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#CaiuNaRede: É verdadeiro que fazer propaganda eleitoral no dia da eleição é crime

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Impulsionamento de conteúdos na internet não é permitido no dia da eleição

Thaís Cavalcante (Maré de Notícias, especial para a Lupa)

Circula nas redes sociais um vídeo em que um juiz eleitoral de Minas Gerais alerta que, desde 2019, é crime fazer transmissão ou impulsionamento de propagandas eleitorais nas redes sociais no dia da eleição. O conteúdo foi verificado no Caiu na rede: é fake?. Confira:

“O artigo 87 estabelece como crime no dia da eleição passar propagandas eleitorais pelas suas redes sociais”

Trecho de vídeo que circula em grupos de WhatsApp

VERDADEIRO

A informação é verdadeira. Quem aparece no vídeo gravado em 11 de novembro de 2020 é o juiz eleitoral César Rodrigo Iotti. O artigo que ele cita é o nº 87 da resolução nº 23.610, que prevê que a publicação de novos conteúdos e o impulsionamento de conteúdos pagos na internet no dia da eleição é crime. Ou seja, publicações veiculadas gratuitamente online não se aplicam à lei. No dia da votação,  também não se pode fazer uso de alto-falante ou divulgação de propaganda de qualquer espécie. O crime é punível com detenção ou prestação de serviço com multa. A detenção vai de seis meses a um ano e a multa, de R$ 5 mil a R$ 15 mil.

Nota da redação: o projeto Caiu na rede: é fake? é uma parceria da Agência Lupa com Voz das Comunidades, Favela em Pauta e Maré de Notícias e conta com o apoio da Fundação Heinrich Böll Brasil. 

#CaiuNaRede: Ingresso no bondinho sai a R$ 1, mas só para quem fez aniversário entre março e agosto

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Confira os detalhes da promoção, que tem várias exigências e só vale em dias úteis

Thaís Cavalcante (Maré de Notícias, especial para a Lupa)

Circula nas redes sociais uma mensagem que afirma que a entrada para o Bondinho Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro, custa R$ 1 durante o mês de novembro, especialmente para quem fez aniversário entre 16 de março e 14 de agosto. O conteúdo foi verificado no Caiu na rede: é fake?. Confira:

“NOVIDADE: Durante todo o mês de novembro, o Pão de Açúcar cobrará R$1 para moradores e nascidos no estado do Rio, que fizeram aniversário durante a quarentena, entre 16 de março e 14 de agosto. A promoção é válida para dias úteis.”

Trecho da mensagem que circula em grupos de WhatsApp

VERDADEIRO, MAS

A informação é verdadeira, mas só vale em dias da semana. O Bondinho Pão de Açúcar publicou uma nota com o regulamento da promoção em seu site. A promoção “Aniversariantes da Quarentena” é válida apenas em novembro de 2020 para nascidos ou moradores do estado do Rio de Janeiro que tenham feito aniversário entre 16 de março e 14 de agosto. Além disso, devem estar acompanhados de outras duas pessoas que comprem bilhetes não promocionais.

Nota da redação: o projeto Caiu na rede: é fake? é uma parceria da Agência Lupa com Voz das Comunidades, Favela em Pauta e Maré de Notícias e conta com o apoio da Fundação Heinrich Böll Brasil.  

Ronda Maré de Notícias: Ocupação de leitos chega a 94% na rede SUS; governador descarta segunda onda

Taxa de contágio do Brasil é de 1,30, a maior desde maio, de acordo com monitoramento de Londres

Por Andressa Cabral Botelho, em 27/11/2020, às 18h55
Editado por Edu Carvalho

Nesta sexta-feira (27), o estado do Rio de Janeiro  chegou a 94% de ocupação dos leitos de UTI para covid-19 na rede SUS e mais de 90% na rede privada, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde. Nesta manhã, a fila de pacientes com covid-19 – entre casos confirmados e suspeitos – chegou a 276 pessoas, com 123 em estado grave. Mesmo diante o aumento dos casos, o governador em exercício Claudio Castro descartou a possibilidade de segunda onda e a implementação de medidas restritivas no estado, como o lockdown

Por outro lado, ao perceber o aumento de casos e mortes de covid-19, o governador anunciou, durante coletiva no Palácio Guanabara, nesta semana que o estado pretende criar métodos de testagem em massa e intensificar fiscalizações em eventos. A taxa de transmissão no Brasil é a maior desde maio, com índice de 1,30, de acordo com o monitoramento do Imperial College, de Londres, Reino Unido. Isso significa que cada 100 pessoas contaminadas transmitem o vírus para outras 130. 

No estado do Rio são 346.024 pessoas confirmadas e 22.394 mortes por covid-19, de acordo com dados desta quinta-feira (26) da Secretaria de Estado de Saúde. Na cidade, são 134.674 pessoas confirmadas com a doença. Em equivalência, é como se quase todo o Conjunto de Favelas da Maré estivesse infectado. Além disso, 13.192 pessoas morreram na cidade do Rio em decorrência do novo coronavírus, segundo painel da prefeitura do Rio. Na Maré são 944 casos confirmados e 135 mortes até o momento. Segundo o boletim De Olho no Corona!, do dia 17 ao dia 23 de novembro foram 48 novos casos no território, número que vem crescendo desde a primeira semana de novembro.

Medidas na saúde

Em nota conjunta, a Superintendência Estadual do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro e as Secretarias Estadual e Municipal informam que, devido o aumento dos indicadores de saúde em relação ao Covid-19, foram tomadas algumas providências em relação à saúde com o objetivo de liberar o maior número de leitos para covid-19:

– Abertura de 214 leitos;
– A partir do dia 7 de dezembro de 2020, serão suspensas cirurgias eletivas nos hospitais de urgência e emergência da rede SUS no Rio de Janeiro;
– Manutenção de todas as cirurgias eletivas de alta complexidade, como oncológica, bariátrica, vasculares, ortopédicas e neurológicas. 

Cuidados contra a dengue

Anualmente, a população do Estado do Rio é acometida pela dengue. Até o momento, são 4.339 casos neste ano. Com a proximidade do verão é necessário ficar atento/a/e, pois é o período que tem mais proliferação do mosquito. Pensando nisso, a Secretaria Estadual de Saúde fez uma lista de cuidados que as pessoas devem seguir para evitar o aumento dos casos:

• Verifique e cubra caixa d’água, cisterna e reservatórios de água;
• Deixe as lixeiras bem tampadas;
• Coloque areia nos pratos de plantas;
• Recolha o lixo do quintal;
• Limpe as calhas;
• Cubra piscinas;
• Feche os ralos e deixe as tampas dos vasos sanitários abaixadas;
• Limpe e guarde as vasilhas dos bichos de estimação;
• Limpe a bandeja coletora de água do ar-condicionado.

Bolsas de estudos

O Programa Prosseguir está oferecendo 60 bolsas de estudos no valor de R$600 para estudantes universitário negros das regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Além da bolsa, os jovens de universidades públicas e privadas poderão participar também de um programa de fortalecimento e incentivo de liderança e preparação para o mercado de trabalho, além de oferecer também curso de inglês. Em sua terceira edição, o Programa Prosseguir vai ocorrer entre os meses de fevereiro e dezembro de 2021. As inscrições vão até 06 de dezembro e podem ser realizadas pelo site.

Comida artesanal no Natal

O projeto Maré de Sabores, da Redes da Maré, está recebendo encomendas para a temporada “Gostosuras de Natal Maré de Sabores”. As cozinheiras mareenses que fazem parte do projeto irão produzir pães, geleias, rabanadas e outros quitutes. A produção artesanal é feita por demanda e entregue na Maré e em outros bairros. Veja o cardápio completo pelo WhatsApp (21) 97016-6803 e faça o seu pedido.

Pesquisa: Qual é a sua Maré?

A Redes da Maré criou uma pesquisa para os moradores do território responderam sobre como eles veem a favela. A pesquisa tem por objetivo entender a Maré que queremos a partir das necessidades, desejos e direitos de seus moradores.  As informações que forem coletadas ficarão em sigilo. Para responder, acesse aqui.

Cocôzap mapeia saneamento na favela

O Cocôzap, projeto do data_labe, está convocando a participação dos moradores para fazer um mapeamento sobre saneamento básico na Maré, referente a questões da água, lixo ou esgoto das 16 favelas. A proposta do projeto é reunir dados, documentos e reportagens sobre o assunto. Ajude compartilhando fotos e informações sobre a atual situação da sua localidade pelo site do data_labe:

Maré em tempos de coronavírus

No 19° episódio do podcast Maré em tempos de coronavírus, Eliana Sousa fala sobre o medo da segunda onda da covid-19, que chegou a diversos países da Europa e que começa a se desenhar no país. Como se proteger nesse momento? Confira esse episódio e toda a série no perfil  no Spotify.

Abastecimento de água

Na última semana, moradores da Maré e de outras favelas da cidade reclamaram sobre o abastecimento de água. De acordo com a Cedae, a Elevatória do Lameirão, que abastece as cidades de Nilópolis e Rio de Janeiro, está operando em 75% de sua capacidade devido a reparos em motor da unidade. Em um prazo de 20 a 25 dias ela voltará a operar com 100% de sua capacidade. A Companhia reforça que clientes que possuam cisterna e/ou caixa d’água que utilizem a água armazenada somente para tarefas essenciais e pede para que todos economizem água. 

Raiva animal

A Prefeitura do Rio, por meio da Subsecretaria de Vigilância Sanitária e Controle de Zoonoses da Secretaria Municipal de Saúde, realiza a campanha de vacinação antirrábica 2020. Na favela Rubens Vaz, na Maré, a campanha vai acontecer nos dias 04 e 05 de dezembro, na Associação de Moradores, que fica na Rua João Araújo, 117. A vacinação acontece das 8h às 16h. Não percam! Leve seus bichinhos de estimação. 

Saiba mais sobre o programa de vacinação “Se liga, bicho! Raiva é caso sério”, na matéria escrita pelo repórter Hélio Euclides:

Adote uma cartinha

Com a aproximação do Natal, o espírito natalino invade os nossos corações. Pensando nisso, os Correios contam com a ajuda de milhares de padrinhos e madrinhas dispostos a fazer a magia do Natal acontecer adotando uma cartinha e ser o Papai Noel de uma criança. Qualquer pessoa pode participar da campanha. Basta apenas escolher uma carta e atender o pedido escrito nela. A agência de Bonsucesso é uma das unidades participantes da campanha. Para mais informações, acesse o site dos Correios: http://apps2.correios.com.br/noel/app/adotarCarta/

Agenda Cultural

O cantor Otto retorna aos palcos em show a ser transmitido hoje, direto do Sesc Vila Mariana. Também hoje, a Orquestra Sinfônica Pop Arte Viva convida Mariana Aydar e Mestrinho para uma apresentação de forró orquestrado sob a regência de Amilson Godoy.

O Instituto Brincante completa 28 anos neste sábado (28), data celebrada com show de Antonio Nóbrega e sexteto. No mesmo dia, às 11h, entra no ar no YouTube do Instituto Inhotim uma apresentação gravada da Besta Fera de Jards Macalé.

Sob direção de Natacha Dias, a leitura dramática de As Aves da Noite, baseada no livro de Hilda Hilst, reúne nesta terça-feira (01/12) artistas de diferentes pontos do Brasil no Palco Virtual do Itaú Cultural. No mesmo dia, começa a edição online do Cena Contemporânea – Festival Internacional de Teatro de Brasília; veja a programação.

Na próxima terça-feira (01/12) começa o 10º Festival Novas Frequências, que nesta edição virtual homenageia a compositora Jocy de Oliveira e promove apresentações de Tantão e os Fita, Deafkids e Negro Leo, entre outros. O ‘’esquenta’’ do evento é na segunda, dia 30/11, às 20h, com Guilherme Werneck conduzindo uma conversa com Chico Dub, Pérola Mathias e Bruno Natal no canal da Bravo! no YouTube.

A edição digital da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty) começa na quinta, dia 03, com a mesa ‘’Diáspora’’, com participação da escritora britânica Bernardine Evaristo e da poeta e tradutora Stephanie Borges.

Perdeu as postagens do Maré de Notícias desta semana? A gente acha para você!

Segunda-feira (23/11)
Por uma reforma necessária na saúde, por Hélio Euclides. Leia mais.

Terça-feira (24/11)
Escola Municipal IV Centenário, na Maré, ganha 1º lugar no Circuito Cine Curta. Por Edu Carvalho. Leia mais

Quarta-feira (25/11)
Água não é mercadoria, por Breno Souza e Ruth Ozório. Leia mais.
O racismo velado na criminalização do funk, por Ingra Maciel, publicada originalmente no RioonWatch. Leia mais.
Um pacto entre as organizações do movimento negro brasileiro: a Coalizão Negra por direitos, por Tatiana Lima, publicada originalmente no RioonWatch. Leia mais.
O fenômeno do podcast alcança favelas e periferias pelo Whatsapp, por Thaís Cavalcante. Leia mais. 

Quinta-feira (26/11)
Da Maré à prefeitura, por Renata Souza. Leia mais.
Mortes em operações policiais voltam a subir no Rio; STF cobra medidas aprovadas na ADPF, por Edu Carvalho. Leia mais.

Sexta-Feira (27/11)
Saiba quais são as propostas de Paes e Crivella para as favelas do Rio, por Edu Carvalho. Leia mais.

#Caiu Na Rede é Fake?

Checagem 1: É verdadeiro que deixaram oferenda com dinheiro em cemitério no Rio. 
Checagem 2: É falsa mensagem sobre bolsa de estudo na área da saúde e segurança. 
Checagem 3: É verdadeiro vídeo de grande área com painéis de energia solar.

Saiba quais são as propostas de Paes e Crivella para as favelas do Rio

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Fluminenses voltam às urnas neste domingo para escolha de novo prefeito

Por Edu Carvalho, em 27/11/2020, às 18h

Editado por Andressa Cabral Botelho

Saúde, saneamento básico, geração de renda e segurança, além de educação, cultura, esporte e lazer. Estes são alguns dos temas que clamam urgência nas favelas e periferias do Rio de Janeiro, tornando-se prioritárias as suas resoluções. A poucos dias do segundo turno das eleições para prefeitura do município, quais são os planos apresentados pelos candidatos ao cargo em relação a estes locais?

O Maré de Notícias analisou as propostas apresentadas pelos candidatos Eduardo Paes (DEM) e Marcelo Crivella (Republicanos) e traz para você as informações contidas em seus planos de governo. 

Em primeiro lugar nas pesquisas, Paes afirma que dará “prioridade aos investimentos sociais da prefeitura, sobretudo nos bairros da zona norte, da zona oeste e nas comunidades e favelas da nossa cidade – sempre com foco em melhorar a qualidade dos serviços públicos, em recuperar a infraestrutura já existente, e em criar frentes de trabalho para gerar emprego e renda para a nossa população mais necessitada”. 

O ex-prefeito não assinou a Carta Compromisso com as Favelas e Comunidades do Rio, entregue a todas as candidaturas no primeiro turno pela Rede Favela Sustentável. Mas seu plano de gestão, disponível em seu site, traz oito compromissos com os territórios favelados e periféricos. Entre eles, seguir a Agenda 2030, criada pela Organização das Nações Unidas (ONU), com 17 objetivos para o desenvolvimento sustentável.

Eduardo Paes também se comprometeu em combater o racismo, tema que ganhou visibilidade no pleito eleitoral, valorizando a diversidade, a democracia e uma cidade mais humana, com planos que priorizem iniciativas para o fim da segregação e do preconceito racial. Prometeu também realizar a manutenção dos planos inclinados, teleféricos, escadas rolantes e elevadores, a fim de garantir a mobilidade urbana inclusiva. O candidato pretende retomar o programa Favela Bairro, estabelecendo diálogo permanente com as favelas do Rio de Janeiro. As demais propostas você encontra aqui

O candidato à reeleição e atual prefeito, Marcelo Crivella (Republicanos) promete que, se eleito, seu governo irá fornecer “apoio, suporte, atendimento e acompanhamento de situações envolvendo indivíduos e famílias em vulnerabilidade e risco social, cariocas, que vivem na invisibilidade do não acesso a serviços básicos e a condições de subsistência dignas. Realidade de todas as grandes metrópoles, esta parcela da população tem crescido desde a crise”. 

Ao contrário de seu oponente, Crivella não assinou a Carta Compromisso com as Favelas e Comunidades do Rio. O atual gestor da cidade pretende criar o programa Inclusão Carioca, que estima atender as 120 mil famílias mais pobres do município por meio de um complemento de renda, a fim de que seja reduzido o número de pessoas em situação de vulnerabilidade.O candidato do Republicanos aposta nas atividades de esporte e lazer como ferramentas de transformação, para impedir que jovens adentrem o crime organizado. Você encontra o plano completo aqui.

Mortes em operações policiais voltam a subir no Rio; STF cobra medidas aprovadas em ‘ADPF das Favelas’

De acordo com dados do Instituto de Segurança Pública, 145 pessoas morreram em operações em outubro

Por Edu Carvalho em 26/11/2020 às 15h10
Editado por Dani Moura às 17h00

O Rio de Janeiro voltou a registrar crescimento de mortes em decorrência de operações policiais nas favelas. É o que aponta o Instituto de Segurança Pública do Rio, o ISP-RJ. De acordo com os dados apresentados pelo órgão, 145 pessoas foram mortas pela polícia no mês de outubro. 

A Rede de Observatório da Segurança indica o aumento de 179% das mortes por intervenção policial no Rio em outubro em relação a setembro, período que marca o tempo de governo de Cláudio Castro. O governador em exercício assumiu o cargo em 28 de agosto, substituindo Wilson Witzel, que enfrenta processo de impeachment. 

Esse número indica a volta da alta letalidade policial no estado, onde desde junho, vigora uma determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) que proíbe operações policiais em pandemias. (no plural, ou seja, em qualquer momento em que haja pandemia).

A Ação apelidada como “ADPF das Favelas”, a ADPF-635 (Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental) foi proposta pelo PSB (Partido Socialista Brasileiro) e construída coletivamente com a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, Educafro, Justiça Global, Redes da Maré, Conectas Direitos Humanos, Movimento Negro Unificado, Iser, IDMJR, Coletivo Papo Reto, Coletivo Fala Akari, Rede de Comunidades e Movimento contra a Violência, Mães de Manguinhos, todas entidades e movimentos sociais reconhecidas como amici curiae no processo.

A ADPF das Favelas foi impetrada em novembro de 2019 pedindo que fossem reconhecidas e sanadas as graves violações ocasionadas pela política de segurança pública do estado do Rio de Janeiro à população negra e pobre das periferias e favelas.

Desde junho, após decisão do ministro Edson Fachin, referendada em agosto pelo plenário do STF, as operações policiais no Rio foram suspensas durante a pandemia de covid-19, salvo em hipóteses absolutamente excepcionais, que devem ser devidamente justificadas por escrito pela autoridade competente, com a comunicação imediata ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro. A decisão do colegiado também pediu uma série de medidas que deveriam ser adotadas pelo Governo do Estado do Rio, com intuito de reduzir os impactos causados pela violência nesses locais. Nenhuma medida foi cumprida pelas autoridades fluminenses.

Segundo levantamento feito pela Defensoria Pública do Estado do Rio e de movimentos e coletivos da sociedade civil, entre os meses de agosto e outubro desde ano, em época de pandemia, houve ações policiais no Morro dos Macacos, Morro da Coroa, Jacarezinho e Manguinhos, Lins de Vasconcelos e Conjunto de favelas da Maré, todas na capital fluminense, além de Viradouro (Niterói), KM 32 (Nova Iguaçu) e Mangueirinha (Duque de Caxias). Isso enquanto o estado do Rio de Janeiro acumula mais de 340 mil casos de Covid-19 e 22.256 óbitos pela doença até o momento, segundo o Ministério da Saúde.

Diante desta situação, no dia seis de novembro, as entidades notificaram ao STF sobre o descumprimento sistemático das medidas, dentre elas a suspensão das operações policiais em tempos de pandemia. O pedido (leia na íntegra aqui) aconteceu após operação policial no na Maré, realizada em 27 de outubro, em que uma jovem grávida de quatro meses perdeu o bebê depois de ser atingida por disparo. De acordo com apuração da Redes da Maré, divulgada aqui no Maré de Notícias, a partir dos relatos de vizinhos, não havia confronto no momento em que a jovem foi alvejada. Ela estava na porta de sua casa e foi socorrida pelos próprios moradores. Os agentes policiais responsáveis pela ação, segundo a apuração, recolheram as cápsulas e limparam as manchas de sangue, descumprindo determinação do STF que exigia preservação da cena do crime.

“Pretende-se, antes, conferir a esta Corte a dimensão da gravidade deste cenário de recrudescimento explícito da política de confronto armado, com consequências imensuráveis para a população negra, desproporcionalmente exposta à violência de estado”.

Entidades em petição encaminhada ao Supremo.

Nesta quinta-feira, 26 de novembro, em seu despacho, Fachin pede o cumprimento da decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos relativas ao estabelecimento de metas e políticas de redução da letalidade e da violência policial, a serem verificadas pelo Judiciário e Ministério Público do Estado, além do Conselho Nacional do Ministério Público. 

As organizações da sociedade civil envolvidas na ação judicial estão se mobilizando para a criação de uma campanha de comunicação para pressionar o Governador do Estado do Rio, ao cumprimento das medidas de segurança já deferidas pelo STF.

Da Maré até a prefeitura do Rio

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Em artigo especial ao Maré de Notícias, deputada que é cria do Conjunto de Favelas reflete sobre sua candidatura para o cargo de prefeita 

Por Renata Souza, em 26/11/2020 ás 10h

Editado por Edu Carvalho 

Sou cria da favela da Maré, mulher preta e doutora em Comunicação e Cultura pela UFRJ. É assim que gosto de me apresentar em tudo que faço. Hoje sou deputada estadual, presidenta da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da Alerj e fui candidata a prefeita do Rio pelo PSOL-RJ. Uma cria da Maré que disputa os espaços de poder e decisão política nesta cidade que nega direitos e oportunidades à favela. Um desafio gigante. Mas é hora da favela ter voz e vez, por isso, sigo de cabeça e punho erguidos em defesa dos trabalhadores do Rio. 

Fazer uma campanha para disputar as eleições para a prefeitura da cidade do Rio de Janeiro foi uma tarefa árdua e cansativa. Mas chego ao fim dessa jornada com a certeza de que a luta por uma cidade mais humana, mais justa e menos desigual só será vencida com muito debate político. Neste ano de 2020, com a pandemia da Covid-19 e a má vontade da mídia em disponibilizar espaços de debates, não houve condições de igualdade para candidaturas como a minha, pequena e pouco conhecida. 

Não foi fácil já no evento virtual de pré-lançamento da campanha, onde fomos atacados por hackers. O prefeito Marcelo Crivella não se sentiu constrangido em dizer mentiras sobre mim e meu partido, ao vivo, no debate da Band. Fui atingida por uma decisão judicial que impediu que a imprensa registrasse o momento do meu voto no Ciep Elis Regina, na Maré, coisa que não aconteceu com nenhum dos outros candidatos. Será porque eu era a única candidata a votar na favela? 

Em minha vivência de mais de 15 anos na política institucional, trabalhei com Marcelo Freixo e fui chefe de gabinete da Marielle Franco, covardemente assassinada, e que me ensinou que embora o resultado nas urnas seja soberano, a disputa eleitoral aponta para futuros possíveis. Na resposta que veio das urnas na Zona 161, onde voto juntos dos moradores da Maré, de Bonsucesso e Ramos, chegamos a quase 9% dos nossos votos. Isso é uma vitória, já que dificilmente votamos em uma referência da própria Maré. 

Aqui sigo cumprindo a missão que me foi confiada por 63.937 eleitores em 2018, que me fizeram a deputada estadual mais votada da esquerda. O Rio de Janeiro não pode seguir sendo o estado que naturaliza os índices absurdos de feminicídio, homicídio, de encarceramento, de violência obstétrica, de salários e trabalhos subumanos da população negra.  

Me sinto muito honrada por ter sido escolhida pelo Partido Socialismo e Liberdade para representar a legenda no difícil pleito de 2020, agradeço aos companheiros pelo apoio, a minha equipe aguerrida, agradeço aos 85.271 eleitores .Sonho, esperança e luta moveram a ampliação da nossa bancada na Câmara do Rio para sete pessoas. Seguimos, com brilho nos olhos e a certeza de que somos necessários nos espaços de poder e decisão política. 

Gratidão à Maré.

Renata Souza é nascida e criada na Favela da Maré. Jornalista, formada com bolsa integral, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Doutora em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e pós-doutora em Mídia e Cotidiano pela Universidade Federal Fluminense. Eleita em 2018 deputada estadual no Rio pelo PSOL, foi a primeira mulher negra presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da ALERJ.