Projeção do governo do Estado é de abertura total dos serviços é para outubro
A Secretaria do Estado de Saúde (SES) registrou nesta quarta-feira (22) mais de 148 mil casos, com 3.502 novos casos registrados em 24h. A cidade do Rio de Janeiro confirmou nesta terça-feira (21) o maior número de novos casos desde 19 de junho, apresentando 4,1 mil novas pessoas infectadas. O governador Wilson Witzel publicou em uma rede social que a reabertura total dos serviços do estado deve acontecer em outubro, dependendo da queda dos casos na região.
Cenário da pandemia na Maré
O movimento pelas ruas da Maré nesta quarta-feira (22) faz lembrar os dias antes da pandemia: comércios abertos, bares funcionando e poucas pessoas circulando de máscaras na região da Nova Holanda. Em números, a Maré registrou 413 casos confirmados e 83 mortes, de acordo com o Painel Rio Covid-19, da Secretaria Municipal de Saúde.
Com a reabertura dos serviços, fica o questionamento de quais atividades são mais ou menos arriscadas de se fazer neste momento. Em pesquisa recente, a Texas Medical Association desenvolveu um gráfico com essas atividades, representando um grau maior e menor de contaminação do novo coronavírus. Em uma escala de 0 a 10, as atividades mais arriscadas são frequentar bares, ir a estádios e cinemas, ir à academia ou jogar futebol, entre outras. É possível conferir a lista completa aqui.
Variedades de Covid-19
Foram identificados seis tipos de coronavírus e cada tipo com um grupo de sintomas específicos, como aponta análise feita por pesquisadores do King’s College, de Londres, por meio de um aplicativo. Mesmo com os sintomas comuns, como tosse, febre e perda de olfato, pacientes que responderam o aplicativo indicaram que eles apresentaram outros sintomas, como dores de cabeça, nos músculos, fadiga, diarreia, confusão, perda de apetite, dificuldades respiratórias, e outros.
Fiscalização nas ruas
Prefeitura do Rio lança projeto “Blitz do Bem”, que irá fiscalizar espaços da cidade para evitar aglomerações. A primeira atuação, de responsabilidade da Secretaria Municipal de Ordem Pública (SEOP) realizou o trabalho no entorno da Central do Brasil, terminais rodoviários Procópio Ferreira e Américo Fontenelle e o entorno do Campo de Santana.
Maratona virtual
Mesmo com a reabertura das atividades e pessoas voltando a praticar atividades físicas em espaços abertos, foi anunciado que a Maratona do Rio de Janeiro acontecerá no dia 10 de agosto de forma virtual para evitar aglomerações. Os atletas que tinham se inscrito antes do início da pandemia poderão participar de onde estiverem e receberão os kits de corrida em suas casas.
Nenê do Zap
Os nenês precisam de experiências de carinho, cuidado e muita interação durante essa fase para se desenvolver. Saiba quais atividades são fundamentais na dica de hoje.
Vacina de Oxford tem previsão de ser produzida no Brasil apenas em janeiro de 2021
Entre as 160 iniciativas de vacinas em desenvolvimento, segundo a OMS, algumas delas apresentaram bons resultados. Autoridades da Rússia anunciaram nesta segunda-feira (20) que os testes realizados em voluntários apresentaram resultados positivos e não tiveram complicações graves. Já a vacina experimental desenvolvida pela Universidade de Oxford está em estágio de análise de eficácia, etapa bem próxima da aprovação. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) fez uma negociação para compra de lotes e transferência da tecnologia, permitindo que a vacina seja produzida também no Brasil a partir do início de 2021, sendo liberada em junho do mesmo ano.
Cabe lembrar que a possibilidade da produção da vacina ainda é um pouco distante. O ideal neste momento ainda é respeitar as regras de distanciamento social, uso de máscara e higienização.
Mesmo com a notícia de uma possível vacina, os números avançam. Mundo ultrapassa 14,5 milhões de pessoas infectadas; Brasil tem hoje 2.118.646 de casos confirmados e mais de 80 mil mortes, de acordo com o Painel do Ministério da Saúde. O Rio de Janeiro está entre os estados mais afetados pela pandemia, com mais de 141 mil casos e mais de 12 mil mortes, segundo a Secretaria de Estado de Saúde.
Covid-19 na Maré
A cidade do Rio de Janeiro teve hoje 67.036 casos confirmados e 7.733 mortes confirmadas pelo novo coronavírus, de acordo com o Painel Rio Covid-19, da Prefeitura. Ainda de acordo com o painel, a Maré tem nesta segunda-feira (20) 406 casos confirmados e 82 mortes por coronavírus. Já o Painel Unificador Covid-19 nas Favelas, a Maré possui 1.353 casos e 112 vítimas de coronavírus, entre confirmados e suspeitos.
Para Beatriz Virgínia, educadora de História no Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré (CEASM) e moradora da Maré, a pandemia tem causado efeitos diversos que vão além dos problemas da fragilidade com a saúde física. “A gente, enquanto moradores de favelas, tem enfrentado uma série de questões de acesso, de saúde mental, de necropolítica do Estado, onde o caveirão entra mesmo em um período de pandemia”, observa.
Beatriz destaca que moradores de favela não estão em situação de igualdade com pessoas de outros espaços da cidade.
De onde vem a nossa máscara?
Costureiras imigrantes têm recebido apenas R$0,05 por máscaras anti-Covid-19 confeccionadas na região central da capital paulista. Mesmo sabendo do baixíssimo valor, essas mulheres perceberam a queda nas encomendas de seus trabalhos de costura desde o início da pandemia e aceitaram receber o valor para não passar fome. Portanto, é de grande importância saber de onde vem a sua máscara e sempre que possível, fortalecer o comércio local, ajudando na geração de renda dessas pessoas.
Geração de renda para moradoras da Maré
As ações de geração de renda da Campanha Maré Diz NÃO Ao Coronavírus continuam acontecendo a partir de algumas ações desenvolvidas pela Casa das Mulheres. Contamos com a colaboração de 26 cozinheiras que produzem diariamente 300 quentinhas que são distribuídas na Cena de uso de crack, localizadas no conjunto de favelas da Maré; e 54 costureiras que produziram até aqui 200.799 máscaras, que estão sendo distribuídas para os moradores da Maré.
Campanha da Redes da Maré no Catarse
A Campanha “Maré diz NÃO ao Coronavírus” concluiu a sua 17ª de atuação e o trabalho continua. Uma das ações é a arrecadação de recursos financeiros pela plataforma Catarse para comprar mais 4.000 cestas básicas para as famílias da Maré. A ajuda de todos e todas é muito importante contribuindo e compartilhando essa ideia. Basta acessar o site para ter mais informações sobre como doar.e
Telemedicina na Maré
Através da parceria com a Fiocruz, Dados do Bem e SAS, iniciamos nessa semana um projeto de enfrentamento da Covid-19 no território. Esta ação tem como objetivo realizar testagem, monitoramento e isolamento para moradores da Maré com suspeita do novo coronavírus. O serviço de telemedicina gratuito já está sendo oferecido pelo SAS desde 10 de julho, com as consultas acontecendo todos os dias, das 8h às 20h. Para fazer o atendimento, basta mandar uma mensagem para o Whatsapp (21) 99271-0554 e aguardar agendamento.
A partir de quarta-feira (22), o Dados do Bem inicia o processo de testagem no Galpão do RITMA (Rua Teixeira Ribeiro). Para acessar a testagem, a pessoa precisa apresentar os sintomas de Covid-19 e baixar o aplicativo do Dados do Bem no seu celular (disponível para download no Google Play e na App Store). O atendimento acontecerá apenas com horário marcado e será feito gradualmente.
Galeria Da minha janela
Moradores e moradoras da Maré podem enviar fotos e textos para o projeto A Maré de casa mostrando o que vocês vêem de suas janelas no momento atual, além de poder contar como a pandemia tem interferido nas suas vidas. Os interessados podem acessar o site do projeto para ter mais informações e ver a galeria que está em exposição no momento. No fim do mês haverá uma votação pública para escolha dos cinco melhores autores das fotos e textos para o site.
Nenê do Zap
Todo nenê tem o seu tempo para aprender novidades. Para eles, todo o estímulo é importante para que eles aprendam e absorvam essa nova informação que ele recebe. Veja mais na dica de hoje do Nenê do Zap.
A artista visual de múltiplas plataformas Amora Moreira (Instagram
@amori.nha) trabalha com ilustração,
grafite, design e é integrante da PPKREW (@ppkrew).
O grafiteiro e educador físico Pablo Poder (Instagram @poderpablo) atualmente desenvolve uma
série de ilustrações manuais sobre fotografias de personalidades negras.
O Discos Pretos (Instagram @discos_pretos) é um projeto de viabilização e circulação de discos
e produções musicais de artistas pretos.
O artista e escritor da Baixada Fluminense Cau Luis (Instagram @cauluis.art) é autor do livro Favela
em mim e desenvolve ilustrações, charges e desenhos.
Jessé Andarilho (Instagram @jesseandarilho)
é escritor, autor dos livros Fiel e Efetivo variável e
idealizador do Sarau Tá no Ponto (Instagram @sarautanoponto).
Cultura
A programação cultural da Lona Cultural Municipal Herbert Vianna, na Maré, está de volta com atividades 100% virtuais, no Instagram @lonadamare
Quilombo Etu (Instagram @quilomboetu)
é um coletivo-projeto de educação antirracista a partir das culturas populares
negras. Atualmente, desenvolvem a série toca e fala, articulando música
e narrativas faveladas.
O projeto Cavalcanti-se (Instagram @cavalcanti.se) narra histórias do bairro Cavalcanti e de seus
moradores, da Zona Norte carioca.
Mestre Maurício Soares (Instagram @mauriciobaianarica) é “baiana rica” da Nação de Maracatu Estrela
Brilhante do Recife, da comunidade Alto José do Pinho. É uma das
referências na dança do maracatu e atualmente realiza uma série de lives
sobre cultura popular.
Jornalista e pesquisador, Rafael Wollice (Instagram @rwollice) cria conteúdo sobre relações
raciais e culturas negras no seu Instagram.
A iniciativa Elas Conduzem (Instagram @elasconduzem) conta com as comunicadoras Gabi Coelho
(@eugabicoelho), Lethicia Amâncio (@lethiciaamancio), Taynara Cabral
(@taycabral) e Izabelle Simplício (@izasuburbia) em um podcast semanal
no Spotify, trazendo o protagonismo feminino no mundo.
Lives
As lives dos artistas mais famosos do País também seguem no
mês de julho. Enquanto os eventos presenciais estão suspensos, para evitar
aglomerações, você mata a saudade pelos shows on-line.
Teresa Cristina – todos os
dias, desde abril, à meia-noite
Onde: No Instagram
@teresacristinaoficial
Festival Sons da Rua, 19h
30
de junho,
Marcelo D2
2
de julho,
BK
7
de julho,
Karol Conka
9
de julho,
Emicida
Onde: No Instagram
@festivalsonsdarua
4
de julho (sábado)
Grupo Clareou, às 15h
Onde: no YouTube
Grupo Clareou Oficial
Lexa, horário ainda não divulgado
Onde: no YouTube
da Lexa
Péricles, 18h
Onde: No YouTube
Canal do Pericão
Pixote, 20h
Onde: No YouTube
do Grupo Pixote
Maiara & Maraisa, 21h
Onde: No YouTube
de Maiara e Maraisa
5
de julho (domingo)
Fernando e Sorocaba, 16h30
Onde: No YouTube
de Fernando e Sorocaba
Psirico, 17h30
Onde: No YouTube
Macaco Gordo
10
de julho (sexta)
Claudia Leitte, 19h30
Onde: No YouTube
da Claudia Leitte
25
de julho (sábado)
Sorriso Maroto, horário ainda não divulgado (até 24/06)
Com o objetivo de criar condições adequadas para enfrentar a COVID-19 nas favelas, uma proposta foi entregue à Secretaria de Estado de Saúde
Maré de Notícias #114 – julho de 2020
Jorge Melo
A cidade do Rio de
Janeiro passou dos 52 mil casos mês de junho, além das mais de 6 mil mortes
provocadas pela COVID-19. Nas favelas cariocas a situação é ainda mais grave.
Na Maré, segundo os dados oficiais do dia 25 de
junho, eram 324 casos confirmados e 78
óbitos. No entanto, no mesmo dia a Edição do Boletim De olho no Corona!, da Redes da Maré,
que mantém um canal diretos com os moradores, apontava 1.010
casos, entre suspeitos e confirmados, e 104 mortes.
Com o objetivo de criar
condições adequadas para enfrentar a COVID-19 nas favelas, foi criada uma
parceria entre lideranças comunitárias da Maré, Complexo do Alemão, Rocinha,
Cidade de Deus e Santa Marta, pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica
(PUC-Rio), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade do
Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). No dia
primeiro de maio essas lideranças entregaram ao subsecretário de saúde do
estado, Roberto Pozzan, e ao subsecretário municipal de Saúde, Leonardo
El-Warrk, o Plano de Ação Covid nas
Favelas do Rio de Janeiro: uma catástrofe a ser evitada. No Rio de Janeiro,
cerca de um milhão e 400 mil pessoas vivem em favelas, numa população de 6
milhões e 700 mil habitantes, segundo dados do IBGE.
O plano, disponível para
leitura aqui, traz propostas em três dimensões:
prevenção, atendimento médico e apoio social. O grupo sugere também um Gabinete
de Crise de Atenção às Favelas, reunindo estado e município, em articulação com
a Fiocruz, organizações comunitárias e universidades. Segundo Lidiane Malanquini, coordenadora do
Eixo de Segurança Pública e Acesso à Justiça da Redes da Maré, sem políticas
públicas específicas para as favelas é impossível conter o avanço do vírus
nesses territórios, que têm imensas carências. “Na realidade” – ela afirma –
“nessas situações, todos os planos são pensados a partir da realidade da classe
média.”
Ações de comunicação
também integram o plano, com alertas da evolução da doença; teleatendimentos
realizados em parceria com universidades; proteção de grupos vulneráveis;
atenção aos grupos que podem ser vetores do vírus, como os mototaxistas; e
ações de desinfecção nas favelas. A proposta inclui ainda instalação de polos
de atendimento exclusivos para COVID-19, articulados à gestão dos leitos
disponíveis; espaços de quarentena assistida e proteção efetiva das unidades
básicas de saúde e de assistência social. Ações indicam o uso do painel de
monitoramento da COVID-19; diagnóstico e racionalização dos equipamentos de
saúde locais; centros de referência para articulação de ações intersetoriais;
apoio social e agilização dos sepultamentos. Lidiane lembra que é fundamental,
por exemplo, dar mais atenção aos equipamentos de saúde nas favelas. “Na Maré,
uma das unidades de saúde, inaugurada há dois anos, ainda funciona à base de
gerador e não tem instalação de água e saneamento básico.”
http://www.instagram.com/p/CBBp5BwJLFJ/
Colagem dos
cartazes da Campanha “Se liga no Corona”, uma das ações preventivas do plano
Parcerias
Na apresentação do plano,
Marcelo Burgos, diretor do
Departamento de Ciências Sociais da PUC-Rio, explicou que o documento é uma
ponte para levar as necessidades das favelas do Rio de Janeiro, na perspectiva
das lideranças comunitárias, aos poderes municipal e estadual, a fim de gerar
políticas públicas para o enfrentamento da pandemia. “É fundamental o
alinhamento das autoridades do estado e município; as favelas enfrentam
condições especiais que as tornam mais frágeis diante dos desafios de uma
pandemia”. As favelas vivenciam problemas de saneamento básico, fornecimento de
água potável e habitação; famílias numerosas em pequenos espaços, cômodos sem
ventilação, espaços sem acesso à luz solar e umidade excessiva. “Como se pode
falar em isolamento de uma pessoa com sintomas para uma família que vive numa
moradia de dois cômodos?”, alerta Lidiane Malanquini.
No dia 4 de maio os
responsáveis pela elaboração do plano se reuniram com a Comissão de Defesa dos
Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de
Janeiro (ALERJ), por iniciativa da deputada Renata Souza (PSOL), presidente da
Comissão. O objetivo era detalhar as medidas e o apoio institucional para
transformar o projeto em realidade. O presidente da ALERJ, deputado André Ceciliano (PT), garantiu o
financiamento para o plano. “Só nos meses de março e abril, a Assembleia
economizou R$108 milhões e está disposta a aportar recursos para concretizar
esse plano”. Segundo Ceciliano, as desigualdades sociais enfrentadas pelos moradores das favelas se
apresentam como entraves para quarentena e isolamento social dignos. Segundo Nísia Trindade, presidente da Fiocruz,
“o vírus não é democrático; começou nas camadas mais privilegiadas, mas a
letalidade mostra uma incidência cada vez maior nas áreas mais pobres.”
Foto de
desinfecção de ruas (uma das quatro que você tinha selecionado para o Por
Dentro de ontem)
Associações de
moradores, Comlurb e Redes da Maré tem atuado juntas na desinfecção de vias,
outra ação do plano.
A responsabilidade da Prefeitura
No dia 29 de maio, o
grupo responsável pelo plano reuniu-se com a secretária municipal de saúde,
Beatriz Busch, e o chefe da Casa Civil, Paulo Albino Soares. Segundo Richarlls Martins, professor do Núcleo
de Estudos de Políticas Públicas da UFRJ, “esse encontro foi muito importante
porque o plano, uma iniciativa da sociedade civil, foi assumido pela Secretaria
Municipal de Saúde, que é o órgão que institucionalmente tem a responsabilidade
de implementar essas medidas.”
Foi constituído um grupo
de trabalho que, a partir da estrutura municipal, os recursos financeiros da
ALERJ e a colaboração da Fiocruz, vai dar consequência ao plano. Serão
contempladas, prioritariamente, cinco áreas escolhidas com base em critérios
técnicos, como o cruzamento entre o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da
região e o mapa de atendimento básico à saúde. As regiões com os índices mais
baixos terão preferência. O orçamento está sendo detalhado e prevê R$1
milhão/mês para cada uma das cinco áreas definidas. “Estamos otimistas. Existe
vontade política da Prefeitura de implementar o plano, os recursos garantidos e
o grupo já está trabalhando”, afirma Marcelo Burgos.
Comunidades mobilizadas
Enquanto o plano está em
andamento, as comunidades como o Conjunto de Favelas da Maré (140 mil
moradores); Rocinha (100 mil moradores), Complexo do Alemão (69 mil moradores)
e Cidade de Deus (38 mil habitantes) já estão trabalhando para proteger e
apoiar a população em situação de vulnerabilidade com distribuição de cestas
básicas, kits de higiene e álcool em
gel, além de campanhas de informação e conscientização, com o apoio da Fiocruz.
A campanha Maré Diz Não ao Coronavírus,
por exemplo, em três meses doou 914 toneladas de itens de alimentação, limpeza e
higiene, atendendo a mais de 40 mil pessoas. Distribuiu também mais de 24 mil
“quentinhas”. No entanto, segundo Lidiane Malanquini, esse trabalho vem sendo
prejudicado por operações policiais que, apesar da pandemia, não foram
suspensas. “O Estado mostra nessa crise sanitária e humanitária o seu lado mais
perverso. É um absurdo você ter de contar com o apoio e a solidariedade de
organizações, ao mesmo tempo em que acontecem operações policiais em pleno
período de isolamento social, que provocam o fechamento das unidades de saúde.”
País levou menos de um mês para dobrar o número de infectados por Covid-19
A cidade do Rio de Janeiro entra em nova fase de flexibilização. A partir desta sexta-feira (17) passam a estar liberados os eventos culturais em espaços fechados, como cinemas e teatros, com 1/3 da capacidade de lotação. Para o avanço da reabertura, o comitê científico da Prefeitura utiliza como justificativa a diminuição da taxa de ocupação dos leitos no município e dos casos confirmados de Covid-19. Hoje, a taxa de ocupação de leitos de UTI para Covid-19 na rede SUS – leitos nas unidades municipais, estaduais e federais – no município do Rio é de 66%, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde.
O boletim De Olho no Corona! dessa última quinta-feira (16) mostra que os números referentes à pandemia na cidade do Rio do Janeiro aumentaram. Entre os dias 07 e 13 de julho, a cidade do Rio apresentou 4.039 novos casos, 6,6% maior em relação à semana anterior. Nesta sexta-feira, a cidade do Rio registrou 65.696 casos confirmados e 7.621 mortes por coronavírus.
Números no Brasil
A dez dias de completar cinco meses do primeiro caso confirmado no Brasil, o país ultrapassou nesta quinta-feira (16) a marca de 2 milhões de casos confirmados do novo coronavírus, de acordo com dados de painel do Ministério da Saúde. O país chegou a 1 milhão de casos no dia 19 de junho e em menos de um mês esse número dobrou, apontando para um avanço rápido da doença e indo em oposição aos números de queda de casos. No total, hoje (17) são 2.046.328 infectados e 77.851 pessoas que morreram em decorrência do vírus. De quinta para sexta-feira foram registrados 34.177 novos casos no país.
Covid-19 na Maré
A Maré tem, nessa sexta-feira (17), 391 casos e 82 mortes confirmadas por Covid-19, de acordo com dados do Painel Rio Covid-19, da Prefeitura do Rio. Com os dados apurados pela equipe do boletim De Olho no Corona!, a Maré possui 968 moradores com suspeita e 30 óbitos com suspeita de Covid-19. Assim, a Maré tem, entre confirmados e suspeitos, 1.353 casos e 112 mortes por coronavírus nas 16 favelas. A Maré também acompanhou a tendência de aumento de novos casos. De 07 a 13 de julho foram registrados 16 novos casos no território. O boletim já está disponível para leitura no site da Redes da Maré.
Edição 11 do boletim apresentou apanhado de dados que foram destacados em edições anteriores
Aglomeração nos transportes coletivos
A reabertura das atividades econômicas na cidade do Rio de Janeiro segue o seu fluxo e o transporte coletivo continua sendo um dos espaços com mais aglomeração nesse período de retomada. Sem a opção de continuar em quarentena, quem precisa fazer o uso de trem, metrô e ônibus vive o desafio do contato próximo com pessoas.
Roni Santos, designer gráfico e moradora da Nova Holanda, já voltou a trabalhar e conta que está tomando todos os cuidados de higiene e proteção, assim como a empresa faz com os clientes e funcionários. Mas o trajeto para chegar pegando ônibus e metrô o preocupa. “Por mais que tenha a demarcação de onde a gente tem que ficar, não tem como manter o distanciamento social necessário porque é sempre lotado”, afirma.
Mesmo com cuidados de higiene, Roni não se sente protegido no transporte coletivo
Os dados da desigualdade metropolitana
A Casa Fluminense lançou nesta semana o Mapa da Desigualdade, importante documento que aponta para diversos fatores das desigualdades existentes na região metropolitana do Rio de Janeiro, como acesso à saúde, mobilidade urbana, cultura, segurança e outros pontos. O texto já está disponível no site da organização.
Dicas culturais
O Sesc segue com a programação de shows em seu canal do YouTube e pelo Instagram. Hoje (17) tem show de Angela Ro Ro; amanhã (18) é a vez de Elba Ramalho e no domingo é a apresentação de Leci Brandão. Os shows começam sempre às 19h.No dia 21, o grupo Nova Raiz do Samba vai realizar uma live solidária para arrecadar doações para o Grupo Especiais da Maré. O show começa às 20h e será transmitido pelo canal do Nova Raiz do Samba.
Moradoras e moradores da Maré conseguem manter renda familiar prestando serviços para a Campanha Maré Diz NÃO ao Coronavírus
Maré de Notícias #114 – julho de 2020
Flávia Veloso
Na chegada da pandemia ao Brasil, as organizações sociais e coletivos
de favelas já se preocupavam e começavam a se articular para quando a doença se
espalhasse por territórios periféricos, historicamente esquecidos pelo poder
público. E a crise no emprego veio alarmante. Com a falência de pequenos e
médios negócios e empresas que estão cortando suas folhas de funcionários, o
brasileiro vem perdendo postos de trabalho a cada mês. Além da fome, pauta
urgente para muitos que ficaram sem renda nesse momento, o desemprego levou a
equipe administradora da campanha Maré
Diz NÃO ao Coronavírus a pensar e discutir como a crise tiraria o sustento
de muitas famílias e o que poderia ser feito para garantir renda para essas
pessoas.
Nós por nós
A campanha vem conseguindo mobilizar centenas de pessoas, entre
parceiros e moradores, que diariamente trabalham para tentar diminuir os
impactos da COVID-19 no Conjunto de Favelas da Maré. Desta forma, além de prestar
serviços, essas pessoas garantem renda para suas famílias durante a campanha Maré Diz NÃO ao Coronavírus e fortalecem
a economia local, uma vez que os moradores compram e consomem dos comerciantes
e produtores da Maré.
São mais de 120 moradores da Maré prestando serviços remunerados, como
as costureiras, que estão confeccionando a meta de 235 mil máscaras, e
cozinheiras que fazem 300 “quentinhas” diárias, de domingo a domingo. Entre
eles também têm os motoristas que transportam cestas básicas e itens de higiene
e limpeza e pessoas que vão às ruas, becos e vielas para desinfectar os espaços
com produtos de sanitização.
“Tecendo Máscaras e Cuidados
é uma iniciativa criada recentemente, que veio para fortalecer a rede de apoio
e acolhimento de mulheres da Maré, um dos grandes pilares da Casa das Mulheres
e da Redes da Maré, que é a geração de renda como processo de autonomia e
empoderamento feminino”, diz Andreza
Jorge, coordenadora da Casa das Mulheres e da frente Tecendo Máscaras e Cuidados, que conta com costureiras para a
confecção de máscaras faciais de pano reutilizáveis.
Há mais de 20 anos, a Redes da Maré promove cursos, formações,
conversas, geração de renda, eventos culturais e informações que têm como
objetivo impactar positivamente os mareenses e, assim, desenvolver o
território. E graças a essa rede de desenvolvimento, que vem crescendo há duas
décadas, é possível mobilizar e buscar soluções para toda a favela.
PESSOAS QUE FAZEM A CAMPANHA
“Eu sou imigrante de Gana e trabalho no buffet do Maré de Sabores há três anos. A pandemia tem sido difícil
para a gente que é imigrante, em relação à saúde e ao dinheiro. Esse projeto
está ajudando a gente a ganhar dinheiro, conseguir pagar as contas e proteger
nossa saúde. A iniciativa não ajuda só a nós, que estamos trabalhando, mas
também quem está recebendo as ‘quentinhas’, e isso melhora o nosso
relacionamento de amor com toda a comunidade”, Sandra, moradora do Parque União e cozinheira da frente Sabores e Cuidados.
“Eu trabalho com costura, faço uniformes para lojas de rua e shoppings. Durante a pandemia, o serviço caiu muito. A renda tem sido de grande ajuda para a família, eu até gostaria que continuasse depois da pandemia. Eu sinto que estou ajudando as pessoas e eu fico alegre em saber que as pessoas estão usando as máscaras que eu faço”, Ana Paula, moradora da Praia de Inhaúma e costureira do Tecendo Máscaras e Cuidados.
“Tenho uma mercearia pequena na Maré, e durante a campanha estou fazendo transporte e entrega de cestas. Sempre chego cedo, ajudo também a carregar os carros, descarregar os caminhões que chegam… É importante ajudar a comunidade, eu me sinto satisfeito em poder colaborar”, Djalma, morador da Nova Holanda e motorista.