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Eficácia global da Coronavac é de 50,4%, detalha Butantan

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Por Edu Carvalho, em 12/01/2021 às 15h

Editado por Andressa Cabral Botelho

Em coletiva do Instituto Butantan junto ao Governo do Estado de São Paulo, foram apresentados os últimos dados relativos à vacina CoronaVac. Na ocasião, o Butantan detalhou que a eficácia global é de 50,4%. 

A taxa apresentada é superior ao mínimo exigido pela Organização Mundial da Saúde e também pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que é de 50% para a aprovação de vacinas. 

Já os dados apresentados na semana passada, referentes aos 78%, correspondem à prevenção de casos leves. Para casos moderados e graves, a CoronaVac tem 100% de proteção, de acordo com o Instituto.

A CoronaVac é uma vacina contra a covid-19 que usa vírus inativados. Ela é desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Butantan, que é vinculado ao governo de São Paulo.

Educação de jovens e adultos: ENCCEJA está com inscrições abertas

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Prova é a ponte para quem pretende concluir o ensino fundamental ou médio.

Por Thaís Cavalcante em 12/01/2021 às 11h30

Editado por Edu Carvalho

Estão abertas as inscrições para o Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (ENCCEJA) a partir desta segunda (11) e vai até o dia 22 de janeiro. A prova é gratuita e será realizada em abril. Ela é necessária para maiores de 15 anos que pretendem concluir o ensino fundamental e para maiores de 18 anos que desejam concluir o ensino médio. Para conferir material de estudos grátis, ler orientações, informações sobre justificativa de ausência e realizar a inscrição, clique aqui. O Exame tem sua prova estruturada a partir das áreas de conhecimento básicas, como Língua Portuguesa, Ciências Naturais, Matemática, História e Geografia entre outras.

Jaqueline Luzia, professora na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e cria da Vila dos Pinheiros, atua desde os anos 90 na área da educação de jovens e adultos (EJA). Chegou a trabalhar com crianças também, mas fez de sua escolha o EJA por suas características, um pouco distintas do ensino tradicional. Sua trajetória é marcada pela participação em diferentes projetos de alfabetização e letramento em Organizações Não Governamentais do território e também na rede municipal de ensino. 

“Acredito que qualquer trabalho relacionado à educação é feito a partir da realidade, mas nesta modalidade isso é fundamental, porque a gente trabalha com pessoas que têm ou não algum tipo de trajetória escolar. Mais do que isso, histórias de vida diferenciadas e que eu conheço essa realidade assim como eles”, conta.

Sobre a necessidade do Exame ENCCEJA para conclusão do ensino fundamental e médio, ela admite que a sociedade em que vivemos valoriza a certificação educacional e isso deve ser considerado. “Ainda que as pessoas saibam mais do que o certificado, a escola é fundamental, porque o diploma te dá um outro tipo de representatividade. Acredito que o tema principal é o direito à educação, que todos nós temos perante à lei. Seja criança, jovem, adulto ou idoso”, diz Jaqueline. 

Três pontos são fundamentais para que a educação escolar se firme como fundamental: O primeiro é relacionado à prática pedagógica e sua certificação, o segundo é sobre os conhecimentos curriculares específicos e o terceiro é o estímulo dos estudos na escola e para além dela. Uma educação que vai se atualizando ao longo do tempo.

É o caso de Maryzete Farias, moradora do Parque União, que estava há nove anos sem estudar e depois que seu sogro a presenteou com livros didáticos encontrados no lixo, ela passou a se dedicar aos estudos. Fez a prova em 2019 e concluiu essa etapa de sua formação. O próximo passo é o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio). Mary tem o sonho de se tornar psicóloga e possui um projeto de estímulo à leitura infantil. “Acho que é uma ótima oportunidade para quem quer terminar os estudos. Quanto mais pessoas tiverem acesso ao conhecimento melhor”, conta.

Para além do ENCCEJA que avalia o conhecimento de quem deseja se formar, existem os CEJAs: Centros de Educação de Jovens e Adultos, que são como escolas da Rede Estadual de Ensino do Estado do Rio de Janeiro que oferecem o aprendizado para quem não concluiu sua formação no período estipulado. Estimular mais escolaridade aos moradores da Maré é necessário e urgente. 
Segundo o Censo Maré, cerca de 37,6% da população tem o ensino fundamental. Já o ensino médio é pouco mais de 18%. O Conjunto de Favelas da Maré possui o único CEJA dentro de uma favela do Rio de Janeiro desde 2012. O CEJA Maré, localizado na Baixa do Sapateiro, atende cerca de 430 alunos e possui a infraestrutura de uma escola, com sala de leitura, salas com ar condicionado, refeitório e auditório.

Polícia Militar invade casa de moradores no Santa Marta

Policiais da UPP estavam em patrulhamento na Ladeira dos Guararapes, na comunidade Cerro Corá

Por Edu Carvalho, em 11/01/2021 às 13h

Na manhã desta segunda-feira, 11, o repórter fotográfico Tandy Firmino, morador do Santa Marta, gravou um vídeo relatando a invasão da sua casa por policiais militares. Segundo ele, a PMERJ realizou uma operação na comunidade e entrou em diversas casas.

Confira o relato de Tandy Firmino, morador do Santa Marta

“A realidade do morador de favela é essa. Minha filha acordada, chorando. Fui abordado agora pela manhã, dentro de casa’’, conta. ‘’A realidade do morador de favela é essa. 

Preto, pobre e favelado. E o que acontece? Tá aqui, minha porta arrebentada. Quem vai pagar o prejuízo? O Estado vai fazer isso? Além do susto, isso é muito esculacho.

Eu trabalho tranquilamente, estou de férias, e ainda sai como errado, como se não tivesse escutado”, completa o fotógrafo, mostrando como ficou o estrago na porta.

“Infelizmente é a rotina. A gente não tem nenhum tipo de direito morando em favela, e ainda me colocam como errado por não ter escutado. Estava em casa, dormindo, de férias. E ainda perguntam o quê eu faço. Precisamos ter direito, não precisa ser dessa forma’’, termina o vídeo. 

Em nota, a PMERJ informou que na manhã desta segunda-feira (11/01), policiais militares da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Santa Marta estavam em patrulhamento na Ladeira dos Guararapes, na comunidade Cerro Corá, quando foram atacados por disparos de arma de fogo. Houve reação. Após cessarem os disparos, uma granada foi localizada e apreendida. Até o momento, não há relatos de prisões ou de possíveis feridos. A ocorrência foi encaminhada para a 9ª DP. Além disso, também disse que esta prática (invasão) não é prevista nos protocolos da Corporação.

A Corregedoria Geral da Corporação disponibiliza canais para o recebimento de denúncias. O anonimato do denunciante é garantido. O contato pode ser feito por telefone pelo número (21) 2725-9098 ou ainda pelo e-mail [email protected].

Cada foto, uma história: referências da fotografia popular

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No Dia do Fotógrafo (08/01), conheça quem vive dessa arte nas favelas da Maré.

Por Andressa Cabral Botelho e Thaís Cavalcante em 08/01/2021 às 17h

Editado por Edu Carvalho

Quando se pensa em fotografia no Brasil, um dos primeiros nomes que se vem à mente é o de Sebastião Salgado, fotógrafo conhecido nacional e internacionalmente pelo trabalho de décadas, com seu estilo em preto e branco, capturando imagens de indígenas, ribeirinhos e trabalhadores do campo. Entretanto, se tratando de fotografia popular, são outros nomes que surgem em mente: Valda Nogueira, AF Rodrigues, Rodrigues Moura, Léo Lima, entre muitos outros, que têm origem nas favelas e periferias e tem um olhar apurado para enxergar as belezas que normalmente outros fotógrafos não veem. Ou, mais que isso, retratar aquele espaço e aquelas pessoas que ali moram de forma humanizada, diferente do olhar externo que espetaculariza o que é diferente do seu comum.

Pensando nas pessoas que têm como papel registrar em imagens fragmentos da realidade, foi instituído o dia 08 de janeiro como o dia nacional da fotografia ou dia do fotógrafo. Para celebrar essa data, crias do Conjunto de Favelas da Maré falam como é documentar uma realidade tão única e suas experiências com ela.

Ratão Diniz, fotógrafo documental e cria da Nova Holanda, hoje vive no Nordeste e é uma das grandes referências da favela para todo o país. Com o livro “Em Foto” publicado, ele garante que a fotografia não é a ação em si, mas a consequência de relações que ele constrói com as pessoas. “São diversas possibilidades. Escolhi a documental conectada à humanista para contar minhas narrativas e vivenciar diversas experiências. A fotografia, pra mim, representa uma ferramenta e linguagens poderosas para eu discutir o meu lugar, o meu espaço e o lugar dos meus”, conta.

Reitera o seu poder “Tanto para o uso do bem quanto para o uso do mal. Eu fiz a escolha de poder contar a minha versão das histórias e vivenciar experiências. Citando o mestre Ripper, eu uso de uma forma do bem-querer, porque ela dialoga com quem eu fotografo diretamente”. Ele se refere a João Roberto Ripper, fundador do Programa Imagens do Povo junto ao Observatório de Favelas em 2004.

Quem também firmou a vida na fotografia é Paulo Barros, morador da Baixa do Sapateiro e hoje estudante de Pedagogia. Ele atua com fotografia desde 2009, quando participou da Escola de Fotógrafos Populares, na Maré – e lá, além de muitas amizades dentro do meio, aprendeu o ofício da fotografia, que é onde atua. Para Paulo, a fotografia foi fundamental para ele se reconhecer como mareense e uma forma de lutar por políticas públicas: “A fotografia pode servir tanto para fazer registros como ferramenta de denúncia. Ela faz eu me integrar à favela e a tentar fazer algo diferente e melhor para esse espaço”.

Em 2016 ele foi aprovado no vestibular para cursar Pedagogia na Universidade do Estado do Rio de Janeiro e aliou o estudo ao trabalho, pensando em projetos pedagógicos a partir do ensino e uso da fotografia. “Se a gente quer mostrar uma concepção de mundo diferenciada para as nossas crianças, a gente precisa, na base, ensinar a fazer uma boa leitura da imagem. Se você tem um bom entendimento de que sensação uma imagem pode gerar para você, você consegue entender o mundo, já que a gente consome imagem o tempo inteiro nas mídias sociais”, destacou.

Mas a favela da Maré é apenas o início dos seus cliques de Paulo. Ao longo dos seus 12 anos de fotografia, ele já teve a oportunidade de viajar em turnê com a Banda Confronto, assim como trabalhou fazendo a cobertura do trabalho das bandas Ágona e Canto Cego no Rock In Rio, que se apresentaram no Espaço Favela em 2019. Em paralelo à cena musical, ele já desenvolveu trabalhos com jornalismo, no projeto de comunicação Viva Favela, e com educação, como oficinas de fotografia com os frequentadores do CAPSad Miriam Makeba.

Paulo Barros

A nova geração da fotografia da Maré

Patrick Mendes, fotógrafo documental e morador do Morro do Timbau, uma das favelas da Maré, escolheu a profissão depois de participar da Escola de Cinema Olhares da Maré (ECOM), Imagens do Povo e não parou mais. Com referências como Naldinho Lourenço, Bira Carvalho e o próprio Ratão, registra a realidade e as publica na internet, praticando o seu olhar no dia a dia. “Ainda que a minha família tivesse receio no início, com o tempo vi que dava para viver de fotografia e ainda ajudar meus pais”, comenta. 

Nem sempre foi assim. Ele, que precisava sair nas ruas para fazer seus registros, ficou em casa por meses, devido ao surgimento da pandemia. Chegou a vender uma câmera e lente fotográfica para complementar a renda em casa. “Estava me sentindo muito impotente, então somei com a Frente de Mobilização da Maré e pude documentar durante sete meses sem parar. De manhã e tarde eu distribuía cestas básicas, fotografava e à noite editava as fotos”. 

Para ele, fotografia é mais. “Eu uso a Maré como um quadro em que eu posso pintar. Eu acho muito lindo a arquitetura da favela, a tendinha, os pescadores da vila… eu uso como a minha base e a galera vai se identificar”. Completa, ainda, que é fundamental trocar uma ideia antes da foto e criar uma intimidade com o morador. Assim como fazer impressão da imagem e entregar em mãos, para que a arte volte para quem esteve nela.

Assim como Patrick, inúmeros mareenses compõem essa nova geração de profissionais registrando seu cotidiano, os eventos locais, lideranças comunitárias, a vida e tudo o que atravessa: a dor, alegria, luta e sensações traduzidas em imagens. A formação e oportunidade dessa atuação dentro da favela só é possível porque existe o acesso à ela. Assim como a ECOM e o Imagens do Povo, existiu a Escola Popular de Comunicação Crítica (ESPOCC), a promoção à fotografia analógica Pinhole com o projeto Mão na Lata, assim como temos um acervo de fotos do território no Museu da Maré, fotos no Museu de Imagem Itinerante da Maré (MIIM) e na Galeria 535, localizada no Observatório de Favelas.

Foto: Patrick Mendes

Registros que ficam para a história

Um nome que marcou diversas gerações da fotografia popular certamente é Manoel Rodrigues Moura, popularmente conhecido como Seu Rodrigues, dono de sorriso franco e voz cativante. Nascido em Minas Gerais, chegou ao Rio de Janeiro em 1979 e foi morar na casa de um amigo no Complexo do Alemão. Antes de trabalhar com fotografia, trabalhou com construção civil e foi justamente durante uma obra que ele ouviu no rádio sobre o curso de fotografia que o faria ingressar em sua nova profissão. Começou fotografando festas e batizados até que, em 2001, surgiu a oportunidade de trabalhar no Viva Favela, projeto de comunicação comunitária da ONG Viva Rio. Neste momento, Seu Rodrigues começou a atuar com jornalismo e não parou mais.

Desde então, Seu Rodrigues se tornou referência em fotografia, mas principalmente, os olhos do Alemão, registrando diversos acontecimentos, como a ocupação da polícia militar no Complexo do Alemão em 2010. Curiosamente ele, que fazia registros de imagens, começou a perder a visão ainda na primeira metade dos anos 2000 devido a diabetes, mas isso não o impediu de dar continuidade ao seu trabalho. “A câmera é minha amiga e acaba vendo aquilo que hoje eu não consigo ver, mas ainda sei os comandos e temos essa parceria. Para fotografar, são necessários 4 elementos: o cérebro para pensar, o coração para sentir, os olhos para ver e as mãos para manusear o instrumento de trabalho, eu perdi um, mas continuo com os outros três e por isso ainda faço minhas fotos”, contou em entrevista para o Voz das Comunidades em março de 2020.

Deborah Athila foi uma das pessoas que pôde trabalhar com o fotógrafo durante a sua passagem como repórter pelo Viva Favela, entre 2014 e 2017, e para além da relação profissional, tornaram-se amigos. O primeiro contato veio a partir de uma pauta que fizeram juntos, que se transformou em uma matéria audiovisual. Depois disso, eles criaram um projeto paralelo ao Viva Favela. “Por quase um ano frequentei a casa dele às terças-feiras. De 30 mil fotos de seu acervo, conseguimos selecionar umas 90. Metade fotos do cotidiano e entretenimento pelas ruas da favela, outra metade fotos de família, dentro das casas, com personagens ricos em histórias – como a família mineira sua amiga que ‘povoou’ o Morro dos mineiros, a parteira da favelas fez tantos partos por lá, etc”, lembrou a jornalista. 

Ao longo da carreira, participou de exposições como “Por Dentro da Favela”, em 2003; “Rio de Olhos Abertos” e “Eco Favela”, em 2005; e “Moro na Favela”, em 2006. Seu trabalho também foi reconhecido por jornais como O Globo, O Dia e Extra, que já utilizaram as suas fotos em matérias. E assim como muitos fotógrafos da Maré, Seu Rodrigues também passou pela Escola de Fotógrafos Populares da Maré, em 2006.

 Em abril de 2020 veio a notícia da morte repentina de Seu Rodrigues, em meio à pandemia, o que chocou a todos e todas que tiveram a felicidade de conviver e aprender com ele. “Na hora fiquei triste e arrasada, ainda mais porque não pude ir ao seu enterro por causa da covid-19. Mas sempre que lembro dele, abro um sorriso e me sinto grata pelos momentos que tivemos, e por tudo que aprendi com ele”, lembra Deborah. Mesmo com a dor da partida, fica o legado de anos de trabalho dedicados à fotografia e de amizade que tinha por todas as pessoas com quem conviveu.

Conheça alguns fotógrafos da Maré:

AF Rodrigues

Bira Carvalho

Douglas Lopes

Francisco Valdean

Kananda Ferreira

Kamila Camillo

Matheus Affonso

Naldinho Lourenço

Paulo Barros

Patrick Mendes

Ratão Diniz

Rosilene Miliotti


Aumento de casos de covid-19 é esperado devido a aglomerações de final de ano

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Por Thais Cavalcante, em 08/01/2021 às 11h

Editado por Edu Carvalho 

“Não podemos fazer deste fim e começo de ano o momento mais triste da nossa história, favorecendo o aumento do número de casos e consequentemente do número de óbitos. Teremos outros natais, outros dezembros”. Essa fala é de Margareth Dalcolmo, médica pneumologista, consultora da Organização Mundial da Saúde (OMS) e pesquisadora da Fiocruz, na edição Especial Boletim De Olho no Corona!, da Redes da Maré. O aumento de casos e mortes a partir do mês de novembro foi apenas um alerta para o que estava por vir: as aglomerações em decorrência das festas de final de ano e a subida nos números do novo coronavírus.

A diminuição dos cuidados da população em combate ao coronavírus neste período de 10 dias foi um alerta para todo o mundo. Especialistas alertam, ainda, que a pandemia não acabou, e que o número de casos nos próximos meses deve aumentar. A Secretaria Municipal de Saúde divulgou que a taxa de ocupação de leitos de UTI no município do Rio de Janeiro é de 91%. Já a taxa de ocupação dos leitos em enfermaria é de 87%. No início da primeira semana de janeiro, 102 pessoas aguardavam transferência para leitos de UTI Covid-19. Para Dalcolmo, a aprovação e regulamentação da vacina é a grande arma para controlar a transmissão do novo coronavírus e conter este segundo ano de pandemia.

Para a vacinação em massa, as doses da vacina devem chegar ainda em janeiro: a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) ganhou liberação para importar 2 milhões de vacinas. E o prefeito Eduardo Paes prometeu aos cariocas que vai seguir o Plano Nacional de Imunização para que isso aconteça logo no Rio. Mas a realidade do Brasil não consegue se dedicar apenas à fase final para minimizar a covid-19. As urgências ainda passam por questões sociais e de saúde pública.

José Francisco é morador no Conjunto Pinheiros, na Maré, técnico de enfermagem aposentado e especialista em transplante de órgãos. Para ele, a desinformação influenciou as aglomerações devido à falta de clareza das autoridades. “Eu caminho muito pelas ruas e vi que todos voltaram à rotina anterior à pandemia, com festas na porta de casa. O uso de máscara reduziu significativamente e tem pessoas que não limpam a máscara ou não tem dinheiro para comprar mais de uma. O que o estado está fazendo para isso?”, questiona. 

Ele percebeu, ainda, que as informações de cuidado que se espalharam pelas ruas da favela sumiram, assim como a diminuição de doações de alimentos. Reforça a necessidade que os moradores têm de uma comunicação mais fácil de ser entendida e na substituição de termos técnicos, por exemplo. “Não tive nenhum ente querido afetado pela covid-19, mas como profissional de saúde eu sei como isso é sofrido”, admite José.  

A preocupação pela saúde dos moradores de favelas é motivada especialmente pela situação histórica de vulnerabilidade social que a população vivencia. São mais de 3 mil mortes e mais de 28 mil casos confirmados nas favelas cariocas. A situação é grave: o Conjunto de Favelas da Maré continua sendo o território com mais casos. 2.449 pessoas que testaram positivo para a doença e outras 158 morreram. Em número de óbitos, a Maré é a terceira com mais perdas, ficando atrás de duas comunidades de Itaguaí. O levantamento de dados é feito pelo Painel Unificador COVID-19 nas Favelas do Rio de Janeiro (07/01). Segundo último boletim divulgado pela Prefeitura do Rio, a Maré está entre os oito bairros com risco moderado de contaminação. 

Enfrentamento da pandemia

Para minimizar o impacto da covid-19 na Maré, o Projeto Conexão Saúde – De Olho na Covid oferece atendimento e apoio aos moradores do território. Seja por meio de testes gratuitos que identificam o vírus, apoio durante o isolamento ou até através de consultas médicas diversas 100% online. De acordo com o Dados do Bem, responsável pela realização dos testes no território, em novembro e dezembro foram feitos mais de 3.200 testes rápidos e cerca de 1.067 testes PCR. No último mês, houve aumento na procura do serviço, com filas na porta do Galpão Ritma, na Rua Teixeira Ribeiro, o que não acontecia antes. Em meses como setembro e outubro, por exemplo, era possível ir diretamente ao galpão para realizar o teste. Já hoje, com o aumento  da procura, é necessário que a população utilize o aplicativo para agendar a testagem, evitando, assim, aglomerações no espaço e não correndo risco de uma possível contaminação.

Fonte: Edição Especial Boletim De Olho no Corona! 12/2020

Cuide-se, mareense!

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Sem Auxílio Emergencial, desigualdade social tende a crescer nos próximos meses

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67 milhões de pessoas ficarão sem ajuda do programa social com o fim do plano

Por Edu Carvalho e Hélio Euclides, em 07/01/2021 ás 10h

Editado por Edu Carvalho

Tornar ainda mais perceptíveis as desigualdades latentes em nosso país, expondo a vulnerabilidade com que a maioria da sociedade brasileira é condicionada a viver. Não ter saída para quem vive com renda mínima, que não está assegurado por ser informal ou mesmo aqueles que estão desempregados. A pandemia da covid-19 não trouxe só o pânico sanitário, mais também a urgência em resolver questões que custam, e muito, ao país. 

 Para movimentar a economia e tentar garantir a sobrevivência das pessoas, a equipe econômica do governo federal queria conceder apenas R$ 200 aos informais em um período de três meses. Nascia, com isso, o Auxílio Emergencial, também apelidado em determinado como ”Coronavoucher”. Num jogo de estica e puxa com o presidente da Câmara Rodrigo Maia, o presidente Jair Bolsonaro decidiu anunciar o aumento do valor do auxílio para R$ 600, superando o proposto por parlamentares.  Infelizmente nem todo mundo que precisava conseguiu receber o auxílio. E muitos que não se enquadraram no perfil burlaram a regra e o receberam indevidamente. O grande problema de 2021 é que ele começa sem esta ajuda para a população mais vulnerável do país. 

É o caso de Simone Lauar, jornalista comunitária e moradora do Salsa e Merengue, uma das favelas que fazem parte da Maré. “Moro com a minha irmã, que recebeu como chefe de família. Foi um ano complicado, pois perdi meu emprego e fiquei dependente desse auxílio que nem era meu, mas ajudou a minha casa”, conta.

Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, a PNAD, a taxa de desemprego chegou a 14,2% em novembro, a maior da série histórica, que começou a ser contabilizada em 2012. Essa porcentagem corresponde, em pessoas, a 14 milhões de brasileiros sem emprego – em outubro foram 13,8 milhões. 

Mesmo com as suas dificuldades financeiras, Simone percebe pessoas em pior estado na favela. Ela utiliza o jornal blog Garotas da Maré, para ajudar quem ficou sem o auxílio, com arrecadação de alimentos e roupas. “Muitos estão passando fome. Estamos zerados. Não sei como será daqui para frente, sem o auxílio. Só sei que o que arrecadar, vou doar. Precisamos de união para ajudar uns aos outros nesse momento”, diz. Para quem desejar colaborar: Nubank pagamentos S/A, agência: 0001, conta corrente: 4149758-2. Para doação de alimentos Instagram: @garotasmare.

Falta de pagamento gera angústia

    Muitos brasileiros não receberam os pagamentos finais do programa. Foi o que aconteceu com Vanessa do Nascimento Vieira, moradora do Salsa e Merengue. “Aqui em casa tenho sete filhos, sendo dois casados, que estão comigo por conta da crise. Eu recebi o auxílio, mas quando mudou o valor para a metade, não veio. Eles até colocaram R$ 189 de bolsa carioca que eu nunca tinha recebido, mas em dezembro isso também não veio”, expõe. 

Vieira entrou na justiça, para reparação de direitos e aguarda julgamento do caso. “Esse dinheiro teve que ajudar todos, porque aqui ninguém tem carteira assinada. Trabalhava de faxina e em salão de cabeleireiro, mas com a pandemia não tem trabalho, faltam clientes. Com o dinheiro do auxílio ainda fiz as impressões dos exercícios das escolas dos meus pequenos e paguei explicadora”, diz. Colocar comida na mesa só foi possível por conta das cestas básicas distribuídas pela Redes da Maré. “Da escola do meu filho que é autista recebi uma única vez. Minhas clientes também me ajudaram com dinheiro, compras e até na impressão das apostilas”, conta. Para piorar, ela e dois filhos tiveram contágio do vírus, e em alguns momentos ficaram sem o abastecimento de água em casa, o que impossibilitava parte dos cuidados em relação ao combate. 

Camilla Nascimento, moradora de Marcílio Dias, outra favela da Maré, sofre com o fim do pagamento do benefício. “Já estou louca pensando como vai ser agora, sem esse auxílio, sem o Bolsa Família e sem o BPC (Benefício de Prestação Continuada), que eu dei entrada em abril e até agora nada de resposta do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social)”, comenta. Ela conta que em 2019 procurou o Centro de Referência de Assistência Social de Belford Roxo, onde morava, para receber o Bolsa Família. No mesmo ano foi cortado o benefício por um erro. Além do sofrimento com a pandemia, a família recebeu a notícia que o filho sofre de câncer. “A vida não é fácil para quem tem saúde, imagina para quem tem um filho com enfermidade? Fico triste e angustiada com o fim do auxílio, que foi uma burocracia para receber”, expõe. No aplicativo da Caixa mostra que Camila recebe o Bolsa Família.