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Projeto Insurgentes promove capacitação para agentes culturais das periferias cariocas

Inscrições estão abertas até 20 de agosto; além da capacitação profissional, haverá rodas de conversa e cachê para show com as cinco melhores iniciativas 

Por Redação, em 05/08/2021, às 16h43

O Museu do Samba vai colocar na mesma roda o samba, o hip hop e a rima e trazer da margem para o centro das atenções a produção cultural das favelas e periferias cariocas. Com o apoio do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo e Governo Federal, o Museu está lançando o Projeto Insurgentes – Tecendo Teias Culturais, que vai promover rodas de conversas, capacitação e premiação para agentes culturais de todas as regiões da cidade.

A primeira etapa já começou: as inscrições estão abertas até 20 de agosto. Para participar, basta preencher o formulário digital, onde também deverá ser anexado o projeto. Em caso de dúvidas, pode-se fazer contato pelo e-mail [email protected]. Os projetos devem, obrigatoriamente, ter como base o samba e suas conexões com outras referências culturais da periferia, com letras e temáticas que valorizem saberes tradicionais da cultura popular e mostrem a importância da resistência diante dos desafios sociais, econômicos e cotidianos. Os trabalhos devem ainda ser apresentados no formato de rodas de rima, partido alto e hip hop. 

“Historicamente, as populações descendentes de negros escravizados ocuparam favelas e locais periféricos e ainda hoje o acesso a condições de vida mais dignas e à inserção econômica e social é um obstáculo permanente para elas. O nome Insurgentes surge justamente da necessidade de reverter este quadro histórico por meio de quem representa resistência e superação, os jovens que subvertem esta realidade com sua arte e talento. O compromisso social do Museu do Samba é valorizar essa luta, estender a mão para esses jovens e mostrar que não estão sós”, afirma Nilcemar Nogueira, fundadora do Museu do Samba e idealizadora do projeto.

Serão escolhidas dez iniciativas de cada uma das cinco áreas programáticas (AP) do município do Rio de Janeiro, abrangendo assim todas as regiões. Serão selecionadas 50 iniciativas. Os responsáveis pelos projetos vão participar de rodas de diálogos no Museu do Samba. Além da troca de experiências, os próprios participantes das rodas de diálogos vão eleger um projeto de cada área programática. 

O Insurgentes – Tecendo Teias Culturais possui ainda uma etapa de capacitação profissional, as Oficinas de Agentes Culturais. Com carga horária de 30 horas, as oficinas vão ensinar técnicas de gestão, de estruturação de projetos e de divulgação cultural.  Os agentes serão escolhidos também nas rodas de diálogos.

Os cinco projetos finalistas serão contemplados com um cachê para participar de uma apresentação final, que será transmitida nas redes sociais do Museu do Samba. Os insurgentes também terão seus trabalhos registrados na publicação Museu do Samba – Revista Insurgentes, edição especial do periódico da instituição. Serão produzidos ainda vídeos de cada uma das obras, que ficarão disponíveis na página do Museu do Samba no Youtube.

Edição especial do ‘Boletim Direito à Segurança Pública na Maré’ é lançada

Documento apresenta dados e análises das dinâmicas de violência no território no 1º semestre de 2021, assim como os dados de impactos das operações policiais

Por Redação, em 05/08/2021, às 11h34

O Eixo Direito à Segurança Pública e Acesso à Justiça da Redes da Maré lançou, nesta quinta-feira, a edição especial do ‘Boletim Direito à Segurança Pública na Maré’. O documento é a sistematização dos dados sobre os impactos da violência armada nas 16 comunidades que compõem o Conjunto de Favelas da Maré, que acontece desde 2016.

O boletim especial apresenta os dados e análises das dinâmicas de violência no território no 1º semestre de 2021, assim como os dados de impactos das operações policiais na Maré, ao longo de um ano da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de suspender essas ações no período de pandemia no âmbito da “ADPF das Favelas” (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 635).  “É essencial que as instituições e moradores de favelas, mais afetados pelos impactos da violência, continuem a pautar o sistema de justiça para uma política que garanta o direito à vida para todas e todos”, aponta o texto do boletim.

Foram proibidas operações políciais no Rio durante o período da pandemia. Na foto, registro de uma incursão na Maré realizada em 2019 | Foto: Douglas Lopes

Entre os números que chamam atenção, o 1º semestre de 2021 acumulou mais mortes por intervenção policial do que todo o ano de 2020, apesar de ter havido uma redução de 41% no número de operações policiais, em relação ao 1º semestre de 2020. Para saber mais sobre a metodologia e conferir a análise completa, clique aqui.

Apuração do descumprimento da ‘ADPF das favelas’

Em despacho publicado no dia 30 de julho, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luis Edson Fachin acatou o pedido dos representantes da “ADPF das Favelas” – dando acesso às comunicações das operações policiais e relatórios finais das incursões. No entanto, o ministro fez ressalvas para casos em que “haja informações de inteligência que não digam respeito ao cumprimento, pelo governo fluminense e pelo MPERJ [Ministério Público do Rio de Janeiro], das decisões cautelares proferidas no âmbito desta ADPF”.

Para Djeff Amadeus, coordenador do Instituto de Defesa da População Negra (IDPN) e membro do MNU, além de ser um dos representantes da iniciativa, a decisão ”é uma das mais importantes da história recente do nosso país”. Segundo ele, a investigação pode reconhecer uma eventual omissão por parte do Ministério Público do Rio, assim como um eventual descumprimento por parte da Polícia à decisão do Supremo.  “Mas é preciso investigar e provar. É justamente isso que ocorrerá a partir desta decisão. Vitória da luta coletiva, da união e da organização. Viva a ADPF das Favelas”, enfatiza.

Se quiser saber mais sobre o Projeto De Olho na Maré aqui.

Saiba mais sobre a ADPF das favelas:

Artigo: Os cuidados para hanseníase durante pandemia da covid-19

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Por Ximena Illarramendi e Letícia Lima, em 05/08/2021 às 11h10

No último ano, a pandemia originada pelo novo coronavírus tem sido o foco para nossa sociedade. O risco de contágio pelo SARS-CoV-2 e de contrair COVID-19, nos levou a mudarmos a maneira como trabalhamos, estudamos e interagimos com outras pessoas. Mas, como tem sido essas mudanças para as pessoas que também lidam com doenças como a hanseníase?

Durante a pandemia, o diagnóstico de casos novos diminuiu, como também diminuiu de maneira drástica o monitoramento de contatos, familiares e amigos próximos passíveis de contrair a hanseníase. Segundo os dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação, o registro de casos novos caiu em mais de 40% de 2019 para 2020, enquanto a avaliação de contatos caiu em mais da metade dos casos. O atraso no diagnóstico faz que a pessoa acometida por hanseníase fique mais vulnerável às consequências do tratamento tardio, isto é, ao avanço da doença e das alterações nos troncos nervosos que aumentam as chances de desenvolver deformidades visíveis. Esse atraso no tratamento, também faz que seja mantida a cadeia de transmissão da bactéria que causa a doença. Assim, pode aumentar o número de pessoas sob risco de se contagiar.

Historicamente, pela ausência de tratamentos eficazes contra a hanseníase os pacientes eram isolados em leprosários e retirados de suas famílias. Lembra de algo? Também precisamos ficar isolados por conta da pandemia, mas de forma muito diferente de como era antigamente com as pessoas acometidas pela hanseníase. Esse isolamento levou a nutrir o preconceito, que até hoje podem sofrer as pessoas acometidas pela doença. Os pacientes temem pela rejeição e isolamento de grupos de amigos e familiares, como também da perda do emprego, depois que recebem o diagnóstico da doença. Se o isolamento pela COVID-19 levou muitos à depressão, imagine o que essa rejeição que a pessoa acometida pela hanseníase pode lhe causar.

Com a descoberta do tratamento, a poliquimioterapia, e o melhor entendimento sobre a doença deu-se o fim do isolamento. Há mais de 20 anos a doença tem cura! As pessoas acometidas por hanseníase recebem tratamento gratuito no posto de saúde e têm possibilidade de plena circulação e participação da sociedade. Sabemos que a bactéria é transmissível apenas enquanto a pessoa não toma a poliquimioterapia e que as pessoas em convívio próximo e prolongado são aquelas com maior risco de adoecer.

Infelizmente, nem todo mundo sabe que é tão simples. Por isso no nosso estado do Rio de Janeiro, todo dia 5 de agosto, dedicamos à Conscientização, Mobilização e Combate da hanseníase. Assim, caso apresente os sintomas da hanseníase como lesões de pele esbranquiçadas, avermelhadas ou amarronzadas sem pelos na região e com sensação de formigamento e/ou dificuldades em sentir frio e calor, vá em um posto de saúde mais próximo para confirmar o diagnóstico e iniciar o tratamento. Recomende o mesmo para alguém que tenha os sintomas e ofereça apoio.

A comunicação e o acolhimento dos mais próximos, assim como buscar informações para entender a hanseníase são essenciais para tratar e superar a doença. Lutemos por um Rio de Janeiro livre de hanseníase! Para saber mais acesse: https://www.saude.rj.gov.br/

** Letícia Lima é aluna do Programa de Vocação Científica, colaborando em pesquisa do Ambulatório Souza Araújo, Fiocruz, centro de assistência e pesquisa para pessoas acometidas pela hanseníase no Rio de Janeiro. Ximena Illarramendi. Médica, Doutora em Medicina Tropical pelo Instituto Oswaldo Cruz, pesquisadora do Laboratório de Hanseníase, Fiocruz


Projeto oferece formação profissional gratuita para empreendedoras negras

Com 63 vagas, “Mentorias Para Elas” tem inscrições até o dia 12 de agosto e dará bolsa durante dois meses

Por Amanda Pinheiro, em 05/08/2021 às 10h. Editado por Edu Carvalho

As empreendedoras negras poderão fazer suas empresas crescerem, sejam elas formais ou informais. Isso porque a Artemis, empresa de projetos na área da economia criativa, e a Pan-Africa Vision, plataforma de ativismo econômico, criaram o projeto ‘Mentorias Para Elas’, que tem como objetivo investir na formação profissional dessas mulheres da cidade do Rio, por meio da economia criativa. No total, serão 63 vagas e a formação será online e gratuita, por três meses. As inscrições estão abertas até o dia 12 de agosto.

Segundo o Sebrae, o Brasil é o país com mais empreendedores no mundo, em que metade dos Microempreendedores Individuais (MEI) é formada por mulheres. E 51% deste grupo, mais da metade, é composto por mulheres negras. Porém, devido a pandemia, cerca de 36% delas encerraram seus próprios negócios. A diretora de projetos e sócia da Artemis, Letícia Santos, afirmou que o projeto chega para fortalecer essas mulheres.

“A pandemia foi um momento de ruptura e pausas para muitas mulheres que tinham uma ideia ou um negócio funcionando. A gente teve que pensar em novas formas de viver e também de trabalhar. Então, muitas mulheres se viram em casa, tendo que trabalhar e ainda cuidar do lar e dos filhos. E a gente acredita que muita gente deixou o negócio de lado, porque não era a principal forma de sustento. E a nossa ideia é que esse projeto [mentoria] seja uma oportunidade dessas mulheres que tenham sua empresa como paixão, formal ou informal, pensem em novas formas de fazer seu trabalho, dignar sua empresa e fazer com que seu produto chegue a mais pessoas e façam networking”, declarou.

O programa terá sua seleção dividida em duas etapas. Na primeira, que se encerrou no dia 1º de agosto, serão escolhidas três monitoras com experiência em empreendedorismo para ajudarem as alunas. Elas receberão uma bolsa de R$ 600 nos três meses. Já na segunda parte, 60 empreendedoras serão escolhidas e receberão um auxílio de R$ 135 durante dois meses. Além disso, 30 dessas alunas serão orientadas por funcionários das empresas LinkedIn e Unisys

Para participar da formação, (acessar este link), basta ter 21 anos ou mais, ser empreendedora formal ou informal no campo da economia criativa, que envolva: moda, artesanato, comunicação, gastronomia, tecnologia ou cultura. No entanto, a prioridade é para mães solo e de baixa renda, que já possuem um empreendimento (independente do tamanho). 

“A nossa ideia com esse projeto é de dar oportunidades. A pandemia veio e fez com que muitas fontes de renda fossem reduzidas ou retiradas. Com isso, muita gente deixa de fazer um curso porque não pode deixar a casa de lado. Então, fizemos um curso para que qualquer mulher possa participar. Teremos aulas ao vivo, mas teremos aulas gravadas, daremos uma bolsa para que ela tenha uma forma de se manter, seja a ajudar na internet, ou qualquer outra coisa. É um projeto inclusivo, as mentorias especializadas podem abrir a cabeça dessas mulheres para ajudá-las no que elas fazem de melhor: seu negócio de economia criativa”, concluiu Letícia. 

As aulas irão começar no próximo dia 24 de agosto, com conteúdos sobre formalização de negócios, gestão de projetos, mobilização de recursos, comunicação e reposicionamento de mercado.

Bicicleta vira ponto em comum para moradores da Maré pedalarem juntos

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Grupos apostam em atividades como corridas de bikes para ativar corpo e mente

Por Hélio Euclides, em 05/08/2021 às 07h. Editado por Edu Carvalho.

Cantada por Toquinho, Arnaldo Antunes, Marcos Valle, Pequeno Cidadão, Real Simone, Palavra Cantada, a ‘’musa’’ inspiradora bicicleta já se provou ser uma verdadeira amiga do indivíduo, além de colaborar com a saúde. Também vista como pilar na modalidade urbana, ainda contribui para o ecossistema do planeta. Na Maré dois grupos chamam atenção: o Bike Maré Livre, que realiza passeios, e o Vício do Bem, com seus integrantes nas práticas de corridas e turismo. 

O Brasil é o quarto produtor de bicicleta no mundo, com aproximadamente quatro milhões de unidades ao ano. Em reportagem de 2018 do Observatório do Terceiro Setor foi divulgado o resultado de um levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), no qual o Brasil tem mais bicicletas do que carros. São 50 milhões de bicicletas contra 41 milhões de carros. A contradição é que apenas 7% dos brasileiros utilizam a bicicleta como meio de transporte principal. O problema foi mostrado em um levantamento feito em 2014 pelo site G1 junto às prefeituras das capitais, que identificou apenas 1.118 quilômetros de ciclovias, o que representa apenas 1% do total da malha viária nas cidades.

Apesar das dificuldades de um país que não incentiva o uso da bicicleta, o grupo Bike Maré Livre não abandona os “camelos”. Tudo começou em junho de 2020, por meio de Wilson Barbosa, conhecido como professor Gracie. O objetivo inicial era levar uma vida mais saudável e também melhorar a saúde mental das pessoas. O Professor começou pedalando e aos poucos foi incentivando e motivando aos demais. Hoje o grupo, com pouco mais de um ano de existência tem superado as expectativas e assim levando todos a lugares muito mais distante do que pensaram em ir”, conta Franklin Alexandre, mais conhecido como Alexandre Show, líder da ação. 

Os passeios do grupo começam sempre no mototáxi da Rua Teixeira Ribeiro e na maior parte das vezes seguem para Zona Sul e Ilha do Governador. Também existem os treinos longos, os quais já ultrapassaram a marca de 200 quilômetros, como o que fizeram até Mangaratiba. O Bike Maré Livre hoje conta com cerca de 90 participantes ativos. No final de julho o grupo participou do Passeio Ciclístico Cultural, em São Cristóvão. No passeio ocorreu uma aula campo com as histórias do bairro e terminou na Quinta da Boa Vista. Show sempre procura explorar lugares fora do cotidiano e pontos turísticos. Muitas das pedaladas são com subidas, com o objetivo de fortalecer o corpo e aprender sempre um pouco mais sobre o lugar. Esses amantes da bicicleta já pensam em outros passeios até o final do ano. “Nosso projeto é o mais breve possível fazer um evento grande de proporção de atingir cerca de 500 pessoas, num passeio pela Ilha do Fundão. Mas sem esquecer que somos uma família, que todo mês nos reunimos não apenas para pedalar, mas para uma confraternização, com café da manhã”, destaca. Quem quiser conhecer a equipe é só acessar Facebook ou Instagram: @bikemarelivre. 

Correr faz muito bem

Outro grupo da Maré que vive à procura de uma vida mais saudável é o Vício do Bem. Celso Roberto, professor de educação física é o líder da equipe. Ele orienta e motiva a sua galera a prática de exercícios físicos, em especial por meio da corrida de rua. “Pelo menos um ou dois domingos por mês ocorre um treino pelo Rio a fora ou participamos de eventos de corrida. Tanto nos passeios que chamamos de turistando, quanto nas corridas oficiais, tudo é bem democrático. Corre cada um no seu ritmo, cada um no seu tempo. Ao fim sempre finalizamos juntos, ninguém fica para trás”, comenta.

A corrida de rua entrou na vida de Roberto como uma terapia. “Depois de um dia corrido de trabalho e stress diversos, corria no Fundão para relaxar pelo menos três vezes por semana. Em 2016 quando dava aula numa academia só pra mulheres na Vila do João, minhas alunas ficaram interessadas quando souberam que eu corria e trabalhava em eventos. Um dia as levei para treinar no Fundão, logo após passamos a participar de eventos e não paramos mais”, relembra. 

Nos treinos turistando a equipe já participou de caminhadas que iam do Jardim botânico até a Vista Chinesa, Pontal até Grumari, Estação Mato Alto até Praia de Guaratiba, pelos 15 quilômetros da orla de Niterói, Alvorada até Praia da Joatinga, Fiocruz até Museu do Amanhã e também pela Serra do Vulcão no Parque Municipal de Nova Iguaçu. Já as corridas foram a Tradicional São Silvestre, em São Paulo, a Garoto, no Espírito Santo e a Volta da Lagoa da Pampulha, em Minas Gerais. O ponto de partida é a passarela seis, na Vila do João.

Na cidade do Rio, a equipe já participou de eventos em praticamente todas as ruas e bairros tradicionais. Mas revelam que o quintal do grupo é o Fundão, onde ocorrem os treinos, pois quase todos são da Maré. Para provar esse amor, o Vício do Bem colocou um totem no caminho da Maré para a Cidade Universitária, próximo à Linha Amarela. Uma homenagem para as equipes e pessoas que praticam atividades físicas no Fundão. O totem fica no lugar onde há um ano o mareense Rodrigo Leite foi atropelado e chegou a óbito. 

Alguns membros da equipe também praticam as pedaladas, defendem que a bicicleta é um meio de transporte muito ecológico, por ser zero emissão de gás. Só ficam triste quando assistem pessoas indo trabalhar na bike, tendo que transitar entre os carros nas vias expressas. “Infelizmente essa prática é pouca valorizada pelos órgãos públicos, que podiam dar mais suporte com áreas seguras para exercícios e leis especificas. Sei que é um investimento caro, envolve várias questões, mas uma ciclovia que ligasse a Maré ao Centro da Cidade seria um sonho”, sugere. 

O grupo atualmente conta com 90 alunos e atletas, que têm diversos objetivos, em especial a grande maioria procura o emagrecimento, um estilo de vida mais saudável e qualidade de vida. “Meu papel é motivar as pessoas a viverem de forma mais ativa e saudável. Nos nossos treinos e eventos tenho o prazer de ver isso de forma concreta. Meu sentimento é de missão cumprida”, diz Roberto. Para quem deseja começar nos passeios ou corridas, o professor lembra que o último evento percorreu 12 quilômetros até o Cristo Redentor, mas para esse feito a equipe treinou cerca de três meses. Roberto indica para os futuros atletas primeiro buscar orientação profissional e depois procurar lugares seguros e próprios para as atividades. Para mais detalhe da equipe é só acessar Instagram: @viciodobem. 

Mulheres empreendedoras da Maré contam como é comandar e manter o próprio negócio

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Por Amanda Pinheiro, em 05/08/2021 às 07h. Editado por Edu Carvalho

Começar um novo negócio não é fácil, mas muitas pessoas acreditam e apostam na realização dos sonhos através da criação da própria empresa. Ao longo dos anos, as mulheres vêm ganhando protagonismo nesse meio e, segundo o Sebrae, cerca de 9,3 milhões de mulheres são empreendedoras no Brasil, o que representa 34% de todas as pessoas proprietárias de negócios no país. 

Na Maré, a situação não é diferente. Ao caminhar pelas favelas do conjunto, é possível observar diversos pequenos empreendimentos, desde lojas de roupas até cozinhas exalando cheirinho de comida, com mulheres na administração. É o caso do Sabor da Maré, localizado na Nova Holanda, comandado por Janete Félix, de 52 anos. O bistrô foi inaugurado em julho de 2013, inicialmente como uma pequena pensão, mas agora o negócio cresceu e atrai centenas de clientes.

“Nós somos felizes com nosso empreendimento. É uma troca, um precisa do outro, a gente atende o cliente que vem com sorriso no rosto, apesar de termos perdido muitos para a covid. É gratificante lidar com o ser humano e com a necessidade dele, que é a alimentação. Nesses anos, temos clientes que entendemos ser a extensão da nossa família, porque todo mundo se conhece”, relata. 

Durante a pandemia, muitos estabelecimentos fecharam, mas outros, devido à vacinação, mesmo que lenta, têm tentado manter o empreendimento funcionando ou retomar aos poucos. Janete conta que a movimentação no bistrô caiu muito, mas que segue as orientações sanitárias para continuar com o negócio.

“Nós modificamos as estruturas das mesas e colocamos o distanciamento de um metro e meio. Agora, os clientes não vão ao buffet, nós oferecemos álcool em gel e sabão para higienizar as mãos, nós escolhemos o que ele quer no prato e só pode ir ao banheiro com máscara”, explica Janete.

Imunizada com a primeira dose da vacina contra a covid-19, a empreendedora conta que, além de servir refeições, aproveita o momento para conscientizar os clientes sobre a gravidade da doença e incentivá-los a tomar o imunizante. 

“A maior dificuldade é fazer com que o cliente logo no início entendesse que não é uma doença qualquer, um resfriadinho. Hoje, nós temos a vacina. Graças a Deus e ao SUS temos uma vacina. Algumas pessoas chegam aqui e dizem que não vão se vacinar, mas a gente procura conversar e dizer o quanto é importante estarmos protegidos”, afirma ela que, perguntada se quer expandir os negócios, prefere manter apenas o Sabor da Maré da maneira que está, sobretudo pela situação crítica que a economia brasileira vive.

Remando contra a maré

Durante a pandemia, em 2020, quase 10 milhões de empreendedores (53,4 milhões para 43,9 milhões) encerraram seus negócios no Brasil. E as mulheres foram as mais impactadas pela crise, com uma diminuição de 62% contra 35% entre os homens. A pesquisa é do Global Entrepreneurship Monitor (GEM), do Sebrae e do Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP). No entanto, na contramão do que se esperava, a esteticista Náira Inácio, de 28 anos, moradora Parque União, decidiu abrir o próprio empreendimento. 

“No início de 2020, pedi demissão do meu trabalho formal para abrir meu salão. Sendo que fui pega de surpresa pela pandemia. Mas em julho, consegui abrir um espaço pequeno próximo a minha casa. Com os cuidados necessários dei continuidade ao meu negócio e depois de três meses me mudei para um espaço maior, que é onde estou hoje”, conta. 

De acordo com Naira, o momento pandêmico atrapalhou seus planos, que chegou a pensar em fechar o salão em fevereiro de 2021. 

“O auxílio emergencial me ajudou a manter meu negócio. Após a mudança, voltei a me preocupar, porque o movimento de clientes diminuiu e ainda assim consegui manter, bem apertada, pagando apenas o aluguel do espaço, reposição dos materiais e minhas contas básicas — afirma ela que, em seu espaço, faz tudo ligado à estética, por isso reforça a importância dos cuidados sanitários. 

“Sempre estou de máscaras e ofereço aos clientes também. Faço sobrancelhas, cílios, depilação, estética facial e tudo isso requer proximidade. Minha irmã trabalha comigo, ela faz unhas simples e estética corporal. Temos álcool gel e, diariamente, antes de começar os serviços, limpamos o espaço”, explica.

Apesar do cenário repleto de dificuldades, Naira tem planos para o futuro, incluindo aulas de extensão de cílios para os moradores da Maré com a cobrança de um valor simbólico. Além disso, durante esse tempo, ela se mantém atualizada com cursos, aperfeiçoamento da profissão e conquistando a clientela, que tem ficado cada vez mais fiel.  

“Para o segundo semestre de 2021, espero conseguir terminar de montar meu espaço. Hoje, consigo permanecer um pouco mais tranquila porque fidelizei clientes e elas estão comigo há 1 ano, desde meu início. Agora em julho, completei 1 ano e estou muito feliz por olhar para trás e lembrar de todo esforço. E não imaginava estar como estou hoje”, conclui.