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Crônica: Os novos capitães da areia

Por Leonardo Nogueira, em 31/08/2021 às 07h

Vim lendo Capitães da Areia no BRT, sentido Santa Cruz, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Um livro que fala sobre o abandono e descaso governamental para com as crianças que viviam nas ruas da Bahia, na primeira metade do século 20. Uma verdadeira crítica ao sistema que desconsiderava a pureza dos pequenos que corriam e enfrentavam os perigos da cidade pela sua própria sobrevivência.

Olhei ao entorno e me passou uma crítica: na época, os capitães da areia eram o sinal do descaso estatal para com seus menos favorecidos, os pobres. Assim como estes que me cercam, que tomam esse meio de transporte lotado em uma noite de sábado chuvosa, com um olhar de cansaço e desamparo – em época de pandemia, diversos sem máscara, contagiados pelo pensamento de “ pior que tá não fica”.

Se me permite um aparte, eu até compreendo o tal pensamento. Para quem leva tanta porrada diária, o que é mais uma? – por mais que saiba o poder letal do vírus que, até o momento, tirou mais de meio milhão de vidas brasileiras e que o atual presidente do executivo brasileiro, erroneamente, cuspiu ser uma “gripezinha”.

Desde 1937, data de lançamento do livro feito pelo grande Jorge Amado, o governo olha para essas situações cotidianas que passamos como “apenas mais uma”. Por mais que os discursos políticos encantadores pareçam se voltar a resolução dessas pendências, as práticas e ações preconceituosas impostas pelo sistema nos mostram que ainda estamos abandonados, na rua, correndo por nossa própria sobrevivência, para alcançar direitos mínimos e fundamentais para se ter qualidade de vida.

Deixo claro que esse texto não é apenas mais uma crítica sobre a atuação dos nossos representantes do legislativo e do executivo. É o desabafo de quem encontra Sem-pernas, Professores, Pedros bala, entre outros personagens da obra, em diversas crianças pelo bairro onde fui criado, nos parentes que me cercam e amigos que, durante a infância, dividiram tantos momentos de felicidade ao meu lado.

Um recado ao autor: Mestre Jorge, rompi o véu social que me tampava os sonhos de tornar uma voz influente nessa sociedade, mas percebo que sua obra, que chegou a ser apreendida e queimada pela polícia do Estado Novo, foi criticada, apontada e reverenciada por muitos, mas não lida por quem precisa aprender com a sua literatura sobre as vivências dos meninos que viviam em um trapiche velho na Bahia de todos os santos do século XX.

Triste, lhe digo que ainda estamos no mesmo pé. Onde a ascendência social, intelectual e monetária de um periférico, continua acontecendo apenas em casos isolados.

A Bahia dos Capitães da Areia tem muito a ver com o BRT, que tem como destino um dos últimos bairros da Zona Oeste do Rio de Janeiro. Lá e aqui, sonhos de favelados são minados todos os dias, enquanto bandidos de colarinho riem dentro de seus escritórios no centro da subjetiva cidade maravilhosa. O século e o estado são distintos, mas as angústias, dores e abandonos são análogas.

Abraços de um leitor que se entristeceu ao ler sua obra e, ao analisar o contexto social que o cerca, percebeu que não se evoluiu tanto desde a publicação do seu livro.

Prefeitura do Rio lança o programa ‘Zonas de Cultura’

Projeto inédito da Secretaria Municipal de Cultura junto com a sociedade civil vai criar bairros culturais e fomentar ações nos territórios

Por Redação, em 30/08/2021 às 07h51

No último sábado (28/8), a Prefeitura do Rio lançou o programa inédito “Zonas de Cultura”, da Secretaria Municipal de Cultura, que prevê, por meio de edital, o pagamento de bolsas de desenvolvimento cultural, apoio a eventos e a ações culturais com impacto no território. A cerimônia foi realizada na Arena Carioca Fernando Torres, no Parque Madureira, e contou com a presença dos secretários de Cultura, Marcus Faustini; de Governo e Integridade Pública, Marcelo Calero; do subprefeito da Zona Norte, Diego Vaz; além de agentes culturais locais.

“Madureira já é zona de cultura, o que faltava era o poder público chegar. Na minha primeira conversa com o prefeito Eduardo Paes em dezembro eu expus que grandes cidades do mundo se desenvolveram no campo da economia criativa com investimentos em cultura nos territórios”, disse Marcus Faustini.

Em janeiro de 2022, Madureira já funcionará como uma Zona de Cultura que vai valorizar a economia criativa. Até 2024, a cidade vai ganhar outras Zonas de Cultura. De acordo com o Plano Estratégico da prefeitura, a meta é mobilizar até três milhões de pessoas com este programa.

No último dia 16, foi publicado no Diário Oficial um aviso de chamamento público convocando organizações da sociedade civil interessadas na execução integral do programa. O investimento inicial será de R$ 1,5 milhão. A previsão, segundo Faustini, é dobrar no ano seguinte. “O programa tem como objetivo olhar o bairro a partir da cultura e investir na cidade gerando novas centralidades culturais”, destacou o secretário municipal de Cultura Marcus Faustini. “O Rio é uma cidade muito diversa do ponto de vista da cultura, mas a política pública precisa acompanhar esta diversidade chegando a mais territórios.”

A Secretaria Municipal de Cultura vem trabalhando para criar uma nova perspectiva de política cultural a partir da relação entre cultura e cidade. Este é o terceiro edital lançado com este objetivo. Já foram divulgados o Foca (Fomento à Cultura Carioca), com um aporte de R$ 20 milhões a toda a cidade, e o do ISS, da Lei Municipal de Incentivo à Cultura, que conta com o investimento de R$ 54 milhões, via captação junto à iniciativa privada.

A prefeitura também anunciou antecipar uma campanha prevista para começar em novembro, para celebrar os “cariocas da cultura”, dando visibilidade a artistas, produtores e agentes culturais de uma forma geral. E o início será pelas personalidades de Madureira, com a Tia Surica. A Secretaria Municipal de Cultura vai criar conteúdos (texto com imagens) e postar em suas redes sociais. “Precisamos ‘madureirizar’ o Rio”, disparou o subprefeito da Zona Norte  Diego Vaz, depois de pedir uma salva de palmas para a baluarte Tia Surica.

Saiba como vai funcionar

Neste primeiro momento, a Prefeitura vai selecionar uma organização da sociedade civil que fará a execução integral do “Zonas de Cultura” em Madureira junto com artistas locais. O gestor vai ter que criar mobilização, chamamento público para a execução dos calendários culturais e apoiar artistas locais. Ao longo dos próximos meses, haverá seminários online sobre a cultura do bairro para a futura implementação do “Zonas de Cultura”, que começa em janeiro de 2022.

“Fechamos uma parceria com uma fundação de minecraft que coloca jovens para pensar soluções urbanas”, informa Faustini. As metas do “Zonas de Cultura” estão em rio.rj.gov.br/web/smc/. As propostas dos interessados devem ser entregues pessoalmente, no dia 15 de setembro, às 10h, à Rua Afonso Cavalcanti 455, Bloco I, 2º Andar, sala 235, Cidade Nova.

Por que Madureira?

Madureira é um dos grandes corações da cultura carioca, vibrante, pulsante, além de ser uma região popular e com potencial enorme. É onde transborda cultura popular e urbana.

A Arena Carioca Fernando Torres, situada no Parque Madureira, foi inaugurada em 2012, com capacidade para 320 pessoas na área interna e um palco que abre para a área externa, onde cabem até mil. Em razão da pandemia, a ocupação está reduzida, a fim de cumprir com as medidas de distanciamento social, bem como as regras sanitárias.

Calendário do programa:

Agosto: lançamento do edital para escolha de organização da sociedade civil que executará o programa “Zonas de Cultura”;
Setembro: escolha da organização da sociedade civil;
Janeiro: início do projeto.
Outras informações no site rio.rj.gov.br/web/smc/.

Instituição Cinema Nosso reúne jovens negras e empresas para viabilizar a inserção no mercado de trabalho

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A iniciativa com foco no combate ao desemprego ,conta com participação, patrocínio e parceria de empresas como TikTok, Radix, TechnipFMC, Bemobi, Dataprev, ABRAGAMES e Middlebury College

Por Redação, em 30/08/2021 às 07h40

A falta de profissionalização e de oportunidades para o primeiro emprego são fatores que colaboram para que a população jovem se mantenha fora do mercado de trabalho. Com a Covid-19, a situação piorou. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), realizada pelo IBGE no terceiro trimestre de 2020, a taxa de desemprego no país era de 14%, mas entre os jovens de 18 a 24 anos esse número mais que dobrou, chegando a 31%. Essa é a maior taxa de desemprego desde que os indicadores começaram a ser medidos em 2012.

Já a desocupação entre mulheres negras é o dobro em relação a homens brancos, de acordo com o laboratório de dados da Favela da Maré, no RJ. Com isso, a importância do diálogo se torna ainda mais latente e, entendendo o seu papel de interlocução e mobilização, o Cinema Nosso elaborou o ciclo de webinários “Juventudes e Empregabilidade”, que estará disponível no canal do Youtube da ONG a partir do dia 1 de setembro. A iniciativa conta com participação, patrocínio e parceria de empresas como TikTok, Radix, TechnipFMC, Bemobi, Dataprev, ABRAGAMES e Middlebury College, além da presença das alunas dos cursos de formação em audiovisual e novas tecnologias da ONG.

“Eu sou uma mulher negra desde que nasci, mas só me reconheci como uma muito recentemente. O Cinema Nosso tem uma importância nisso, porque foi ali, encontrando outras mulheres negras, vendo trajetórias, me identificando e projetando a minha vida, pensando em carreira, mercado, estratégias para desenvolver os meus trabalhos artísticos, que comecei a valorizar mais a minha figura. Me apresento para o mercado de outra forma”, conta Suelen Gom, aluna do Cinema Nosso e mediadora dos encontros virtuais. O objetivo do movimento é viabilizar encontros e debates, colocando em pauta temas como: primeiro emprego; mulheres na tecnologia; inovação tecnológica; empreendedorismo; diversidade e muito mais. Para Lucas Fonseca, líder de RH na TikTok, é importante pensar na formação de equipes diversas e inclusivas. “Essa parte realmente impacta e reflete na instituição como um todo, não só no RH, mas na própria estratégia da empresa de realmente estar aberta para todos, todas e todes. Então, é realmente trabalhar para que isso aconteça”, diz.

O Brasil conta com uma população predominantemente jovem, com 42,3% composta por pessoas com menos de 30 anos de idade. Com o agravamento da pandemia e o fechamento de espaços de sociabilidade como parques, shoppings, casas de espetáculo, bares, espaços de lazer e entretenimento, importantes locais para a troca de experiências e convivência, acredita-se que este cenário tende a provocar efeitos objetivos e subjetivos nas formações desses jovens. Com isso, o ambiente virtual e as redes sociais viraram de vez territórios de ocupação da juventude que se apropria das novas tecnologias como espaços de criação, estudo, entretenimento e trabalho. Com o mundo cada vez mais virtual, a procura por formação e vagas em tecnologia, marketing digital, jogos digitais e o empreendedorismo aumentaram e chamaram a atenção desse público.

A tecnologia é uma das categorias de empregos que se mostrou mais resistente durante a pandemia, fixando em 2021 a necessidade de formação para concorrer a uma vaga nesse mercado tão desejado. “É o nosso intuito fomentar uma atitude intencional de planejar o futuro considerando todas as suas implicações. Projetar a vida inclui pensar nas diversas áreas que a abrange e ter equilíbrio. É um trajeto dinâmico que contém não apenas a visão de um futuro, mas também o compromisso com o presente e as relações destes com o passado”, pontua Suellen Costa, psicóloga e analista de projetos do Cinema Nosso.

Sobre o Cinema Nosso

O Cinema Nosso é uma instituição sociocultural que, há 20 anos, trabalha para proporcionar experiências de tecnologia e inclusão para a produção de narrativas juvenis, fomentando a cadeia produtiva do audiovisual no Rio de Janeiro. Foi constituído informalmente no ano 2000, a partir do processo de seleção de elenco para o filme “Cidade de Deus”, de Fernando Meirelles e Kátia Lund. Hoje, o Cinema Nosso é um centro de inovação e tecnologia que oferece projetos para infância e juventude. Reconhecida como uma das maiores escolas populares de audiovisual na América Latina e com mais de 10.000 crianças, jovens e adultos formados em seus cursos. A instituição tem metodologia Certificada no Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social 2019 , é aliada ao movimento STEAM e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, respeitando as trajetórias e vivências do seu público alvo.

Serviço:

Webinários “Juventudes e Empregabilidade”
Dias: 01, 03, 08, 10, 15, 17 e 22 de setembro
Hora: 18h
Onde assistir: Canal do Youtube do Cinema Nosso

Para saber mais, é só acessar: https://www.instagram.com/cinema_nosso/

MEIs podem contar com atendimento gratuito para regularizar dívidas

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Prazo para regularização termina na terça-feira (31)

Por Mariana Tokarnia – Agência Brasil, em 30/08/2021 às 07h

Os microempreendedores individuais (MEI) que estão em dívida no pagamento dos tributos podem contar com os Núcleos de Apoio Contábil e Fiscal (NAF) para ajudar na regularização, de forma gratuita. O prazo para que as contas sejam regularizadas é terça-feira (31). Caso não quitem os impostos e as obrigações em atraso, serão incluídos na Dívida Ativa da União e estarão sujeitos a cobrança judicial.

O NAF é um programa de cidadania fiscal da Receita Federal que estabelece uma parceria com instituições de ensino superior, unindo conhecimentos técnicos à prática contábil. Esses núcleos oferecem serviços contábeis e fiscais a pessoas físicas de baixa renda, MEI e organizações da sociedade civil. De acordo com a Receita Federal, existem mais de 300 núcleos formalizados no Brasil e mais de 200 em 11 países da América Latina, inspirados no modelo brasileiro.

Durante a pandemia, há núcleos que estão operando de forma remota. Em julho, a Receita Federal divulgou uma lista com os NAF em atendimento remoto e os respectivos contatos.

No estado do Rio de Janeiro, a Superintendência Regional na 7ª Região Fiscal atualizou a lista recentemente: 

Rio de Janeiro:

Niterói:

  • NAF Unilasalle – WhatsApp  (21) 97144-5639

Macaé:

Regularização das dívidas 

A partir de setembro, a Receita Federal enviará para inscrição em Dívida Ativa da União as dívidas de impostos de microempreendedores individuais que estejam devendo desde 2016 ou há mais tempo. Segundo a Receita, a ação é necessária para que os débitos não prescrevam.

O órgão explica que os MEI que tiverem apenas dívidas recentes, em razão das dificuldades trazidas pela pandemia, não serão afetados. Também não serão inscritas as dívidas de quem realizou parcelamento neste ano, mesmo que haja alguma parcela em atraso ou que o parcelamento tenha sido rescindido.

O MEI, que tiver dívidas em aberto com a Receita Federal, pode fazer o parcelamento acessando o e-CAC ou o Portal do Simples Nacional. As orientações estão disponíveis na internet. Após a inscrição, as dívidas poderão ser pagas ou parceladas junto à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional pelo portal de serviços, por meio do Regularize

A Receita Federal divulgou um vídeo orientando como o contribuinte pode fazer o parcelamento sem precisar sair de casa.

Segundo a Receita, existem 4,3 milhões de microempreendedores inadimplentes, que devem R$ 5,5 bilhões ao governo. Isso equivale a quase um terço dos 12,4 milhões de MEI registrados no país. No entanto, a inscrição na dívida ativa só vale para dívidas não quitadas superiores a R$ 1 mil, somando principal, multa, juros e demais encargos. Atualmente, 1,8 milhão de MEI nessa situação devem R$ 4,5 bilhões.

Para saber se estão em dívida, os empreendedores podem consultar os débitos que estão sendo cobrados na internet pelo endereço do Simples Nacional, com certificado digital ou código de acesso, na opção “Consulta Extrato/Pendências > Consulta Pendências no Simei”.

Os MEI estão sujeitos a um regime simplificado de tributação, recolhem apenas a contribuição para a Previdência Social e pagam, dependendo do ramo de atuação, o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) ou o Imposto sobre Serviços (ISS). O ICMS é recolhido aos estados; e o ISS, às prefeituras.

O capitalismo que adoece a alma

O Capitalismo estimula a competitividade, o lucro acima de tudo, independente dos estragos que essa política possa causar como a destruição dos biomas, dos mais vulneráveis ou de nossa própria alma.

Por Marcello Escorel em 28/08/2021

Estamos todos muito doentes. É a constatação a que cheguei ao ler uma matéria do G1 postada em 23/08 com o título de “Como a terapia financeira pode mudar nossa relação com o dinheiro.”

Pasmem! Existem psicólogos especializados em resolver nossa “relação” com a grana!

Não é à toa que Jesus dizia ser quase impossível para um rico entrar no Reino de Deus. A moderna supervalorização global do dinheiro e da economia desvia nossa atenção do que é realmente importante: o conhecimento profundo de nós mesmos como indivíduos e espécie, a fim de alcançar a meta de criar uma sociedade cada vez mais abrangente e solidária onde ninguém seja medido pelo que possui de bens materiais, mas sim por suas qualidades, talentos e contribuições para a humanidade.

Não é de hoje que fico pasmo e atônito com o fenômeno de antropomorfização – dar forma ou características humanas a algo que não é humano – dos dados econômicos das análises de especialistas. O mercado está nervoso ou eufórico, confiante ou desconfiado, tem “emoções” como um ser humano e arrisco afirmar que está a poucos milímetros de transpor o limite que o leva à divindade. Seus templos são as bolsas de valores, os bancos, os shoppings.

O Capitalismo avaliza a distinção entre seres produtivos e improdutivos condenando velhos, incapacitados e sonhadores ao ostracismo social; estimula a competitividade e o lucro acima de tudo, independente dos estragos que essa política possa causar como a destruição dos biomas, dos mais vulneráveis ou de nossa própria alma.

O Capitalismo foi o responsável pelo horror das guerras mundiais. O surgimento do fascismo é resultado da luta pela conquista de colônias e da miséria consentida dos vencidos. Deve-se a ele a fundamentação da chaga da escravidão que, ainda hoje, teima em reaparecer pela simples razão de que muitos não tem condições de conseguir o pão de cada dia e se veem obrigados a aceitar abjetas condições de trabalho para sobreviver.

Não estou aqui pregando o comunismo ou o socialismo, mas é necessário advogar a causa do combate a esse sistema, que adoece nossa alma quando estimula o consumo desenfreado e a acumulação de bens acima de qualquer coisa.

Você não acha um absurdo uma pessoa gastar milhões de dólares para fazer uma viagem orbital de onze minutos no espaço? Você não fica indignado quando é informado que o número de bilionários aumentou durante a pandemia? Você não fica amedrontado quando constata que a indústria bélica, sempre lucrativa, fez os Estados acumularem artefatos suficientes para destruir, não sei quantas vezes, o planeta.

Pois é, em vez de nos preocuparmos em melhorar as relações com nossos irmãos, estamos preocupados em nossa relação com o dinheiro. Perdemos contato com nossa alma. Nem falamos mais dela. Ela que é a manjedoura onde nasceu e está deitado o Deus menino. Ela cujo cultivo é a razão e o propósito de nossa vida aqui na Terra. Estamos cegos e precisamos de redenção, e não será o mercado que irá nos redimir. Nossa felicidade é a felicidade de todos. A competitividade precisa dar lugar à solidariedade. O amor é a força maior, nossa medicina, o farol. É no coração que Deus faz sua morada.

Acredito que essa onda de autoritarismo e segregação que se espalhou pelo mundo seja o último estertor desse monstro que é o capitalismo. Acredito que ninguém mais voltará para o “armário”. Acredito que tempos bem melhores virão, embora talvez não esteja mais encarnado para vivê-los neste plano de existência. Mas uma coisa eu sei: seremos plenos e íntegros, se ao invés de idolatrarmos o dinheiro, ouvirmos os sussurros de nossa alma, que conclama a cuidar amorosamente dos outros com o mesmo carinho que cuidamos de nós mesmos, usando toda nossa força e energia, não para servir ao dinheiro, mas para pavimentar a estrada que nos levará  ao verdadeiro Reino de Deus. 


Marcello Escorel é ator e diretor de teatro há mais de 40 anos. Paralelamente a sua carreira artística estuda de maneira autodidata, desde a adolescência, mitologia, história das religiões e a psicologia analítica de Carl Gustav Jung.

Ronda: Rio adotará passaporte de vacinação para ambientes públicos

Por Edu Carvalho, em 27/08/2021 às 16h42

Quem acordou cedinho no Rio foi surpreendido com uma notícia: todas as pessoas que quiserem entrar em espaços públicos como estádios e ginásios, cinemas, teatros, museus, academias, convenções e conferências terão de apresentar a comprovação das vacinas contra a covid-19. A vacinação também será ponto obrigatório para a realização de cirurgias eletivas nas redes pública e privada; também será exigência para inclusão ou manutenção do acesso ao Programa Cartão Família Carioca.

A medida foi publicada no Diário Oficial desta sexta-feira (27) e comentada durante a divulgação do tradicional Boletim Epidemiológico da Capital. ‘’Nosso objetivo é criar um ambiente difícil para aqueles que não querem se vacinar, que acham que vão se proteger sem a aplicação do imunizante e terão uma vida normal. Não terão. Vão ter dificuldades na hora de ter uma cirurgia eletiva, um programa de transferência de renda e estarão impossibilitadas de terem lazer e trabalho sem se vacinar’’, enfatizou o prefeito Eduardo Paes

O ‘’VacinaPass’’ da imunização poderá ser obtido por uma certificação digital na plataforma ConecteSUS ou mesmo com a apresentação do comprovante ou da caderneta de vacinação em papel no momento de ingresso aos locais. A quantidade de doses registradas deve seguir as recomendações do calendário vacinal da cidade do Rio de Janeiro. 

A cidade de São Paulo anunciou nesta semana que também adotará o esquema do passaporte. Mundo afora, cidades como Nova York e Paris possuem a mesma exigência. 

Falta combinar com o ministro

Cumprindo agenda na capital, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, foi duro em relação à adoção do passaporte vacinal. “Passaporte não ajuda, não ajuda em nada. Tudo que é imposição, que é lei… o Brasil já tem um regulamento sanitário que é um dos mais avançados do mundo. E essas matérias, elas são matérias administrativas. O certificado de vacinação está lá, qualquer um pode pegar. E você começar a restringir a liberdade das pessoas, exigir um passaporte, carimbo, querer impor por lei uso de máscaras pra tá multando as pessoas, indústria de multa, nós somos contra isso”, afirmou à imprensa. Aguardemos as cenas dos próximos capítulos. 

Ainda sobre números e pandemia…

A 34ª edição do Boletim indica o crescimento de contaminação do coronavírus nas últimas sete semanas, em grande parte pela circulação da variante Delta. Mas em relação às mortes, o Rio vive momento de queda sustentada, tendo como a imunização sua principal fonte de segurança, evitando casos graves e óbitos. 

Por causa da disseminação da variante Delta e do aumento do número de casos notificados, o panorama ainda mostra o mapa de risco da cidade em estágio de atenção. Todas as 33 regiões administrativas (RAs) do município estão classificadas com risco alto (laranja) para transmissão do coronavírus pela quarta semana seguida. As medidas de proteção à vida foram prorrogadas até 13 de setembro, mantendo o nível de alerta para risco alto.

Covid-19 na Maré

De acordo com o Painel Unificador COVID-19 Nas Favelas, o Conjunto de Favelas da Maré é o 1º lugar nos registros de óbitos e casos dentre as comunidades cariocas. Ao todo, são 8.179 casos confirmados e 345 mortes no território. Na lista, ainda permanecem em ordem como principais pontos de infecção e óbitos: Rocinha (3623 casos/138 mortes), Fazenda Coqueiro (3196 casos/230 mortes), Alemão (2898/161 mortes), e Complexo da Penha (2327 casos/116 mortes). 

Você está de olho nas Paralimpíadas?

Se as Olimpíadas nos fazem suspirar e vibrar de emoção, as Paralimpíadas são verdadeiras aulas de vida. E nós temos alguns personagens que estão lá! Até o momento, o Brasil já conseguiu 17 medalhas, chegando na sexta posição no ranking. Se você quiser saber mais sobre a movimentação por lá, conheça o site Surto Olímpico

Máscaras que salvam

Nós não deixaremos de falar: vacina boa é vacina no braço.

E lembre sempre: #UsaMáscaraMorador

Até o fechamento desta edição da Ronda, o país contabilizava mais de 577 mil óbitos e 20.675.343 casos, segundo o consórcio de veículos de imprensa (Globo, Jornal O Globo, Extra, Folha, Estado de São Paulo, G1 e UOL). Aos familiares, parentes e amigos das vítimas, nosso abraço. 

Maré de cultura

Morreu na última quinta-feira (24), em Londres, aos 80 anos, o baterista dos Rolling Stones, Charlie Watts. Vale escutar um bom rock

Neste sábado (28), ainda acontecem atividades no território das 16 favelas da Maré para a campanha #RemaMaré, a primeira semana de saúde mental do conjunto. Tem sessões da peça ‘Becos’ e mais! Para conferir os horários das ações, basta clicar aqui

Amanhã o grupo Nova Raiz do Samba convida a cantora Teresa Cristina para um encontro no canal Redes da Maré no YouTube. No repertório, clássicos de Dona Ivone Lara, Martinho da Vila e Leci Brandão. O show começa às 19h. Já se inscreva para não perder! Esse projeto é uma realização da Redes da Maré, contemplado pela Lei de Incentivo à Cultura, com patrocínio do Itaú e em parceria com Itaú Cultural.

Com foco em artistas negros, indígenas e LGBTQI+, a série de minidocumentários Artérias estreia hoje no SescTV, tanto na televisão como em streaming. Dividida em 26 episódios, a produção dirigida por Helena Bagnoli e Henk Nieman mergulha no universo criativo de nomes como Sonia Gomes, Rosana Paulino, Jaider Esbell, Emanoel Araújo e Lyz Parayzo, movida pelo “objetivo de contribuir para neutralizar abordagens etnocêntricas e estereotipadas”. #DicaDoMeioEdaBravo

O rapper Mano Brown lançou nesta semana o podcast de entrevistas Mano a Mano, que terá novos episódios novos às quintas no Spotify – a começar pela conversa de estreia, com Karol Conká. Entre os próximos convidados, estão confirmados nomes como o médico Drauzio Varella e o pastor Henrique Vieira. #DicaDoMeioEdaBravo

No próximo domingo, dia 29 de agosto, Dia da Visibilidade Lésbica, acontece a segunda edição da mostra Corpos Visíveis, protagonizado por produção feminina, e que, desde a primeira edição, tem como premissa debater feminismo e diversidade. O evento, desta vez online, destaca e reflete sobre a presença de mulheres nas artes, do backstage ao palco. A exibição da nova edição vai acontecer no canal do Youtube da ColetivA DELAS, a partir das 19h.

Já conferiu a programação de oficinas remotas e presenciais da Lona da Maré? Tem atividade rolando de segunda a sexta, com aulas gratuitas e abertas, online pelas redes sociais Facebook: @LonaCulturaldaMaré e instagram: @lonadamaré e presenciais na Lona da Maré. 

Perdeu nossos conteúdos da semana? Veja o resumão! 

Sábado 21/08
Quem recebe os refugiados afegãos? Por Alexandre dos Santos

Segunda-feira (23/8)
Violência afeta saúde mental de 1/3 dos moradores da Maré, revela estudo, por Edu Carvalho
Prefeitura divulga calendário de vacinação para adolescentes com deficiência, por Redação
Podcast Ronda Maré de Notícias #14 – 17/08 a 23/08/2021
‘Pesquisa sobre saúde mental na Maré é estudo de caso para o mundo’, por Tamyres Matos

Terça-feira (24/8)
Secretaria Estadual de Trabalho e Renda do Rio divulga 874 oportunidades de emprego, por Redação
Vacina Covid-19 Fiocruz é efetiva contra a variante Delta, por Agência Fiocruz
Pedacinho do Nordeste na Maré, por Hélio Euclides 

Quarta (25/8)
#RemaMaré: Confira programação da 1ª Semana de Saúde Mental da Maré, por Edu Carvalho
‘Cria cria’: evento online reúne criativos da Baixada Fluminense para troca de conhecimentos, por Site da Baixada
Ministério da Saúde divulga 3ª dose de vacinas contra covid; Rio começa reforço para pessoas em instituições de longa permanência, por Edu Carvalho
Município do Rio reinicia vacinação de mais jovens; veja calendário, por Redação

Quinta-feira (26/8)
‘Precisamos de todos os recursos para pensar a saúde mental’, diz Paul Heritage, diretor da People’s Palace Projects, por Tamyres Matos 
Prefeitura anuncia adiamento do plano de flexibilização das restrições no combate à covid-19, por Tamyres Matos

Sexta-feira (27/8)
#RemaMaré: peça ‘Becos’ aborda tema da saúde mental a partir da realidade favelada, por Edu Carvalho
Corpos Visíveis debate feminismo e diversidades, por Redação