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Passagens de ônibus mais caras na cidade do Rio

Cariocas são surpreendidos com aumento no início de 2025

Virada de ano, momento de festa, churrasco e abertura daquela sidra ou espumante, pois chegou 2025! Contudo, a água no chope chegou já no dia 05 de janeiro com o aumento das passagens dos ônibus, BRT, VLT, vans e cabritinhos, transporte comunitário geralmente feito por kombis. A passagem subiu R$ 0,40, com usuários desses modais tendo agora que desembolsar R$ 4,70.

Quem está lendo deve estar se perguntando: o que muda na vida da pessoa com menos de R$ 0,40 no bolso? Contudo, ao pegar a calculadora, as coisas mudam. Em um mês, quem trabalha seis vezes por semana desembolsará em média R$ 20,80 a mais para garantir o seu transporte. Já durante o ano, os gastos em 11 meses, tirando o período de férias, podem chegar a até R$ 228,80 .

Esse aumento, que afeta diretamente o bolso dos cariocas, aconteceu pela última vez em 2023, também no mesmo período, nos primeiros dias do novo ano, quando as reservas financeiras das famílias estão em baixa, após as festas de final de ano. Além disso, o acréscimo na tarifa não se reflete na qualidade dos veículos. “Esse aumento prejudica muito, não foi algo legal para nós que usamos o transporte público. Estou de licença do trabalho, mas uso os ônibus para ir à casa de minhas primas e apesar do aumento da passagem, percebo um problema rotineiro nos veículos neste verão, a maioria não tem ar-condicionado”, expõe Vanessa Renovato, moradora do Morro do Timbau.

O aumento veio no primeiro mês do ano, período em que consumidores estão ainda pagando os gastos extras de dezembro. Janeiro ainda tem pagamento do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) e em fevereiro tem o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). Sem contar a compra dos materiais escolares. Wallace Borges, economista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e membro da REPP (Rede de Economistas Pretas e Pretos), concorda com Vanessa, pois acredita que é um período no qual as famílias estão estranguladas financeiramente. “Na minha avaliação, um aumento das passagens no começo do ano, num mês com muitas restrições, é um fato extremamente nocivo para a população mais pobre. Há também um fato cultural que é a busca de emprego, que aumenta nos primeiros meses do ano. Então você também prejudica pessoas que não estão empregadas”, diz.

Os impactos na vida dos passageiros

Para o economista, o acréscimo na tarifa não influi apenas na mobilidade, mas no custo de vida. “A mobilidade urbana é um direito básico. Ao ampliar o custo para se locomover pela cidade, tanto para trabalhar quanto para outras finalidades, essa ação acaba se tornando mais cara  e é preciso destinar mais recursos para isso. Acaba que o cidadão precisa retirar esse valor de outros gastos, como educação, saúde e lazer”, comenta. Ele completa que o aumento não se reflete na qualidade. “O transporte urbano no Rio é extremamente complexo de se planejar, com uma mobilidade extremamente reduzida. O aumento do custo das passagens não é justificado de nenhuma forma, pelo fato de que a população avalia muito mal o transporte público. Outras alterações precisam ser feitas antes de qualquer aumento”, reflete.

Cartão Jaé

Na semana passada, a Prefeitura do Rio decidiu adiar pela quarta vez a implementação do sistema de bilhetagem eletrônica, o Jaé. Os motivos foram a não conclusão de cadastro de todos os usuários e a falta de  um acordo para promover uma integração com o Riocard.  Para Borges, o Jaé é uma ferramenta que pode trazer a transparência nos gastos de mobilidade urbana dos ônibus do Rio. “É muito importante ter clareza de quanto custa o transporte municipal para entender as necessidades de melhorias e de investimentos. A privatização dos transportes fez com que as empresas tivessem o monopólio, então acho que é uma iniciativa interessante, porque vai ser possível a população acompanhar esse processo, compreender custos, receitas e compreender demandas, a partir da aplicação da transparência“, explica.

Apesar de ser uma cidade com muitos recursos, o Rio não implementa, como já acontece em outros municípios, o sistema de tarifa zero. “Acho que o Jaé é o primeiro passo para isso. Por outro lado, a cidade é extremamente populosa, o que dificulta a adoção de uma tarifa zero. Entretanto, o município é um dos que mais recebe recursos federais e tem uma arrecadação muito alta, mas é preciso uma mudança total na forma como o transporte é realizado. Existem muitas linhas que têm um trajeto muito grande, então é necessário haver uma integração com outros modais de transporte. É preciso interiorizar cada vez mais os ônibus, principalmente nos bairros suburbanos, onde só circulam nas ruas principais. A tarifa zero é uma necessidade, é importante que se pense como financiar, como fazer um transporte público de qualidade e eficiente”, conclui.

Quem costuma cortar o engarrafamento pela seletiva na Avenida Brasil, por meio do taxi amarelo, já está desembolsando um valor a mais, pois a bandeirada passou a custar R$ 6,20. A tarifa por quilômetro rodado na bandeira 1, entre 6h e 21h, de segunda a sábado, passou para R$ 3,65. Já a bandeira 2, entre 21h e 6h, de segunda a sábado, domingos e feriados, passou para R$ R$ 4,38. A dica é que usuários poderão continuar a obter descontos de até 40% por meio do aplicativo Taxi.Rio. Outra tarifa que vai aumentar é o trem, saindo de R$ 7,10 para R$ 7,60, a partir do dia 2 de fevereiro. A forma para economizar é o uso do Bilhete Único Intermunicipal, para beneficiários da tarifa social, com a passagem custando R$ 5.

Até o fechamento deste texto a Secretaria Municipal de Transporte não tinha respondido às questões encaminhadas.

Segunda operação do ano na Maré

O conjunto de favelas da Maré foi novamente alvo de operações policiais que deixaram um rastro de medo e destruição. A operação da última sexta-feira (10), que mobilizou diversas unidades especializadas da PMERJ e PCERJ, resultou em sérias violações de direitos, incluindo invasão de domicílios, danos ao patrimônio e terror psicológico para os moradores. Nesta segunda-feira (13), poucos dias depois, outra incursão policial na Maré reforçou o estado de constante tensão e insegurança a que as favelas são submetidas.

Desde 4h40 da manhã, moradores relataram a circulação de carros blindados nas favelas de Nova Maré, Nova Holanda,Rubens Vaz e Parque União, inciando a 2ª operação policial deste ano. A Polícia Civil informou que a “Operação Torniquete” visa combater uma associação criminosa envolvida em roubos de veículos e bancos. A ação impactou no atendimento das unidades de saúde do território fechando a Clínica da Família Jeremias Moraes da Silva e suspendendo as atividades externas da CF Diniz Batista dos Santos.

O Maré de Direitos, projeto do eixo Direito à Segurança Pública e Acesso à Justiça, da Redes da Maré, acolhe situações de violações de direitos no WhatsApp (21) 99924-6462. O Ministério Público (MP) realiza um plantão especial para atender a população. O atendimento gratuito é feito no telefone (21) 2215-7003, que também é WhatsApp, ou no e-mail [email protected].

Início de ano com velhos problemas: 1ª operação policial do ano na Maré

Apenas 10 dias do ano novo, mas com momentos “velhos” e quase cotidianos para os mareenses. Antes das 5h nesta sexta (10), moradores relataram a circulação de carros blindados (caveirão) e policiais à pé pelas favelas de Parque Maré, Rubenz Vaz, Nova Holanda e Parque União.

Segundo as informações da assessoria da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, a operação tem como objetivo localizar pessoas envolvidas em roubos de veículos e cargas na região metropolitana e pontos de desmanches irregulares com equipes do Comando de Operações Especiais (COE): Bope, BPCHQ, BAC e GAM das rondas Especiais e Controle de Multidões ( Recom), Batalhão Tático de Motociclistas (BTM), além das equipes do 22º BPM (Maré).

A Clínica da Família Diniz Batista, apesar de manter o atendimento à população, precisou interromper as atividades externas realizadas no território. Já a Clínica da Família Jeremias Moraes interrompeu o funcionamento total, impactando no atendimento de cerca de 200 pacientes.

Violações de direitos

Além do direito de ir e vir afetados, comércio e serviços essenciais interrompidos, os profissionais da Redes da Maré receberam denúncias de duas invasões à domicilio, uma invasão a estabelecimento comercial, um dano ao patrimônio e uma subtração de pertences.

O Maré de Direitos, projeto do eixo Direito à Segurança Pública e Acesso à Justiça, da Redes da Maré, acolhe essas e outras situações de violações de direitos no WhatsApp (21) 99924-6462. O Ministério Público (MP) realiza um plantão especial para atender a população. O atendimento gratuito é feito no telefone (21) 2215-7003, que também é WhatsApp, ou no e-mail [email protected].

Quais são os feriados prolongados de 2025?

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Com datas estratégicas caindo durante a semana, este ano promete ter um calendário generoso para os cariocas e fluminenses

Com a ressaca das festas de fim de ano, a pergunta que fica é: “quando teremos mais descanso?” Para os cariocas e fluminenses, o ano de 2025 promete ser generoso quando o assunto é feriados prolongados. Com datas estratégicas caindo em segundas, terças, quintas e sextas-feiras, muitos trabalhadores e estudantes terão oportunidades de descansar ou planejar viagens rápidas com família e amigos. Além dos feriados nacionais, o Rio de Janeiro também conta com os feriados municipais e pontos facultativos que tornam o calendário ainda mais proveitoso.

Os chamados “feriadões” começam já no primeiro mês do ano, com o Dia de São Sebastião, em 20 de janeiro. Como a data cai em uma segunda-feira,  para algumas pessoas é possível fazer planos emendados com o final de semana que antecede a data. O santo  aclamado é o padroeiro da cidade do Rio de Janeiro, e por este motivo, o feriado é somente para o município.

O clássico feriado de Carnaval também nos leva a sair da rotina e cair na folia, viajar ou apenas relaxar. Neste ano, a comemoração  se inicia no primeiro dia do mês de Março, finalizando-se como de costume, na quarta-feira de cinzas.

Ainda no primeiro semestre do ano, teremos um feriado que se prolongará por até seis dias. Em abril, a semana santa abre portas para um  descanso  que começa na sexta (18) e só termina na quarta (23), no dia de São Jorge.  A terça-feira (22) que intermedia as datas é ponto facultativo.

Os feriados estão intercalados por diversos meses e pode ser uma oportunidade para se planejar. Veja abaixo  todos os feriados e pontos facultativos:

  • 20 de janeiro (segunda-feira) — Dia de São Sebastião (feriado municipal)
  • 3 de março (segunda-feira) — Carnaval (ponto facultativo)
  • 4 de março (terça-feira) — Carnaval (feriado estadual)
  • 5 de março (quarta-feira) — Quarta-feira de Cinzas (ponto facultativo)
  • 18 de abril (sexta-feira) — Sexta-Feira Santa
  • 20 de abril (domingo) — Páscoa
  • 23 de abril (quarta-feira) — Dia de São Jorge (feriado estadual)
  • 21 de abril (segunda-feira) — Tiradentes
  • 19 de junho (quinta-feira) — Corpus Christi (ponto facultativo)
  • 1º de maio (quinta-feira) — Dia do Trabalho
  • 7 de setembro (domingo) — Independência do Brasil
  • 12 de outubro (domingo) — Nossa Senhora Aparecida
  • 28 de outubro (terça-feira) — Dia do Servidor Público (ponto facultativo)
  • 2 de novembro (domingo) — Finados
  • 15 de novembro (sábado) — Proclamação da República
  • 20 de novembro (quinta-feira) — Dia da Consciência Negra 
  • 24 de dezembro (quarta-feira) — Véspera de Natal (ponto facultativo)
  • 25 de dezembro (quinta-feira) — Natal
  • 31 de dezembro (quarta-feira) — Véspera de Ano Novo (ponto facultativo)

Inscrições abertas para cursos preparatórios e pré-vestibular da Redes da Maré

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Os únicos requisitos é ser morador da Maré e ter concluído o Ensino Médio ou estar cursando o último ano

Chegou a hora de os moradores da Maré que sonham em alçar novos voos educacionais no próximo ano ficarem de olho no calendário de inscrições dos cursos da Redes da Maré em 2025. Ainda há vagas para algumas turmas do curso Pré-Vestibular (CPV) e também para os cursos preparatórios para o 6º ano e para o Ensino Médio, todos com aulas começando em fevereiro. Mas é preciso ficar atento às datas dos editais.

Para quem quer entrar na universidade em 2026, a boa notícia é que dá tempo de concorrer a vagas para as turmas do tradicional CPV na sede da Redes do Pinheiro, que fica no CIEP Ministro Gustavo Capanema, e também na Ação Comunitária do Brasil, na Vila do João. São 50 vagas para cada uma das unidades e as inscrições foram prorrogadas até o dia 10 de janeiro, podendo ser feitas virtualmente. Os únicos requisitos é ser morador da Maré e ter concluído o Ensino Médio ou estar cursando o último ano. 

Depois da inscrição, o estudante passará por uma entrevista presencial de seleção. A lista dos selecionados será divulgada no dia 28 de janeiro, nos murais das sedes da Redes e também no Instagram da organização. As matrículas serão realizadas dias 30 e 31 deste mês e as aulas começam logo no dia 10 de fevereiro. As turmas regulares do CPV têm aulas de segunda a sexta-feira, das 18h30 às 22h30, nas sedes da Nova Holanda (cujas inscrições já foram finalizadas) e Pinheiro, além da Ação Comunitária na Vila do João. 

Quem se inscrever no CPV até o dia 10 de janeiro também tem chance de participar do terceiro ano do Pré-Vestibular Atuários do Futuro, que é um preparatório especifico para cursos universitários na área de ciências exatas, como Matemática, Ciências Atuariais, Estatística, Ciências Contábeis, Economia e Engenharias.Com patrocínio da seguradora Prudential, são selecionados anualmente 25 estudantes.

“Já na inscrição sabemos quem são os candidatos interessados em ciências exatas e eles podem participar do Atuários do Futuro, caso tenham disponibilidade de horário. Esse grupo tem 15 horas de reforço de física, matemática, química e redação todas as tardes da semana, na Ritma, para depois, à noite, assistir às aulas regulares do CPV nas turmas divididas nos nossos três espaços para o curso, na Nova Holanda, Pinheiro e Vila do João”, explica Luana Silveira, coordenadora do CPV.

Preparatórios

Já as inscrições para o curso Preparatório para o Ensino Médio ficam abertas até o dia 9 de fevereiro. Neste caso, há 120 vagas, distribuídas nas turmas da sede da Nova Holanda e do Pinheiro, que têm aulas de segunda a sexta-feira, das 15h às 18h15. O curso tem como objetivo preparar alunos do 9º ano do Ensino Fundamental para as provas que dão acesso às escolas técnicas e federais de Ensino Médio no Rio de Janeiro. 

Segundo o calendário da Redes da Maré, haverá entrevistas presenciais para a seleção no início de fevereiro, com a divulgação final dos selecionados no dia 14 de fevereiro. O início das aulas está previsto para 17 de fevereiro.

Finalmente, as inscrições para as crianças e adolescentes interessados no curso Preparatório para o 6º ano vão de 13 de janeiro a 10 de fevereiro virtualmente (link para o edital que ainda não entrou no site), mas quem tiver dificuldade em fazer o processo online poderá comparecer às sedes da Redes. São 50 vagas destinadas a estudantes que este ano estão cursando o 5º ano do Ensino Fundamental. Há turmas na sede da Redes da Nova Holanda e na Ação Comunitária do Brasil, na Vila do João, que têm aulas das 15h30m às 18h, de segunda a sexta-feira. 

Depois da inscrição online, será obrigatória a confirmação presencial por um responsável legal. E no dia 11 de fevereiro, os alunos cujas inscrições forem confirmadas farão uma avaliação de seus conhecimentos de Português e Matemática. O resultado final dos selecionados está previsto para 14 de fevereiro, com o início das aulas em seguida, em 17 de fevereiro.

Imagens que reconstroem memórias

Conheça profissinais que tornaram a fotografia ferramenta para questionar narrativas e recontar histórias de territórios favelados e periféricos

Por Affonso Dalua

A fotografia, nas últimas décadas, se transformou em uma ferramenta essencial para questionar narrativas e recontar histórias de territórios favelados e periféricos. Fotógrafos e fotógrafas têm usado suas lentes para reconstruir memórias, resgatar identidades e afirmar a resistência das populações desses espaços. Lais Reverte e a mareense Jones são exemplos desse movimento, explorando a conexão entre território, ancestralidade e arte contemporânea.

Foto Affonso Dalua – Segunda das almas

Diálogo visual 

Cruzando experiências pelos becos e vielas as obras das artistas se encontram na fotoperformance, apresentando identidades e narrativas faveladas produzindo cenários de ressignificação, transformando memórias e vivências em arte visual. 

A fotoperformance combina elementos artísticos da performance (dança, música, teatro, moda) e da fotografia. Nela, a ação performática é concebida especificamente para ser capturada pela câmera, resultando em uma obra de arte fotográfica.

Foto Jones – série “Os lá de casa”

Jones, cria do Conjunto Esperança, constrói as narrativas a partir de histórias orais e registros de fotografia analógica, costurando memórias de famílias pretas no território de favela. Sua pesquisa questiona o apagamento histórico ainda em curso e busca reescrever imagens que antes viviam apenas na oralidade. Para Jones, a fotografia é mais do que uma técnica, é uma forma de preservar a memória ancestral e garantir que as histórias do povo preto não sejam esquecidas.

Lais Reverte nasceu no Espírito Santo, mas atualmente vive na Zona Norte do Rio. Na obra “Foluke, O Protegido”, ela explora a fé e a resistência de um jovem negro que busca nos orixás a força para superar as adversidades da vida urbana. O nome Foluke, que significa “aos cuidados da mão de Deus”, simboliza a esperança e a proteção divina que o guia em sua jornada. Ele carrega a força dos orixás como bússola para superar os desafios do morro e manter os sonhos vivos.

Ambas as artistas revelam, por meio de suas lentes, mundos em que o concreto e o espiritual coexistem, desafiando os limites entre a realidade e a imaginação.

Foto Lais Reverte – Editorial Foluke, O Protegido

Transformação imagética

Na Maré, o movimento da fotografia popular nasce com iniciativas como o programa Imagens do Povo, do Observatório de Favelas, localizado na Nova Maré, que há 20 anos forma fotógrafos e fotógrafas, fortalecendo a produção de narrativas sobre as favelas do conjunto. Nomes como Arthur Vianna, Affonso Dalua, Gabi Lino, Kamila Camillo, Douglas Lopes e Patrick Marinho vêm rompendo estereótipos, construindo movimentos de preservação de memórias a partir das suas experiências enquanto favelados. Estes artistas tem direcionado suas pesquisas para lugares particulares, que colocam a Maré como um dos principais produtores de fotografia popular no Brasil, produzindo uma documentação imagética única sobre as 15 favelas, com linguagens visuais que vão do documental à performática.

Foto Patrick Marinho – Navengantes

Esses artistas, ao lado de Jones e Lais, ressignificam a fotografia ao torná-la uma ponte entre a memória coletiva e as expressões contemporâneas. Jones define de forma poética que “assim como o fotolivro no botão, costuro memórias em tecidos até que se prendam no tempo do contar”. As obras dela são uma forma de reafirmar a existência, resgatar identidades e garantir que histórias sejam fixadas no tempo.

Arte Contemporânea 

Ao longo dos últimos anos, a fotografia popular foi além do registro cotidiano e passou a dialogar diretamente com as artes contemporâneas, explorando novas estéticas, que vão desde editorias com direção de arte, fotografias acompanhadas de instalações e áudios e outros formatos como as pipas e cangas do fotógrafo Arthur Vianna. Lais Reverte se insere nesse contexto com produções performáticas que transcendem o documental, enquanto Jones, com sua linguagem única, costura identidade e ancestralidade em uma narrativa profundamente conectada à história de sua família e as favelas da Maré.

Foto Arthur Vianna – Azul Walter Firmo

Essa transição não é apenas estética, mas política. Ela reafirma a favela como espaço de produção cultural de alta relevância, onde as histórias são narradas por quem vive nela. As obras são manifestações de resistência e potência criativa, ampliando o alcance das vozes faveladas e periféricas no cenário das artes visuais contemporâneas e mostram como a fotografia pode ser uma ponte poderosa entre o passado, o presente e o futuro das favelas e periferias do Brasil.