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Do lixo ao luxo, mesmo com a pandemia

Catadores relatam dificuldades nos últimos meses, mas não desistem da reciclagem de materiais

Maré de Notícias #115 – agosto de 2020

Hélio Euclides

Esse ano não teve visita do Coelhinho da Páscoa, almoço do Dia das Mães, Festa Junina e o presente do Dia dos Pais talvez seja a tradicional canção do Fábio Junior, enviada pelo WhatsApp. A pandemia mexeu com a economia e essas comemorações, assim como outras, não aconteceram e o dinheiro não circulou. Os mais prejudicados são os que conseguem ganhar a vida no mercado informal, na maioria das vezes os que atuam na rua. Um exemplo destes profissionais é o catador de materiais sólidos ou, como desejam ser chamados, “garimpeiros da reciclagem”. Com a pandemia, eles ficaram em isolamento e perderam renda. A reabertura, entretanto, parecia um retorno às atividades e ao lucro, mas estes profissionais encontram a desvalorização nos preços e pouco dinheiro no bolso.

Durante o isolamento social, o Grupo de Trabalho de Resíduos Sólidos da Rede Favela Sustentável organizou uma live interativa que desejava saber quais os impactos da pandemia na vida dos catadores. Além de discutirem os principais empecilhos, os catadores enfatizaram as diversas maneiras pelas quais são essenciais para a sociedade, sendo a economia um dos fatores. Os catadores exigem valorização, já que exercem um papel crucial para a reciclagem, sendo agentes ambientais. Eles também lembram que a categoria é indispensável na cadeia produtiva e, hoje, o maior desafio é enfrentar a ideia de prefeituras de que o lixo deve ser enterrado ou incinerado. Por fim, destacaram durante o encontro virtual que lixo também é dinheiro e, quando reciclado, gera emprego e renda, mas se vão para o aterro sanitário é despesa e poluição.

Ilaci de Oliveira, da Cooperativa Transvida na Vila Cruzeiro e integrante do Grupo de Trabalho de Resíduos Sólidos da Rede Favela Sustentável, participou da live. Ela conta que, com o isolamento social, as pessoas ficaram em casa e se formaram mais materiais sólidos, mas em compensação o preço para a venda despencou. “Isso prejudica, pois temos de trabalhar mais para conseguir o valor necessário para comprar alimentos e materiais de higiene para casa”, diz.

A catadora afirma que, nesse momento, mais do que em outros, o ideal é a formação de cooperativas de catadores. Ela afirma que montar uma cooperativa não seria tão difícil. O primeiro passo seria ver se tem um grupo que já realiza um trabalho na favela. “Em 2006, convidei duas pessoas que já coletavam resíduos para formalizar, depois vieram mais pessoas, hoje somos 28 mulheres. Nos mobilizamos e conscientizamos a comunidade para a importância de separar os materiais. Nada é impossível, tem de ter uma boa articulação para explicar o trabalho e dividir tudo em partes iguais”, comenta. Ilaci indica que para a formalização da cooperativa é preciso sete pessoas para compor a diretoria e ter os recursos para a documentação.

Outro que participou da reunião virtual foi Gilberto Batista, de 56 anos, fundador do Projeto Limpa Só Lazer, no Salgueiro, e integrante do Grupo de Trabalho de Resíduos Sólidos da Rede Favela Sustentável. Ele conta que a pandemia trouxe o medo de se contaminar durante o trabalho, pois além de ficarem expostos nas ruas, os profissionais não têm equipamentos de proteção individual. “Os ferros-velhos ganham, pois compram barato, armazenam e vendem para grandes indústrias. Precisamos que a sociedade valorize o catador, pois nós queremos uma favela limpa. Com o nosso trabalho, diminuem as enchentes”, avalia. Para Gilberto, o governo precisa acabar com as burocracias e trazer incentivos para o catador. “Somado a isso, é necessário acabar com a desunião, na qual cada um caminha sozinho. É indispensável se criar um fórum para que todos tenham entendimentos sobre a profissão, pois o conhecimento liberta”, conclui.

Ajude os catadores

A Rede Favela Sustentável criou uma campanha unificada do Grupo de Trabalho de Resíduos Sólidos, para apoiar diversos movimentos de ajuda a catadores da cidade do Rio durante a pandemia. Basta seguir #ApoieUmCatador nas redes sociais para obter mais informações.

http://www.paypal-brasil.com.br/doe/apoieumcatador#all

A Cooperativa Transvida fez uma vaquinha on-line em busca de apoio para a compra de produtos de limpeza e alimentos básicos para proteger as famílias dos catadores.

http://www.vakinha.com.br/vaquinha/apoio-no-combate-ao-coronavirus-na-periferia-ilaci-de-oliveira-luiz

Os catadores da Maré

Vagner Moreira, de 38 anos, trabalha como catador há nove anos com sua carrocinha. Morador da Nova Holanda, ele completa a sua renda com bicos, como descarregar caminhão. Na pandemia, teve de interromper o garimpo, pois as lojas de Bonsucesso, onde atua, ficaram fechadas. Até os ferros-velhos da Maré não funcionavam. Para piorar, o preço de compra era menor quando reabriram.

Ele é um dos inúmeros catadores que trabalham até 12 horas por dia, sem almoço, em ambiente insalubre, carregando o peso dos produtos que recolhe por longos trajetos, debaixo da radiação solar ou de chuva. “Meter a mão no lixo é difícil. As pessoas têm nojo da gente. É uma vida dura, saio de madrugada ou trabalho a noite toda. Por outro lado, é um serviço honesto, onde arrumo dinheiro sem prejudicar o próximo”, diz. Vagner conta que nunca falaram com ele sobre cooperativa. “Acho que seria uma boa para nós, com uma possível parceria para limpar os valões. A legalização seria a oportunidade para receber um benefício, como ter aposentadoria”, explica.

Por temerem contágio de Covid-19, garimpeiros ficaram sem renda na pandemia – Foto: Douglas Lopes

Há sete anos, Valdemir Gomes é garimpeiro na Maré. O morador do Rubens Vaz tem 41 anos e reclama que, nessa pandemia, chegou a vender garrafas de refrigerantes por apenas 50 centavos por quilo e plástico duro por 40 centavos. Isso o desmotiva a continuar. “É uma vida dura de ver no lixo uma forma de sustento. Trabalhamos sem banheiro e tentando superar o maior obstáculo que é o preconceito. Nesse período de pandemia, a força dos catadores veio das instituições e igrejas que os fortaleceram com alimentos. Agora precisamos de luvas, botas, máscaras e materiais para higienização”, conta. Valdemir calcula que a Maré tenha uns 500 catadores.

Ele começa no batente na madrugada, às 4h, para pegar as ruas ainda vazias e acredita que ser cooperativado evitaria de que o lucro caísse nas mãos dos ferros-velhos. “Eles nos exploram. Nós, que vivemos do material que vendemos, precisamos de orientações e consciência. Esperamos que, após a pandemia, os preços dos materiais aumentem”, diz. Valdemir está tirando todos os documentos e recomenda a todos os garimpeiros que façam o mesmo, pois assim será mais fácil trabalhar legalizado.

VOCÊ SABIA?

De acordo o Censo do IBGE de 2010, existem no Brasil cerca de 398 mil pessoas ocupadas como catadores. A cooperativa EccoVida estima que, passados 10 anos, e com o panorama econômico durante a pandemia, este número possa ser ultrapassado apenas no estado do Rio de Janeiro. A atividade profissional dos catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis é reconhecida pelo Ministérios do Trabalho e Emprego desde 2002, segundo a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO).

A Lei Nacional de Resíduo Sólido nasceu com o objetivo de promover a gestão dos resíduos sólidos, bem como a inclusão social e valorização profissional dos catadores de materiais recicláveis. A Lei instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que recomenda ao poder público a implantação de infraestrutura física e aquisição de equipamentos para cooperativas, a disponibilização de postos de entrega de resíduos reutilizáveis e recicláveis e a atuação em parceria com cooperativas ou outras formas de associação de catadores.

Sem condição não tem Graduação!

Mareenses enfrentam dificuldades para estudar para vestibular

Maré de Notícias #115 – agosto de 2020

Flávia Veloso

Durante uma palestra on-line, um professor de Direito Constitucional contou da experiência que teve em sala de aula com os alunos e uma amiga professora uruguaia. Falando sobre acesso à Educação no Uruguai, a convidada causou surpresa aos alunos, ao dizer que fazer faculdade no seu país é gratuito e de acesso livre. Isso quer dizer que qualquer cidadão uruguaio que quiser se graduar, depois de terminado o Ensino Médio, pode se inscrever em uma das universidades públicas disponíveis no país e estudar.

A Constituição vigente na República Oriental do Uruguai assegura que toda a formação acadêmica, da infância à vida adulta, seja completamente acessível a todos e todas. Em teoria, a Constituição brasileira deveria funcionar da mesma maneira, já que todo cidadão tem direito à Educação e essa condição deve ser assegurada pelo Estado. Contudo, o que se vê no Brasil é um abismo que separa o ideal e da realidade.

Com um sistema que filtra o merecimento do estudante pela nota, o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) é a maior porta de entrada para universidades públicas e privadas do País. Os milhões de inscritos, por ano, concorrem para milhares de vagas em cursos superiores, mas só garantem um lugar aqueles que mais se aproximam do ideal: quem tem boas condições para estudar.

Durante a pandemia da COVID-19, com as aulas presenciais suspensas do Ensino Infantil ao Superior, a maneira mais eficaz de transmitir conteúdo passou a ser on-line. Contudo, a falta de internet domiciliar como principal meio de estudar afastou ainda mais o sonho da universidade de quem mora na favela. Historicamente negligenciada por quem governa o País, a Educação de quem mora na favela não é prioridade de investimento, menos ainda em meio à pandemia.

Enfrentando barreiras em família          

A falta das aulas presenciais tem sido um desafio para Andreyna Rodrigues, 19 anos, moradora do Morro do Timbau, que tinha tudo planejado para concorrer a uma vaga na universidade: “Me planejei para estudar esse ano e passar no vestibular, mas veio a pandemia, então as aulas presenciais do pré-vestibular comunitário, que faço no Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré (CEASM), pararam. As aulas foram retomadas virtualmente, mas é muito difícil se concentrar, porque ando muito ansiosa desde que o isolamento social começou. Minha internet é instável, mas ainda dá para assistir a algumas aulas, só que muita gente não tem nem internet”, conta a jovem sobre sua experiência de lidar com o desafio do vestibular durante o isolamento social.

Vivian Lee teve de adaptar o espaço de sua casa para conseguir estudar para o ENEM, que vai acontecer em 2021 – Foto: Douglas Lopes

Mãe de Andreyna, Vivian Lee, de 34 anos, também está inscrita no Exame. Ela tenta conciliar o estudo com seu papel de mãe, de não deixar o desânimo vencer a filha, que pretende cursar Direito ou Relações Internacionais. Vivian enfatiza o problema que tem para acessar os conteúdos virtuais: “A internet no Timbau é muito ruim. A gente já até tentou falar com a Oi sobre isso, mas parece que o sinal daqui é mais fraco que em outros lugares. Outra dificuldade é que não possuímos computador, temos de ver tudo por celular, mas dá para usar os materiais em PDF enviados por mensagem, que a gente pode imprimir e estudar.”

Maré sem sinal

A conexão ruim tem sido um dos maiores problemas das favelas, em especial a Maré, e atrasou os planos de um curso pré-vestibular comunitário inteiro. Foi o que aconteceu com a UniFavela. Nascido em 2019, na Vila do João, o curso aprovou todos os seus alunos em universidades no último ENEM e no vestibular da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Esse ano, o curso foi beneficiado pelo projeto 4G Para Estudar, que doou chips de celular pré-pagos a vestibulandos de periferias em todo o País. Ainda assim, o problema de sinal de celular na Maré não se resolve.

“Ficamos muito felizes de formar essa parceria, mas infelizmente o 4G na favela não funciona, independentemente da operadora. Cogitamos pagar planos de banda-larga para os alunos, mas as duas redes disponíveis – da própria favela e da Oi – são muito limitadas. Agora temos de encontrar outros meios”, explicou Laerte Breno, fundador da UniFavela, educador, pesquisador e estudante de Letras.

Um mapa desenvolvido pelo site e aplicativo nPerf mostra a qualidade de cobertura 3G, 4G e 5G em todo o País, e é possível visualizar a área da Maré. Identifica-se que as cinco operadoras mais usadas no Rio – Claro, Vivo, Tim, Oi e Nextel – quase não pegam ao longo das 16 favelas, destacando Claro e Vivo, que aparecem com uma cobertura mais moderada.

                Pré-vestibulares da Maré buscam soluções

O pré-vestibular comunitário Rede de Saberes, que funciona na Nova Holanda e na Vila dos Pinheiros, vinha oferecendo conteúdo por lives com estudantes e arquivos por redes sociais, desde o início do isolamento social. Entretanto, quase a metade dos matriculados não possui internet em casa. “Nós mantivemos as atividades, mas preocupados com os alunos que não têm internet, buscamos parcerias, até encontrar uma iniciativa nova, tocada por dois meninos, que é o ENEM do Bem. Eles fizeram uma ‘vaquinha’, elaboraram uma apostila sobre os conteúdos do Exame e doaram apostilas para todos os alunos que não estavam conseguindo acessar o conteúdo on-line. Os professores do pré-vestibular avaliaram e aprovaram o material, que já está sendo distribuído”, conta Luana da Silveira, coordenadora executiva do curso e formada em Serviço Social.

A preparação para o vestibular pode ser altamente estressante para algumas pessoas e as preocupações a mais, trazidas pelo desamparo frente ao novo coronavírus, se somam e potencializam os problemas psicológicos. “Pegar um caderno hoje, abrir e sentar numa mesa para estudar pode ser um processo muito doloroso, e isso também estava acontecendo com os professores. Então, fizemos um levantamento e conseguimos chamar uma equipe de psicólogos, que atendem os alunos e professores, e tem sido ótimo”, disse Laerte Breno.

Iniciativas têm desenvolvido apostilas para que alunos possam estudar – Foto: Douglas Lopes

Combate à desigualdade social

Moradora das Casinhas (Baixa do Sapateiro), Isabelle Reis, de 17 anos, mora com a mãe e o irmão pequeno, e são poucos os momentos de privacidade que ela tem ao longo do dia, para se concentrar em estudar para o ENEM e terminar o último ano do Ensino Médio, que cursa no Colégio Estadual Amaro Cavalcanti. Para a jovem, as condições para estudar sempre foram desfavoráveis, devido à falta de estrutura que não permite que Isabelle – e outros milhões de favelados e periféricos – se concentrem em aprender. “Se eu estivesse estudando sozinha, sem a ajuda de pré-vestibular, estaria completamente perdida. Também não consigo acompanhar direito a EAD do Colégio, e acabo com medo de repetir o ano, o que me desanima ainda mais para o ENEM, pois não tem sentido fazer o vestibular se eu não concluir o 3º ano”, desabafou a mareense.

A desigualdade social é a ferramenta que tenta incapacitar milhões de pessoas que buscam ingressar em uma faculdade. Ao manter o ENEM em uma data tão próxima (provas impressas nos dias 17 e 24 de janeiro; provas digitais em 31 de janeiro e 7 de fevereiro) no contexto de pandemia, o Estado demonstra não se importar com os projetos de vida dos cidadãos periféricos, contribuindo ainda mais para a desigualdade.

Citando o educador e filósofo pernambucano Paulo Freire, patrono da Educação brasileira, Laerte Breno comenta: “A educação serviu sempre para invisibilizar o negro, tanto excluindo pensadores negros quanto negando esse direito a alunos negros, pobres e favelados. O problema hoje não está na Educação, mas na desigualdade e na exclusão social. Só debater sobre educação não é suficiente. Paulo Freire dizia que a Educação sozinha não transforma a sociedade. Temos de discutir segurança pública, saneamento básico, saúde, também a educação… Tem de ser tudo isso”, conclui Laerte.

Ronda Coronavírus: Prefeitura estuda usar aplicativo para reservar faixas de areia

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Fiocruz inaugura unidade de processamento de exames de coronavírus

Após a liberação do banho de mar no Rio e finais de semana com grandes aglomerações em praias e areias, o prefeito Marcelo Crivella anunciou nesta segunda-feira (10) que vai criar demarcações nas faixas de areia das praias da cidade. A medida ainda não tem data para acontecer, mas o prefeito afirma que a reserva da faixa de areia será feita por meio de aplicativo de celular. 

A cidade do Rio é a que tem hoje o maior número de casos e mortes do Estado, com o total de 74.674 pessoas infectadas e 8.622 vítimas fatais pelo novo coronavírus. A Maré tem nesta segunda-feira 506 casos confirmados e 90 mortes, de acordo com o Painel Rio Covid-19, da Prefeitura.

Inauguração de unidade de apoio da Fiocruz

Dias após o país chegar à marca de 100 mil pessoas que morreram vítimas do novo coronavírus, o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, reforçou a importância de medidas de isolamento social tomadas por estados e municípios. A fala foi feita hoje (10) na Fiocruz, durante cerimônia de inauguração da Unidade de Apoio ao Diagnóstico da Covid-19. A unidade terá capacidade de processar de até 15 mil exames de coronavírus por dia. A cerimônia está disponível para visualização no canal do YouTube da Fiocruz.

Campanha Maré Diz NÃO ao Coronavírus

A partir do próximo domingo, dia 16 de agosto, a campanha Maré diz NÃO ao Coronavírus começa a última etapa de distribuição de cestas básicas para moradores das 16 favelas da Maré. A ação vai acontecer por dez dias seguidos, das 8h30 às 17h, até 26 de agosto, e precisamos do máximo de tecedores e tecedoras participando nessa reta final. Por dia serão cerca de 14 pessoas acompanhando os motoristas nas entregas. 

Esta ação tem dado à Redes da Maré uma vivência e entrada no território sem precedentes e é uma oportunidade para se engajar ainda mais com o território, conhecer lugares que não era acessado, conversar com os moradores e apresentar o trabalho da Redes da Maré. 

Ações de saúde contra a Covid-19 na Maré

A Redes da Maré tem desenvolvido algumas ações para enfrentamento da Covid-19 no território. O serviço de telemedicina gratuito oferecido pelo SAS realiza consultas todos os dias, das 8h às 20h via Whatsapp. Para fazer o atendimento, basta mandar uma mensagem para o número (21) 99271-0554 e aguardar o agendamento. 

Outra ação é a testagem, em parceria com o Dados do Bem. Para acessar a testagem, a pessoa precisa estar os sintomas da Covid-19, baixar o aplicativo do Dados do Bem no seu celular e responder algumas perguntas no aplicativo. O atendimento acontecerá apenas com horário marcado e será feito no Galpão do RITMA, na Rua Teixeira Ribeiro, 521, Parque Maré. Veja o vídeo para entender sobre o aplicativo da Dados do Bem.

Arrecadação de fraldas

Nesse momento de pandemia, ir ao mercado e à farmácia custa muito. Imagina para quem usa fraldas geriátricas? Por isso, a Redes da Maré continua a campanha de arrecadação. Quem desejar ajudar é só levar as fraldas no CAM.

Maré em tempos de coronavírus

Você já pode ouvir o 11º episódio do podcast Maré em Tempos de Coronavírus, que sai a cada 15 dias. Nesta edição, Eliana Sousa avalia como a pandemia tem afetado a saúde mental das mulheres. Você pode enviar perguntas ou receber os episódios pela lista de transmissão. Basta enviar uma mensagem para (21) 97271-9410. Para ouvir todos os episódios, basta acessar o site da Redes da Maré.

Rede de proteção de crianças e jovens

A Redes da Maré uniu-se à UNICEF e organizações parceiras, como Luta pela Paz e Observatório de Favelas, para desenvolver o projeto CRIAndo Rede, voltado para a proteção de crianças, adolescentes e jovens. Além da distribuição de cestas básicas e kits de higiene para as famílias, o projeto disponibiliza atendimento remoto com advogadas, psicólogas e assistentes sociais. A proposta é atender cerca de 300 crianças, adolescentes e jovens mareenses ao longo de três meses. 

Direito das mulheres

A Redes da Maré foi selecionada pelo Malala Fund como uma das iniciativas do Malala Fund’s Education Champion Network em 2020, junto com outros 21 projetos e organizações de seis países que lutam pelo direito de meninas e mulheres à educação. A ação prevê acompanhamento escolar e acolhimento de demandas psicossociais específicas deste público, além de um levantamento sobre a situação das meninas e mulheres estudantes moradoras da Maré durante a pandemia, que continua acontecendo. O objetivo do questionário é saber como anda o ensino de meninas e mulheres da Maré durante a pandemia e ajudar a melhorar a educação do território. Basta acessar o link do formulário para responder:

Rede de filantropia

A Redes da Maré passou a integrar mais um espaço importante para fortalecer ainda mais sua missão: tecer as redes necessárias para efetivar os direitos da população do conjunto de 16 favelas da Maré! Desde junho, fazemos parte como membro consultivo da Rede de Filantropia para a Justiça Social, um espaço que reúne fundações comunitárias e organizações doadoras que apoiam diversas iniciativas nas áreas de justiça social, direitos humanos e cidadania. Saiba mais no site. 

Criação artística

A Redes da Maré foi convidada pelo Instituto Moreira Salles para participar de um programa de fomento à criação artística em tempos de isolamento social. Alunos e alunas da Escola Livre de Dança da Maré se inscreveram no projeto “Corpo em Isolamento” e registraram as suas expressões! O resultado dessa manifestação artística pode ser conferida no vídeo no site do Instituto Moreira Salles – Programa Convida.

Arte no sofá

A campanha Faroffa no Sofá possibilitará durante seis dias o acesso a quatro salas de transmissão de aproximadamente 130 espetáculos, além de nove palestras. O acesso é gratuito, mas quem desejar pode ajudar com qualquer valor via Sympla e PicPay, pois a campanha visa arrecadar doações para instituições e ações que estão acontecendo em várias cidades do país, dando assistência às pessoas em situação de vulnerabilidade. Uma dessas ações será a Maré Diz NÃO ao Coronavírus. Participe! Tudo acontecerá no site da campanha.

Parcerias contra um mosquitoA Cruz Vermelha, em parceria com a Vila Olímpica da Maré (VOM), realizará uma distribuição de kits contendo 1 spray aerosol SBP, 1 repelente corporal e folder educativo. Quem comparecer entre os dias 11 e 14 de agosto, das 10h às 16h, na Vila Olímpica da Maré poderá ainda participar de atividades educativas que visam o combate à dengue, zika vírus, chikungunya e febre amarela e também receberá orientações sobre o combate à Covid-19. A VOM lembra que só será permitida a entrega para pessoas maiores de idade, com documento RG ou CPF e o uso da máscara é obrigatório.

Educação na Maré em tempos de coronavírus: criatividade e dedicação para superar desafios

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No mês em que se comemora o Dia do Estudante, o Maré de Notícias inicia a publicação de uma série de três matérias sobre o desafio de manter projetos de educação na Maré diante das dificuldades impostas pela pandemia – sobretudo em territórios de favelas e periferias. Desigualdades sociais, de raça e de gênero têm sido escancaradas no Brasil e no mundo e manter ações de atendimento e acolhimento a estas populações com criatividade, empatia, afeto e uma grande dose de dedicação têm sido crucial neste período

Luciana Bento

A pandemia do novo coronavírus escancarou desigualdades sociais e a falta de acesso a direitos básicos, que impactam diretamente na adesão dos estudantes ao ensino à distância – algo tão difundido e normalizado nestes tempos. Muitos alunos simplesmente não conseguem estudar em casa – seja por falta de espaços de físicos adequados, seja por novas responsabilidades que tiveram que assumir durante a pandemia, seja pelo acesso desigual às tecnologias e à internet de qualidade.

Em que pesem os movimentos e declarações de autoridades sobre o possível retorno das aulas – estudos científicos, como o publicado pela FioCruz no dia 23 de julho, apontam que ainda não é hora de voltar às atividades presenciais. E independente da data desta retomada, uma coisa é certa: estudantes de favelas e periferias têm vivenciado este momento de forma bem diferente daqueles que moram em áreas mais nobres e estruturadas da cidade.

Na Maré, o desafio de manter crianças e jovens motivados, assistindo aulas remotas, fazendo tarefas e acompanhando atividades propostas pelas escolas é enorme. Começando pelo básico: apenas 36,7% dos domicílios da Maré possuem acesso à internet e 42,4% têm computador, segundo dados do Censo Maré 2013. E mesmo entre os que possuem internet, a queixa generalizada é que a qualidade é muito ruim.         

Com mais de uma dezena de projetos na área de educação – que vão de cursos preparatórios para o Pré- Vestibular, Ensino Médio e 6º Ano até cursos profissionalizantes como o Conectando e o Jovem Aprendiz, passando por educação de jovens e adultos, reinserção de crianças nas escolas e cursos de idiomas – a Redes da Maré atende cerca de mil crianças, adolescentes, jovens e adultos e tem mantido suas atividades durante a pandemia, adaptando suas ações a partir das demandas e especificidades de cada público.

Os projetos abrigam vários perfis de alunos, desde mulheres adultas sendo alfabetizadas até jovens às vésperas do Enem passando por crianças em idade escolar fora da escola e adolescentes que estão aprendendo uma profissão. “Entre eles, há uma questão central em comum: a manutenção de vínculos com as alunas e alunos fornecendo suporte para além dos conteúdos dados em sala de aula”, explica Andrea Martins, diretora da Redes da Maré.

Heróis Contra a Dengue no Zoom

Criatividade, empenho e dedicação não faltam para os tecedores (nome dado aos colaboradores da Organização Redes da Maré) que estão à frente das ações. Realização de atividades culturais, lúdicas e com abordagem de temas atuais, como lives, saraus, aulas com convidados externos – como no caso da antropóloga Lilia Schwarcz para o Curso Pré Vestibular (CPV) – passeios virtuais e iniciativas dos próprios jovens, como no caso do canal do YouTube criado pelos alunos do projeto Heróis contra a Dengue são alguns exemplos de atividades que têm acontecido frequentemente no período.

Atividade CPV

“Temos lidado com o desafio de passar o conteúdo para os alunos em uma realidade de acesso precário à internet. Esta foi uma dificuldade que mapeamos no início da pandemia e que se confirmou”, explica Luana Silveira, coordenadora do Curso Pré-Vestibular da Redes da Maré, que conta com 241 alunos, sendo que 30% deles não têm acesso à internet. “O ensino à distância não é uma prática da instituição e, com a adoção deste método durante a pandemia, vimos que muitas desigualdades foram acentuadas”, avalia.

Mesmo assim, direção e educadores encararam o desafio e têm desenvolvido atividades com os alunos, inclusive com o objetivo de manter vínculos com os jovens neste momento difícil. “Passar conteúdos é importante, mas estamos levando para eles também a discussão de temas atuais, sobre questões onde é fundamental um olhar crítico dos jovens. E nesta proposta, entram as aulas transdisciplinares, onde educadores de várias áreas conduzem atividades em comum, o que têm dado muito certo”, conta Luana.

Não à toa, o CPV fez parte do movimento Adia Enem, por entender que os estudantes moradores de favelas – para além das desigualdades históricas que formam uma barreira quase intransponível de acesso aos mais pobres à universidade – estão em situação ainda mais desequilibrada na preparação para o próximo Exame Nacional de Ensino Médio. “Estamos buscando ser criativos para manter os jovens focados, tenho feito vídeos curtos, tipo pílulas, com temas provocativos para os alunos, preparado ‘aulões’ com outros professores, pesquisando assuntos atuais e relevantes para propor para eles…”, relata o educador dos preparatórios para o 6º e 9º ano e pré-vestibular da Redes da Maré e conselheiro tutelar Daniel Remilik. “E mesmo as aulas sendo virtuais, nossa sala é um espaço seguro pros alunos, um lugar onde eles falam de seus desafios e realidades e são apoiados por colegas e professores”.

Em cada projeto, necessidades específicas

Caderno de uma das alunas do projeto Escreva Seu Futuro

E para quem, já na maturidade, nunca havia frequentado as salas de aula e teve o sonho adiado pela pandemia? É o caso das mulheres do projeto Escreva Seu Futuro, de alfabetização de adultas. “Elas nunca tiveram uma relação continuada com o aprendizado e se dispuseram, já na idade adulta, a conciliar o curso com responsabilidades familiares, domésticas e profissionais. Ao dar este novo passo na vida, tiveram que lidar com as aulas suspensas logo no início do curso, que começou uma semana antes do isolamento social”, conta Alessandra Pinheiro, coordenadora do projeto Escreva seu Futuro.

A partir do momento em que detectou que o isolamento social seria prolongado, a equipe de coordenadores e educadores se reuniu para traçar estratégias pedagógicas para este público, que têm características especiais: nem todas têm acesso à internet, autonomia para utilizar o celular, contas em redes sociais ou de email. Algumas sequer têm um aparelho próprio de celular.

A solução foi concentrar o contato em um grupo de WhatsApp, ferramenta que as alunas conseguem usar com mais independência por ser mais popular e ter recursos de áudio e vídeo. “Temos trabalhado com conteúdos de informação sobre a doença, campanhas de prevenção e propostas de atividades, mas sobretudo focamos na manutenção dos vínculos com estas mulheres”, explica Alessandra.

As educadoras do curso têm ficado disponíveis em caso de dúvidas das alunas e orientação nas tarefas, além de ficar com um olhar atento às demandas apresentadas no grupo. O retorno, relata, é mais do que compensador: “as mulheres nutrem diariamente a equipe, sinalizando que não vão desistir do curso e nem abrir mão, mais uma vez, de seus direitos e sonhos”, completa a coordenadora.

Outro público com características específicas são os adolescentes que participam do projeto Jovem Aprendiz, de ensino profissionalizante, numa parceria da Redes da Maré com o Senai. A resposta ao desafio de continuar com o processo de aprendizagem à distância veio por meio de atividades de formação continuada, acompanhamento pedagógico das aulas teóricas do Senai e das atividades escolares, além de atendimento social dos jovens e seus familiares. “Uma ação que incorporamos ao nosso planejamento foram as reuniões quinzenais com os familiares dos aprendizes. É um espaço de troca para que eles compartilhem suas angústias e estratégias neste momento de crise”, relata Núbia Alves, coordenadora do projeto Jovem Aprendiz. “Nestas reuniões damos retorno aos familiares sobre as atividades planejadas e solicitamos que eles estimulem os aprendizes a participarem”, conta.

Além dos conteúdos do curso de qualificação profissional realizado pelo Senai, os jovens têm realizado atividades de formação continuada com ferramentas como filmes, textos, música e debates com temas muitas vezes propostos pelos próprios alunos. A aposta é, mais uma vez, na manutenção de vínculos e na motivação dos jovens, já que o risco de evasão pós pandemia tem sido uma preocupação de especialistas, universidades e instituições ligadas à educação. “Enquanto aguardamos a avaliação das autoridades sanitárias e de saúde sobre o momento seguro para a volta às aulas presenciais, a Redes da Maré segue com seus projetos de maneira remota, sempre acreditando que a educação de qualidade é uma das principais chaves para que desigualdades, em todos os níveis, sejam superadas”, finaliza Andréia Martins.

Crianças do projeto Nenhum a Menos realizando tarefa em casa

Pelo simples direito de ser pai

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Em pleno 2020, o preconceito ainda é um obstáculo a ser superado

Hélio Euclides

Neste ano, o Dia dos Pais não chamou atenção pelos preços dos presentes, a ida às lojas nos últimos momentos ou por ser mais uma data em que o distanciamento social deve ser respeitado por conta da pandemia. O que causou comoção foi o preconceito. Ao organizar uma campanha publicitária para a festividade paterna, a Natura reuniu influenciadores digitais, como Rafael Zulu, Babu Santana, Henrique Fogaça, Fernando Ferraz, Rodrigo Capita, Thammy Miranda, entre outros, para realizarem posts em suas redes sociais. O único nome questionado pelos internautas foi o de Thammy, por não se sentirem representados por ele como pai, por ser um homem trans. Esse se tornou um dos assuntos mais comentados nas redes sociais na última semana, vésperas da festividade.

A empresa apostou em nomes para potencializar sua campanha de Dia dos Pais deste ano com um time de influenciadores que está divulgando a #MeuPaiPresente nas redes sociais. O problema foi que figuras como o pastor Silas Malafaia e o deputado federal Eduardo Bolsonaro disseram que Thammy Miranda não poderia ser pai do pequeno Bento, de 6 meses, pelo fato de ele ser um homem trans. Influencers conservadores convocaram seus seguidores a não comprarem mais produtos da Natura, responsável pela ação. Com uma atitude de ódio, Thammy sofreu incontáveis ataques transfóbicos após a publicação. 

Vídeo da campanha de Dia dos Pais da Natura #MeuPaiPresente

Até o momento, a polêmica gerada em torno de um pai ao falar do amor pelo seu filho mostrou que o discurso de ódio persiste e que a defesa da liberdade e igualdade entre as pessoas, independente de suas orientações sexuais e de gênero, precisa sair vitoriosa. Thammy comentou em uma rede social que nunca teve a pretensão de ser representante de todos os pais e que não esperava essas atitudes de preconceito. “Eu não fui contratado sozinho. Quem não se sentir representado pela minha pessoa, pode procurar outra representação. Eu represento um nicho, que deseja liberdade e respeito às diferenças. Um grupo de pessoas que não precisa ouvir um monte de besteira. Percebo uma falta de respeito, não só comigo, mas agressões a todas as pessoas que represento nesta ação. A Natura busca com a campanha o respeito e a representatividade”, comenta.

O influenciador fala sobre o papel do pai. “Uma pena que o ser humano ainda precise passar por mais catástrofes para evoluir. Não sou melhor ou pior, só sou um pai atencioso que abraça, educa, protege, amoroso, carinhoso e que dá a vida pelo seu filho. Algo que todos deveriam ser, um pai presente que faz a diferença”, expõe. Thammy cita que todos deveriam estar discutindo por que no Brasil são 5,5 milhões de crianças sem o nome do pai na certidão de nascimento, segundo o Conselho Nacional de Justiça, com base no Censo Escolar, divulgado em 2013.

Direito é direito está na constituição

Para Gilmara Cunha, diretora executiva do Grupo Conexão G, moradora da Nova Holanda, mulher trans, negra e favelada, a sociedade precisa entender o que é ser pai. “Não é algo que passa pela genitália, e sim pela referência e identificação. Existe vários casais LGBTQIA+, que fazem o papel de mãe e pai. Podemos também identificar que uma avó ocupa esse papel de mãe e pai em diversos momentos”, diz. Para ela, esses comentários são de puro preconceito, pois esquecem que ser diferente não é ser melhor nem pior do que ninguém. “Quando o diferente não é aceito, aí surgem os problemas. Muita gente que tem o modelo de vida diferente do comum é marginalizada e sofre com o isolamento e a discriminação. A nossa sociedade é diversa e precisa compreender que não seguimos as padronizações da heterossexualidade”, conclui.

Enquanto o número de mortes devido à Covid-19 só cresce, com proximidade aos 100 mil óbitos, políticos e líderes religiosos perdem tempo com comentários que incentivam ataques transfóbicos. Luiz Costa, professor, pai de dois filhos, membro do Especiais da Maré e da instituição Espaço Linha de Conversa, no Morro do Timbau, acredita que é o momento que a sociedade necessita de expressão reflexiva. “Agosto continua sendo o melhor mês para tocar o homem amoroso possível a cada um de nós. O problema é que o machismo deixa um rastro de medo quase sempre travestido de negação do outro”, diz.

“Na minha juventude conheci um casal de homens nordestinos gays que cuidavam de duas irmãs de um deles. Elas hoje são mulheres muito bem formadas, bem posicionadas socialmente e com uma família linda. Não faltou nada para que elas fossem o que são hoje. Ser homem e/ou pai amoroso independe da vivência sexual”, fala. Para o professor, todos têm o direito à família. “Thammy falou também sobre uma quantidade enorme de pessoas que sequer tem nome do pai na certidão de nascimento. Eu me enquadro nesta categoria”, finaliza.

O avanço e a sedimentação do fundamentalismo religioso que quer impor seus modos de pensar sobre todos os corpos existentes, incitando punição para os divergentes já traz resultados ruins. “Essa é uma das razões do Brasil ser o país que mais mata LGBTQIA+ no mundo. Nesse sentido, é esperado que os principais adversários dessa campanha da Natura sejam pessoas ligadas a esses segmentos religiosos”, expõe Dayana Gusmão, assistente social da Redes da Maré, moradora do Conjunto Bento Ribeiro Dantas e membro do Coletivo Resistência Lésbica da Maré.

“Particularmente me assusta perceber o quanto algumas pessoas se sentem afetadas quando outro grupo de pessoas alcança direitos que elas sempre tiveram. No caso dos homens trans o direito paternal é conquista. Então ouso dizer que todo esse repúdio não tem bases racionais. É apenas ódio mesmo. As pessoas negras e pessoas com deficiência passam por preconceitos muito parecidos e muitas vezes são vítimas do mesmo ódio”, comenta. Para Dayana, infelizmente o Brasil é um país racista, machista e lgbtfóbico, com uma amarga realidade que se lança sobre todos os grupos minoritários e divergentes como a ponta da lança da morte.

Uma ação que visa a igualdade

Nos últimos anos tem se tornado comum que pessoas boicotem marcas por elas trazerem diversidade às suas campanhas publicitárias. Em 2015, o Boticário realizou campanha do Dia dos Namorados onde trazia um casal LGBTQIA+ trocando presentes e carinhos ao som de “Toda forma de amor” de Lulu Santos, reforçando a bandeira da diversidade. Na época, o vídeo causou revolta a milhares de consumidores, que organizaram mutirões  e correntes nas redes sociais para dar dislike (não gostei) no vídeo no YouTube. 

O Maré de Notícias entrou em contato com Natura, que enviou uma nota de repúdio às declarações ofensivas:

“A Natura acredita na diversidade. Esse valor está expresso em nossas crenças há mais de vinte anos, estando sempre presente em nossas campanhas publicitárias e projetos patrocinados. A campanha de Dia dos Pais mergulha na rotina desafiadora que todos estão vivendo durante a quarentena e mostra como esse intenso convívio pode fortalecer a relação entre pais e filhos, mostrando que a presença paterna é o maior presente. A Natura celebra todas as maneiras de ser homem, livre de estereótipos e preconceitos, e acredita que essa masculinidade, quando encontra a paternidade, transforma relações.”

Um Brasil sem pai

O direito à convivência familiar é reconhecido constitucionalmente e assegurado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, assim como a criança ou o adolescente tem o direito de ser criado pela sua própria família, de um modo geral e, excepcionalmente, por família substituta. Contudo, dados do Instituto Data Popular, divulgados pela Agência Brasil em 2015, apontam que o país conta com 67 milhões de mães, das quais 31% são mães solos. Isso significa que pouco mais de 20 milhões cuidam sozinhas de seus filhos ou com ajuda de algum familiar. No Censo Populacional da Maré 2013, os resultados indicam uma importante participação feminina na responsabilidade dos domicílios. Na condição de única ou principal responsável, estão 30,3% das mulheres maiores de 15 anos. Além destas, 19,1% exercem a responsabilidade de forma compartilhada nos demais domicílios, mas em igualdade de condições com as outras pessoas responsáveis. Portanto, praticamente a metade das mulheres com 15 anos ou mais de idade é responsável por domicílios na Maré. Ou seja, uma boa parte das mulheres mareenses e brasileiras já desempenha o papel econômico e afetivo que deveria ser feito por um pai, homem, hétero. Infelizmente, poucos se preocupam com esse quadro.

O grupo de samba Nova Cor gravou em 1994 a música Ser Pai Ser Mãe, de Chiquinho Fabiano, Cizinho e Paulinho Carioca, que traz em seus versos a responsabilidade de ser cuidar de um filho: “Ser pai não é pra qualquer mané. Ser mãe não é pra qualquer mulher. Tem gente que sabe ser pai e ser mãe, dá olé! Ser mãe não é só dar a luz. Ser pai não é só pôr no mundo…”

Que o Brasil seja um país com menos preconceito e mais responsabilidade. 

Feliz Dia dos Pais!

Ronda Coronavírus: Witzel prorroga medidas de isolamento até 20 de agosto

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Brasil é país que lidera em número de novas mortes em 24h, segundo OMS

No dia 06 de agosto, o governador Wilson Witzel prorrogou as medidas restritivas para evitar a proliferação do novo coronavírus no estado do Rio, que nesta sexta-feira atingiu a marca de 175.969 casos confirmados e 14.028 mortes, segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES). No Decreto publicado no Diário Oficial, estão suspensas quaisquer atividades que envolvam aglomeração, como shows, cinemas, teatros, visitas a unidades prisionais e outros. Pontos turísticos, bares e restaurantes podem funcionar, mas respeitando o limite de 50% de sua capacidade. Confira o texto completo do Decreto aqui.

Mesmo com os apontamentos para a queda dos números de casos e mortes no estado, pelo segundo dia consecutivo o Brasil é o país que lidera em número de novas mortes confirmadas em 24h por Covid-19, segundo levantamento feito pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O Brasil tem hoje 2.962.442 casos e 99.572 mortes confirmadas pelo novo coronavírus, além de 50.230 novos casos nas últimas 24h, segundo o Ministério da Saúde.

Covid-19 ns favelas

As favelas do Rio tem hoje 6.098 casos confirmados e 833 mortes, entre dados oficiais e relatoria comunitária, como aponta o Painel Unificador Covid-19 nas Favelas do Rio de Janeiro. A Maré fecha a semana com 493 casos confirmados e 90 mortos, de acordo com o painel da Prefeitura. Entre os números suspeitos e sem confirmação, são 1.055 pessoas infectadas e 33 mortes no território, segundo levantamento feito pelo 14º boletim De Olho no Corona!, que já está disponível para leitura aqui

Além de trazer dados atualizados sobre a pandemia no conjunto de favelas, o boletim chamou atenção para a situação da saúde mental da população da Maré, que sofreu com a necessidade do isolamento social ocasionado pela pandemia.

CPI das escolas

Comissão da Câmara de Vereadores do Rio concluiu que escolas municipais não têm condições de retorno às aulas devido a problemas estruturais, como falta de iluminação, de equipamentos nas cozinhas, de portas nos banheiros e outros problemas. Assim, além da questão pandêmica, a estrutura das unidades municipais impossibilita o retorno imediato de alunos.

Enquanto ainda acontece o impasse para decidir a data de retorno das aulas na rede pública de ensino do município e estado, os estudantes que podem se dedicar aos estudos continuam em casa. Já os professores têm o desafio de inovar neste novo modelo de aula virtual. 

Klaus Grunwald, morador da Baixa do Sapateiro e Professor de Educação Musical na Maré, precisou encontrar alternativas para continuar estimulando o aprendizado dos alunos durante a suspensão das aulas presenciais. O desafio foi alcançar todos estudantes que nesse momento tem acesso a internet. “O que desenvolvi durante esse período foi compartilhar muito vídeo, aplicativos com execução musical, de jogos… E com todos esses conteúdos, fui montando uma apostila”. 

Klaus precisou lidar com a instabilidade da internet de seus alunos para pensar em suas aulas

Matrículas online

A Secretaria Municipal de Educação anuncia que a partir do dia 10 de agosto será reaberto o período de pré-matrícula para transferência externa para aqueles que desejarem estudar nas escolas da rede municipal de ensino. No momento não serão feitas transferências internas. As inscrições serão realizadas apenas pelo site até o dia 31 de agosto para os segmentos Pré-escola, Ensino Fundamental, Ensino de Jovens e Adultos e Educação Especial. 

Campanha de amamentação

Para reforçar a importância do aleitamento materno, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) apoia a campanha Agosto Dourado e a Semana Mundial de Amamentação, que vai do dia 1 a 7 de agosto. Mesmo em meio à pandemia, que reforça a necessidade de se respeitar o isolamento social, as doações do Bancos de Leite Humano (BHL) se mantiveram na média, beneficiando 518 bebês que receberam doações de 408 doadoras de janeiro a julho deste ano. 

As doações podem ser feitas no BHL ou postos de coleta da cidade. Alguns bancos de leite oferecem serviço de visita domiciliar. Para mais informações, acesse o site ou ligue para o número 136.

Dicas Culturais

O final de semana promete ser de lives para acompanhar com toda a família. Nesta sexta-feira (07) Caetano Veloso irá comemorar seu aniversário de 78 anos se apresentando na Globoplay a partir das 21h30. 

No sábado, às 15h, acontece o Festival de Inverno Rio 2020, com a apresentação de Barão Vermelho, Detonautas e Raimundos no canal do YouTube do Festival. Ainda no sábado, os Novos Baianos irão se encontrar a partir das 17h30 no YouTube para fazer uma homenagem a Moraes Moreira. E no domingo, o samba está liberado! No início da tarde a apresentação começa com Xande de Pilares, que irá cantar em seu canal a partir das 14h. Na sequência, às 17h, Zeca Pagodinho irá presentear os pais com a segunda live da quarentena que o artista irá realizar em seu canal.