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Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica reabre dia 5/11 com obras inéditas do artista, incluindo dois ‘penetráveis’

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Por Redação, em 24/09/2021 às 07h

Uma boa notícia para a cultura carioca: o Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, na região central do Rio, reabrirá em 5 de novembro – Dia Nacional da Cultura – com obras inéditas de Hélio Oiticica (1937-1980), entre elas, duas instalações (penetráveis) criadas pelo artista, mas nunca executadas. 

Esse é um dos frutos da parceria entre a Secretaria Municipal de Cultura e César Oiticica Filho (sobrinho de Hélio e gestor do seu legado).

“É um novo modelo de parceria com o poder público e também de apresentação da obra de Hélio Oiticica. Não se trata apenas de uma exposição, mas uma nova proposta, principalmente o diálogo entre o trabalho do Hélio e o Rio”, ressalta César, à frente do instituto “Projeto Hélio Oiticica”, responsável por conservar e divulgar o acervo, mantido na casa onde morou o artista no Jardim Botânico.

Os dois penetráveis inéditos serão expostos nos arredores do equipamento cultural (Rua Imperatriz Leopoldinense e Praça Tiradentes). Ambos estarão abertos a intervenções artísticas das mais diversas áreas, de grafite a espetáculo de dança.

“A obra de Hélio Oiticica, além de referência artística na história do Brasil, é necessária para os tempos de retomada da cultura por ser um convite à interação. Precisamos criar condições para a arte chegar bem perto das pessoas. Esse é o grande lema do novo tempo da cultura no pós-pandemia”, diz o secretário municipal de Cultura, Marcus Faustini.

No imóvel, são três andares (somente os dois primeiros serão reabertos por enquanto), sendo seis espaços de exposição, dois mezaninos, duas salas multiuso, sala de leitura, auditório com cem lugares e um café/restaurante. 

A ideia é ocupar o primeiro andar com processos artísticos de Oiticica, entre croquis, desenhos e maquetes – uma delas referente a uma obra de 1960, do gigantesco projeto “Cães de Caça”, no qual incluiu referências ao poema “Enterrado”, de Ferreira Gullar, e ao teatro integral de Reynaldo Jardim. Ali também estará o primeiro penetrável do artista, o “PN1”, criado em 1960 (1,5mx1,2X2,20m); com paredes que se movem, iniciando a participação direta do espectador.

No segundo andar, algumas obras do artista pertencentes à família. O penetrável “Nas quebradas”, de 1978, foi feito em São Paulo, um processo criativo ao qual o artista denominava “delírio ambulatório”. 

A partir de 2022, o auditório receberá cursos, encontros e debates sobre artes no Rio. Dali em diante, haverá exposições temporárias de artistas e obras que dialogam com a obra de Oiticica, via curadorias temporárias. 

“É importante manter uma agenda constante de obras do Hélio para devolver o sentido de um espaço que leva seu nome”, comenta Vera Saboya, a gerente de equipamentos culturais da Secretaria de Cultura.

O edifício do Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica foi construído em 1872 para sediar o Conservatório Nacional de Música, ampliado em 1890, sob a orientação do arquiteto italiano Sante Bucciarelli. Fundado como tal em 1996, o imóvel abrigou até 2009 parte do acervo de Oiticica por meio de convênio com o “Projeto Hélio Oiticica”. 

Informações: 2976-1246.

Algumas considerações de César Oiticica Filho:

Ao mesmo tempo que você está vendo a obra do Hélio Oiticica dentro do espaço expositivo, curadores e artistas irão criar obras que dialoguem com esses penetráveis inéditos do lado de fora. Segundo César Oiticica Filho, eles serão trocados por outros inéditos, conforme o desenrolar do projeto.

“Este conceito do penetrável passa por incitar a participação do espectador”, resume César. 

De acordo com ele, há ao menos dez penetráveis de grande porte com a assinatura de Hélio espalhados pelo mundo. Todos com amplas referências ao movimento que culminou na Semana de Arte Moderna no Brasil em 1922, em vias de completar 100 anos.

“Hélio vem do movimento concreto, mas é ligado ao construtivismo, com influências de nomes como Mondrian, Malevich e Paul Klee”, explica César. “A coisa da antropofagia está muito presente em sua obra, o penetrável te devora.”

Penetráveis de Hélio Oiticica no Brasil e no mundo

Cosmococa

Cc5 – Walker Art Center Minneapolis

Cc1 – Carnegie Art Center Pittsburg

Cc3 – MACBA Barcelona

Cc 1,2,3,4,5 – Inhotim MG

Tropicália

Reina Sofia, Madri

Tate Modern, Londres

Guggenheim, Abu Dhabi 

Magic Square #5

Inhotim MG

Museu do Açude RJ

Magic Square #3

Coleção Luis Antonio Almeida Braga, Itaipava

Nas Quebradas 

LACMA Los Angeles

Poema: A velha da Bota Rosa

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Um poema de Desinha Santos, moradora da Vila dos Pinheiros, uma das favelas da Maré, no Espaço do Leitor no Maré de Notícias.

Por: Desinha Santos (*)

A velha da bota Rosa 
Vive fazendo confusão
Ela gosta de plantar rosa
Mas vive em frente do lixão

Ela quer se mudar 
Para ar puro respirar
Sem vê ratazana passar 
Sem ter pombos para na sua cabeça defecar 

Quer viver em contato com a natureza
Um lugar com muitas flores
Que tenha muita limpeza
Sem ter tantos dissabores

Nesta vida que lhe resta
Longe de tanta dureza
Encontrar novos amores

(*)Eudesia Santos da Silva, nasceu na pequena cidade de Gurinhém, no agreste paraibano. Aos 18 anos, se mudou para o Rio de Janeiro com a mãe, seus 7 irmãos e 2 vizinhas. O pai veio primeiro para a “terra das oportunidades” para trabalhar nas obras da construção civil. Educou 4 filhos, trabalhando em fábricas, fazendo faxina e empreendendo com uma pequena venda de doces.

Aos 50, voltou a estudar em uma sala de aula improvisada na casa do vizinho e com muita determinação completou o Ensino Médio na rede pública através do programa EJA. Hoje, aos 72 anos, a moradora da Vila dos Pinheiros escreve poemas e sonha em ter um livro publicado. Para acompanhar e apoiar o trabalho de Deisinha acesse o instagram @eudesiasantosdasilva .

Desinha na Vila dos Pinheiros, uma das favelas da Maré

#ESPAÇODOLEITOR

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Rio inicia campanha de vacinação antirrábica neste sábado

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Cães e gatos de toda a cidade poderão ser vacinados gratuitamente até novembro     

Por Redação, em 23/09/2021 às 7h

A Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS), por meio do Instituto Municipal de Vigilância Sanitária, Vigilância de Zoonoses e de Inspeção Agropecuária (Ivisa), inicia neste sábado, 25 de setembro, a campanha de vacinação antirrábica de cães e gatos. Até 27 de novembro, a ação contemplará todos os bairros da cidade, divididos em cinco grupos de forma escalonada, sendo uma região por sábado. A meta da SMS é imunizar 80% dos cães e gatos estimados no Município, como preconizam a OMS e o Ministério da Saúde, totalizando cerca de 670 mil animais.

Poderão ser imunizados cães e gatos a partir de três meses de idade e adultos saudáveis, além daqueles que expiraram o ciclo de doze meses da última dose. A vacina antirrábica deve ser administrada anualmente e é a principal forma de prevenção e controle da raiva, que não é notificada em cães e gatos no Município do Rio há 26 anos, como lembra o  médico veterinário diretor do Centro de Controle de Zoonoses Paulo Dacorso Filho (CCZ), Fernando Ferreira.
“A raiva é uma doença que está sob intensa vigilância no Rio. Desde 1995 não temos casos registrados em cães e gatos; e em humanos, desde 1986. E esses resultados só são possíveis graças à adesão maciça à vacinação. A proteção pela imunização é fundamental para a saúde dos pets e tutores, e deve ser renovada todo ano”, ressalta o diretor Fernando.

No primeiro dia da campanha, 25/09, haverá 128 postos de vacinação localizados em 33 bairros da cidade, incluindo Centro, Zona Sul, Ilha do Governador, São Cristóvão e Tijuca. A lista completa está disponível no link bit.ly/AntirrabicaRio. Neste e nos demais sábados, os postos funcionarão das 9h às 17h. Além da campanha anual promovida pelo Ivisa, a vacinação antirrábica está disponível ao longo de todo ano no CCZ, em Santa Cruz, e no Instituto Municipal de Medicina Veterinária Jorge Vaitsman, na Mangueira, para garantir o cumprimento da recomendação da aplicação de uma dose de vacina a cada doze meses para cães e gatos domésticos.

DATAS E BAIRROS DA CAMPANHA DE VACINAÇÃO ANTIRRÁBICA

25/09 – 1º grupo: Alto da Boa Vista, Andaraí, Benfica, Botafogo, Catete, Catumbi, Centro, Cidade Nova, Copacabana, Cosme Velho, Estácio, Flamengo, Gávea, Glória, Grajaú, Ilha do Governador, Ipanema, Jardim Botânico, Laranjeiras, Leblon, Leme, Mangueira, Maracanã, Praça da Bandeira, Rio Comprido, Rocinha, Santa Teresa, São Conrado, São Cristóvão, Tijuca, Urca, Vidigal, Vila Isabel

09/10 – 2º grupo: Abolição, Água Santa, Bonsucesso, Brás de Pina, Cachambi, Colégio, Cordovil, Encantado, Engenho da Rainha, Engenho de Dentro, Engenho Novo, Irajá, Jacarezinho, Jardim América, Lins de Vasconcelos, Manguinhos, Méier, Olaria, Parada de Lucas, Penha, Penha Circular, Piedade, Pilares, Ramos, Rocha, Tomás Coelho, Turiaçu, Vaz Lobo, Vigário Geral, Vila Kosmos, Vila da Penha, Vicente de Carvalho, Vista Alegre

23/10 – 3º grupo: Acari, Anchieta, Barra da Tijuca, Bento Ribeiro, Cascadura, Cavalcanti, Cidade de Deus, Coelho Neto, Costa Barros, Engenheiro Leal, Guadalupe, Honório Gurgel, Jacarepaguá, Madureira, Marechal Hermes, Oswaldo Cruz, Quintino, Pavuna, Recreio dos Bandeirantes, Ricardo de Albuquerque, Vargem Grande, Vargem Pequena

06/11 – 4º grupo: Bangu, Campo Grande, Cosmos, Deodoro, Inhoaíba, Magalhães Bastos, Padre Miguel, Realengo, Santíssimo, Senador Camará, Sulacap, Vasconcelos, Vila Kennedy

27/11 – 5º grupo: Guaratiba, Ilha de Guaratiba, Paciência, Pedra de Guaratiba, Santa Cruz, Sepetiba

Curso de primeiros socorros já atingiu 2.000 moradores da Maré

Morador pode cursar aulas de primeiros socorros, cuidador de idosos, baby-sitter, maqueiro e atendimento pré-hospitalar sem sair da favela

Por Hélio Euclides, em 23/09/2021 às 07h. Editado por Edu Carvalho

Criado em 2012, o Núcleo de Socorristas da Maré (Nusomar) é uma organização humanitária de apoio em primeiros socorros. Seu objetivo é desenvolver uma rede comunitária de assistência capaz de prestar o primeiro atendimento de casos simples ou em situação de emergência, facilitando o acesso ao serviço especializado. O grupo é composto por moradores voluntários da Maré, que já foram alunos entre os 2.000 formados como socorristas.

Quando um aluno é formado, pode dar suporte em primeiros socorros, o que alivia o estresse da vítima e da família, e pode ser a diferença que salva uma vida. Quando acontece uma emergência muitas vezes, parentes, vizinhos e amigos de vítimas não sabem o que fazer. Além disso, o socorro especializado costuma encontrar dificuldades para chegar à favela. Os alunos são treinados para prestar apoio na estabilização do estado de saúde de vítimas de emergências e, se for o necessário, facilitar a chegada da ambulância para realizar a sua remoção para uma unidade de saúde.

Foto: Arquivo pessoal

Cada segundo é importante para garantir que a vítima consiga ser encaminhada ao serviço hospitalar, estabilizar o seu quadro até uma recuperação. No curso são ensinadas noções de primeiros socorros em parada cardíaca, parada respiratória, engasgos, queimaduras, fraturas e cortes. O Nusomar nasceu após a Cruz Vermelha formar a primeira turma de socorristas na Maré. Os recém-formados se uniram e criaram a instituição que tem como lema: “Mãos Unidas Salvando Vidas”. Além do curso o grupo participa também de ações sociais e realiza palestras sobre primeiros socorros e atitudes humanitárias.

Um curso para todos

De acordo com dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde, em 2015 foram registradas 2.441 mortes de crianças de zero a 14 anos, no Brasil, devido a acidentes domésticos. No mesmo ano, 1.440 crianças e adolescentes até 14 anos morreram por conta de acidentes de trânsito. Segundo o Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde, em 2015 foram 100.559 crianças internadas, na faixa etária de 0 a 14 anos, devido à causas acidentais.

Para reverter esses números, Cleber Alves, instrutor chefe e responsável pelo projeto, deseja formar uma rede ainda maior de socorristas. “Muitos alunos entram sem expectativa de vida e alguns a pedido da mãe. Durante as aulas abrem a visão. Alguns desses alunos indicamos para se aperfeiçoar em empresas, creches e hospitais. Em alguns casos até para um emprego”, conta. Todos que participam do curso com carga horária de 20 horas de aula, divididos por quatro dias, recebem certificado de socorristas com a chancela da Cruz Vermelha Brasileira e Internacional.

Em alguns casos para ser vigilante, motorista, porteiro e atuar em creche é necessário ter o curso de primeiros socorros. Esse é o motivo da grande procura pelo curso que antes da pandemia chegava a ter 80 alunos por turma e agora já é realizado com a metade da capacidade. Outra causa é o valor cobrado, de apenas R$ 50, para os custos com o certificado. Segundo Cleber, o mesmo curso fora na Maré chega até a importância de R$ 280. Ele completa que durante a pandemia muitos alunos não tinham esse valor e frequentaram as aulas da mesma forma. Para contemplar a todos escritos, as aulas acontecem à tarde e à noite, chegando a formar quatro turmas por mês.

Foto: arquivo pessoal

A partir de março de 2019, todas as escolas do Brasil deveriam ter professores e colaboradores capacitados em primeiros socorros. A obrigatoriedade foi estabelecida, em outubro de 2018, após a aprovação da 13.722, chamada Lei Lucas, que tornou obrigatório o treinamento em primeiros socorros nos estabelecimentos de ensino básico e recreação infantil. “Meu foco é que cada creche ou escola da Maré tenha um morador como socorrista e brigadista. Isso vai contribuir ainda mais para que moradores possam ingressar ou voltar ao mercado de trabalho”, avalia Cleber.

Mesmo sem patrocínio, a Nusomar ampliou suas atividades, com abertura de mais cursos. Agora o grupo oferece os cursos de cuidador de idosos, baby-sitter, maqueiro e atendimento pré-hospitalar. Hoje são dez instrutores, que já foram alunos. Alguns já atuando no mercado de trabalho, como bombeiro civil e guardião de piscina. “Capacitamos moradores da Maré e de outras áreas, como Complexo do Alemão, Mandela, Acari e na Rocinha. Gostamos do que fazemos. A divulgação do nosso trabalho é por redes sociais, boca a boca e cartazes nas padarias e postes”, conclui.

O papel de um socorrista

São inúmeras histórias de ex-alunos que ajudaram moradores com os seus aprendizados. “Recentemente um recém-formado estava numa festa na Nova Maré e uma das crianças ficou engasgada com um pedaço de doce. Ninguém sabia o que fazer. Ele aplicou a manobra de heimlich, que obstruiu a garganta da criança”, lembra Cleber.

Alves relata dois casos de um ex-aluno, que é feirante na Rua Teixeira Ribeiro, no Parque Maré. “Certo dia ocorreu um atropelamento perto de sua barraca, ele se aproximou da vítima e fez uma avaliação primária e secundária, para avaliação se há fratura interna ou externa. Após constatar várias fraturas, imobilizou a vítima com ripa de caixotes até seguir para o hospital. Os médicos parabenizaram pela forma que foi feita a imobilização”, relembra. Em outro momento, no meio da feira, um cliente teve uma crise de epilepsia. O ex-aluno tirou a vítima da aglomeração e fez os procedimentos, até a chegada dos familiares.

Outro episódio de atropelamento ocorreu na Rua Principal, na Nova Holanda. Uma ex-aluna socorreu o condutor da moto, que tinha arranhões. Já a vítima do atropelamento tinha fratura no braço e perna. Ela o imobilizou com o material que tinha na rua e ainda estancou a hemorragia. Depois foi conduzido ao hospital. “Uma ocorrência emblemática aconteceu comigo. Eu estava em casa, quando os moradores me chamaram para socorrer uma vítima que foi atingida por um tiro. Eu estanquei a hemorragia e fiz um curativo. Depois a levei para o hospital”, expõe.

Inscrições abertas

O próximo curso a ser realizado será o de cuidador de idosos. As aulas acontecem no Centro Comunitário de Defesa da Cidadania, Rua Principal, s/nº, na Baixa do Sapateiro. Informações pelo Facebook: nusomar; e Instagram: @nusomar.

Expostos e sobrecarregados, entregadores lutam por direitos

Profissionais têm sobrevivido com uma demanda de trabalho crescente, mas sem qualquer direito assegurado 

Por Denilson Queiroz, editado por Daniele Moura.

Os aplicativos de delivery nunca lucraram tanto como no período da pandemia. Um levantamento feito pela Rede, empresa de pagamentos do Itaú, revelou que as compras de delivery pagas no cartão cresceram 59% em abril de 2020, comparadas com o mesmo período do ano anterior. Apenas o Ifood teve 20 milhões de pedidos de clientes realizados em 2020, segundo pesquisa do Instituto de Foodservice Brasil (IFB). 

Assim como o lucro das empresas, os acidentes de motociclistas também tiveram um significativo crescimento no ano passado. Na cidade de São Paulo, o número de acidentes envolvendo motocicletas cresceu expressivamente desde o início da quarentena. De acordo com o banco de dados com informações de acidentes de trânsito do Estado de São Paulo, o Infosiga SP, de março de 2020  em comparação a março de 2019, houve um aumento de mais 90% no número de acidentes e de mortes. Em março de 2019 foram 21 mortes, no mesmo mês em 2020, foram 39.

A maior parte das vítimas não consegue assistência das empresas de delivery. A informalidade trouxe um ambiente de superexploração, precarização do trabalho e ausência  de direitos trabalhistas. 

Em junho de 2020, diversos entregadores fizeram uma greve nacional em busca de melhores condições de trabalho. O alvo eram as empresas Ifood, Uber Eats e Rappi, principais plataformas deste mercado. Segundo os grevistas, a falsa ideia de empreendedorismo foi um pretexto para contratar profissionais sem obrigação de custear férias, 13° salário, rescisão, INSS, auxílio-doença etc, segundo entrevista do Paulo Galo para a BBC.

Entre as pautas reivindicadas pelos entregadores esteve o aumento do valor das corridas, implementação de uma taxa mínima de entrega, fim dos bloqueios, seguro contra roubo, acidente e vida, o fim do sistema de pontuação e um tipo de assistência na pandemia. Atualmente, um entregador que pedala até 50 km por dia recebe uma média de um salário mínimo, R$ 1.045, por mês. Ele é responsável pelos próprios equipamentos de segurança e refeição. Caso não cumpra com as condições dos apps é bloqueado e perde o ganha-pão sem maiores explicações.

Riscos sem proteção social

Morador do Parque União, João Pedro de Oliveira, de 21 anos, trabalhou por um mês como entregador de uma pizzaria. Ele recebia uma diária de R$ 60, além da quantia de R$ 3 por entrega. Em julho do ano passado, durante a última entrega do dia, João Pedro se envolveu em um acidente. Sofreu fraturas no fêmur e joelho, e passou por seis cirurgias.

 João Pedro ainda se recupera de acidente ocorrido ano passado, durante o trabalho | Vídeo: Matheus Afonso

O acidente o impossibilitou de continuar trabalhando. Por não ter vínculo empregatício, o jovem não contou com nenhum auxílio do governo e seu antigo empregador lhe pagou  R$300,00 como indenização pelo acidente.

“Entre idas e vindas, fiquei quatro meses internado e toda hora apareciam outros entregadores acidentados. Quando começou a pandemia, foi decretado que só os serviços essenciais poderiam funcionar, aí todo mundo que não tinha outras opções acabou indo (trabalhar) na entrega”, relata o jovem.

João Pedro ainda se recupera do acidente de trabalho e mais uma cirurgia no joelho está marcada para dezembro. Além das lesões físicas, o jovem agora tem acompanhamento psiquiátrico e necessita de medicamentos antidepressivos. 

O entregador se acidentou sete dias após a paralisação nacional que buscava melhores condições para a profissão. A principal reivindicação do ato era sobre a necessidade de se estabelecer um auxílio para os profissionais expostos em casos de infecção pelo coronavírus. Desde então, pouca coisa mudou e a categoria ainda busca melhorias para o setor.

Ocorrências com motocicletas são responsáveis por 80% das internações relacionadas a acidentes de trânsito no Brasil, segundo o Denatran, Departamento Nacional de Trânsito.


Clínica da Família Jeremias Moraes da Silva, na Nova Holanda, terá luz elétrica

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Feito é faz parte de articulação entre Redes da Maré, SubPrefeitura da Zona Norte, Secretaria Municipal de Saúde, Conexão Saúde e Itaú

Por Edu Carvalho em 22/09/2021 às 15h15. Editada por Daniele Moura. Atualizada em 24/09/2021 às 10h10


Inaugurada há três anos, a Clínica Jeremias Moraes da Silva, que atende à Nova Holanda, Rubens Vaz e Parque Maré, nunca teve fornecimento de energia elétrica, a luz sempre chegou via gerador. Mas esse tempo parece estar acabando: a clínica receberá a tão sonhada energia. A iniciativa faz parte de uma articulação que envolve a Redes da Maré, SubPrefeitura da Zona Norte, Secretaria Municipal de Saúde, Conexão Saúde e Itaú.

O nome da Clínica é uma homenagem ao garoto de 13 anos que morava na comunidade e foi morto no dia 6 de fevereiro de 2018, atingido por uma bala perdida quando jogava futebol. A unidade beneficia cerca de 30 mil pessoas.

Para Thiago Wendel, enfermeiro, especialista em saúde da família, mestre em políticas públicas e saúde coletiva e coordenador geral de atenção primária da área 3, responsável por toda a região da Maré, a chegada de energia elétrica possibilita ainda mais atendimentos e melhorias no sistema local de saúde.  ‘’É um sentimento de alegria, de felicidade, de realização, de poder ser canal para entregar serviço público de qualidade, um sentimento de missão cumprida.  Vamos poder ofertar serviços que antes não conseguíamos, como odontologia, além de acrescentar mais atendimentos para a população.’’

Na nova fase, todos ganham com as mudanças, sobretudo os profissionais de saúde moradores da Maré e que vivenciam diariamente os impactos de políticas públicas voltadas ao território. ‘’O agente de saúde é o elo da população com a comunidade, levando todas demandas dali para a unidade. Nesse momento, esse agente que mora e trabalha ali se sente realizado por essa conquista, já que antes estavam num ambiente que tinha muitas limitações, como ligar computadores ao mesmo tempo. Volta e meia o gerador não suportava a carga. Agora com a energia, ele consegue um ambiente melhor para trabalhar, duplamente feliz como profissional de saúde e morador’’, aponta. 

Thiago ressalta a importância da junção de esferas como o Estado e a sociedade civil organizada para ampliar o acesso aos direitos básicos. Segundo Luna Arouca, coordenadora do projeto Conexão Saúde, da Redes da Maré, o objetivo da reunião de todos os atores era pensar algo que pudesse atender diretamente os moradores. ‘’Desde o início da articulação junto ao Todos Pela Saúde tínhamos ideias de deixar um legado para o trabalho feito durante a pandemia, e que pudesse atender uma demanda da população. Para a Redes, essa ação faz parte do seu propósito enquanto organização do território’’.

Ainda para Luna, a mobilização enfatiza a urgência pela luta cada vez maior por direitos em contexto de favelas, muitas vezes esquecida. ‘’É sempre aquela questão do horizonte: nós estamos a dois passos e parece que eles estão mais perto, embora ainda distante. Assim devemos caminhar pela criação de mais direitos e demais melhoria das condições de vida da população favelada. Na área da saúde, é muito importante que as unidades tenham as condições necessárias para atender em termos das equipes, mas também de infraestrutura. Vamos seguir lutando para que essas unidades sejam indicadas para esses profissionais, para que sejam bem remunerados e  todos tenham acesso a uma saúde de qualidade, como direito’’.

Para receber a energia as obras já começaram.

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que a ”Clínica da Família Jeremias Moraes da Silva foi inaugurada no segundo ano do governo Crivella mas, até o fim daquela gestão, o projeto para a instalação da rede elétrica na unidade ficou praticamente parado. No início da atual gestão da Secretaria Municipal de Saúde, foram buscadas soluções para o problema, culminando na importante parceria com a ONG Redes da Maré, a Conexão Saúde, o Todos Pela Saúde e o Banco Itaú”.