Home Blog Page 254

Fórum de Esporte, Lazer e Juventude discute políticas na Baixada

0

Por Redação, em 17/09/2021 às 09h50

Depois de passar pela Região dos Lagos e pela Costa Verde, o Fórum Regional de Esporte, Lazer e Juventude chegou à Baixada Fluminense nesta semana. O evento, idealizado e organizado pela secretaria estadual de Esporte, Lazer e Juventude (Seelje), aconteceu na última terça-feira (14/9) e reuniu prefeitos, vice-prefeitos e secretários municipais para discutir políticas públicas de esporte, a retomada da agenda esportiva na região e o fomento do esporte como instrumento de educação, saúde e inclusão social. 

”No meu entendimento, a Baixada Fluminense tem um potencial enorme, os Jogos da Baixada são um sucesso. Essa região é uma prioridade no governo Cláudio Castro. São 13 municípios que precisam da nossa atenção e ajuda. Vamos mapear os equipamentos que já existem para estudarmos a implementação de parcerias para projetos sociais envolvendo toda a comunidade. Nosso intuito é inserir o esporte enquanto instrumento de melhoria de qualidade de vida da população, da pessoa com deficiência, dos jovens e dos idosos. Vamos tornar o esporte um veículo de transformação social em nosso estado”, disse o secretário de Esporte, Lazer e Juventude, Leandro Alves.

O Fórum aconteceu no Hotel Red Roof Inn Dutra Airport, em São João de Meriti, com o apoio da prefeitura e da secretaria de esportes do município. O vice-prefeito Valdecy da Saúde, que esteve presente representando o prefeito Dr. João Ferreira, agradeceu o empenho do governo estadual com a Baixada.

”Quero agradecer a presença de cada representante da Secretaria de Esporte e ao governador Cláudio Castro por todo o trabalho e o carinho com que esse governo tem olhado para a Baixada”, explicou o vice-prefeito de São João de Meriti.

Durante o evento, o subsecretário de Planejamento e Gestão da Seelje, Rogério Pimenta, apresentou o plano estratégico da secretaria para 2021 com base em seis eixos principais: Socioeducacional, inclusão, bem-estar urbano, juventude, projetos incentivados, esporte de rendimento. Pimenta lembrou ainda o Pacto RJ, programa do Governo do Estado para enfrentamento à pobreza e desenvolvimento econômico, que vai abranger 4 projetos da secretaria: #Errejota em Movimento (300 núcleos), Academias ao Ar Livre (10), Centro Esportivo Comunitário em Escolas (20) e Núcleo Esportivo para pessoa com deficiência (25)

”Na discussão da política de esporte é importante entender a realidade em cada uma das regiões para ouvir as demandas locais e planejar como a Secretaria de Esporte pode ajudar. Não queremos que seja uma política de cima para baixo, mas sim com base no conhecimento prévio do ambiente, de modo que o gestor pu´blico tenha condic¸o~es na~o somente de implementar ações pontuais mas também apresentar um planejamento voltado ao médio e longo prazo que permita um desenvolvimento ordenado do setor”, explicou o subsecretário de Planejamento e Gestão da Seelje, Rogério Pimenta.

Nas ruas e nos lares, casos de feminicídio reforçam importância da rede de apoio

No último dia 5, Débora Adelino da Conceição, assassinada na Maré, se tornou mais uma vítima de feminicídio; Brasil é quinto país com as maiores taxas deste tipo de violência no mundo

Por Tamyres Matos, em 16/09/2021 às 11h40

A história, infelizmente, se repete com frequência: a vida de uma mulher é brutalmente interrompida pela ação de um homem com quem mantinha um relacionamento afetivo. Débora Adelino da Conceição, de 20 anos, foi vítima deste conhecido roteiro no último dia 5 de setembro. Na saída de um baile funk na Vila do João, a jovem foi assassinada com um tiro na cabeça durante uma discussão. O disparo foi realizado por Patrick Jorge de Assis, de 19 anos, apontado como namorado da vítima. A irmã dela, uma adolescente de 16 anos, também foi atingida na cabeça ao tentar defendê-la e luta pela vida no Hospital Estadual Getúlio Vargas (HEGV), na Penha. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, o quadro da jovem é grave.

Trata-se de mais um caso de feminicídio. Na ocorrência em questão não houve tempo para os trâmites judiciais. De acordo com a Polícia Civil, Patrick teria sido morto por integrantes de grupos criminosos da Maré um pouco depois de ter matado Débora. O crime é investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). O caso tem características diferentes do que é mais comum, seja pelo final do criminoso, seja pelo local onde o crime foi cometido. No entanto, é mais um desfecho fatal no quinto país onde mais mulheres são assassinadas simplesmente por terem nascido mulheres, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). 

O senso comum em circunstâncias como a que culminou na morte de Débora resulta em comentários que especulam que o assassinato não teria acontecido caso a vítima estivesse em sua residência. Fato que é possível de ser notado em comentários de notícias publicadas a respeito do caso. No entanto, dados do Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública contradizem a visão e apontam que mais da metade das vítimas de feminicídio morreram dentro de casa. “Um elemento central para compreensão do feminicídio é que esse crime ocorre principalmente em decorrência de violência doméstica, sendo o resultado final e extremo de um continuum da violência sofrida pelas mulheres e pouco associado às dinâmicas mais comuns da criminalidade urbana”, consta no anuário.

Em 2020, o Brasil registrou 3.913 homicídios de mulheres, dos quais 1.350 foram oficializados como feminicídios, ou seja, trata-se de média de 34,5% do total de assassinatos. Entre as vítimas de feminicídio no último ano, mais de 60% eram mulheres negras e 36,5% eram mulheres brancas. Entre as vítimas dos demais homicídios femininos, 71% eram negras e 28% eram brancas. Débora era uma jovem negra, completou o ensino médio na Escola Estadual Professor João Borges de Moraes, na Nova Holanda, e deixa um filho de 3 anos.

Mudanças na leitura do crime

Já houve um tempo em que um homem tinha direito de matar uma mulher em “legítima defesa da honra”. Um dos casos mais marcantes foi o assassinato da Ângela Diniz pelo seu companheiro Raul Fernando do Amaral Street, que teve a pena foi atenuada em seu primeiro julgamento por essa tese onde as agressões contra mulher são justificadas pelo comportamento da vítima. Doca era companheiro de Ângela e os dois haviam terminado o relacionamento pouco antes do crime. Ele matou a ex-mulher  com quatro tiros no rosto, em dezembro de 1976, durante uma discussão do casal em Búzios, no Rio de Janeiro, onde a socialite tinha uma casa na Praia dos Ossos. Após uma grande manifestação feminista na época, houve outro julgamento onde Doca foi condenado a 15 anos de prisão. Mas, mesmo assim, a nomenclatura “crime passional” foi muito utilizada em julgamentos posteriores ao para atenuar as circunstâncias de um assassinato que teria sido cometido “no calor do momento”. Segundo Patrícia Mothé Glioche, professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, especialista em direito penal, ao longo dos anos, a interpretação deste tipo de ação criminosa mudou e, atualmente, o Supremo Tribunal Federal (STF) não permite a utilização desta tese.

“Apesar dessa nova leitura, por muitos anos ainda tínhamos o que era chamado de ‘homicídio privilegiado’, com menores penas. Em casos de assassinatos cometidos por ciúmes, apontados pelas defesas como crimes de ‘cabeça quente’, era comum o Tribunal do Júri considerar o que hoje chamamos de feminicídio como ‘homicídio privilegiado’. Com a evolução dos termos legais, o debate sobre a violência de gênero passou a permear a sociedade. Antes, não se falava sobre a violência contra a mulher. Desta forma, incluiu-se mais um inciso no homicídio qualificado: matar a mulher em razão de violência doméstica”, explica a professora.

Para a especialista, a disseminação da reflexão na sociedade civil sobre a violência sofrida pelas mulheres perpetrada pelos parceiros teve influência direta na interpretação legal. “De fato, as pessoas começaram a falar nisso. Se o homicídio é considerado qualificado, a hipótese do ‘privilégio’ está descartada. Não dá mais pra ser ‘passional’, ter a pena reduzida. O grande ganho da tipificação do feminicídio foi acabar com a ‘conversa mole’ de que quando o homem mata a mulher por ciúme, ele deve ter direito à redução de pena.”

Os dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública indicam que 81,5% das vítimas de feminicídio foram mortas pelo parceiro ou ex-parceiro íntimo, mas, se considerarmos também demais vínculos de parentesco, temos que 9 em cada 10 mulheres vítimas de feminicídio morreram pela ação do companheiro ou de algum parente. 

“Não acredito que alterar a punição vá resolver essa situação, apesar de ser importante tratar o crime com a devida gravidade. A própria Lei Maria da Penha tem alguns artigos que dizem que o mais importante é a gente perceber esse machismo estrutural e tentar evitá-lo. Tem que haver uma conscientização de que o valor da mulher é igual ao do homem em qualquer situação. Precisam ser construídas campanhas nas escolas, os professores precisam estar preparados para lidar com esse contexto, afinal de contas, as crianças muitas vezes reproduzem o lar. Estas campanhas educacionais são até mais importantes do que a punição para mudar a mentalidade e evitar que estes crimes ocorram”, opina Patrícia.

Importância de romper o silêncio

Ainda há um forte estigma sobre a violência doméstica. Para que a mulher consiga enfrentar a situação, é importante contar com uma rede de apoio e proteção. As vítimas que resolvem buscar a lei acabam tendo que lidar com diversas barreiras. Em regiões de favelas e periferias, pode acontecer até mesmo da mulher se sentir acuada ou de representantes da segurança pública não atenderem as chamadas.  

Dados da segunda edição da pesquisa “Visível e Invisível: a vitimização de mulheres no Brasil” – publicada em 2019 – revelaram que a maioria das mulheres não tomam atitude frente à violência sofrida (52%). Entre aquelas que buscaram algum tipo de ajuda, apenas 22,2% procuraram órgãos oficiais, enquanto 29,6% procuraram apoio na comunidade (como família, amigos e igreja). “Romper o silêncio é fundamental. O medo, a descrença nas leis e no Sistema de Justiça podem fazer com que a mulher em situação de violência não procure ajuda, tente sensibilizar ou mudar sozinha o agressor ou mesmo não adote mecanismos de defesa”, mostra o estudo. 

Em um dado marcante, a pesquisa, também produzida pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, evidenciou que silenciar a denúncia pode definir os limites entre a vida e a morte para a mulher: “Ficar em silêncio ou negar proteção a uma mulher que rompeu o silêncio pode significar a morte. A vítima de feminicídio é justamente a mulher que não procurou ajuda ou não teve a proteção do Estado. Dentre os 364 casos analisados em São Paulo pela pesquisa Raio X do Feminicídio, apenas 3% das vítimas de feminicídio tentado ou consumado tinham solicitado/obtido medidas protetivas e das 124 mulheres mortas nessas condições, apenas 5 registraram boletim de ocorrência”.

Onde conseguir apoio

Entre as possibilidades de ajuda institucional, os Centros Especializados de Atendimento à Mulher (CEAMs) e o Núcleo Especial de Direito da Mulher e de Vítimas da Violência (Nudem), da Defensoria Pública do Rio, são organizações importantes. Nestes locais, as mulheres recebem orientações, conhecem as alternativas que têm e o que pode ser feito para romper o ciclo de violência. 

Recentemente, a Prefeitura do Rio anunciou o Cartão Move-Mulher. O benefício, destinado a mulheres em situação de violência doméstica e familiar, é um cartão de passagem com carga no valor de R$ 24,30 (até seis passagens de ônibus). O objetivo do auxílio é viabilizar o acesso destas mulheres em vulnerabilidade aos serviços de proteção social da cidade. 

A meta da ação é viabilizar o acesso das mulheres também a outros órgãos e políticas para os quais são encaminhadas: delegacias, Instituto Médico-Legal, postos de saúde, Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), Centro de Referência Especializado da Assistência Social (CREAS), defensorias e juizados. 

A Casa das Mulheres da Maré, criada em 2016, é um projeto da Redes da Maré que atua na construção de alternativas de autonomia feminina oferecendo cursos profissionalizantes de gastronomia, assistente de salão de beleza e bordado, além de atendimento psicológico e jurídico. Todas as formações incluem conversas sobre o impacto da desigualdade de gênero na sociedade brasileira e, mais especificamente, nas periferias.

Instituições de apoio na Maré

Casa das Mulheres

Rua da Paz, 42 – Parque União

Telefone: (21) 3105-5569

Horário de funcionamento

Segunda a quinta, das 8h às 21h
Sexta, das 8h às 17h

Sábado, das 9h às 15h

Atendimento sociojurídico e psicológico gratuito para mulheres:

Sábado, das 9h às 13h (exceto feriados)

Centro de Referência de Mulheres da Maré – Carminha Rosa 

Telefone: (21) 3104-9896

Página do Facebook

Centro de Referência para Mulheres Suely Souza de Almeida

Telefone: (21) 3938-0600

Página do Facebook

Luta Pela Paz

Telefone: (21) 3104-4115
Página do Facebook

Observatório de Favelas

Telefone: (21) 3888-3220

Página do Facebook

Campanha de aleitamento e doação de leite na Maré é retomada

0

Mobilização nas unidades de saúde é para aumentar o coleta de leite materno e incentivar a amamentação

Por Edu Carvalho, em 16/09/2021 às 10h40. Editado por Daniele Moura.

Numa conversa trivial durante o almoço de domingo, sentados na sala, recordando lembranças através dos albúns de fotos, possivelmente sua mãe relembra o quanto foi bonita a trajetória até o seu nascimento, toda apreensão para que você nascesse ‘’na hora’’. E as lembranças, em geral, se estendem ao  o pós-parto, com  a bendita frase ‘’Você mamou por muito tempo’’. A série de ações poderia passar batida, se não fosse um questionamento simples: você já parou pra pensar o quanto foi importante receber o leite materno na sua infância?

Pode acontecer falta ou abundância de leite, situações que tornam importantes a presença de profissionais como Zilda Santos, técnica de enfermagem. Pelas mãos de Zilda e diversos outras agentes de saúde em territórios gigantescos como a Maré e a Penha, milhares de mães puderam doar seus leites e tantas outras centenas de crianças puderam ter uma vida mais saudável. 

‘’Foi assim que criei um projeto de doação de leite, que aconteceu por causa das mulheres que faziam parte do grupo de acompanhamento da gravidez. Elas começaram a voltar com a mama cheia, e ela corre risco de febre, pode ter mastite (uma infecção), além de muita dor’’, conta a atual apoiadora técnica da linha da criança e do adolescente da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro. 

Inicialmente o que era para dar auxílio às mulheres passou a virar contribuição indispensável em uma UTI. Quando ouviu de um pediatra “Tem leite humano pasteurizado?”, logo pensou “eu jogo um monte de leite fora, como vou fazer esse leite chegar aqui?” À época, não tinha o sistema de gerência e o grupo técnico auxiliava . Conversando com uma integrante do grupo da unidade, soube que para o armazenar o leite , seria necessário um freezer, o que logo foi adquirido por meio de doação de moradores da comunidade. 

Agente de saúde com frasco de leite recebido em unidade. Foto: arquivo pessoal

Naquele período, as melhores embalagens para guardar o leite eram potes de vidros com tampas de plásticos, comuns para embalagens de maionese (hoje muitas viraram de plástico) e café solúvel. “O leite humano precisa ser preservado em frasco de vidro com tampa de plástico, se não oxida. Se for em plástico comum, o produto tem substâncias cancerígenas e acaba liberando ali. E para limpeza, o frasco de vidro é reaproveitado milhares de vezes, sempre esterilizado, afirma a enfermeira.

Zilda começou a fazer a coleta em todas as comunidades da Maré e região, num fluxo criado diretamente no Hospital Fernandes Figueira.

Numa conversa que teve com uma atendente, ouviu de que seu trabalho estava sendo fundamental, mas que a iniciativa não poderia entrar nas favelas. “Ela me parabenizou e perguntou se eu não podia descer com o leite até a via mais próxima, que de lá eles pegavam. Fiz um fluxo direto com ela, descendo com isopor e eles iam”. O processo durou cerca de dois anos. 

Em um curso de especialização que fez na maternidade Herculano Pinheiro, comentou com o nutricionista chefe do banco de leite o trabalho de coleta que fazia na comunidade, que propôs que destinasse o leite para o banco de leite para lá, pois tinham muita dificuldade de conseguir doação. Na época, Zilda estava lotada na unidade de saúde PSF Sereno Paz e Fé, que hoje é a Clínica da Família Aloísio Novis, na Penha. No ano de 2011, desenvolveu um treinamento interno para agentes, passando no ano seguinte para gestão que coordenava a região da Maré. Com a mudança, ainda mais pontos de coleta de leite humano foram abertos. 

No ano de 2015, convidada para tornar sua ação um projeto instituído pela Coordenação da Área Programática de Atenção Primária 3.1. Com fomento, mais de 600 profissionais por ano eram capacitados para fazer o recolhimento, com total de 15 postos de coleta. Por semana, em média, cerca de 60 frascos de leite eram distribuídos. O projeto foi descontinuado na gestão do ex-prefeito Marcelo Crivella (2016-2020). “Ele não achou importante”, lamenta. 

Com o fim da proposta, tudo voltava à estaca zero. Todo o esforço de   15 anos recomeçava.. “Pegava tudo com meu carro. As pessoas não tinham mais o incentivo, foram parando. Quando a pandemia veio, acabou mesmo”. Mas como  a esperança é “a última que morre”, uma pontinha de motivação restava aos que fizeram parte das formações nos anos anteriores. 

Importância da ligação do agente com o morador é ponto chave para doação 

Atualmente são 20 frascos de leite recolhidos atualmente. Para Zilda, a maior dificuldade está na relação direta do agente de saúde com o morador. “A mulher está com bebê no colo, ele às vezes não consegue sair de casa. Se não tiver orientação adequada, ela não vai coletar, acaba indo pra debaixo do chuveiro e ela despreza esse leite. Por isso a importância do profissional estar atento na hora de abordar e acompanhar essa mãe”, diz. 

Durante os três anos que a Secretaria de Saúde apoiou o  projeto, uma metodologia foi criada  para treinar o profissional de saúde para incentivar, durante todo o período da gravidez, o aleitamento materno. “Se você pensar, o aleitamento não é só comida. Aleitamento é vínculo, saúde. Uma gota desse leite tem mais de duzentas vacinas. Quando você trabalha nesse processo, essa mãe faz (o aleitamento) até o sexto mês do bebê, ela é uma criança que estará protegida”, explica. 

Em maio deste ano, no lançamento da Campanha Nacional de Doação de Leite Materno 2021, o Ministério da Saúde divulgou números com objetivo de ampliar ainda mais a prática para atender à demanda no país. Atualmente, o Brasil conta com 222 bancos de leite materno e 220 pontos de coleta. Em 2020, foram doados 229 mil litros de leite materno por 182 mil mulheres. Esses números marcaram um aumento de 2,7% em relação ao ano anterior.

O produto fabricado pela melhor indústria – o corpo feminino influenciado pela maternidade – acaba por reduzir as chances da criança ter uma enfermidade que a coloque em um leito do SUS, de custo diário de dois mil reais. Caso apresente infecção respiratória, ele tem que ficar por 14 dias internado. A conta seria de 28 mil reais. 

“A mãe que amamenta também não usa fórmula, que custa caro, em média 80$. Para uma mãe de favela, esse dinheiro é muito. Você acha que nossa população vai ter essa quantia e comprar a fórmula? Não vai”, enfatiza. Segundo ela, se torna urgente disseminar os benefícios do aleitamento materno e por sua vez, a doação de leite humano.. E é prioritário que o trabalho comece dentro da unidade de saúde. 

Mobilização na unidade de saúde. Foto: arquivo pessoal

“Quando a mãe vem à unidade para o teste do pezinho, cabe um entendimento maior sobre tudo. Escuta-lá sobre o pré-natal, o parto, se teve trauma, se sofreu violência obstétrica, se tem problemas para amamentar, ensinar a retirar o leite de forma correta e dar o frasco. Pronto: se tudo isso for feito, ela vai ser uma doadora”. 

Os resultados de campanhas de incentivo nos territórios sobre gerência da CAP 3.1 comprovam. De 2015 a 2018, o número da mortalidade foi reduzido em 48%. Nesses anos, eventos de incentivo e mobilização aconteceram, como: o Mamaço Maré, que de uma vez só colocou 400 mulheres na Vila Olímpica; a  Caminhada da Amamentação com Vigário Geral, Jardim América e Heitor dos Prazeres; ou mesmo a reunião, em 2017, de 1.500 pessoas na Igreja da Penha. ‘’Não tinha espaço na escadaria’’, Zilda comenta, feliz. 

Um dos eventos feitos para campanha de amamentação, na Igreja da Penha, com cerca de 1.500 pessoas. Foto: Arquivo pessoal

É por essas e outras que neste momento, as clínicas da famílias e unidades de saúde de toda região voltam a concentrar esforços na busca por aumento da doação de leite materno. Para doar, basta acessar seu agente de saúde direto, ou mesmo ir até o posto mais próximo. E se tiver frascos de vidro, também é possível doar nas unidades de saúde da Maré. Nele, também há espaço para recebimento do frasco de vidro. 

Assim, a cena inicial do texto poderá se repetir. A família que, reunida revendo fotos, lembrará o quão foi necessário o leite materno e a doação. 

Com falta de vacina, Brasil pode registrar mais mortes de crianças por doenças imunopreveníveis

0

País enfrentou nos últimos seis anos uma sequência de desabastecimento e atrasos na entrega de imunizantes básicos do calendário infantil 

Por Andressa Marques, Éricka Guimarães, Ester Caetano, Gabriel Veras, Géssika Costa, Hélio Euclides, Lucas Veloso e Natali Carvalho (*) em 16/09/21 às 9h

Alice Poubel Tecchio, de 4 anos, ainda não foi vacinada contra a febre amarela. O motivo, segundo explicou a mãe, Adrina Poubel Lemos, 41 anos, foi a falta do imunizante no Posto de Saúde Palmeiras, localizado em Belo Horizonte (MG). O caso de Alice não é isolado e, caso não seja revisto, pode levar, nos próximos anos, a mais óbitos de crianças por doenças imunopreveníveis, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Um levantamento realizado pela Énois Laboratório e Jornalismo e veículos parceiros, por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), mostra que, antes tido como referência em logística e distribuição de vacinas e insumo, o Brasil enfrentou nos últimos seis anos, período que coincide com a queda na cobertura vacinal, uma sequência de desabastecimento e atrasos na entrega de imunizantes básicos do calendário infantil. 

Secretarias de saúde de seis estados brasileiros – Paraná, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Tocantins, Rio de Janeiro – e o Distrito Federal reportaram atrasos e desabastecimento de vacinas desde 2014, a maior parte deles entre os anos de 2016 e 2018, por falta de repasse do Ministério da Saúde. Entre as faltantes, foram citados os imunizantes BCG, DTP, tríplice viral e meningo C, todos parte do calendário de vacinação infantil. Há estados, porém, como Santa Catarina e Minas Gerais, que afirmaram sequer ter esse levantamento disponível em sua base de dados.

No DF, entre os anos de 2015 e 2019, houve desabastecimento de 15 tipos de imunizantes diferentes. Dentre eles, pelo menos sete previstos no calendário de imunização de crianças. Entre 2017 e 2018, o Distrito Federal chegou a passar dois meses sem a BCG. Em 2019, houve desabastecimento da vacina pentavalente, que previne contra tétano, hepatite B, coqueluche, difteria e meningite.

No Rio de Janeiro, houve desabastecimento ou abastecimento reduzido de sete imunizantes entre os anos de 2017 e 2020. Entre os meses de agosto de 2019 e março de 2020, não foram enviadas doses de DTP, Pentavalente e VOPb (vacina oral poliomielite). Nestes meses, o estado precisava de uma quantidade mensal de 30 mil doses da pentavalente, 18 mil de DTP e 25 mil de VOPb. O período de desabastecimento coincide com as principais baixas na cobertura vacinal do estado, quando o máximo atingido para estes imunizantes não passou dos 60% de cobertura no mês.

Entre 2015 e 2020, Mato Grosso do Sul reportou a falta dos imunizantes BCG, Polio, Pentavalente, Rotavírus, DPT e Tetraviral Dupla Adulto. Entretanto, o estado disse que os municípios, principalmente os de menores portes, “não sentiram muito o desabastecimento, considerando que muitas das vezes estes têm suporte em estoque”. No mesmo período, o Tocantins afirmou que houve desabastecimento e/ou diminuição do quantitativo de doses destinadas em alguns períodos do ano para as vacinas Febre Amarela, Dupla Adulto, Tetraviral, BCG, Hib (Haemophilus Influenzae tipo B), Meningocócica C, DTP, Pentavalente e Tríplice Viral. No Paraná, a falta foi de meningo C, em 2019.

O desabastecimento pode ocorrer, entre outros motivos, por problemas nos lotes de produção, como ocorreu em 2019, com a DTP e a pentavalente, cujo produto não passou nos testes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), adiando a entrega aos estados. “Muitas vezes ocorrem problemas em lotes de produção e nós podemos ter nossos estoques de vacinas por algum tempo sem nenhuma dose. Por isso é tão importante não ficar escolhendo o dia que tem que ser vacinado”, afirmou Heloisa Ihle.

Para o professor de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Alcides Miranda, o Brasil foi um dos melhores exemplos mundiais em relação às políticas públicas de estratégias da imunização coletiva até 2016. A partir desse período iniciou um processo de atenuação da política nacional de imunização (PNI), que incluiu o fechamento da Central Nacional de Armazenagem e Distribuição de Imunobiológicos (Cenadi), em 2018, responsável pelo controle de estoque dos imunizantes.  “A reemergência de posturas negacionistas sobre o conhecimento científico e a eficácia de tecnologias para imunizações também requer o aprimoramento de estratégias comunicacionais, aliadas às ainda imprescindíveis campanhas com ênfase na salvaguarda da primeira infância”, afirmou Miranda. Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que “orienta aos estados que substituam o pedido da tetraviral pelas vacinas tríplice viral + varicela, por falta de fornecedores nacionais e internacionais da tetraviral”. Segundo o órgão, a vacina tríplice viral + varicela contempla a imunização contra sarampo, caxumba, rubéola e varicela. “Com isso, a imunização contra as doenças prevenidas pela tetraviral não foi comprometida.”

A unidade procurada por Adrina Poubel Lemos para vacinar a filha não informou qual o motivo do desabastecimento do imunizante para Febre Amarela. “Dado o atual governo federal, a minha sensação foi de tristeza mesmo, porque não me lembro de ter faltado nenhuma vacina para ela antes. O Brasil tem uma política muito antiga e importante de vacinação e eu realmente não me conformo com a falta de vacinas no posto de saúde”, disse. 

Falta de transparência nos dados

A Énois solicitou dados sobre atrasos e desabastecimento de imunizantes a 24 estados, dos quais apenas seis responderam. Mesmo assim, os dados vieram incompletos em alguns casos. O Mato Grosso do Sul e o Tocantins, por exemplo, não detalharam o período exato do desabastecimento, como solicitado. Em Alagoas, houve dificuldades no acesso à informação sobre o assunto, cujo pedido de LAI até a publicação desta reportagem não havia sido respondido com a informação solicitada. 

A reportagem solicitou os dados sobre a ausência e/ou atrasos no envio de vacinas destinadas ao público infantil nas redes estadual e municipal de saúde alagoana. Passados 30 dias (20 dias + 10 dias de prorrogação) da solicitação, o Governo de Alagoas não respondeu aos questionamentos feitos, e a reportagem entrou com recurso. Na Prefeitura de Maceió, a situação se repetiu, mas com uma agravante: o sistema de informação ao cidadão (E-sic) não ofereceu a possibilidade de entrar com recurso por omissão ao pedido de informação. 

Esse tipo de situação infringe o artigo. 22 do Decreto nº 7.724/2012 que trata sobre o direito do requerente em registrar a reclamação sobre a falta de respostas no prazo legal de até dez dias à autoridade de monitoramento, como explica a cientista política e pós-graduada em Planejamento e Gestão Pública pela Universidade de Pernambuco (UPE),  Raquel Lins. Para a especialista, esse tipo de problema encontrado no acesso à informação reflete a falta de compromisso da gestão para garantir maior participação e controle social. “A comunicação dos órgãos públicos precisa ser diferente, não apenas comunicando ações, mas reforçando a transparência ativa – disponibilizando os arquivos de projetos e das referências no Diário Oficial, por exemplo. Além disso, muitos órgãos não possuem ouvidorias, canais por excelência de diálogo entre o setor público e a população. Há a Lei 13.460/2017 (Lei de Proteção e Defesa do Usuário do Serviço Público) que determina a obrigatoriedade desse serviço, especialmente em âmbito municipal.”

Falta de imunizantes segue no período da pandemia

Em 2020, o Ministério da Saúde investiu 12% a menos na aquisição e distribuição de Imunobiológicos para Prevenção e Controle de Doenças. A dona de casa Keice Melo, de 32 anos, moradora de Manaus (AM), entrou em trabalho de parto antes dos nove meses. Com a filha prematura, os cuidados são redobrados. Keice luta para que Ana Esther tenha o cartão de vacinação da criança em dia, mas isso não foi possível no começo deste ano. Em janeiro, ainda no primeiro trimestre de vida, a bebê enfrentou dificuldades para receber a vacina meningocócica C, que protege de doenças causadas pelo meningococo C, entre elas a meningite e a meningococcemia, em um dos postos de saúde da cidade. “Eu fiquei revoltada. À época, eles simplesmente disseram que não havia essa vacina, chegaram a fechar as salas de vacina de muitas unidades de saúde nesse período. Só consegui vacinar a minha filha porque conhecia uma enfermeira. Ela informou que isso estaria acontecendo devido à pandemia de Covid-19. Ou seja, a aplicação de vacinas para os recém-nascidos não era prioridade”, relatou a manauara. 

Em São Paulo (SP), o problema se repete com outros imunizantes. Mãe de três filhos, entre 7 e 17 anos, a autônoma Joana de Almeida, 56, diz que teve dificuldade para vacinar os filhos nas UBS (Unidades Básicas de Saúde) perto de casa. Ela conta que foi, ao menos, em três lugares para conseguir imunizar o filho com a conhecida “vacina dos 15 anos”, a “dTpa” ou “Tríplice bacteriana acelular”. O imunizante protege contra algumas doenças, mas principalmente no combate à difteria, tétano e coqueluche, esta última uma infecção respiratória, transmissível e causadora de crises de tosse seca que podem atingir a traquéia e os brônquios. Moradora de Cidade Tiradentes, extremo leste da capital paulista, Joana diz que na vizinhança outras mães também relataram ausência de vacinas em locais públicos responsáveis pela imunização. “A gente estava falando no grupo de Whatsapp e não fui só eu não que reclamou disso. Não sei se foi a covid que levou a isso, mas a verdade é que a gente aqui na periferia já tem várias dificuldades, e agora, com esse vírus, nem as vacinas normais a gente teve”, completou.

No Grajaú, zona sul da capital paulista, a reclamação encontrada foi em relação à vacina contra o HPV (Papilomavírus Humano), que diminui os riscos do câncer entre homens e mulheres. De acordo com dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), cerca de 5% de todos os cânceres do homem e 10% dos da mulher são causados pelo HPV. No mundo, mais de 630 milhões de pessoas carregam o vírus, segundo estimativas da organização. 

Mãe de duas meninas gêmeas, de 13 anos, Flávia da Silva, 50, afirma que no posto de saúde perto da sua casa, as doses da vacina contra o HPV também não estavam disponíveis quando ela procurou a imunização para as filhas. “O que me disseram é que em breve ia ser anunciado um calendário, pois mudou depois da crise de saúde da pandemia, mas ainda não fui avisada”, comentou. Depois da resposta, em meados de maio, ela afirma que procurou o local mais duas vezes para saber do encaminhamento, mas nas duas visitas não teve respostas satisfatórias.

Com baixa cobertura vacinal, Brasil pode registrar mais mortes de crianças nos próximos anos

A menos de quatro meses do fim do ano e em plena retomada das aulas presenciais, o Brasil está longe de alcançar as metas de cobertura vacinal para a imunização de crianças e bebês. Dados do Programa Nacional de Imunizações (PNI), analisados em agosto, mostram que nenhuma das principais vacinas previstas no calendário de vacinação infantil chegou a 50% de cobertura, quando o preconizado pelo Ministério da Saúde é de 90% a 95%, a depender do imunizante. Apenas no Tocantins e no Distrito Federal, o índice de cobertura vacinal neste início de segundo semestre passa da metade da população-alvo.

Em 2020, primeiro ano de pandemia, menos da metade dos municípios brasileiros atingiram as metas de vacinação. O cenário pode voltar a se repetir em 2021, segundo dados preliminares disponíveis no Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações. No ano passado, apenas quatro estados e o Distrito Federal apresentaram aumento percentual na cobertura vacinal. Neste ano, a média de cobertura vacinal brasileira é de 61%, sendo que estados como Amapá, Acre, Roraima, Pará, Maranhão, Bahia e Rio de Janeiro têm menos de 35% de cobertura.

Quando analisadas as principais vacinas do calendário vacinal infantil – poliomielite, tríplice viral (primeira dose), BCG, pentavalente, hepatite B (em crianças até 30 dias), hepatite A, pneumocócica, meningocócica C e rotavírus humano – o cenário atual é de menos de 50% de população-alvo vacinada para todas. A BCG, que protege contra formas graves da tuberculose e é aplicada em dose única, após o nascimento, ainda na maternidade, já chegou a ter 100% de cobertura em 2015. Atualmente, a cobertura é de 48% em todo o país. Ainda assim, junto à primeira dose da tríplice viral, que protege contra o sarampo caxumba e rubéola, é uma das vacinas com maior cobertura neste ano. 

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) informou que desde 2018 tem observado, com grande preocupação, a redução da cobertura vacinal da primeira infância. Com a pandemia do coronavírus, os índices diminuíram cerca de 40%, segundo a instituição. Um estudo publicado em julho, pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Unicef mostrou que essa é uma tendência mundial. Vinte e três milhões de crianças deixaram de receber vacinas básicas, previstas na rotina de saúde, em 2020, o maior número desde 2009, que representa 3,7 milhões de crianças que em 2019, antes da pandemia.

Para a representante do Departamento de Imunizações da SBP, Heloisa Ihle, a redução da vacinação pode representar “uma grande ameaça global”. O isolamento social para a prevenção da covid-19 provocou a prevenção de outras doenças nas crianças, mas com o retorno gradual das atividades e a cobertura vacinal do Brasil reduzida, Heloisa revela preocupação com o índice de mortes para doenças imunopreveníveis. “

A consequência mais grave de não ser realizada uma vacina para uma doença imunoprevenível, ou seja, que existe vacinação, é um caso grave, por exemplo, de um quadro de sarampo, de um quadro de uma meningite pneumocócica levar ao óbito. Então, nós vamos ter mais óbitos nas crianças”.

Heloisa Ihle, Departamento de Imunizações da SBP,

Além do desabastecimento e do impacto da covid-19, nos postos de saúde os profissionais enfrentam o desafio de reforçar a memória dos pais. No Rio de Janeiro, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) afirmou que diante do cenário da pandemia da Covid-19, observou-se uma redução na procura pelos imunizantes. A prefeitura da capital também afirmou que os profissionais de saúde têm encontrado cadernetas de vacinação desatualizadas, em virtude da pandemia, pois as pessoas ficaram com receio de ir às unidades de saúde.

Maria Elisângela da Silva Viana, conhecida como Zanza, conselheira tutelar da área que abrange Bonsucesso e os conjuntos de favelas da Maré e Manguinhos, no Rio de Janeiro (RJ), explicou que tem sido necessário que órgãos que asseguram o direito da criança e adolescente estejam próximos dos casos. “Já atendi algumas crianças com o cartão desatualizado. Na grande maioria é negligência dos responsáveis, mas já teve caso por falta de vacina nos postos”, expõe. 

Por outro lado, há casos em que a lembrança constante da vacinação para a covid-19 tem ajudado nas demais imunizações. Álvaro dos Santos, enfermeiro da Clínica da Família Jeremias Moraes da Silva, no Rio de Janeiro (RJ), acredita que por falar tanto da importância da vacina do covid-19, os responsáveis não esquecem das outras vacinas. “Hoje as mães têm mais noção da importância de seus filhos estarem com a caderneta de vacinação em dia”, diz. É o caso de Elisângela Félix, 34 anos, mãe de duas meninas. “Tenho todo o cuidado de manter as cadernetas delas em dia, procuro dar até as que não são dadas em postos de saúde. Sempre tive a certeza de que vacinando as minhas filhas estou protegendo-as do mal que não é visível aos meus olhos”, concluiu.

“Esta reportagem foi produzida por meio do projeto Sala de Redação, desenvolvida pela A Énois, um laboratório de comunicação que trabalha para impulsionar diversidade, representatividade e inclusão no jornalismo brasileiro. Confira as metodologias na Caixa de Ferramentas. As informações foram apuradas de forma colaborativa entre os veículos Abaré Jornalismo (AM), Agência Sankofa de Jornalismo (DF), Agência Mural (SP), Maré de Notícias (RJ), Nonada (RS), Olhos Jornalismo (AL) e Sul21 (RS).”

CUFA Rio realiza série de palestras como atividades culturais gratuitas e seguras, em setembro

0

Por Edu Carvalho, em 15/09/2021 às 08h27

A Central Única das Favelas do Rio de Janeiro (CUFA) iniciou neste mês uma série de palestras ao vivo, para falar de diversos aspectos culturais dentro das favelas e periferias. O programa tem como objetivo suprir a demanda por atividades e informações sobre a cultura brasileira, com qualidade e de maneira segura e gratuita.

Ao todo serão quatro encontros, com realizações a partir do dia 14/09, às 19h, e também nos dias 16, 21 e 23/09. Quem abriu o ciclo foi Elaine Caccavo, Diretora de Projetos da CUFA Brasil, numa conversa sobre produção cultural. As lives seguintes terão como convidados: Lu Costa, falando sobre Cultura da Moda – Conexão Brasil x África, o Mestre Sambureco, trazendo a história, os significados e os simbolismos da Capoeira e, por fim, Luis Marques, que falará sobre a Cultura Black Music.

As palestras serão transmitidas via zoom. Os interessados poderão se inscrever através deste link (clique aqui). As instruções de acesso serão fornecidas pela organização próximo ao início do evento.

A iniciativa é promovida pela CUFA Rio através do recebimento de subsídios da Secretaria Municipal de Cultura, via Lei Aldir Blanc.

Prefeitura cria projeto “Novos Rumos” para enfrentamento à violência contra a mulher

Por Redação, em 15/09/2021 às 8h20

A Prefeitura do Rio anunciou ontem (14/09), a criação do Projeto Novos Rumos, para inserir as mulheres em situação de violência doméstica no mercado de trabalho formal. Por meio de iniciativa da Secretaria Municipal de Trabalho e Renda (SMTE), em parceria com o Tribunal de Justiça do Estado do Rio (TJRJ) e a Secretaria Municipal da Mulher, será entregue um selo de responsabilidade social às empresas que ofertarem os postos de trabalho para estas mulheres.

”As mulheres vítimas de violência se socorrem no sistema judiciário. Por isso, é muito importante que a prefeitura possa ajudar o judiciário. Se a mulher consegue se emancipar, ter o seu trabalho, o seu emprego, a sua renda e proteger seus filhos, ela se livra desse ciclo de violência”, falou o prefeito Eduardo Paes, ao lado do presidente do TJRJ, desembargador Henrique Carlos de Andrade Figueira, e dos secretários municipais de Trabalho e Renda, Sérgio Felippe, e de Políticas e Promoção da Mulher, Joyce Trindade, no lançamento do programa no Salão Nobre do Tribunal de Justiça, no Centro.

Pesquisa realizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) no ano passado já alertava para o crescimento dessas ocorrências, um possível efeito colateral do isolamento social imposto pela pandemia.

”É muito importante dar mais um passo para cuidar da sociedade e fazê-la ainda melhor. O projeto é de uma importância fundamental, pois dá a mulher em dificuldade condições de se reerguer, para quebrar esse ciclo de violência. Melhorar as condições sociais é a nossa prioridade”, comentou o presidente do TJRJ, desembargador Henrique Carlos de Andrade Figueira.

O foco do projeto é promover a autonomia financeira dessas mulheres por meio da inserção no mercado de trabalho formal, a fim de ajudá-las a encerrar o ciclo de violência doméstica. A Secretaria Municipal da Mulher e o Tribunal de Justiça vão indicar as candidatas às vagas de emprego.

”É importante lembrar que muitas mulheres em situação de vulnerabilidade doméstica convivem com o agressor por não ter renda própria para tomar a difícil decisão de recomeçar uma nova vida. Um emprego elevará a autoestima delas e a confiança de que é possível seguir adiante”, destacou o secretário de Trabalho e Renda, Sérgio Felippe.

Para a secretária da Mulher, Joyce Trindade, a parceria do Tribunal de Justiça com a Prefeitura vai possibilitar que mais mulheres sejam encorajadas a denunciar, por saber que terão políticas públicas de acesso à autonomia econômica.

”Um dos principais motivos que dificultam uma mulher a romper com o ciclo da violência doméstica é a dependência financeira. Nossos equipamentos e serviços estão prontos para atendê-las e encaminhá-las às novas oportunidades de trabalho e na construção de uma cidade segura para as mulheres”, disse.