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“A Clínica da Família precisa ser a referência em saúde no território”, diz coordenador de Atenção Primária em favelas

Por Luciana Bento, Boletim Conexão Saúde – De Olho no Corona em 03/05/21 às 21h16

Ano passado, quando trabalhava em um laboratório na Fiocruz, o enfermeiro e mestre em Saúde Coletiva e Políticas Públicas pela Uerj Thiago Wendel não imaginava que este ano estaria, em plena pandemia, à frente de uma das maiores áreas programáticas de saúde do município do Rio, a Coordenadoria de Atenção Primária da Área Programática 3.1 (CAP AP 3.1), que abarca Manguinhos e Maré entre outros bairros e favelas.

A área, que atende quase 1 milhão de habitantes – ou cerca de 1/6 da população do Rio, é especialmente cara a Thiago. Oriundo da Vila Cruzeiro, na Penha, ele se diz diariamente motivado em cuidar da saúde de moradores que, como ele, utilizam o SUS. “Sou usuário da Clínica da Família Felipe Cardoso, que é minha unidade de referência, e é muito gratificante poder fazer a diferença na vida das pessoas da região de onde eu vim”, confessa.

Nesta entrevista exclusiva para o boletim Conexão Saúde – De Olho no Corona, Thiago fala da situação das unidades básicas de saúde da Maré e de Manguinhos em meio à pandemia, das estratégias utilizadas para enfrentar este momento crítico e dos desafios que a CAP tem pela frente. “Quero melhorar os indicadores de saúde desta área”, diz.

Você assumiu a coordenação da CAP no início do ano, em plena pandemia. Em que situação você encontrou os equipamentos de saúde da Maré e o que tem sido feito para enfrentar este momento crítico no território?
Quando assumi, a falta de profissionais era gritante, absurda. Havia unidades da Maré funcionando sem médicos e outras que passavam mais tempo fechadas do que abertas. Isso sem falar das paredes mofadas e sujas, portas caídas, profissionais trabalhando sem uniforme, estruturas há anos sem qualquer reforma.
Tivemos que estabelecer prioridades e correr muito pra garantir um funcionamento mínimo decente e hoje podemos falar que a Maré tem o mesmo serviço de saúde de outros bairros da cidade, sem diferença nenhuma. Sem falar que reabrimos a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Manguinhos, que estava fechada em plena pandemia. Com o aumento da procura das unidades de saúde para casos de Covid, estamos abrindo nos dias de semana a partir das 7 horas da manhã e aos sábados até as 17 horas, justamente pra evitar filas e aglomerações. Também organizamos as unidades de saúde em duas frentes: uma de resposta rápida, para atendimento de pessoas com sintomas de síndrome gripal – cujos profissionais, pela possibilidade de contaminação com Covid, precisam usar todos os equipamentos de segurança (máscara especial, óculos, toca etc) – e outra para atendimento a outras doenças, que continuam com demanda alta.A procura às clínicas da família aumentou muito, sobretudo em março e abril, com pessoas com sintomas de covid, que precisam ser tratadas e orientadas devidamente. Entenda bem: não estou falando de tratamento precoce, mas de tratar os sintomas da doença e dar os encaminhamentos adequados, para ele e pra família, para que o quadro não se agrave.

Este é um desafio grande no momento: a sobrecarga do sistema de saúde em todo o País. Como está a situação na Maré?
Pois é! As mulheres continuam engravidando e precisando de exame pré natal, temos pacientes com doenças que podem piorar rapidamente se não houver acompanhamento e controle, como diabetes e tuberculose… A unidade não pode parar e um dos erros que acho que cometemos – até por desconhecimento da doença e da pandemia – foi parar tudo pra tratar os pacientes com Covid. Isso fez com que aumentassem as mortes evitáveis por doenças crônicas, por exemplo. É um dos nossos objetivos diminuir estes óbitos.

Neste momento, que problema você elenca como mais crítico no sistema de saúde da área que você coordena?
Quando assumimos, havia uma falta muito grande de profissionais de saúde e, como estamos em plena pandemia, não existem profissionais disponíveis. Estão todos precisando deles: rede pública e particular, hospitais, clínicas – e não foi diferente na rede de saúde da Prefeitura. Mas conseguimos fazer com que todas as unidades tenham profissionais: médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, farmacêuticos. Nada mais do que o essencial, mas por incrível que pareça a rede estava funcionando sem este básico.

E como estão os profissionais de saúde neste momento?
Não é fácil. Estamos com atendimento estendido, abrindo mais cedo, fechando mais tarde, atendendo muitas pessoas, é desafiador, os profissionais estão cansados, deixando a sua família em casa para cuidar de outras famílias, sem folga ou férias, trabalhando em meio à pandemia, em uma situação limite… Tenho certeza de que estas pessoas não estão trabalhando só pelo salário no final do mês, eles têm um missão e se dedicam a isso.

Em relação à vacinação, como está a situação na Maré?
Temos uma frente específica pra isso e já vacinamos nossos profissionais, que estão mais expostos, e estamos focados na vacinação dos idosos – inclusive os que estão nas Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) – o que já diminui os riscos de internações e de óbitos em 80% até 90%. Nosso próximo passo é detectar os idosos que não vacinaram e fazer uma busca ativa para imuniza-los. Contamos com a vacina enviada pelo Ministério da Saúde, que chega de forma gradativa, então as prioridades precisam ser respeitadas. Entendemos que o aumento da cobertura vacinal é fundamental para combater o avanço da doença no território, mas ainda temos o desafio da desinformação. Muitas pessoas acham que a vacina da Astra Zeneca tem reação forte, por exemplo, e não querem ser vacinadas com ela. Outros não confiam na Coronavac, porque é fabricada na China. Outros acham que não precisam vacinar… Precisamos encontrar estas pessoas, identifica-las e esclarece-las, tranquiliza-la sobre a vacina. Isso vai ajudar a acelerar este processo e a diminuir a gravidade da pandemia nestes territórios.

Jornalistas periféricos revelam estresse e sobrecarga mental durante pandemia

Por Fórum Grita Baixada, em 02/05/2021 às 09h

Esse artigo foi publicado originalmente na IJNet Português e reproduzido aqui com permissão

Com um ano e três meses fazendo parte do cotidiano do planeta, a pandemia de COVID-19 mexeu com a vida de todos os seres humanos e não poderia ser diferente para os jornalistas — que muitas vezes lidam diariamente com a cobertura da crise de saúde.

Para oferecer um retrato desse ano que viu a propagação de um vírus mortal, conversamos com jornalistas periféricos, que residem em territórios notabilizados por suas variadas formas de vulnerabilidade socioeconômica. Um do Rio de Janeiro e três da Baixada Fluminense.

Eduardo Carvalho é editor executivo do Maré de Notícias, um dos vários veículos de comunicação nascidos e desenvolvidos no conjunto de favelas que batiza o periódico, na zona norte do Rio. Com passagem pela CNN Brasil, Carvalho estava estreando no canal quando recebeu a notícia de que a pandemia havia chegado no solo brasileiro. A satisfação em pertencer a uma nova equipe se misturou a uma série de preocupações.

“Estive na linha de frente da notícia, cobrindo os gabinetes de crise do Estado e do Município. Foi uma tensão acompanhar de perto aquilo que nem os governantes sabiam lidar, juntamente com a sociedade. Trabalho hercúleo”, diz Carvalho.

Um evento sem precedentes resultou em uma cobertura sem precedentes, que foi se aprimorando aos poucos, avalia Carvalho. “Acredito que tenhamos sido todos pegos desprevenidos. Não se cobria algo tão forte no Brasil desde a gripe suína. A OMS também demorou a aferir um grau de pandemia global, só fazendo depois de dois meses”, diz ele, referindo-se ao anúncio de 11 de março. “Todos os comunicadores foram entendendo e dando a dimensão ao passo do que era possível. Depois, é claro, incutimos em alguns erros, como a viabilidade para pessoas com opiniões contrárias às preconizadas pela Saúde.”

Para Denise Emanuele, proprietária do site de notícias Comunicando Já, de Nova Iguaçu, o alto teor negativo das informações afetou sua saúde mental. Ela conta como o bombardeio sistemático de notícias sobre internações e mortes ao redor do país foi um desafio para a sua objetividade jornalística.

“Foi desesperador. Pior ainda quando as pessoas conhecidas começaram a morrer por conta do vírus, porque acendeu uma alerta; de que a COVID-19 é mais mortal do que a gente imaginava”, diz. “Comecei a ter insônia e falta de ar, porém, essa falta de ar era apenas psicológica, mas na minha cabeça eu já estava infectada. Passei semanas pensando na minha família que mora em outro estado (Maranhão), com noites sem dormir, vivendo um pesadelo, que, na verdade, parece não passar”. A jornalista conta que ainda vive com medo e treme a cada notícia que vê sobre a mortes pela COVID-19.

Outro elemento desgastante foi se adaptar ao formato de home office. Gabriela Anastácia, prestadora de serviços e consultora na área de comunicação e marketing, em São João de Meriti, tentou organizar a própria residência para que se tornasse um ambiente tranquilo para atender às necessidades de todos os moradores — o que incluía ela própria, o companheiro e o filho.

“Foi difícil porque não tinha uma estrutura adequada para full home office e isso me causou muito estresse. Além, claro, de toda a situação incerta que estávamos e ainda estamos vivendo”. Gabriela conta, ainda, que contribuiu para uma organização da sociedade civil, a Comunidades Catalisadoras, que estruturou uma campanha de informação sobre a COVID-19 nas favelas e, para isso, teve de ajudar na complexidade de gerir dados para a composição de um painel com essas informações. Foi difícil para ela não se deixar abater. “Minha imunidade ficou baixa devido ao estresse. Foi um ano bem difícil para todos”, desabafa.

Com o Brasil se aproximando a 400.000 mortos por COVID-19 e uma vacinação lenta, a perspectiva é de que o pior ainda não passou. Charles Monteiro, editor do blog Gecom (Grupo de Estudos de Comunicação) cria de Duque de Caxias, explica que a realidade brasileira é agravada pela polarização política.

“O egoísmo e o negacionismo estão tomando conta das pessoas”, diz Monteiro, alarmado com o alcance da desinformação do governo e da população.

“Talvez, a gente chegue a algum tipo de topo de nossas emoções — ou no fundo delas — e depois retornaremos ao nosso estado emocional de início, antes da pandemia. Enquanto não tivermos uma mudança de comportamento, nada vai acontecer”, conclui.

Luana Cristina Alves

Com o passar do tempo, os moradores perceberão que a equipe de distribuição do Maré de Notícias está reduzida, com menos uma pessoa. Em 14 de abril, perdemos a Luana Cristina Alves. Além da distribuição, ela era bastante participativa na construção do nosso jornal, ouvindo os moradores e trazendo sugestões de pauta. O Maré de Notícias se solidariza com a família, os amigos e seus parceiros de trabalho e sente muito pela perda. Luana morreu de infarto e deixa duas filhas e o marido Sérgio, que também trabalhava na distribuição.

Ronda Maré de Notícias: Em uma semana morreram 88 pessoas da Maré

De acordo com painel da Prefeitura, conjunto de favelas teve crescimento de casos e mortes significativo em sete dias

Por Andressa Cabral Botelho, em 30/04/2021 às 20h40

Em sete dias, o painel da Prefeitura do Rio apontou que a Maré passou de 178 mortes, como indicado na última Ronda, para 266 pessoas que faleceram, 88 na última semana. São também 3.924 casos confirmados, ultrapassando o número de bairros vizinhos, como Bonsucesso e Ramos, que desde o início da pandemia tiveram mais casos que a Maré. Os números mostram que o momento é de total alerta para os moradores e que ainda é necessário se prevenir.

Desta forma, é preciso ficar atento sempre que sair de casa e seguir mantendo as normas de higiene e uso de máscara de forma correta, cobrindo nariz e boca. E aqueles que puderem, podem se encaminhar às unidades de saúde do bairro para tomar a vacina contra a covid-19. Até o dia 27 de abril, 13.471 pessoas tomaram a primeira dose e 3.842 tomaram as duas doses, o que equivale a 2,7% de total a população da Maré.

Brasil chega aos 400 mil mortos

Após 36 dias do país bater a marca de 300 mil pessoas que morreram em decorrência do novo coronavírus, na quinta-feira, 29 de abril, mais 100 mil pessoas faleceram pela doença. Levando em consideração que o país levou cerca de cinco meses até completar 100 mil mortes e mais cinco para chegar em 200 mil, o espaçamento entre cada cem mil pessoas diminuiu significativamente desde então, como mostra a ilustração abaixo:

Em 11 de março de 2021, um ano após a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarar que o novo coronavírus era uma pandemia, o país se aproximava das 300 mil mortes. No período, o Maré de Notícias produziu um especial de notícias sobre esse um ano de pandemia e o seu impacto em diversas áreas.

O Brasil é hoje o segundo em número de mortes e o terceiro em número de casos, com 14.590.678 casos confirmados desde 26 de fevereiro de 2020, sendo 69.389 casos confirmados nas últimas 24h, de acordo com o Ministério da Saúde. Acima do Brasil estão Estados Unidos, com 32.316.340 casos, e Índia, com 18.376.524 casos confirmados. O mundo superou os 150 milhões de casos confirmados.

Prefeitura mantém medidas restritivas

Por mais uma semana, a prefeitura do Rio prorroga as medidas restritivas, que irão do dia 04 até 10 de maio. Não houve mudanças significativas em relação ao decreto da semana anterior diante a situação da cidade, que segue em risco muito alto de contágio. “Estamos longe de estar em uma situação confortável, por isso a manutenção das medidas restritivas”, disse o prefeito Eduardo Paes na manhã desta sexta-feira (30) durante coletiva de divulgação do 17º Boletim Epidemiológico da Covid-19. As medidas de restrição são:

  • Bares, restaurantes e quiosques da orla podem funcionar apenas com clientes sentados nas mesas e devem fechar até as 22h, com tolerância de uma hora. Após esse horário, será permitido delivery, take Away e drive thru;
  • Shoppings, centros comerciais, cinemas e teatros devem funcionar com capacidade máxima de 40% em locais fechados e 60% em locais abertos, além de respeitar o distanciamento mínimo de 1,5 metros;
  • Segue suspensa a permanência nas areias das praias, em parques e cachoeiras, nos sábados, domingos e feriados, assim como a realização de eventos;
  • Atividades física individuais ou em grupos pequenos estão permitidas ao ar livre ou em academias.

Maré em tempos de coronavírus

Em tempos de desinformação, a informação de fontes seguras ainda é uma forma de se prevenir do impacto das fake news, que faz com que pessoas deixem de se vacinar ou se mediquem contra o coronavírus de forma equivocada. E é justamente sobre isso que se trata a edição mais recente do podcast Maré em tempos de coronavírus: tratamento precoce, como ele não tem comprovação e os graves efeitos colaterais que esse tratamento pode causar, principalmente pelo fato da doença não ter um medicamento específico para o seu tratamento. Vale a pena conferir! O episódio já está disponível no Spotify.

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“D” de doação: abrigo de cães organiza arrecadação neste domingo

Idealizadoras de abrigo farão coleta de materiais reciclados para, em troca, conseguir comprar ração

Por Hélio Euclides, em 30/04/2021 às 13h40
Editado por Andressa Cabral Botelho

Em meio às dificuldades, surgiu uma ideia. Responsáveis pelo abrigo Ajuda Patas, que acolhe cachorros na Praia de Ramos em situação de abandono ou maus tratos, resolveram realizar duas ações em uma, cuidando do meio ambiente e dos animais. No domingo, 02 de maio, as idealizadoras do projeto vão realizar no abrigo o evento DIA D, para arrecadar tampinhas de plástico para reciclagem. O material coletado será vendido e o valor arrecadado revertido em cirurgias e ração. 

O evento, organizado por Bruna Saraiva e Heloísa Gomes, fundadoras da ONG, espera conscientizar a população e mostrar que a reciclagem das tampinhas, além de ajudar o meio ambiente, também pode colaborar com outras ações, uma delas é o cuidado com os animais. “O valor não é muito alto, mas aprendemos que o pouco se torna muito quando fazemos com amor e a logística certa”, explica Bruna. Neste mesmo dia, as organizadoras do evento também receberão doação de outros itens importantes para o funcionamento da instituição, como ração, patês, cobertores, potes, brinquedos, caminhas novas ou usadas, dentre outros. 

A ação, que visa unir moradores e voluntários, possibilitará que os visitantes realizem as atividades cotidianas do abrigo, como dar banho nos animais, passear e, quem sabe, dar um mergulho recreativo no Piscinão de Ramos com os pets. “Os moradores precisam se conscientizar que o trabalho do abrigo é muito importante para a comunidade. De todos as vidas que salvamos, 80% são de animais da comunidade. Queremos conscientizar não só com palavras e sim fazendo com que as pessoas possam colocar a mão na massa, para que mais pessoas da Maré se tornem voluntárias”, destaca Bruna, lembrando que hoje a maioria dos voluntários do abrigo não são moradores da região. A instituição cuida dos animais e garante o tratamento para aqueles que apresentem alguma sequela causada pelos maus-tratos, para que tenham o retorno da plena saúde. 

No evento, as crianças poderão tirar fotos com os cães e, no início da noite, haverá uma edição especial de cinema, o Cinecão. Em parceria com o Cineminha no Beco, o músico mareense Bhega Silva e seus apoiadores levarão o seu projeto de cinema itinerante para o abrigo para a exibição do filme 101 Dálmatas, com lanches para a criançada. 

Uma união pelos animais

O trabalho de Heloísa começou em 2017, quando transformou a sua casa em um lar para cães. O início de tudo foi quando resgatou um pitbull, o Maicon, após um atropelamento que o deixou com uma das patas esmagadas. De lá para cá, foram muitos os resgates, alguns de cães com rabo cortado, outros de animais com patinha quebrada e gatos cegos. 

A casa de Heloísa já estava pequena para tanto trabalho. Então, ela conseguiu autorização para usar um terreno próximo ao Piscinão. No início, o espaço tinha um aspecto de abandono e era cheio de lixo. O abrigo iniciou de forma improvisada no final de 2017, depois veio a construção do muro, com materiais doados por amigos. Fábio Ferreira, conhecido como Fabinho da Feira, presidente da Associação de Moradores da Roquete Pinto e Praia de Ramos, pediu apoio da Cedae Maré, que instalou água e esgoto. O próximo passo é a instalação de um medidor de energia para que o abrigo tenha luz elétrica.

Heloísa e Bruna junto aos cães do abrigo. Foto: Arquivo pessoal

Um dos maiores problemas do abrigo é a alimentação dos cães e gatos, que consomem 40 quilos de ração diariamente. “É muito difícil conseguir ração. Todos os dias acordamos sem alimentos e precisamos correr atrás. É uma luta. Os órgãos públicos não ajudam e, para piorar, as pessoas acham que recebo salário ou que eu vendo ração”, confessa Heloisa. Ela lembra que a satisfação é quando resgata algum cão atropelado na Avenida Brasil e depois do cuidado e carinho, volta a ser um animal saudável. Além dos 100 cachorros, a protetora ainda cria 80 gatos em uma casa na favela. O  único apoio governamental que Bruna e Heloisa recebem é por meio das castrações para os animais do abrigo. 

O espaço preza muito pela saúde dos animais. Na questão da ração, o grupo conseguiu sensibilizar apoiadores que proporcionam rações da linha Premier, Golden e Vitta. “Procuramos parcerias, como o American Pet, que hoje nos ajuda na divulgação dos nossos animais para adoção e também permite pontos de doações nas suas lojas”, comemora Bruna, destacando que ela e Heloísa também fazem palestras com crianças a fim de conscientizar sobre maus-tratos.

Como participar

O abrigo fica na Avenida Guanabara, 41, Praia de Ramos, ao lado do Corpo de Bombeiro. Quem quiser ajudar o abrigo ou o evento, pode entrar em contato com os organizadores mandando mensagens pelo Facebook e Instagram.

Em manifestação silenciosa, ONG Rio de Paz homenageia as mais de 400 mil vítimas de covid-19 do país

Brasil ultrapassou a marca nesta quinta-feira, 34 dias após chegar em 300 mil mortes pela doença

Por Redação, em 30/04/2021 às 13h30

Nesta sexta-feira (30), voluntários da ONG Rio de Paz estiveram na Praia de Copacabana, Zona Sul do Rio, para realizar um ato em homenagem às mais de 400 pessoas que morreram em decorrência do novo coronavírus no país.

Representando o sepultamento das vítimas, 400 sacos de óbito, que são utilizados para transportar os corpos, foram colocados lado a lado na areia junto a uma bandeira do Brasil. O ato começou às 6h e a cada hora os voluntários farão uma dramatização simulando o enterro dessas pessoas.

Ao mesmo tempo, a ONG faz também uma crítica à negligência das autoridades, principalmente ao Governo Federal e à forma que estão lidando com a crise sanitária e com as vidas que se perderam e com outras milhares que lutam não apenas contra a dor da perda e o vírus. “Em dias de fome, desemprego, insegurança, luto e morte, o vimos participando de manifestações públicas antidemocráticas, chamando o povo de marica, mandando jornalista calar a boca e fazendo alarde dos seus momentos de lazer. Não temos registro de expressão de profundo pesar pelo drama de milhões de famílias”, destacou Antonio Carlos Costa, presidente da ONG Rio de Paz.

Atualmente o Brasil é o segundo país do mundo em número de mortes, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Em número de casos, o país é o terceiro com mais casos, atrás de Estados Unidos e Índia, que recentemente tem tornou-se o epicentro da pandemia, batendo recordes diários de mortes.