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Basta!

Números da violência na Maré nos seis primeiros meses de 2019 superam os de todo o ano de 2018, é o que comprova Boletim de Segurança Pública da Redes da Maré

Maré de Notícias #104 – setembro de 2019

Jéssica Pires

27 mortos, 10 dias sem aulas nas escolas. Esses são dois dos indicadores que refletem o impacto da Política de Segurança Pública implementada pelo Estado, na Maré, nos primeiros seis meses deste ano. Além dos números, os dados refletem aquilo que, cotidianamente, o mareense vive: práticas que contradizem a essência da atuação policial em qualquer território, com violações de direitos, falta de planejamento nas ações e truculência, que resultam em medo e interrupção do direito de ir e vir dos moradores, entre outros prejuízos materiais e imateriais incalculáveis.

Diante do grave cenário, com a elevação crescente dos indicadores de violência, o Eixo de Segurança Pública e Acesso à Justiça da Redes da Maré – que produz e publica, desde 2016, por meio do projeto “De Olho na Maré”, um Boletim com informações sobre o direito à Segurança Pública na Maré – lançou uma Edição Especial, com dados do primeiro semestre de 2019. E o que se constata é assombroso: os indicadores de seis meses já superam os de todo o ano de 2018!

A coleta e sistematização dos dados

De acordo com o projeto “De Olho na Maré”, o principal objetivo do lançamento do Boletim parcial é chamar a atenção da cidade para o aumento da violência armada na Maré, a partir do relato de moradores. “Passamos por uma conjuntura em que o número de mortes do primeiro semestre de 2019 supera em 10% o total de mortes de todo o ano de 2018. O Eixo de Segurança Pública e Acesso à Justiça da Redes da Maré busca defender a Segurança Pública como um direito de todos. Dessa forma, o Boletim vem disputar a narrativa sobre a violência armada nos territórios de favelas, destacando a insegurança que atinge os moradores e problematizando a banalização e naturalização da violência nesses espaços”, explica Camila Barros, coordenadora do projeto.

O projeto coleta e sistematiza dados sobre situações de violência nas 16 comunidades da Maré, sobretudo em dia de conflitos armados, decorrentes da atual política de combate a drogas e Segurança Pública no País. As informações sobre os confrontos armados e as violações de direitos são colhidas por tecedores [colaboradores] da Redes da Maré. A sistematização dos dados também conta com uma rede de apoio, com moradores e organizações locais. “As operações policiais na Maré se intensificaram tanto em número, quanto em tempo de duração, assim como apresentam-se com maior aparato bélico e mais truculentas, em relação ao ano anterior”, comenta Camila.

A versão da Polícia Militar

A Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ), contrapondo os dados do Boletim Direito à Segurança Pública na Maré, divulgou no último dia 12 de agosto que o número de homicídios dolosos (aqueles em que se tem a intenção de matar) na Área Integrada de Segurança Pública (AISP) 22, onde a Maré se localiza, caiu, em 2019. E de fato caíram. Mas não na Maré. De acordo com a PMERJ, no primeiro semestre de 2018 foram 74 mortes na AISP 22, 14 delas na Maré; já no primeiro semestre de 2019, foram 54 mortes e 27 na Maré. Ou seja, das mortes registradas no primeiro semestre de 2019 na AISP 22, metade aconteceu na Maré.

Caveirão Voador: o terror sobrevoa a Maré

As novas representatividades nos governos estadual e federal trouxeram para os favelados dúvidas e insegurança. Já no primeiro mês do ano, no dia 24 de janeiro, a Maré foi alvo do caveirão voador, utilizado como plataforma de tiro, em uma operação policial. As favelas Baixa do Sapateiro, Morro do Timbau e Conjunto Bento Ribeiro Dantas foram o foco da operação. Na ocasião, o helicóptero disparou tiros nas proximidades da Vila Olímpica da Maré, onde centenas de crianças participavam de uma colônia de férias.

O caveirão voador também foi utilizado nas operações que se seguiram, assim como o pavor e a insegurança que seu uso causa. Para se ter uma ideia, no primeiro semestre foram realizadas, na Maré, mais operações com helicóptero como plataforma de tiro que nos últimos dois anos. Das 15 mortes em dias de operações policiais na Maré, 14 aconteceram em operações com o uso do helicóptero.

Segundo semestre: a truculência continua

O segundo semestre não trouxe mudanças neste triste cenário. Entre o fim de junho e a data de fechamento desta Edição do Maré de Notícias, a Maré já contabilizava mais seis operações policiais, com mais oito mortos, além dos impactos materiais e imateriais no território. Um ponto que chama a atenção nas análises do Boletim Direito à Segurança Pública na Maré é a inconsistência das motivações apresentadas pelas assessorias dos órgãos responsáveis. Uma constante é a “repressão ao tráfico de drogas”. Diante de tantas mortes e violações, fica no ar uma pergunta: em que outros locais da cidade a polícia atua desta maneira?

“Future-se”: progresso ou retrocesso?

Programa gera polêmica e incita o “tsunami da Educação” em agosto e no próximo 7 de setembro

Maré de Notícias #104 – setembro de 2019

Flávia Veloso

Anunciado em julho pelo Ministério da Educação (MEC), o programa “Future-se” propõe às universidades e aos institutos federais um sistema de financiamento privado, por meio de parcerias com Organizações Sociais (OS), que são associações privadas que recebem recursos do Estado para prestar serviços de interesse público. Ainda no papel, o Programa esteve aberto por pouco mais de um mês para consulta e avaliação públicas, em uma página disponibilizada pelo MEC, onde também podia ser consultada a proposta de alteração legal do “Future-se”.

Vale ressaltar que, desde o início do novo governo federal, o tema Educação tem sido alvo de muitas controvérsias. O primeiro a ocupar a pasta, Ricardo Vélez, em apenas quatro meses, colecionou uma série de polêmicas. Em abril, foi demitido. Em seu lugar, assumiu o atual ministro, Abraham Weintraub, que trouxe novas “bombas”, como o corte de verbas que já soma mais R$ 6 bilhões e, mais recentemente, o “Future-se”.

Sucateamento e privatização

Em entrevista concedida ao Maré de Notícias, o presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) e estudante de Economia da Universidade de São Paulo (USP), Iago Montalvão, disse que as universidades e institutos federais correm o risco de serem privatizadas. “A gente vê um roteiro muito conhecido, que é primeiro a tentativa de criar uma desmoralização da universidade pública. A partir disso, justifica-se a retirada de investimentos… A partir disso, faz com que a universidade, de fato, tenha problemas, sucateamento, não conseguir dar respostas à sociedade, inclusive porque não tem condições de funcionar, e aí passa a ser enxergado pela sociedade como um peso. A partir desse desmonte, ele vem com a solução mágica, que é: ‘entreguem ao financiamento privado, porque eles dão conta, com uma gestão eficaz e supermoderna, [de] corrigir esses problemas’”.

O Ministério da Educação contesta a ideia da privatização. Segundo o MEC, o governo federal continuará tendo um orçamento anual a ser destinado para as universidades e que seu caráter público está protegido pela Constituição.  Alega estar propondo uma modernização das universidades e criando condições para que elas possam se concentrar em suas finalidades, ou seja, ensino, pesquisa e extensão.

A autonomia universitária também preocupa a academia, já que um dos papéis das OSs, caso a universidade aceite fazer parte do “Future-se”, assumir com as instituições de ensino o papel de gestão administrativa, financeira e pedagógica. De acordo com o MEC, a autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial só poderia ser feita mediante uma alteração constitucional, o que não irá acontecer.

O projeto ainda está no papel, mas isso não impediu que milhares de estudantes de todo o País fossem às ruas contra o “Future-se”, no dia 13 de agosto, que ficou conhecido como “tsunami da Educação”, e ainda marcassem outro ato, simbolicamente no dia 7 de setembro.

Você sabia?

Até a data em que esta reportagem foi finalizada, três universidades federais já haviam rejeitado o “Future-se”:  Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal de Roraima (UFRR) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Confira na íntegra a entrevista que o presidente da
UNE concedeu ao Maré de Notícias sobre o Programa “Future-se” em: https://mareonline.com.br/educacao/quem-paga-a-banda-escolhe-a-musica/

Enem: pressão pode levar à depressão

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Exame Nacional do Ensino Médio assusta jovens que tentam uma vaga na universidade

Maré de Notícias #104 – setembro de 2019

Hélio Euclides

“Para mim, estou focado no que quero. Eu sei o que eu preciso fazer para ser um campeão. Então, estou trabalhando nisso.” Esse pensamento do velocista jamaicano, Usain Bolt, pode assemelhar a vida de um esportista a de um estudante na expectativa para uma prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O jovem é convocado a entrar no universo competitivo, onde seus adversários são invisíveis. Contudo, se não houver uma boa preparação também da parte emocional, esse clima pode deixá-lo desesperado, levando-o a um desequilíbrio. Alguns sintomas podem aparecer e culminar em depressão, que pode trazer resultados negativos.

O Enem e os vestibulares marcam o primeiro ritual de passagem da vida acadêmica de um estudante. Uma entrada no mundo do desempenho. Para Lindinaura Canosa, psicóloga e diretora técnica da Sociedade de Psicanálise do Rio de Janeiro (SPCRJ), o estudante se sente como se estivesse dando um salto no escuro e ansioso para sair vitorioso nesse desafio. Nessa fase, os estudantes são acometidos pela Síndrome de Burnout, um distúrbio psíquico, de caráter depressivo, que é precedido de esgotamento físico e mental de alta intensidade.

Cerca de 60% dos estudantes são acometidos de estresse, que se manifesta por distúrbios do sono e digestivos. Diante de tal pressão, Lindinaura indica que a família deve auxiliar o estudante, promovendo um ambiente acolhedor, não aumentando a tensão com o excesso de expectativas. “Ele precisa da informação de que nem sempre o estudante que se esgotou será o mais bem-sucedido. Noites bem-dormidas ajudam na fixação da aprendizagem e um dia de folga por semana auxilia no aprendizado”, diz a psicóloga.

Hemerson Ari Mendes, diretor do Conselho Profissional da Federação Brasileira de Psicanálise (Febrapsi), alerta que, além dos clássicos sintomas de depressão, a começar pelas alterações no apetite, sono, trabalho e/ou estudo e sexo, é preciso ter atenção à irritabilidade que, na maioria dos adolescentes, ocupa o lugar da tristeza. Para a psicanalista e psiquiatra Anette Blaya Luz, presidente da Febrapsi, a depressão leva o adolescente a uma tendência de isolamento de seu grupo de iguais, bem como de seus familiares. Este isolamento é um sinal de que algo vai mal.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que cerca de 6% dos brasileiros sofrem de depressão e 9,3% de ansiedade. A presença da depressão na adolescência acompanha esse índice geral. Entre os jovens que sofrem de depressão, observa-se que 60% também têm transtornos de ansiedade. Hemerson explica que é preciso dar tempo ao processo vivencial do adolescente. E buscar ajuda psicoterápica, quando o sofrimento psíquico estiver afetando o cotidiano e o desenvolvimento.

Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Psiquiátrica da América Latina e diretor e superintendente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) acredita que para os estudantes a pressão que é imposta para alcançar bons resultados, além da escolha de uma profissão que, por muitos, é levada como a  “escolha da vida”, pode ser o gatilho para a doença, tornando-os mais propensos a desenvolver a depressão.

Segundo dados da OMS, estima-se que cerca de 10 a 20% de adolescentes em todo o mundo possuem algum transtorno mental que não é tratado adequadamente, sendo a depressão a 9ª doença que causa incapacidade a este público. O número de suicídio entre os jovens de 15 a 29 anos é altíssimo, sendo a 4ª maior causa de morte no Brasil. Antônio recomenda se afastar de situações de estresse intenso, prezar pela qualidade do sono, levar uma vida mais saudável com alimentação adequada e exercícios físicos.  “Muitos adolescentes sentem a pressão e ficam muito ansiosos. Se não observado a tempo e acompanhado por um psiquiatra ou outro profissional de saúde mental, isso pode levar a diversas doenças”, ressalta.

A depressão não tem endereço

Para quem pensa que a depressão é algo distante, se engana. Helena Reis, psicóloga da Clínica da Família Augusto Boal, no Morro do Timbau, recomenda prestar atenção às mudanças repentinas. O jovem deve saber que não está sozinho e nem é o único a passar por essa situação. “Também é importante tentar alguma atividade de que realmente gosta, como praticar um esporte, sair com amigos, ir à praça, ouvir música, retomar algum projeto. Enfim, reconhecer e valorizar os pequenos avanços conquistados”, afirma.

Helena sugere que o estudante procure, primeiro, o atendimento em uma unidade de atenção básica, como a clínica da família. Lá, o jovem será acolhido por uma equipe de profissionais de saúde da Estratégia Saúde da Família e receberá uma indicação de cuidados, que poderá ser na própria Clínica da Família ou no Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSi). Há também a possibilidade de uma articulação entre os dois serviços de saúde.

Para Thiago Labre, professor de Português, do Curso Pré-Vestibular Redes da Maré, o Enem vem acompanhado de uma grande carga emocional. Segundo ele, é preciso rever a fórmula das avaliações, com provas mais humanas, sendo mais interpretativas e menos técnicas. “No pré-vestibular, um estudante do ensino público percebe a defasagem, se sente frustrado, leva um susto quando vê os conteúdos, tudo é novidade. Temos um trabalho dobrado, já que trabalhamos também a autoestima. Diferente de um aluno de colégio particular, que entra num pré-vestibular só para se aprimorar”, comenta.

Para Thiago, o estresse é tanto que, em muitos casos, ocorre a desistência de realizar os exames, antes mesmo da segunda etapa. O chefe da nação não estimula o pobre a estudar e, assim, o estudante abaixa a cabeça. Quando se avalia pela cor, a situação ainda é pior. No pré-vestibular são os primeiros a desistir”, explica. O professor conta que, por necessidade, o aluno é incentivado ao trabalho, e o direito de estudar é negado.

Sua aluna, Lorraynne Brito, de 20 anos, moradora da Vila do João, frequenta há três anos no Curso Pré-Vestibular Redes da Maré e tomou uma decisão: não vai fazer mais o Enem. “Desisti por questão emocional. O Enem não é um sistema justo. Quando tentei na última vez, me desestabilizei. Passei a tomar calmantes, fiquei mais nervosa e sensível. Cheguei a perder sete quilos em dois meses. Estava com transtorno alimentar, desânimo, sintomas de depressão. Por meio da Redes da Maré, fui encaminhada a um psicólogo”, conta. Este ano, Lorraynne se recuperou e já fez a primeira fase da UERJ.

Desvendando os caminhos para o Ensino Superior

Enem

Tem como objetivo avaliar o desempenho do estudante ao fim do Ensino Médio. Cerca de 500 universidades já usam o resultado do exame como critério de seleção para o ingresso no Ensino Superior. Datas do Enem: 3 e 10 de novembro. Informações: http://portal.mec.gov.br/enem-sp-2094708791.

Prouni

É um programa que oferece bolsas de estudo a estudantes brasileiros, sem diploma de Nível Superior, para cursos de Graduação, em instituições de Educação Superior privadas. Informações: http://prouniportal.mec.gov.br/informacoes-aos-candidatos/18-o-que-e-o-prouni.

UERJ

Única universidade pública do Estado que não adere ao Enem nem ao Sisu como sistema de seleção. Prova de qualificação: 15 de setembro e exame discursivo previsto para 1º de dezembro. Informações: http://www.vestibular.uerj.br/?p=6673.

Sisu

Sistema de Seleção Unificada, gerenciado pelo Ministério da Educação (MEC), pelo qual instituições públicas de Educação Superior oferecem vagas a candidatos participantes do Enem. Informações: http://sisu.mec.gov.br/tire-suas-duvidas.

Direitos sobre rodas

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Programa Justiça Itinerante conta com um posto para atender Maré e Manguinhos

Maré de Notícias #104 – setembro de 2019

Hélio Euclides

Um ônibus estacionado, com vários profissionais da Justiça e no qual ocorrem diversas audiências: esse é o Justiça Itinerante. Com o slogan “A Justiça indo até você”, o programa do Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro (PJERJ) tem por objetivo facilitar o acesso à Justiça e fomentar a cidadania por meio de atendimentos regulares. Para que isso aconteça, atualmente existem 25 postos em funcionamento no Estado do Rio de Janeiro, sendo um deles na Fiocruz, batizado de Maré/Manguinhos, por atender aos dois bairros.

O Justiça Itinerante leva membros do Ministério Público e da Defensoria Pública ao encontro dos cidadãos, principalmente em razão da inexistência de políticas públicas eficientes. O programa é prático, acessível e contempla, especialmente, aqueles que possuem maior dificuldade de acesso aos serviços públicos. “Muito bom ter esse atendimento próximo. Estou aqui pela primeira vez. Descobri, ao tentar receber o Bolsa Família, pelo CRAS (Centro de Referência de Assistência Social)”, comenta Alexandra de Souza, moradora da Vila do João.

O primeiro contato do morador da Maré com o ônibus do Justiça Itinerante foi nas associações de moradores, em 2014 e 2015. No primeiro ano, foram quase sete mil atendimentos. Depois, o ônibus seguiu caminho e ficou mais de dois anos no Centro de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR), na Avenida Brasil, na altura da Passarela 7. Na sequência, foi escolhida a Fiocruz para abrigá-lo – isso por ser um local mais central e mais fácil acesso. Só no primeiro semestre de 2019 foram 2.073 atendimentos.

Os profissionais da Justiça

São mais de 20 profissionais, por ônibus. Entre eles, atendentes, defensores públicos, juízes e motoristas. Para Yuri Cohen, assistente da Defensoria Pública, o trabalho itinerante é muito importante para a população que, ao procurar o serviço, percebe que o direito à Justiça é para todos. O Juiz André Brito acredita que o serviço é ótimo, pois é muito mais rápido. “Só precisamos divulgar para que mais pessoas da Maré e Manguinhos possam ser amparadas pela Justiça”, sugere.

Fernanda Lima é estagiária de Direito e diz que, em sua maioria, os atendimentos do posto Maré/Manguinhos estão relacionados à pensão alimentícia, à guarda de menores e ao reconhecimento de paternidade. “O direito à Justiça é muito importante, e a Defensoria possibilita o acesso, de uma forma séria e eficiente”, afirma.

Justiça Itinerante

Resolve casos de: pensão alimentícia, guarda de menores, tutela, regulamentação de visitas, interdição, divórcio, reconhecimento ou dissolução de união estável e partilha de bens, retificação de registro de nascimento e casamento, registro tardio e redesignação sexual (mudança de nome e gênero no registro civil; é parte da transição física de transexuais e transgêneros).

Documentos necessários para o primeiro atendimento: original e cópia da identidade, CPF e comprovante de residência em nome da própria pessoa.

Funcionamento: às quartas, das 9h às 15h, na Rua Leopoldo Bulhões, próximo à entrada da Fiocruz.

Mais informações: pelo telefone 129 ou pelo site http://www.tjrj.jus.br/web/guest/institucional/projetosespeciais/justicaitinerante

O povo fala

“Um serviço de praticidade. Meus amigos falaram da Justiça no ônibus. Então, vim conferir e resolver o meu caso. É um atendimento rápido, facilitou bastante a vida”. Aderson Ribeiro, morador da Vila do Pinheiro.

“Recebi um atendimento maravilhoso. Fui resolver uma questão delicada e não houve constrangimento. Vou divulgar para ajudar mais pessoas”. Eleonor Noer, moradora do Parque União.

Membros do Ministério Público e da Defensoria: atendimento direto aos cidadãos | Douglas Lopes

Uma Bienal diversa e periférica

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O Maré de Notícias prepara as melhores dicas para curtir uma Bienal cheia de representatividade e sem pesar no bolso

Chegou aquele evento literário que a gente mais espera. Não só pelos livros, a Bienal é uma experiência completa, em que se respira cultura e diversão. Este ano, não está sendo diferente: área para a criançada, palestras, debates, bate-papos, áreas de convivência e, claro, muita, mas muita literatura. Por toda estas possibilidades, o maior evento literário do País seduz até aqueles que não são muito fãs de ler.

Buscando ampliar as representatividades nesta grande casa cheia de livros, a Bienal, em 2019, está presenteando seu público com vários debates e atividades pautando as questões racial, feminismo, identidade de gênero e favela, num grito que diz: “a literatura é para todos, ocupem os espaços com as mais diversas culturas”.

Toda a programação está disponível no site do evento, mas queremos contar para vocês o que o Maré de Notícias encontrou de mais legal:

Sábado, 31/08

A HISTÓRIA DA ESCRAVIDÃO NO BRASIL

Convidado: Laurentino Gomes

Mediadora: Flávia Oliveira

O escritor Laurentino Gomes, autor do famoso livro “1808”, conversa com a jornalista e ativista Flávia Oliveira sobre o tema de seu novo livro, “Escravidão”.

Café Literário – Pavilhão 3 (Azul) – 15h – chegue cedo para se inscrever no bate-papo

GRANDE CIRCO FAVELA

Convidados: Otavio Jr. e Escola de Samba Mirim Aprendizes do Salgueiro

Será o lançamento do livro “Grande circo favela”, que conta a história do primeiro palhaço negro do Brasil. No Carnaval 2020, o Salgueiro homenageará o palhaço Benjamin.

Pela Estrada Afora… – Pavilhão 2 (Laranja, infantil) – 16h30 – chegue cedo para se inscrever

AFROFUTURO

Convidados: Crica Monteiro, Jennifer Dias, Renato Cafuzo e Giovana Xavier

Mediadora: Ana Paula Lisboa

Um debate sobre um futuro centrado na ancestralidade, para responder: o futuro é preto?

Arena #SemFiltro – Pavilhão 4 (Verde) – 15h – chegue cedo para se inscrever no bate-papo

FEMINISMOS

Convidadas: Heloísa Buarque de Hollanda, Giovana Xavier, Maria Isabel Iorio e Mariana Ximenes

Mediadora: Renata Izaal

Mulheres notáveis se reúnem para debater um futuro igualitário através do movimento feminista.

Café Literário – Pavilhão 3 (Azul) – 19h – chegue cedo para se inscrever no bate-papo

Domingo, 01/09

ESCREVER PARA EMPODERAR

Convidadas: Lellezinha, Jarid Arraes, Joice Berth e Anelis Assumpção

Mediadora: Ana Paula Lisboa

Mulheres lendo mulheres: o empoderamento feminino a partir da leitura.

Arena #SemFiltro – Pavilhão 4 (Verde) – 17h – chegue cedo para se inscrever no bate-papo

Terça, 03/09

LITERATURA INFANTIL E PERIFERIAS: ESCRITORES E FORMAÇÃO DE LEITORES

Convidados: Otávio Junior e Bel Santos

Palestra sobre as grandes apostas e tendências para 2020.

Auditório Madureira – Pavilhão 4 (Verde) – 11h20 – chegue cedo para se inscrever na palestra

FLUP na Bienal

A FLUP: Festa Literária das Periferias marcará presença na Bienal do Livro com o IV SLAM COLEGIAL FLUPP. Estudantes de oito escolas públicas de Ensino Médio ‘batalharão’ com textos de autoria própria por três dias. Os vencedores serão escolhidos pelo público e os três melhores levam o troféu da competição.

Quarta, quinta e sexta, às 13h, na Arena #SemFiltro, Pavilhão 4 (Verde). Chegue cedo para se inscrever.

Tem livro em conta, $im!

Em toda a Bienal, tem vários expositores com promoções de livros de todos os gêneros a partir de R$5, o que é ótimo pra quem não está podendo gastar muito ou está com a grana curta. Vale a pena andar por todo o evento, para garimpar uma boa leitura.

Lanche e garrafinha d’água na bolsa

Os alimentos na Bienal não são muito baratos, então é superválido levar lanche de casa, dentro da bolsa ou da mochila. É bom levar comidas que não estraguem com facilidade como biscoitos e sanduíches. E não se preocupe com a água, no evento tem bebedouros, que ficam ao lado dos banheiros. É só levar uma garrafinha ou um copo, que a hidratação fica garantida.

Ingressos, meia-entrada e gratuidade

Os ingressos podem ser comprados on-line ou lá no evento mesmo. Têm direito à meia-entrada: estudantes, idosos, portadores de necessidades especiais e acompanhante, jovens entre 15 e 29 anos pertencentes a famílias de baixa renda e menores de 21 anos. A gratuidade pode ser dada crianças com até um metro de altura, autores, professores de escolas ou universidades das redes públicas e particulares, profissionais do livro, bibliotecários e guias turísticos. Confira os documentos necessários para apresentar no evento. A inteira custa R$30 e a meia, R$15.

Como chegar?

Os ônibus 348 e 352, que passam na Vila do João, deixam em frente ao Riocentro, onde está rolando a Bienal. Também dá para ir de BRT, é só pegar na estação Maré, ir até a Alvorada, pegar o BRT 53, descer na estação Morro do Outeiro, pegar o BRT 51 e descer no Riocentro.

Essas foram as dicas do Maré de Notícias para curtir a Bienal da melhor forma com a família e os amigos. Prepare sapato e roupas confortáveis, faça os lanchinhos, chame todo o mundo e boa leitura!

Novos conselheiros a caminho

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Este ano haverá eleição para composição dos Conselhos Tutelares na cidade do Rio de Janeiro; conheça um pouco do trabalho dos conselheiros, como votar e os candidatos da Maré ao cargo

Hélio Euclides

Este ano haverá eleição para conselheiros tutelares no dia 6 de outubro, das 9h às 17h. Na cidade do Rio de Janeiro existem 19 Conselhos Tutelares. O de Bonsucesso, além de ser responsável pelo próprio bairro, responde ainda por Manguinhos, Cidade Universitária e Maré. A Resolução 139 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) recomenda que cada Conselho atenda um grupo de 100 mil habitantes, apesar de só a Maré já ultrapassar esse número.

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, no artigo 131, destaca que o Conselho Tutelar é o órgão da sociedade civil permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado por zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente. O conselho tutelar foi criado pela necessidade de garantir o direito da criança e do adolescente.

Como votar?

No dia da eleição, o eleitor deverá levar título eleitoral e documento de identidade. De preferência, levar também o comprovante de voto na última eleição, de forma que seja identificada com agilidade a mais recente numeração de sua zona e seção eleitoral, uma vez que o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) constantemente procede com modificações nessa numeração. O eleitor só poderá votar nos candidatos do seu domicílio eleitoral.

Até o fechamento do texto não tinha sido divulgado os locais de votação. Os nomes das escolas que serão seções, estarão disponibilizados no site do Conselho Municipal de Direito e dos Criança e Adolescente Rio . http://cmdcario.com.br/.

Em quem votar para conselheiro tutelar?

O trabalho como conselheiro não é um trabalho fácil, pois o órgão funciona 24 horas por dia, com plantões. Contudo, para atuar na Maré, candidataram-se nove pessoas. Abaixo, os nomes e apelidos dos candidatos Veja um resumo de cada um e não deixe de ir às urnas e eleger alguém dedicado à Maré.

Carlos Henrique Vieira da Cunha (419): “Sou nascido e criado na Maré, onde até hoje moro! Atuo como produtor e arte-educador. Dia a dia, trabalho para construir junto com as crianças e adolescentes a realização dos nossos sonhos. Eu quero poder garantir o direito das nossas crianças e adolescente da Maré. Por isso me coloco à disposição para construir e trabalhar em prol da qualidade e melhoria de vida, a partir da garantia dos direitos humanos.”

Daniel Soares Martins (420): “Sou cria da Maré. Estudei no Cesar Pernetta e UERJ. Há dez anos, atuo como educador social na Maré, realizando ações de intervenção em espaços públicos e formações de alunos e professores de escolas da rede pública e privada. Me tornei professor para lutar pelo direito das nossas crianças sonharem. Hoje quero ser conselheiro para garantir todos os direitos das crianças e adolescentes.”

Davi Fernandes da Silva (421): “Sou formado em guia de turismo. Comecei minha trajetória nas organizações de juventude, movimento estudantil, tive a experiência de trabalhar no programa do Centro de Referência para Juventude e, a partir daí, conheci o sistema de proteção infanto-juvenil. Fui encorajado a entrar nesta disputa para poder contribuir na ponta com a política de proteção social infanto-juvenil”.

Deise Cristina Campos Rocha (422): “Sou assistente social e fui diretora da Associação de Moradores do Parque Maré. Cria da Maré, hoje faço trabalhos comunitários nas favelas. Meu intuito é fazer mais pelas crianças e adolescentes. Quero arregaçar as mangas e ir à luta no conselho”.

Jader Fagundes da Cruz (424): Trabalho com jovens e adolescentes desde 1999. Sou psicólogo, pastor e escritor com ênfase na juventude e família. Quero ser conselheiro para atuar na garantia dos direitos das crianças e adolescentes. Meu desejo é representá-los e somar nossos esforços”

Laurindo Santos Junior (243): “Moro na Maré há 30 anos. Fui encarregado de manutenção e limpeza na equipe pioneira do Piscinão de Ramos. Atuei como coordenador de projetos na Associação de Moradores da Praia de Ramos. Fui conselheiro de 2011 a 2016. Em virtude da experiência na função, quero voltar a atuar em prol dos direitos das famílias, crianças e adolescentes.”

Maria de Lourdes de França Araújo (426): “Sou nascida e criada na Maré. Jamais terei vergonha de minha origem. Venho de ensino público e atuo como professora desde 1992. Não caí de paraquedas na educação e nem no Conselho Tutelar. As pessoas que me conhecem sabem do meu caráter e do meu trabalho. Estou concorrendo a essa vaga para somar na proteção das nossas crianças e adolescentes.”

Maria Elisângela da Silva Viana (427): “Sou educadora social, bacharel em direito, pós-graduada em administração estratégica, mediadora de conflitos e qualificada tecnicamente na assessoria de programas comunitários. Quero me reeleger para continuar zelando pelo cumprimento dos Direitos da Criança e do Adolescente. Tarefa árdua, mas muito gratificante que exerço com compromisso, zelo, seriedade, afinco e amor.”

Rosimere Nascimento Silva (429): “Sou moradora da Maré há 36 anos. Atuo como administradora, estudante de Serviço Social e mediadora de conflitos. Cursei o Justiça Cidadã, com capacitação voltada à finalidade de fomentar a universalização e a democratização do direito à justiça com vista de promoção da paz social. Tento reeleição para dar continuidade ao trabalho desenvolvido.”

Qualquer dúvida, entre em contato com o Conselho Tutelar 11

Rua da Regeneração, 654, Bonsucesso.

Telefone: 2573-1013

E-mail: [email protected]