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Vivendo relacionamentos a distância

Maré de Notícias #113 – junho de 2020

Andressa Cabral Botelho

“Saudade”, segundo o dicionário, é um sentimento nostálgico que nos faz sentir falta de alguém ou de algo, seja um lugar ou experiências que costumávamos viver no nosso cotidiano. Com a chegada do coronavírus na cidade do Rio, a saudade se tornou algo latente e passamos a perceber que até hábitos simples têm feito falta. Tivemos de nos adaptar à solidão e às saudades que o distanciamento social nos proporciona. Com isso, relações afetivas de diversas esferas tiveram também de se adaptar ao cenário que estamos vivendo. Em 2020, o Dia dos Namorados vai ser bastante diferente para os casais, tanto os que moram juntos, quanto para os que não se veem em decorrência do distanciamento.

Esta data é celebrada em diversos países do mundo, na maioria em 14 de fevereiro, dia de São Valentim. No Brasil, a comemoração surgiu a partir de uma necessidade de movimentar o comércio. O publicitário João Dória – pai do governador do São Paulo – percebeu que junho era um mês fraco para as vendas e decidiu criar a data comemorativa um dia antes do Dia de Santo Antônio, conhecido por ser o santo casamenteiro. A estratégia deu certo e, desde 1949, comemora-se a data no Brasil. Com a reabertura gradual dos serviços da cidade do Rio, a expectativa é que a data cumpra esse papel de incrementar as vendas. Entretanto, o ideal ainda é evitar aglomerações sem necessidade. O presente do “mozão” pode esperar.

O isolamento nos privou de uma sensação que tem feito falta: o toque. Estudos mostram que simples contatos físicos e afetuosos do dia a dia são responsáveis por produzir ocitocina e serotonina, hormônios que proporcionam sensações de bem-estar e felicidade. Dessa forma, a falta desses hormônios – para muitos de nós em isolamento e sem esse contato – pode nos proporcionar ondas de tristeza, estresse e até alguns quadros de depressão.

A tecnologia a favor

Se a internet e a tecnologia aproximam quem está longe, elas têm cumprido bem esse papel. As chamadas de vídeo permitem que as pessoas possam se ver e interagir de certa forma, já que os encontros físicos não têm sido possíveis.

Posso dizer que sou um case de sucesso. Usei aplicativos de encontro algumas vezes entre 2017 e 2019 e tive diversos tipos de encontros. E foi por meio de um desses apps que meu namorado e eu nos conhecemos. Separados por 65 km, pela Baía de Guanabara e a pandemia, desde março, temos encarado este período como uma longa semana de trabalho, em que o final de semana está longe de chegar. A tecnologia tem sido aliada desde o início do relacionamento, em novembro, e durante a pandemia ela tem ajudado a nos manter próximos. Nesse período, ajudamos um ao outro nos estudos, assistimos a filmes fazendo chamadas de vídeo, fazemos planos para quando a quarentena acabar, compartilhamos conhecimento entre nós e com os nossos amigos.

Por outro lado, os solteiros têm utilizado a tecnologia desde antes da pandemia para conhecer e conversar com outras pessoas – e, aparentemente, esse uso não sofreu tanto impacto. O diferencial, agora, é saber que o flerte vai ter de se estender por muito mais tempo, administrando o desejo de conhecer a outra pessoa pessoalmente. Além disso, a pandemia e o comportamento das pessoas é uma forma de perceber se o outro tem respeitado a quarentena.

O Tinder, um dos aplicativos de encontros mais conhecidos da década, enviou para os seus usuários uma mensagem sobre a necessidade do distanciamento social, mas sem precisar se desconectar do aplicativo. “Esperamos ser um espaço para conexão durante este momento desafiante, mas é importante ressaltar que agora não é o momento para conhecer o seu crush pessoalmente”, é o que diz o trecho da mensagem enviada pelo aplicativo aos seus usuários. Assim como a celebração do Dia dos Namorados, o primeiro encontro pode esperar.

Nascida e criada em Santíssimo, Andressa é mestre em Cultura das mídias, Imaginário e Cidade, e editora do Maré de Notícias

O isolamento é uma prevenção com obstáculos

Na favela, a casa pequena e a necessidade de socializar falam mais alto

Maré de Notícias #113 – junho de 2020

Hélio Euclides

No mês de maio, uma palavra nova chegou ao vocabulário do brasileiro: lockdown. Com o agravamento da pandemia, o distanciamento social mais severo foi considerado por especialistas como uma medida para evitar um número maior de contaminações pelo coronavírus. Na favela, o que se percebe é que nem o Decreto estadual do isolamento social pegou, tendo em vista a grande quantidade de moradores que se encontram pelas ruas da Maré. Como consequência, dados do boletim “De Olho no Corona!” de 11 de junho, afirmam que na Maré há 768 casos de coronavírus.

As restrições às aglomerações começaram no dia 17 de março, quando o governo do Rio publicou um Decreto com medidas de enfrentamento da propagação decorrente da COVID-19. O texto confirmava a suspensão das aulas nas unidades da rede pública e privada de ensino, comícios e passeatas; eventos desportivos; sessões de cinema e de teatro; shows e eventos em casa de festas. Há outras medidas, como recomendações de fechamento do comércio e academias de ginásticas, além de restringir a frequência nas praias.

Na favela, o isolamento social foi um ato que esbarrou em diversas dificuldades. Muitos moradores têm de sobreviver à fome, às violências domésticas e à falta de perspectivas. O morador da favela não tem como romantizar o confinamento, com habitações sem conforto, pelo tamanho dos cômodos. “As pessoas são acostumadas a se falar, tocar, a estar juntas; por essas formas de socialização é impossível o distanciamento. Ninguém consegue ficar dentro de casa, até porque as habitações são muito pequenas e as pessoas estão acostumadas a ficar na rua, sentadas nas portas”, conta Helena Edir, diretora da Redes da Maré.

“O isolamento na favela é muito difícil, não existe. As pessoas chegam e querem entrar na minha casa para visitar, eu faço a minha parte, fico isolada”, comenta Helena. Ela detalha que a maioria das lojas estão abertas, como se nada estivesse acontecendo. Leônides Mariano, morador do Rubens Vaz, acredita que ficar em casa é primordial para o declínio da pandemia. “É uma forma de prevenção; o ideal seria que cada um fizesse a sua parte. Se na cidade fosse declarado o lockdown (confinamento obrigatório) não daria certo, pois pode ser que nem todos os comércios respeitem a ordem de fechar”, diz.

Para especialistas, o confinamento é necessário

A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) estima que o pico da pandemia será no início de junho e que medidas mais severas devem ser tomadas. Com dados de projeção desenvolvido pelo Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe/UFRJ), pesquisadores recomendam o confinamento obrigatório. Pelas projeções, o número de infectados no estado chegaria a 40 mil até metade de junho, entretanto, este número foi ultrapassado no final de maio. Em 13 de junho, o estado registrou 77.784 casos confirmados. 

Em Nota Técnica, a Fiocruz considera que, tanto no estado como na capital do Rio de Janeiro, os níveis de contágio já se encontram muito acima dos padrões históricos e, considerando que a transmissão do vírus ainda não está sob controle, qualquer diminuição ou flexibilização representará um aumento da transmissão e da demanda do sistema de saúde, que ainda não atende aos critérios e às condições para responder ao aumento de casos.

Apesar de estudos apresentados por instituições federais, o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, anunciou o relaxamento do isolamento social na cidade, por pressão do governo federal, empresários e líderes religiosos.

“Ficar em casa” tem de ser para todos

Como as relações e necessidade de trabalho na Maré impactam na recomendação de isolamento total na pandemia

Maré de Notícias #113 – junho de 2020

Jéssica Pires

Desde que foi recomendado o distanciamento social, ouve-se a expressão “fica em casa” como forma de diminuir o contágio do novo coronavírus. Ficar em casa é o ideal para tentar desacelerar a contaminação, mas essa condição é possível para todos? Antes de impor esta afirmação, o Maré de Notícias perguntou a moradores e empreendedores da Maré. Em relação à questão do trabalho, a resposta foi unânime: nas favelas, seguir as adaptações indicadas pelas autoridades não é simples. A relação com o trabalho, para os mareenses, lida com uma antiga e conhecida questão da sociedade brasileira: a desigualdade social.

Com a pandemia, diversas foram as mudanças na vida das pessoas, inclusive no trabalho. Algumas medidas provisórias do governo federal estabeleceram a possibilidade do trabalho a distância, o chamado home office; ou ainda a legalidade dos empregadores garantirem a continuidade do vínculo empregatício e do pagamento dos funcionários, mesmo que sem a continuidade dos trabalhos. Mas essa flexibilização não chega para todos.

 

Muitos moradores da Maré, mesmo aqueles que não trabalham em serviços essenciais, têm se arriscado para trabalhar – Foto: Douglas Lopes

A pandemia nas favelas, na prática

Na prática, a possibilidade do distanciamento dos postos de trabalho para os trabalhadores formais e também para os informais das favelas não é garantia de tranquilidade. A pandemia, no geral, chegou de maneiras diferentes para moradores de partes também diferentes da cidade. Falta de investimento em saúde pública, condições precárias de diversas categorias profissionais, das habitações e falta de saneamento básico são alguns dos pontos que destacam essa desigualdade.

É importante observar que esta realidade não é uma novidade da pandemia. Em 2015, por exemplo, os brasileiros brancos ganhavam o dobro dos salários de brasileiros pretos e pardos. A taxa de desemprego de pretos e pardos ficou em 14,6%, enquanto entre os brancos o índice é de 9,9%, de acordo com o “Atlas da Violência 2017”, feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Também de acordo com o Atlas, a população negra corresponde à maioria (78,9%) dos indivíduos com mais chances de serem vítimas de homicídios. “A pandemia de COVID-19 acirrou as desigualdades sociais e econômicas que se acumulam no Brasil. É só ver que quem mais morre é o pobre e morador de favelas e periferias”, reforça Edson Diniz, diretor da Redes da Maré.

O maior impacto da pandemia do coronavírus nas populações de favelas e periferias também é creditado à “teoria de eugenia”. A eugenia é baseada em teorias cujo objetivo é “melhorar” a raça humana, a fim de melhorar ou empobrecer as qualidades raciais das futuras gerações seja física ou mentalmente. Uma das ações que daria solução à desigualdade social para eugenistas seria controlar da quantidade de pessoas que podem nascer nas famílias de favelas e periferias. Para o diretor da Redes, o que vem acontecendo é uma nova roupagem da teoria, onde existe a “desvalorização da vida dos mais pobres e negros e as favelas como locais à parte.”

SAIBA MAIS:

O termo eugenia foi criado pelo cientista inglês Francis Galton (1822 – 1911), em 1883, e deriva do grego, significando “bom em sua origem ou bem-nascido”. A eugenia defende que raças superiores possam prevalecer de maneira mais adequada ao ambiente. Antes da Primeira Guerra Mundial, a teoria recebia apoio irrestrito de políticos e cientistas e compôs a legislação de 30 estados norte-americanos até metade do século XX. Os questionamentos só ocorreram no fim da Segunda Guerra Mundial, quando os nazistas esterilizaram 140 mil judeus e mataram 6 milhões nos campos de concentração. O Brasil foi o primeiro País da América do Sul a adotar as ideias de eugenia, baseando-se no racismo e na justificativa do fim à imigração, como meio de garantir uma raça superior.

Operações e o coronavírus – o medo visível e invisível

Ainda não há um dado sobre a taxa de isolamento social na Maré, mas se houvesse, certamente seria bem baixo na maioria das favelas do território. Tem sido um desafio conscientizar as pessoas que podem para que fiquem em casa ou que, ao menos, reduzam a circulação nas ruas sem um motivo indispensável.

“Pessoas que moram nas favelas aprendem ou são obrigadas a aprender a sobreviver, conciliando a proteção de sua integridade física com a manutenção econômica de suas famílias”, avalia Levi Germano, morador do Parque União e estudante de Direito. Para ele, a ameaça que é visível e histórica no cotidiano dos moradores de favelas, resultado da política de Segurança Pública adotada nesses territórios, colabora para que as pessoas ignorem ou minimizem os riscos da exposição ou falta de isolamento.

Lidando com o vírus e o trabalho de formas diferentes

Dilamar Batista é moradora da Nova Holanda e trabalha como doméstica há cinco anos. Com o início da pandemia do novo coronavírus, “Dila”, como é conhecida, começou a dormir na casa onde trabalha de duas a três vezes na semana. Para ela, que se mantém isolada quando está em casa, sem contato com ninguém, é um risco para sua família ela ter de circular na cidade, mas continua com o medo de perder a renda.

Laudiceia Fernandes, moradora da Nova Holanda, é trabalhadora informal e se viu obrigada a parar totalmente o trabalho pois há pessoas do grupo de risco em sua família, como a mãe hipertensa e com problemas respiratórios e o filho, que também tem problemas respiratórios. “Como as pessoas não estão respeitando as orientações, meu medo é ir trabalhar e trazer o vírus para a minha família”, observou.

Para Cristiane Silva, a crise econômica que a pandemia do coronavírus causou em todo o mundo e também em sua família foi motivo para se reinventar. A moradora do Parque União começou a vender e a fazer entrega dos bolos que já costumava fazer para amigos e família. “Meu esposo está também desempregado e eu fiquei buscando uma solução para ajudar na renda de casa.”

“O trabalho dignifica o homem”

Zoroastro Oliveira é morador do Sem Terra, no Parque União, e trabalha há mais de 15 anos como padeiro, no Complexo do Alemão. Mesmo com o apelo diário das filhas para que ele interrompa as atividades e não vá ao trabalho pelo fato de ser do grupo de risco do coronavírus, por ser idoso e hipertenso, Zoroastro continua saindo da Maré diariamente para o Alemão. As filhas, Jaciara e Janaina  acreditam que não seja apenas a necessidade de garantir renda à família que faça com que o padeiro não deixe de ir trabalhar: “Por ele sempre ter trabalho, por acreditar que se ele não for, não vai ter quem faça o trabalho por ele”, comenta Jaciara.

Orientações oficiais

Apesar de Zoroastro contrariar as filhas e seguir trabalhando, padarias são estabelecimentos considerados como serviço essencial, tanto para o governo federal quanto para o estado e o município do Rio. O governo federal atualizou o Decreto publicado no início da pandemia, no último dia 29 de abril, sobre serviços essenciais que podem permanecer em funcionamento. No total, são 57 atividades consideradas essenciais, entre elas, salões de beleza e barbearias, academias de esporte de todas as modalidades e atividades religiosas. O Decreto prevê que o funcionamento das atividades aconteça obedecendo às determinações do Ministério da Saúde, que inclui o uso de máscaras, distanciamento entre as pessoas e disponibilização de álcool em gel, tanto para clientes como para funcionários, apesar de não ser essa a realidade vista aqui na Maré e também em outros pontos da cidade.

A decisão sobre o funcionamento das atividades, porém, fica a critério dos governos estaduais e municipais. O governo do estado do Rio de Janeiro se pronunciou no último dia 12 de maio, dizendo que não vai acatar as diretrizes do governo federal sobre os serviços essenciais e vai manter salões, barbearias e academias fechados. Já o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, relativizou os decretos do governo e optou pela reabertura gradual dos serviços, mesmo com o alto número de contaminados.

Lojas de materiais de construções são serviços essenciais, como a da Priscila Fernandes, na Vila dos Pinheiros – Foto: Douglas Lopes

“Você sabe que no morro não vai água na tornera” – COVID-19 nas favelas e o desafio de fazer chover

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“Logo mais vai chover, vai lá

Bota o barril na pingueira

Você sabe que no morro

Não vai água da tornera”

(Elaine Machado)

Em 1985 a sambista Elaine Machado cantava um morro onde “não vai água na tornera”. Em 2020 percebemos que esta realidade ainda não se modificou totalmente. Em meio a pandemia de um vírus inédito na contemporaneidade, moradores de favelas e periferias têm de conviver com a ausência de direitos básicos como água, esgoto e alimentação. 

Segundo a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) 2019, divulgada em maio de 2020 pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), há  18,3 milhões de brasileiros que não recebem água encanada todos os dias em suas residências. Nas favelas e periferias essa realidade se coloca de forma ainda mais latente. A ausência de serviços e direitos básicos é crônica. 

O Conjunto de Favelas da Maré, mesmo tendo apenas um morro, também sofre com falta de água. Esta questão se apresenta ao lado de outras como vulnerabilidade econômica e financeira, e falta de investimentos em saúde e educação. Quando Elaine Machado canta “você sabe que no morro não vai água na tornera”,  são abertas duas questões importantes: a ausência de serviços básicos em morros e favelas e o fato de isto ser um dado conhecido por muitos. Inclusive por quem deveria garantir o pleno funcionamento destas frentes: o Estado. Outro trecho de “Pingueira”, traz uma mais uma face desta relação:

“Quando chove lá no morro

Tudo é festa, tudo é alegria

Tem samba tem batucada

Partido alto noite e dia

Todos cantam em verso e prosa

Rimando com filosofia”

A chuva, a água, a abundância, trazem festa, alegria, filosofia. Também trazem justiça social. Num sentido poético, entendo a “água  na tornera” como a representação de  direitos que não são plenamente garantidos em favelas. Quando o samba nos conta que não há água na torneira, ele de forma simbólica, nos diz que há uma série de direitos que não são assegurados em morros, favelas e periferias. 

Então, já que “não vai água na tornera”, por aqui estamos fazendo chover. Estamos buscando nossos direitos. Estamos vivendo o “nós por nós” em seu sentido mais visceral. Se a “água-direito” não vem de lá, ela vem de cá. Assim, organizações da sociedade civil  de favelas e moradores organizados tem “feito chover” em meio a uma pandemia. Tem lutado pela garantia de direitos e serviços essenciais.

Escrevo este artigo nos intervalos entre a distribuição de álcool em gel e cestas básicas e a recepção de doações para a Campanha Maré diz não ao Coronavírus da Redes da Maré. Mas não estamos sozinhos nesse “fazer chover” em tempos de escassez. Juntos Pelo Alemão, Frente de Mobilização da Maré, Escola sem Muros/Grupo ECO, Associação de Moradores do Morro Santa Marta, Manguinhos Solidário Contra o Coronavírus, Rolê dos Favelados, Casa Amarela Providência, Frente CDD, Morro dos Macacos pede socorro, Rocinha Resiste, Todos pelo Santo Amaro, Avante Serrinha, Suporte para Santa Cruz em tempos de COVID-19, Apadrinhe um sorriso, Movimenta Caxias e Mães da Favela são algumas das iniciativas que na ausência de ações do poder público, tem buscado a garantia de direitos em favelas e periferias em tempos de COVID.

É responsabilidade do Estado assegurar direitos à sua população. Queremos a garantia de nossos direitos. Queremos que “caia água na tornera”. Lutamos por isso. Mas enquanto ela não vem, não podemos morrer de sede. Então, enquanto a água não jorra em nossas torneiras, fazemos chover.

SOBRE A AUTORA:

Pâmela Carvalho é educadora, historiadora, gestora cultural, comunicadora, pesquisadora ativista das relações raciais e de gênero e dos direitos de populações de favelas. É Mestra em Educação pela UFRJ. É coordenadora do eixo “Arte, Cultura, Memórias e Identidades” da Redes de Desenvolvimento da Maré. É moradora do Parque União, no Conjunto de Favelas da Maré.

Ronda Coronavírus: Brasil é o segundo país no mundo com mais mortes por Covid-19

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Rio teve a menor taxa de isolamento social desde do início da pandemia

Em números absolutos, o Brasil é, desde sexta-feira (12), o segundo país no mundo com mais mortes por Covid-19, atrás apenas dos Estados Unidos. O Brasil soma 44.118 mortes por coronavírus e 891.556 casos confirmados, segundo o Ministério da Saúde. A cidade do Rio passou dos 42 mil casos e 5 mil mortes pelo coronavírus. Segundo dados oficiais, as favelas do Rio tem 1.832 casos confirmados e 397 mortes. Na Maré são 258 casos confirmados e 67 mortes, segundo o Painel Rio Covid-19. Já segundo o último boletim De Olho no Corona!, até o dia 11 de junho eram pelo menos 768 casos suspeitos e 94 mortes nas 16 favelas da Maré

Cidade registra menor taxa de isolamento 

O Rio de Janeiro registrou no último fim de semana a menor taxa de isolamento social desde o início da pandemia do novo coronavírus. De acordo com um gráfico feito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com base na movimentação de celulares no estado do Rio, o isolamento social registrado na sexta-feira (12), Dia dos Namorados, foi de 38%. No sábado, o isolamento ganhou um pouco mais de força, subindo para 41%. Já no domingo, com um dia chuvoso, chegou a 51%.

Fim de semana movimentado na Maré

Na Maré, o fim de semana foi bastante movimentado, com bailes acontecendo na Nova Holanda, Parque União e Vila do João. Bares também estavam cheios e muita gente sem máscara fazendo aglomerações. Comércios também tiveram bastante movimento devido o Dias dos Namorados.

Baile na Vila do João no último sábado (13)

Campanha Maré diz NÃO ao Coronavírus

A Campanha Maré diz NÃO ao Coronavírus concluiu a segunda etapa de distribuição de alimentos e kits de higiene pessoal e limpeza. De 27 de março a 13 de junho foram beneficiadas mais de 40 mil pessoas e 13 mil famílias. Também neste período, mais de 19 mil quentinhas foram entregues à população em situação de rua. Apesar da iniciativa ter doado 914 toneladas de itens, o desafio continua, pois ainda há muitas famílias necessitadas de ajuda. Para a terceira etapa da distribuição, que começará nesta sexta-feira, 19 de junho, uma nova campanha foi lançada para buscar doações para mais 5.737 cestas básicas Para saber mais informações e doar, é só acessar  aqui.  

Cuidados e Prevenção de Saúde 

Na frente Cuidados e Prevenção de Saúde da campanha, começamos a limpeza e desinfecção de todas as ruas da Maré com um produto que além de limpar, deixa uma película protetora, evitando a propagação do coronavírus. Comlurb, Redes da Maré e associações de moradores estão juntas numa iniciativa para limpar ruas, vielas, becos e travessas das favelas da Maré. Amanhã será a vez do Morro do Timbau e na quarta a favela de  Bento Ribeiro Dantas. 

Agentes da Comlurb fazendo a desinfecção na Baixa do Sapateiro, uma das 16 favelas da Maré. Foto: Douglas Lopes

Distribuição de álcool em gel e máscaras

Foram entregues à população da Baixa do Sapateiro e da Nova Maré 3.240 frascos de álcool em gel e 12.600 máscaras de tecido produzidas por costureiras da Maré, que estão no projeto “Tecendo Máscaras e Cuidados”, também parte da campanha. A iniciativa já produziu 106.254 máscaras e distribuiu 59.827, incluindo o apoio às unidades de saúde da Maré. Saiba mais no site.

Arrombamento e invasão de escolas

A escola de Educação Infantil João Crisóstomo, na favela Rubens Vaz, foi arrombada hoje cedo e teve alguns objetos levados. É a terceira escola invadida desde do início da pandemia, o que fez com que diretores de centros educacionais, pais, alunos e funcionários das escolas criassem uma campanha de conscientização de que o patrimônio público é de todos.

A escola de Educação Infantil João Crisóstomo, mais conhecida como Helinho.

AO VIVO NA REDE

Nesta terça-feira, 16 de junho, às 18h, acontecerá mais uma live na Redes da Maré, com o bate-papo entre Eliana Sousa e Ricardo Henriques, superintendente executivo do Instituto Unibanco. O tema da conversa será “Impactos da pandemia nas populações de favelas e periferias” e acontece no instagram.com/redesdamare.

CAFÉ PRETO EM CASA

E na quarta-feira, dia 17 de junho, às 19h, o Café Preto, projeto da Casa Preta da Maré, fará uma live com o tema “A sociologia da pandemia: aspectos sociológicos, sociais e raciais da Covid-19 na Maré”. A conversa será com assistente social Joelma Sousa e mediada pela Pâmela Carvalho. O encontro também acontece no instagram.com/redesdamare.

OPORTUNIDADE PARA JORNALISTAS DA MARÉ

Não perca essa oportunidade de participar do Maré de Notícias. Você terá formação e ainda ganhará uma bolsa auxílio. Prepare aquela pauta que você tem sonho em fazer e inscreva-se. Só clicar aqui  

Nenê do Zap

Quer independência do seu bebê? A dica de hoje mostra que não é tão difícil quanto parece dar autonomia aos nenês na primeira infância.