Idas à praia sempre rendem histórias, sejam boas ou ruins. Queremos saber a sua!
Gostar de praia e morar pertinho do mar é uma realidade distante para grande parte da população do Rio. Para quem mora longe, é um passeio que começa muitas horas antes, pois é preciso preparar o que levar para comer e beber, organizar bolsa, encarar transporte, disputar lugar na areia… Por mais divertido que seja, também temos alguma história não muito legal para contar. Que tal compartilhar com a gente?
Qual é o seu nome?
Qual praia você frequenta?
Como faz para chegar lá?
Quais as dificuldades para chegar na praia?
Você já passou por alguma situação desconfortável na praia, como olhares atravessados, não ser atendido por algum barraqueiro…? Conte o seu episódio.
Para você, a praia é um lugar democrático e acessível a todos?
O que você acha da proposta da Prefeitura sobre o aplicativo para reservar uma faixa de areia da praia? (Saiba mais aqui)
Diga o seu nome e que você autoriza o uso de sua imagem ao Maré de Notícias.
Mande pra gente pelo Whatsapp (21)9721-9410 ou pelo e-mail [email protected]
Dicas para gravar vídeos com o celular:
A sua história é muito importante para gente. Por isso, elaboramos este pequeno guia com dicas para que você consiga captar sua história da melhor maneira possível.
Limpe a lente da câmera do seu celular: sujeira e gordura tendem a ficar acumuladas na lente da câmera dos aparelhos celulares e isso pode prejudicar a nitidez da imagem. Limpe com cuidado para não arranhar!
Preste atenção ao áudio: os ruídos de fundo podem prejudicar o entendimento da sua fala no vídeo, então o ideal é que você grave em um ambiente silencioso. Cuidado para não colocar a mão no microfone enquanto estiver gravando. Nesse momento, o seu fone de ouvido pode ser um grande aliado. Sabe aquele fone de ouvido que vem junto com o celular? Então, ele tem um microfone que pode contribuir bastante para a sua captação de áudio É só conectar o fone de ouvido no celular em que você está gravando. Só toma cuidado para não colocar o microfone muito perto da boca, isso faz com que o som fique abafado.
Filme na horizontal: isso é importante para que o seu vídeo seja visto no tamanho certo em televisões e telas de computadores, por exemplo. Então, mantenha seu celular na horizontal enquanto grava.
Mantenha o vídeo estável: tripés podem ajudar muito nisso, mas se você não tiver um em casa, não tem problema! Filme utilizando as duas mãos para segurar o celular, aí você tem menos chances de tremer. Improvisar uma gambiarra para apoiar o celular também é válido, mas toma cuidado para ele não cair!
Use a luz a seu favor: quando for filmar, prefira ambientes bem iluminados e confira se você está na direção da luz. Se você estiver na direção contrária, seu vídeo pode acabar ficando muito escuro e a gente não vai conseguir te ver.
Enquadramento: preste atenção se seu rosto está aparecendo inteiro na tela, sem cortar sua testa ou seu queixo, por exemplo. Tenha em mente também que você é a parte mais importante da imagem, então evite que apareça mais o teto que você, por exemplo.
Evite marcas d’água: atualmente, temos usado muito aplicativos para gravação que deixam uma marca d’água no canto da sua imagem. Evite gravar com eles, priorize uma imagem sem interferências.
Sobre o conteúdo do vídeo, seja o mais natural possível para contar sua história sobre as idas à praia e dar sua opinião sobre o aplicativo da Prefeitura para a reserva de lugares na praia e se precisar de ajuda não se esqueça de nos dar essas informações.
Projeto piloto desenvolve ações para driblar a expansão da COVID-19 no território
Hélio Euclides
Mesmo com a reabertura da cidade e especulações da volta às aulas, o novo coronavírus segue fazendo vítimas. As favelas e bairros periféricos sofrem com o contágio e mortes. Na Maré, o Painel Rio COVID-19, da Prefeitura do Rio, trazia 541 casos e 90 mortes na noite de 18 de agosto. Com os dados apurados pela equipe do Boletim De Olho no Corona!, na 15ª edição o conjunto de favelas possuía 1.076 moradores com suspeita e 34 mortes causadas pela COVID-19. Assim, a Maré tem, entre confirmados e suspeitos, 1.584 casos e 124 mortes por coronavírus. É um dado preocupante, pois os números no território continuam subindo, apesar de a imprensa divulgar uma queda no Estado como um todo.
Para reverter esta situação, foi desenvolvido o Conexão Saúde – De olho na Covid, projeto piloto que será implementado na Maré e em Manguinhos para combater o novo coronavírus nesses territórios. O projeto irá atuar por meio de ações, como telemedicina, testagem, pesquisa e um centro de isolamento para atenção integral. A ação é uma parceria de instituições Centro Comunitário Manguinhos, Cruz Vermelha, Dados do Bem, Estáter, Fiocruz, Redes da Maré, SAS Brasil, Todos Pela Saúde e União Rio.
O lançamento foi nesta quarta-feira (19) através de uma live no canal do Youtube da Fiocruz, com a presença do oncologista Dráuzio Varella, da pneumologista e pesquisadora Margareth Dalcomo, além de Eliana Sousa representando a Redes da Maré e Patrícia Evangelista, do Conselho Comunitário de Manguinhos. Também fizeram parte da conversa Nísia Trindade Lima (Presidente da Fiocruz), Valcler Rangel (Fiocruz), Adriana Mallet (SAS Brasil), Fernando Bozza (Dados do Bem) e Eduardo Pádua (União Rio).
A pesquisadora Margareth Dalcomo destacou o papel das lideranças comunitárias enquanto facilitadoras na execução de projetos como o Conexão Saúde. “As lideranças comunitárias são fundamentais para que nós consigamos ter acesso a essas comunidades. Elas são legítimas representantes não só dessas pessoas, mas como dos problemas que são prevalentes nessas comunidades”, observou a pesquisadora. Margareth destacou que em espaços de alta violência urbana muitos projetos externos têm dificuldade de se sustentar sem o apoio das lideranças, que são o elo entre os projetos e os territórios.
Ações para combate
A primeira ação já foi iniciada, com atendimento on-line feito por médicos e psicólogos. “Por conta da pandemia, foi iniciado a telemedicina no Alemão, para as pessoas que, com receio, ficaram sem acesso a outras especialidades. No Alemão, 97% dos atendimentos foram resolvidos pelo telefone e outros 3% encaminhados para unidades. Agora é a vez de Manguinhos e Maré. O morador manda um WhatsApp com uma mensagem, é feita uma triagem e depois o médico liga para a pessoa”, diz Luna Arouca, coordenadora do Espaço Normal e do Boletim De Olho no Corona!
Para realizar o serviço, a SAS Brasil tem uma equipe de 70 médicos e mais de três especialidades. Sabine Zink, diretora da SAS Brasil, explica que o atendimento será completo, não apenas para os casos de COVID-19. “Para o paciente, é um médico no WhatsApp. Estamos conversando com as clínicas das famílias e com a UPA, para somar esforços nesta crise de saúde que estamos vivendo. A ideia é que a gente fique quatro meses [atuando no território]”, comenta. O projeto já está em funcionamento com bastante procura.
Com o avanço tecnológico, o médico Dráuzio Varella vê que a utilização da telemedicina é um mecanismo importante, mas destaca também a necessidade do contato presencial com os profissionais. “Eu vejo a telemedicina como uma grande ajuda, desde que ela seja incorporada para exercer um papel que ela deve ter. Agora, ela não pode substituir o sistema de saúde e os outros profissionais necessários para outros atendimentos médicos”, destacou.
Telemedicina está em atendimento na Maré desde julho
A segunda ação são as testagens. Ela nasce da articulação do aplicativo Dados do Bem na coleta, com a parceria da Fiocruz no cruzamento de dados. “A ideia é começar com 80 testes por dia com os sintomáticos, entre o 2º e 9º dia da doença. Com o resultado positivo, é indicado o isolamento e o teste pode ser estendido para até 5 pessoas que o paciente teve contato”, detalha Luna. O local usado para base dos diagnósticos será o Galpão Ritma, na Rua Teixeira Ribeiro, nº 521, na Nova Maré.
Para realizar a testagem, a pessoa precisa, inicialmente, apresentar os sintomas da Covid-19. A partir disso, é necessário baixar o aplicativo do Dados do Bem no Google Play (sistema Android) ou na App Store (sistema iPhone), responder as perguntas e caso esteja dentro dos critérios, a pessoa é agendada para fazer o teste. É importante ficar alerta no aplicativo pois o agendamento será feito apenas pelo programa.
Passo a passo da utilização do aplicativo da Dados do Bem
Já a terceira ação vai ser um Centro de Isolamento na Maré, ao lado da Clínica da Família Jeremias Moraes da Silva, na Nova Holanda. No local serão 18 leitos, onde o paciente terá atendimento, alimentação e acomodação para dormir. O projeto ainda contará com uma ajuda na estruturação da clínica. Será um projeto-piloto, que pode seguir para outras favelas da cidade.
Uma pesquisa na favela
A Secretaria Municipal de Saúde começou uma pesquisa em parceria com o IBOPE na Maré, a partir de 1.000 testes, divididos em duas etapas. Na primeira, realizada em junho, 19% dos moradores da Maré testados tiveram resultado positivo para o vírus. Pensando na população total da Maré, estima-se mais de 24 mil casos positivos na região. A segunda etapa da pesquisa foi realizada no mês de julho e nela 11,4% dos moradores da Maré, que participaram do inquérito sorológico, testaram positivo para º novo coronavírus. A previsão é que a terceira fase seja iniciada no início de agosto.
Desde a sua criação, o ritmo é associado ao crime, junto a outras manifestações culturais negras
Maré de Notícias #15 – agosto de 2020
Andressa Cabral Botelho
No mês
de julho, a comunidade funkeira viu
duas situações comuns aconteceram: o MC Poze do Rodo foi acusado de associação
ao tráfico e o DJ Rennan da Penha, acusado anteriormente de associação ao tráfico,
foi impedido pela Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha de realizar
uma live na favela. Infelizmente, a
criminalização do funk é um assunto
antigo e recorrente, desde antes dos nomes da nova geração do funk nascerem. Poze e Rennan entram para
a lista de nomes associados ao crime, como os MCs Junior, Leonardo e Smith, por
exemplo, mostrando que o ritmo, assim como outras manifestações artísticas
populares ligadas ao povo preto, desde sempre sofre com a discriminação social
e racial. Ao longo dos anos, diversas foram as leis para criminalizar aqueles
que eram envolvidos com música.
Na
virada dos séculos XIX e XX aconteceu com o samba e a capoeira. Aqueles que
fossem vistos com um pandeiro nas mãos poderiam ser considerados vadios e
enquadrados no artigo nº 374 do Decreto nº 847, do Código Penal de 1890, e
ficar presos por até três meses. Era considerado vadio aquele que perambulava
pelas ruas sem comprovar emprego fixo, e um dos critérios para avaliar a
vadiagem era a aparência de criminoso, comumente associada à raça negra. “Nesse
cenário, tudo o que advém do corpo preto deve ser combatido pelo Estado, e o
Direito Penal é (talvez) o principal mecanismo capaz de permitir ao Estado a
contenção dos corpos pretos ao longo da história, ocasionando a criminalização
da capoeira, da vadiagem, do samba, do funk,
e das produções musicais pretas”, observou a advogada Cássia Dias.
Em 2017, chegou ao Senado a Sugestão nº 17, que tinha com proposta tornar o funk um crime contra a saúde pública de crianças, adolescentes e a família. O empresário paulista Marcelo Alonso, autor da sugestão, alegou que o funk era uma “falsa cultura” e que atendia aos interesses de criminosos. Apesar de receber apoio de mais de 20 mil pessoas, a sugestão de lei não foi aprovada pelo Senado, por cercear a liberdade de manifestação cultural.
Mesmo com mais de 100 anos de diferença entre o Decreto nº 847 e a Sugestão nº 17/2017, é possível notar que o alvo continua sendo o mesmo: manifestações ligadas a negros, pobres e moradores de regiões populares da cidade. “Desde que as pessoas pretas se tornaram objetos, todas as suas particularidades foram usurpadas, com especial atenção para o aspecto cultural, que além de união traz consigo lutas políticas”, destacou Cássia.
DJ Renan Valle é um dos residentes do Baile da PU – Foto: Douglas Lopes
Quem pode fazer funk?
Em julho, o deputado estadual Rodrigo Amorim lançou um projeto de lei que visa transformar o funk em patrimônio cultural do Estado, mas em uma rede social, ele falou que desconsiderava o funk de comunidade como parte desse patrimônio. “Se ele excluiu a favela, então não tem como nós, moradores e funkeiros, sermos beneficiados [com a lei]. Os bailes financiam muitos moradores, geram empregos, porque quem é morador da comunidade vai gastar aqui. Quem é de fora vai vir para gastar aqui. Então, o capital fica circulando dentro da comunidade”, avaliou Renan Valle, DJ residente do Baile da PU, no Parque União.
Renan e
Cássia concordam que a criminalização do ritmo acontece também porque o baile
na favela não gera renda para o estado ou município. Há eventos de funk em casas de show, com ingressos e bebidas caras, que não são proibidos ou
criminalizados como os bailes. “O grande aspecto criminalizador do ritmo se
relaciona à raça e à classe dos agentes culturais envolvidos”, observou a
advogada.
Enquanto muitos enxergam o ritmo como um problema, Renan vê como um retrato de sua vida: “O funk sofre junto comigo diariamente, sendo criticado e sofrendo preconceito. O que seria de mim se não fosse o funk?”, conclui.
Rotina de treinamentos de atletas da Maré sofreu modificações durante a pandemia
Maré de Notícias #115 – agosto de 2020
Thaís Cavalcante
Os moradores que são atletas,
esportistas e jogadores da Maré viram a pandemia do novo coronavírus paralisar
seus treinos, campeonatos e perceberam o fechamento dos espaços que oferecem
atividades físicas, desde o mês de março. Assim como as quadras, campinhos e ruas das favelas ficaram vazias, os
grandes estádios do mundo todo também.
Suspender as atividades foi uma
ação orientada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelas autoridades
governamentais, para conter o avanço da doença. Os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Verão, que aconteceriam nos meses
de agosto e setembro deste ano no Japão, por exemplo, foram remarcados para
2021. No Brasil, com a reabertura dos serviços e apesar de a pandemia ainda não
estar controlada, o retorno das atividades esportivas oficiais é feito em
etapas: os Campeonatos estaduais retomaram seus jogos no mês de junho, sem a
torcida, e a Copa do Brasil volta em agosto.
O desejo de voltar à rotina é
grande e o número de infectados pela COVID-19 ainda preocupa. A Maré é o
Complexo de Favelas com mais casos de contaminação e óbitos da cidade do Rio de
Janeiro. São 1.353 casos e 112 vítimas da doença, entre confirmados e
suspeitos, de acordo com o levantamento do Boletim De Olho no Corona!, na 11ª Edição, de julho de 2020.
Esse movimento de retomada
aconteceu rapidamente nas favelas e os apaixonados pelas atividades físicas
foram grandes apoiadores. As academias voltaram a funcionar, as caminhadas pela
Cidade Universitária são cada vez mais frequentes e até os torneios de futebol
já estão sendo programados nos campinhos. A Prefeitura do Rio de Janeiro
liberou as atividades físicas individuais ao ar livre, mas nem todos concordam
com a medida.
Jogo de perseverança e cuidado
Para Edson da Silva, presidente e fundador da Associação Esportiva
Beneficente Amigos da Maré (AEBAM), essa foi a primeira vez, em 20 anos de
Escolinha, que seus 120 alunos ficaram sem treinos por tanto tempo. As equipes
de meninos se dividem nas categorias Sub 10, Sub 13, Sub 15 e Sub 17 e costumam
treinar no campo da Rubens Vaz. “Mesmo que exista um impacto financeiro e o
entendimento de que a atividade esportiva na rotina diária das crianças é um
incentivo de algo melhor para elas, entendemos que a suspensão das aulas é o
melhor a ser feito neste momento”, afirma o presidente da AEBAM.
Os treinos fazem tanta falta, que
as famílias dos jovens procuram Edson, perguntando sobre a volta das aulas
presenciais, que ainda não têm previsão de retorno. Ele espera que o futuro da escolinha seja de muito trabalho: “Que
consigamos nos recuperar para dar continuidade e que, a partir de tudo o que
está acontecendo, tenhamos saído desta pandemia pessoas melhores. Que sejamos
pessoas que acreditam em nossas crianças, inclusive nas que moram nas favelas,
que mais precisam da atenção dos governantes”, observou.
Enquanto a rotina de treinamentos
não volta de forma tradicional, o jeito para lutadores é se adaptar e treinar
em casa. É o que tem feito o jovem de Faixa Amarela, Lucas Santana. Ele fez de seu quarto o seu tatame e conta com o apoio de sua mãe Jacilda de Araújo, para acompanhar seu
crescimento na arte marcial. “Os treinos foram cancelados e ele está fazendo drills, que são posições de repetição de
luta. Além de exercícios também, como flexões e
abdominais”, conta.
Lucas Van Van, como é conhecido no Jiu-Jitsu,
participa do projeto social Maré Top Team, que é perto de sua casa, no Parque
União. Durante a quarentena, a proximidade com o seu mestre Douglas continua:
responde às dúvidas via mensagem e ligação sempre que precisa. Uma rotina
diferente daquela que Lucas, que competiu na Califórnia em fevereiro desse ano,
não imaginava viver. Mas Jacilda acredita em dias melhores e torce para que,
nem nos treinos e nem nas escolas, tenha alunos abandonando as atividades. Por
toda a sua vivência, ela afirma: “O esporte na Maré salva vidas.”
O professor Edson da Silva em encontro com o campinho ainda vazio – Foto: Douglas Lopes
O time que não saiu de campo
Em outra parte da Maré, a bola se
movimenta nos pés dos meninos que participam da Escolinha Amigos Unidos. Cerca de 120 crianças treinam, semanalmente, no Parque Ecológico da Vila
do Pinheiro, mais conhecido como Mata.
Quem lidera o grupo é o professor Alexandre Pichetti. Mesmo com a pandemia não dando
trégua, ele garante que foi o único treinador que não parou por causa do novo
coronavírus, mas continuou com os cuidados diariamente. “Eu trabalho todos os
dias, com todas as faixas etárias e nós não paramos. Na fé de Deus, deu tudo
certinho. Eu soube contornar esta situação, porque as minhas crianças precisam
disso e as mães confiam a mim”.
A Mata é um espaço aberto que equivale a 10 campos de futebol e está
sendo palco para a volta de jogos e de ações solidárias também. Recentemente, Pichetti fez uma parceria com o projeto evangélico Desperta Jovem, que articulou a doação
de uniformes e alimentos para os meninos da Escolinha. O projeto esportivo
existe há 22 anos e Pichetti, a cada treino, agradece a oportunidade.
Próxima partida:
exercícios on-line
Desde que a Vila Olímpica
da Maré (VOM) precisou ter suas atividades presenciais pausadas por causa do
novo coronavírus, as redes sociais tornaram-se uma alternativa para dar
continuidade nas atividades físicas. A instituição posta videoaulas acessíveis e realizadas por professores.
Um ritmo diário de exercícios para os mais de 9 mil seguidores, que têm
conteúdos diversos, como atividades aeróbicas, alongamentos, exercícios de
respiração, conversas ao vivo e muito mais.
Cátia Simão, coordenadora técnica e esportiva da VOM, acredita que a
prática de exercícios em casa é uma ferramenta importante para os moradores e
alunos e até para quem não tem esse hábito. “Para que a volta às atividades não
seja tão brusca, a gente se reinventou on-line”,
contou em rede social. Assim como na Maré, as outras 25
Vilas Olímpicas estavam fechadas, mas nas últimas semanas de julho a Secretaria
de Esportes e Lazer do Rio anunciou a volta das atividades, com medidas de
segurança para todos os frequentadores.
A ONG Luta Pela Paz também precisou adaptar os seus conteúdos para vídeos on-line, para não deixar seus alunos e seguidores sem praticar exercícios nesse período de isolamento social. É fácil encontrar os professores e instrutores nos grupos de Facebook e WhatsApp.
Vila Olímpica da Maré anuncia retorno das atividades com horário marcado para evitar aglomerações.
A tecnologia a favor do físico
A verdade é que, para os fitness, a internet se tornou uma grande
academia virtual. Nas redes sociais, a série Crias da Quarentena, feita pelos próprios alunos da ONG, mostra
desafios divertidos e depoimentos de saudade. As transmissões ao vivo também
fazem sucesso, principalmente entre os mais conectados. São diferentes temas,
convidados e horários. Uma forma de resistir a distância das atividades sem
esquecer todos os benefícios que elas oferecem.
Praticar atividades físicas em
casa é uma das tendências do Brasil depois da pandemia, segundo pesquisa
nacional da Opinion Box. Uma destas atitudes é facilitada para aqueles que têm
uma boa conexão com a internet, e até aulas particulares com o acompanhamento
de professores, o que não é a realidade da maior parte da população favelada.
Por aqui, o presencial faz a diferença.
Aos apaixonados pelo treino na
academia, corrida matinal ou até a “pelada” no fim da tarde, é importante
reforçar o cuidado. Neste período de retorno, as autoridades reforçam a
importância da higiene pessoal e do distanciamento social. São pequenas
atitudes de cuidado com a nossa saúde e com a saúde do outro. Da mesma forma
que a prática de atividades físicas faz bem, retornar com segurança e ter
atenção à sua saúde e a do outro são fundamentais.
Quer fazer atividades físicas sem precisar sair de casa? Confira as aulas dos professores da VOM no Facebook:
Iniciativa realizará live explicando as ações que serão realizadas nos territórios
Nesta quarta-feira, dia 19 de agosto, de 10h a 12h, vai acontecer uma live com odoutor Dráuzio Varella e a doutora Margareth Dalcomo sobre o projeto piloto Conexão Saúde – De Olho na Covid, que acontece na Maré e em Manguinhos e que visa combater a pandemia nas favelas e periferias. O projeto tem como ações práticas acesso a testes, telemedicina e práticas de cuidado com a Covid-19, que já vem acontecendo na Maré.
Duas dessas ações já estão acontecendo na Maré: a telemedicina e a testagem. O serviço de telemedicina é oferecido pelo SAS, um dos parceiros do projeto. As consultas são gratuitas e acontecem todos os dias, das 8h às 20h via Whatsapp. Basta mandar uma mensagem para o número (21) 99271-0554 e aguardar o agendamento. Para acessar a testagem, a pessoa precisa apresentar os sintomas da Covid-19, baixar o aplicativo do Dados do Bem no seu celular e responder algumas perguntas no aplicativo. O atendimento acontecerá no Galpão do RITMA, na Rua Teixeira Ribeiro, 521, Parque Maré, apenas com horário marcado.
Fazem parte dessa parceria Redes da Maré, Conselho Comunitário de Manguinhos, FioCruz, Dados do Bem, SAS Brasil e União Rio com apoio da Cruz Vermelha, Estáter instituto, Prefeitura do Rio e Todos pela Saúde.
Números da Covid-19
O Brasil registrou hoje mais de 3,3 milhões de casos confirmados do novo coronavírus e mais de 108 mil mortes, de acordo com o Ministério da Saúde. O Estado do Rio se aproxima dos 195 mil casos confirmados de Covid-19, além de ter registrado nesta segunda-feira, 17 de agosto, 14.566 mortes confirmadas, além das 1.101 mortes em observação. Desses números, a cidade do Rio possui 80.899 casos confirmados e 8.830 mortes.
Covid-19 nas favelas
A cidade de Itaguaí registrou nesta segunda-feira (17) 2.031 casos e 96 mortes por coronavírus, de acordo com dados do painel da prefeitura da cidade. Entretanto, os dados destoam bastante dos registros do Painel Unificador Covid-19 na Favelas do Rio de Janeiro. No levantamento, quatro favelas da cidade tem número de casos e mortes superior aos números de todo o município: 2.445 casos e 528 mortes, entre confirmados e relatados por lideranças comunitárias. Na última semana, lideranças comunitárias se reuniram em uma coletiva de imprensa virtual para debater sobre a importância do painel, que dá visibilidade a casos como o de Itaguaí. Confira a conversa aqui.
A Maré tem hoje 531 casos confirmados e 90 mortes pelo novo coronavírus. Entre os números levantados pelo boletim De Olho no Corona da última semana, até o momento são 1.076 casos e 34 mortes de pessoas com suspeita de Covid-19, mas sem acesso a testes ou confirmação.
Ação policial no Morro dos Macacos
Mesmo com a suspensão das operações policiais durante a pandemia do novo coronavírus, decisão votada pelo Supremo Tribunal Federal, um jovem de 20 anos foi morto na noite de sexta-feira (14) no Morro dos Macacos, em Vila Isabel, Zona Norte da cidade, após ação da polícia militar. Caio Gabriel Vieira era morador da favela e participava de um torneio de futebol quando familiares e amigos afirmam que quatro policiais da UPP local tentaram interromper o evento com bombas de efeito moral. Caio foi morto com quatro tiros de fuzil nas costas.
Em nota, a Polícia Militar alegou que a ação aconteceu na madrugada do dia 15 de agosto “após receberem denúncia de que possivelmente haveria um ataque à base principal da Unidade”. Lembrando que as ações policiais só podem acontecer em situações excepcionais.
Distribuição de cestas básicas
A campanha Maré diz NÃO ao Coronavírus, da Redes da Maré, entrou na sua última etapa de distribuição de cestas básicas para moradores do conjunto das 16 favelas da Maré. A ação vai acontecer por dez dias seguidos, das 8h30 às 17h, de 16 a 26 de agosto com a participação de voluntários e colaboradores da organização. Saiba mais sobre a campanha no site da Redes da Maré.
Da minha janela
Já conferiram a nova galeria do projeto A Maré de casa? Ela já está disponível no site. Lembrando que moradores/as da Maré que tiverem interesse em participar do projeto, podem enviar fotos e textos sobre como vêem a Maré de suas janelas. Os cinco autores das fotos e textos mais votados ganharão o prêmio e um destaque no site.
Nenê do Zap
Por mais que a vida esteja voltando a sua normalidade, é importante lembrar que precisamos nos cuidar e cuidar da higiene dos nenês para que ninguém pegue o coronavírus. Na dica de hoje, o Nenê do Zap vai mostrar como ensinar os nenês a se manterem protegidos.
Plataforma colaborativa produz conhecimento sobre favelas e periferias
Maré de Notícias #115 – agosto de 2020
Jéssica Pires
O Dicionário de Favelas Marielle
Franco é uma iniciativa que surgiu em 2019, para promover e estimular a
produção do conhecimento coletivo sobre periferias e favelas. Em pouco mais de
um ano, a plataforma digital já acumula mais de 500 “verbetes” produzidos pela
equipe do dicionário, em colaboração com coletivos e organizações e por pessoas
que, de forma espontânea, podem acessar diretamente o portal. Um dos objetivos
da ação é favorecer a preservação da memória das favelas e moradores.
Os verbetes, como são chamadas as inserções de textos, vídeos e fotos,
podem ser cadastrados por qualquer pessoa na plataforma. A expectativa da
equipe do dicionário era de atingir 150 verbetes em um ano, mas o número já
chegou a 562.
Atualmente, a equipe é composta por 12 participantes, incluindo o
pessoal de tecnologia. São cinco pesquisadores responsáveis pela produção, que
contam com a colaboração voluntária de coletivos, organizações, pesquisadores e
moradores de favelas para a produção de todo o conteúdo disponível.
Democratizar a produção de conteúdos sobre
favelas
A proposta do dicionário é que pesquisadores e moradores de todos os
territórios possam produzir e disponibilizar este conteúdo em um mesmo
ambiente, para que não exista uma hierarquização do material. A coordenadora
geral do Dicionário de Favelas Marielle
Franco, Sonia Fleury, comenta:
“A ideia é de democratizar, promover a construção de cidadania, dar espaço aos
sujeitos políticos que se constituem na favela para expressar seus pontos de
vista e disputar narrativas sobre suas próprias vidas.”
“A narrativa sobre favela construída pelos veículos hegemônicos e tradicionais de mídia não contemplam a favela. Portanto, elas precisam ser disputadas”, afirma a jornalista Daiene Mendes. A mídia que informa e participa da formação de opinião dos brasileiros é administrada por pessoas de classes sociais e vivências distantes da realidade das favelas. Dessa forma, estes territórios são comumente representados por estereótipos negativos. A dinâmica mudaria, se as pessoas que vivenciam o cotidiano das favelas tivessem espaço nesses veículos de produção de informação.
“A importância e a relevância do
Wikifavela (como o dicionário também é chamado) é contar sobre uma favela que
não é mostrada na mídia tradicional. Mostrar a outra favela que existe para
além da diferença”, complementa Gabriel
Nunes, pesquisador do Dicionário de Favelas.
Como uma das apoiadoras do dicionário, Marielle Franco possui um verbete de sua autoria – Foto: Elisângela Leite
Pluralidade vista no conteúdo
A diversidade vista nos territórios de favelas também é percebida no conteúdo disponível no dicionário. Os temas são variados: habitação, saúde, mobilidade, presença do Estado e o mercado nas favelas; a maneira com que a favela se socializa e expressa a Cultura. Debates sobre gênero e sexualidade também têm crescido, informou a equipe do projeto.
A diversidade de pessoas que produzem o conteúdo também possibilita
que os temas sejam desenvolvidos de pontos de vista diferentes: “Muitas vezes, a história da mesma
favela é contada de formas diferentes por moradores variados e pesquisadores que atuaram nessas localidades,
por exemplo”, diz Palloma Menezes,
coordenadora de produção de verbetes do Dicionário.
Durante a
pandemia
Durante a pandemia, surgiu a necessidade de documentar também as ações que acontecem nas favelas do País. Apesar de um foco maior ainda ser os coletivos e organizações do Rio de Janeiro, estão mapeados e reunidos aqueles que promovem alguma iniciativa de contenção do vírus ou de solidariedade em alguns pontos do Brasil. Prestação de contas e notícias das mídias comunitárias também estão disponíveis no site.