização das crianças e convencimento das famílias sobre a importância da escola na vida delas foi feito por telefone, com ajuda dos Conselhos Escolares Comunitários (CEC), associações de moradores e até mesmo com carros de som percorrendo os bairros.

Estudo na Maré comprova efetividade da vacina covid-19

O trabalho analisou o aumento gradativo da proteção após a vacinação. Três semanas após a primeira dose, a proteção é de 31,6%. Duas semanas após a segunda dose, essa taxa sobe para 65,1%.

Hellen Guimarães (Agência Fiocruz de Notícias)

A vacinação é capaz de proteger a população de contaminação, hospitalização e morte por covid-19, mesmo em comunidades socialmente vulneráveis, onde há alta transmissão. Esta é uma das principais conclusões de um novo artigo da pesquisa Vacina Maré que avalia a efetividade da vacina da Fiocruz/AstraZeneca contra o adoecimento por covid-19 na Maré, no Rio de Janeiro. A pesquisa foi publicada recentemente na revista Clinical Microbiology and Infection, da European Society of Clinical Microbiology and Infectious Diseases (ESCMID). O trabalho analisou o aumento gradativo da proteção após a vacinação e verificou que, três semanas após a primeira dose, a proteção contra a Covid-19 sintomática é de 31,6%. Duas semanas após a segunda dose, essa taxa sobe para 65,1%.

Os resultados obtidos após a segunda dose reiteram as conclusões encontradas na versão anterior do artigo, divulgada em novembro, que tratou dos dados referentes à vacinação dos moradores da Maré com a primeira dose. As evidências reforçam a importância da segunda dose para garantir uma resposta imune mais robusta e prolongada, tendo em vista que os efeitos da primeira dose começam a enfraquecer após alguns meses. 

“Qual a efetividade da vacina em proteger as pessoas e evitar que contraiam a Covid? As pessoas que tomaram a vacina estão protegidas de adquirir infecção pelo vírus? Essa é a grande pergunta do estudo, e a resposta é sim. Hoje, há muita gente falando que a vacina não protege da doença, somente de hospitalização e morte. Isso não é verdade. Claro, o nível de proteção para as formas graves é maior. Se você está vacinado, pode se infectar e ficar assintomático, ou ter sintomas mais brandos. Por outro lado, muita gente não vai ter a doença porque está vacinada.”

Fernando Bozza, pesquisador da Fiocruz e coordenador do estudo.

A pesquisa é conduzida pela Fiocruz em parceria com o Departamento de Engenharia Industrial da PUC-Rio, o Instituto de Saúde Global de Barcelona e a Prefeitura do Rio, por meio da Secretaria Municipal de Saúde. Conta com o apoio da Redes da Maré e do Projeto Conexão Saúde – De Olho na Covid e o financiamento da Fundação Bill e Melinda Gates. Os dados verificados reforçam a centralidade da vacinação no combate à pandemia.

“A vacina protege em todos os níveis: da morte, da hospitalização e da aquisição do vírus ou adoecimento. Claro que esses níveis são diferentes: aqui, estamos falando de 65% contra aquisição depois da segunda dose. Quando olhamos para hospitalização e morte, isso sobe para mais de 80, 90%.”

Fernando Bozza, pesquisador da Fiocruz e coordenador do estudo

De acordo com os dados disponibilizados pelo Painel Rio Covid, da Prefeitura, de 30 de outubro do ano passado até 04 de março deste ano, data da última atualização, não houve óbito na Maré decorrente da doença.

Metodologia

Os pesquisadores cruzaram as bases de dados do programa de testagem da Fiocruz com o de vacinação. O método empregado foi o estudo de teste negativo (TND), dividindo aqueles que contraíram o vírus em dois grupos: um de sintomáticos e outro de todos os infectados (sintomáticos + assintomáticos). A análise incluiu 10.077 testes RT-PCR, sendo 6.394 (64%) de sintomáticos e 3,683 (36%) de assintomáticos. O período de referência, de 17 de janeiro a 27 de novembro de 2021, caracterizou-se por uma predominância mista das variantes Gama e Delta. O estudo, que segue em andamento, pretende na próxima etapa avaliar a efetividade da vacina em relação à Ômicron e à dose de reforço

O estudo considerou quatro recortes: o primeiro, relativo ao tempo de pandemia; o segundo, um ajuste completo (que considera variáveis como sexo, doença cardiovascular, doença respiratória, comorbidades, todas as características que estão relacionadas ao agravamento ou à aquisição da doença); o terceiro, por idade, separando os participantes em um grupo abaixo de 35 anos e outro de 35 para cima; o quarto, por fim, considera os intervalos de aplicação entre a primeira e a segunda dose.

“De maneira geral, as diferenças de efetividade são muito pequenas. Os ajustes servem para demonstrar que, independentemente do foco da análise, a vacinação é eficaz para controlar a pandemia e influencia diretamente na queda no número de casos. Eles não decrescem sozinhos só porque a pandemia já dura há algum tempo. Provavelmente, essa vacinação em massa foi fundamental para impedir a expansão da Delta. Tivemos o grande pico da Gama no Brasil, na virada de 2020 para 2021 e, em seguida, a introdução da Delta. Na Maré, esse pico de Delta praticamente não aconteceu, provavelmente porque a vacinação já foi efetiva em bloquear essas cadeias de transmissão.”

Fernando Bozza, pesquisador da Fiocruz e coordenador do estudo

A maior variação ocorre no recorte por idade. Nos mais jovens (menos de 35 anos), a proteção após a segunda dose é de 89,2%. De 35 anos para cima, a efetividade da vacina é de 55,6%. “Há alguns fatores envolvidos, até da resposta imune, de como os idosos montam essa resposta imune vacinal. Nos estudos de soroconversão, verificamos que eles desenvolvem menos anticorpos que os jovens após a vacinação. Seguramente, eles precisam mais da dose de reforço, assim como os imunossuprimidos”, disse.

Originalidade e importância da pesquisa na Maré

Maior conjunto de favelas do Rio de Janeiro, com cerca de 140 mil moradores, a Maré sedia iniciativas de vacinação em massa e testagem em grande escala conduzidas a partir de uma ação integrada entre a Secretaria Municipal de Saúde, a Fiocruz e a Redes da Maré . O estudo de efetividade da vacina na região, coordenado pela Fundação, propõe um olhar que considera as características próprias do território – alta densidade populacional, cadeias de transmissão próprias, grande circulação do vírus e vulnerabilidade social da população.

“O estado do Rio chegou a ter a maior letalidade durante grande parte da pandemia, e a Maré tinha uma das taxas de letalidade mais altas, especialmente no início. Era mais alta que a da cidade e do estado e, em algum momento, chegou a ser o dobro do encontrado na cidade como um todo. Uma série de medidas foram tomadas, não só em relação à vacinação. A Fiocruz apoiou toda uma estratégia de testagem, comunicação, acompanhamento das pessoas com Covid e isso puxou essa taxa de letalidade para baixo”, ressaltou Bozza. 

A meta de vacinar toda a população adulta da Maré foi cumprida: 93,4% do público-alvo foi imunizado com as duas doses da vacina da AstraZeneca. Os resultados saltam aos olhos. “Após a vacinação, a gente realmente viu as mortes despencarem. Os dados mostram que já não tínhamos morte por Covid na Maré há alguns meses. Isso mostra que atingimos uma proteção alta, até em níveis internacionais”, completou.

 A Fiocruz também desenvolve na Maré um estudo de coorte, acompanhando cerca de duas mil famílias e oito mil pessoas, incluindo crianças, num monitoramento de longo prazo para avaliar a transmissão intradomiciliar, as dinâmicas da circulação do vírus nas comunidades e proteção indireta. A vigilância genômica, que sequencia as amostras do vírus encontrada na Maré para detectar variantes, também segue em andamento. “Precisamos continuar ativos para verificar se há outras variantes ainda não identificadas que possam estar circulando no território brasileiro e que possam trazer outros desdobramentos em relação à pandemia”, concluiu Fernando Bozza.

Governo do Estado lança projeto de Assistência Técnica e Melhorias Habitacionais para imóveis em comunidades

Iniciativa faz parte do Programa Casa da Gente, lançado em setembro deste ano, que prevê investimento de cerca de R$ 100 milhões até 2022

Por Redação, em 03/03/2022 às 15h.

O Governo do Rio lança o projeto ‘NA RÉGUA – arquitetura acessível, moradia digna’, que vai executar assistência técnica e melhorar as condições de habitabilidade e salubridade de casas em comunidades vulneráveis da cidade do Rio de Janeiro e da Baixada Fluminense. Em parceria com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), o programa prevê investimento de cerca de R$ 100 milhões e contemplará até. Nesta etapa, serão inseridas famílias de baixa renda que vivem em áreas de vulnerabilidade social das seguintes comunidades do Rio de Janeiro: Brás de Pina, Buriti Congonhas, Cajueiro, Mangueira, Parque Acari, Parque Maré, Marcílio Dias – Penha, Providência, Rocinha, Serrinha. Já na Baixada Fluminense, o projeto já está em atuação no Morro da Paz, Kisuco e Vila Coimbra, no município de Queimados.

”O Na Régua é uma das vertentes do Programa CASA da GENTE, que construirá 50 mil casas nos próximos cinco anos, reformará 60 conjuntos habitacionais nos próximos 12 meses e fará reformas pontuais em casas de comunidades vulneráveis para melhorar a habitabilidade das famílias. Muitos dos imóveis não têm instalações sanitárias ou são insalubres. É preciso ter um olhar especial para quem mais precisa”, ressaltou o governador Cláudio Castro.  

A Secretaria de Estado de Infraestrutura, em cooperação técnica com a UERJ, dará oportunidade para jovens egressos do sistema de cotas, alunos de graduação e pós-graduação, para desenvolverem suas habilidades e competências no projeto. As atividades vão desde o censo nas comunidades até a instalação de escritórios de arquitetura e engenharia de família, que contará com assistentes sociais e demais técnicos. A expectativa da Seinfra é elaborar cerca de 10 mil projetos de reformas, que passarão pela participação e aprovação direta dos moradores das comunidades. 

”Essa parceria permitirá um mapeamento das moradias em áreas vulneráveis que precisam de melhorias. É importante manter uma assessoria técnica ampla e permanente nesses locais, trabalhando com as famílias na definição das obras”, explicou o secretário de Infraestrutura e Obras, Max Lemos.

Para as melhorias habitacionais serão atendidas famílias que tenham renda de até três salários mínimos, possuam um único imóvel e residam há pelo menos três anos no local. Entre os critérios de priorização estão famílias que se encontram na faixa de vulnerabilidade extrema; chefiadas por mulheres; idosos; pessoas com deficiência; pessoas com doenças respiratórias crônicas ou de fácil disseminação. Já para receber a assistência técnica gratuita com arquitetos e engenheiros de família, todo morador da comunidade com renda inferior a seis salários mínimos, que seja proprietário pode solicitar a ajuda. 

”Não se trata de um projeto que impõe as obras, mas sim que discute com as famílias as melhorias que serão implementadas, ouvindo e aprendendo com cada comunidade as suas necessidades. A ideia é elaborar propostas arquitetônicas práticas e criativas, de acordo com a especificidade de cada lar. Os serviços de adequação levarão em conta a salubridade, o reforço estrutural, o conforto ambiental e a adequação sanitária. Para isso tudo acontecer, faremos o primeiro censo de inadequação habitacional do Estado do Rio”, afirmou o subsecretário de Habitação, Allan Borges.

Censo de inadequação habitacional

Em três meses de trabalho, a equipe de pesquisadores do Projeto Na Régua já realizou mais de 8 mil entrevistas em residências espalhadas em 13 das 18 comunidades que serão beneficiadas pela iniciativa. Até o final do primeiro trimestre deste ano, o governo do estado pretende finalizar o primeiro censo de inadequação habitacional realizado em toda a história, que contemplará cerca de 30 mil domicílios da Capital e da Baixada Fluminense. 

Antes de dar início à pesquisa de campo, cerca de 80 entrevistadores e articuladores foram capacitados pela equipe técnica do projeto. O monitoramento dos dados tem sido feito pelos supervisores e a divulgação deve ocorrer até março. 

Escritórios de assistência técnica

Além disso, também tem sido instalados um escritório de assistência técnica em cada comunidade, até o momento já são 12 escritórios para entregar assistência técnica à comunidade. Cada um desses é composto por profissionais das áreas de arquitetura e engenharia; ciências sociais e humanas; além de técnicos de nível médio e agentes comunitários; que serão responsáveis pela elaboração dos projetos, gerenciamento das reformas e acompanhamento das famílias. O projeto conta ainda com uma modelagem específica de monitoramento, controle e avaliação das atividades e obras.

Para o reitor da UERJ, Ricardo Lodi, a universidade pública precisa servir para melhorar a vida das pessoas. “A Uerj vem se constituindo como como agência de políticas públicas no sentido de ampliar seu projeto de inclusão social. O NA RÉGUA busca reduzir as desigualdades sociais e aumentar os níveis de segurança sanitária das famílias. Defendemos que a ciência e o conhecimento científico sejam úteis para transformar a vida das pessoas”, declarou Lodi.

SERVIÇO:

Os escritórios regionais funcionam de segunda à sexta-feira, das 9h às 18h. 

  • Mangueira – Endereço: Rua General Bento Ribeiro, nº 4 – Fundação Leão XIII
  • Providência – Endereço: Rua da Bica, nº 29 – ONG Impacto das Cores
  • Serrinha – Endereço: Rua Mestre Darcy do Jongo, nº 162 – CUPA 
  • Cajueiro – Endereço: Travessa Central do Sossego, 39 – Associação dos Moradores
  • Buriti Congonhas – Endereço: Rua Macunaíma, nº 209 – Vaz Lobo
  • Marcílio Dias – Endereço: Avenida Lobo Junior, nº 83 
  • Acari – Endereço: Rua Guaiuba, nº 210 A
  • Parque Maré – Endereço: Rua João Araújo, nº 117 – Associação de Moradores do Conjunto Rubens Vaz 
  • Rocinha – Endereço: Ciep 303 Ayrton Senna da Silva – Autoestrada Engenheiro Fernando Mcdowell, nº 15 – São Conrado 
  • Brás de Pina – Endereço: Rua 51, quadra D3 – Associação de Moradores da Santa Edwiges
  • Queimados: Avenida Irmãos Guinle, 1497 – salas 104, 106 e 108 – Centro

Amaro da Maré

Vila Olímpica da Maré é rebatizada em homenagem a idealizador

Por Hélio Euclides, em 03/03/2022 às 07h. Editado por Daniele Moura.

Durante mais de 20 anos, Amaro Domingues, mais conhecido como Seu Amaro, idealizou, fundou e administrou a Vila Olímpica na Maré. Ano passado, o líder comunitário faleceu deixando uma trajetória de lutas e conquistas. Para homenageá-lo, o prefeito da cidade do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, autorizou a mudança  do nome para Vila Olímpica Municipal Seu Amaro, em decreto publicado no diário oficial do município. 

“A Maré teve várias lideranças, inclusive meu pai, mas o Seu Amaro é difícil de competir. Quase tudo que a Maré tem, foi alcançado com a participação dele”, diz Milton Pereira, mais conhecido como Menininho, liderança local. 

Houve  cerimônia de mudança de nome, com direito a banner e placa comemorativa com a presença de  moradores, lideranças, alunos, funcionários e representantes da Prefeitura. O evento contou com a apresentação dos alunos da oficina de zumba e do coral de crianças da vila olímpica. 

Inspirado em Seu Amaro, Cristian Nacht, o novo diretor, fez questão de enaltecer o antecessor. “Seu Amaro chegou na Maré com 23 anos. O diferencial era a paixão pela justiça social. Lutou sua vida toda. Foi uma pessoa sem posses e poder, mas foi um exemplo. Durante sua gestão a vila olímpica foi levada a prova várias vezes, mas com honestidade seguiu.”

Outro que prestigiou o evento foi Isaac Nunes, presidente da Associação de Moradores do Morro do Timbau. “É uma vida que ajudou crianças, adolescentes e adultos. Merece essa homenagem, pois foi um ícone.”

Entre as autoridades municipais, Diego Vaz, subprefeito da Zona Norte, destacou o papel fundamental da Vila Olímpica para a Maré. “A Prefeitura não pode ficar ausente de equipamentos como este. A Vila Olímpica Municipal Seu Amaro não pode ficar fechada, pois é importante para toda a população da Maré, em especial para as crianças.”

 “As vilas olímpicas sofrem com o vai e vem dos prefeitos. Não podemos tirar recursos de locais como este. O Seu Amaro defendeu o equipamento, foi um líder comunitário, com grande dedicação, por isso é uma justa homenagem”, prometeu Pedro Paulo, Secretário de Fazenda e Planejamento.

“Não tem quem venha aqui e não se apaixone por esse espaço. Queremos essa vila olímpica cada vez melhor. Renovamos o contrato em dezembro e agora vamos implantar a culinária solidária e a revitalização da horta da vila olímpica. Hoje é um dia de alegria, uma homenagem a essa pessoa que tive o prazer de conhecer, justíssimo o tributo”,  disse em seu discurso, Guilherme Schleder, Secretário Municipal de Esportes.

Ao final, seguindo o protocolo da cerimônia, foram retirados os panos que cobriam o banner e a placa comemorativa. Os presentes foram agraciados com bolo e um exemplar do livro que conta a história de Seu Amaro.

Histórico do Amaro da Maré

Nascido no interior do município de Campos, em 1962, após uma remoção, veio morar na Nova Holanda, na antiga Rua Cinco, quando parte da favela ainda era formada por mangue. Na sua vida teve como marco a Fundação da Unimar (União das Associações de Moradores da Maré), com outras lideranças. Depois desse passo, foi até Brasília reivindicar a criação da Vila Olímpica da Maré, em 1995, onde foi recebido por Pelé, que na época era ministro dos esportes. Foi idealizador do equipamento municipal e do Campus Educacional da Maré.

Em 1998, uma das reclamações era que ninguém dava emprego para moradores da Maré. Então, por meio da Coopjovem Maré, que ele presidiu por oito anos, conseguiu uma parceria de serviço de limpeza com o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho. Além disso colaborou para a criação da Associação de Moradores da Nova Maré. Ele chegou a receber a medalha Pedro Ernesto e teve sua vida contada no livro Amaro da Maré, da escritora Regina Zappa. Seu Amaro faleceu em julho de 2021, aos 88 anos.

Leia mais: https://mareonline.com.br/uma-vida-dedicada-a-mare/.