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Associação de Juízes para a Democracia visita a Redes da Maré

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AJD é uma associação sem fins lucrativos e tem entre seus objetivos defesa intransigente dos valores do Estado Democrático de Direito, a defesa da dignidade e a democratização interna do Judiciário. A iniciativa de visitar a Maré partiu da AJD e teve por objetivo conhecer melhor a realidade dos moradores e suas lutas cotidianas

Thaynara Santos

A Maré recebeu nesta quarta-feira (28), juízes e desembargadores da Associação de Juízes para a Democracia (AJD) para discutir os processos relacionadas à Ação Civil Pública da Maré e a mobilização dos moradores e a entrega das 1509 cartas feitas pelos mareenses para o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), realizada no dia 12 de agosto. Moradores do território, mães afetadas pela violência do Estado, a comissão de Direitos Humanos da ALERJ, integrantes do Fórum Basta de Violência! Outra Maré é possível…, presidentes das associações de moradores da Maré e representantes da AJD se reuniram no Centro de Artes da Maré (CAM) para uma tarde de conversa e acolhimento.

Mário Sérgio Pinheiro, desembargador do Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro (TJRJ) contou um pouco sobre o interesse da AJD em promover uma conversa com os moradores da Maré e a repercussão das cartas quando o presidente do TJRJ e o governador tentaram tirar a legitimidade de sua origem. “Para nós, isso é muito preocupante e nós queríamos ouvir os moradores a respeito disso. É muito importante que a comunidade, as favelas, sejam ouvidas e nós que somos juízes temos que estar abertos a essa participação. Eu os vi falando do trabalho que deu buscar essas cartas, dos depoimentos, também do medo que eles sentem todo o dia, quando começa uma operação, quando essa operação não termina e quando eles sabem que vai ter uma operação. Então, nós não podemos entender quando um território que tem 140 mil moradores possa se sentir acuado em pleno Rio de Janeiro com o estado de violência que a gente tem vivido aí”, diz.

O encontro promovido entre juristas e mareenses foi um grande passo para aproximação da justiça à realidade vivida pelos moradores de favela e as questões relacionadas aos direitos humanos e à segurança pública expostas nas mais de 1500 cartas produzidas por mulheres, crianças e jovens moradores, que batalham para ter suas vozes ouvidas enquanto cidadãos que possuem direitos.

A AJD é uma associação sem fins lucrativos que tem como objetivos centrais a “defesa intransigente dos valores próprios do Estado Democrático de Direito, a defesa abrangente da dignidade da pessoa humana, a democratização interna do Judiciário (na organização e atuação jurisdicional) e o resgate do serviço público (como serviço ao público) inerente ao exercício do poder, que deve se pautar pela total transparência, permitindo sempre o controle do cidadão”.


Rio de Janeiro é campeão de intolerância religiosa

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Denúncias saltaram em quase 270% de 2011 a 2017; preocupado com o avanço dos ataques , especialmente direcionados às religiões de matriz africana, OAB/ RJ cria o Disque Intolerância, embora o Governo Federal já disponibilize canal (Disque 100) para registro de violação a Direitos Humanos

Thaynara Santos

Em 2017, o Rio de Janeiro ficou em primeiro lugar no ranking de denúncias contra intolerância religiosa. Entre as religiões que sofreram mais ataques estão: Candomblé (11), religiões de matrizes africanas (14), Umbanda (8), Espírita (8) e não informada (21). Diante desse cenário, a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção Rio de Janeiro (OAB/RJ) criou o Disque-Intolerância, um canal para denúncias de casos de violência e agressão por discriminação religiosa.
Segundo dados do Disque 100, entre 2011 a 2017, os casos relatados de intolerância religiosa no Rio de Janeiro aumentaram de 3 a 80. O canal, direcionado para denúncias de violação de direitos humanos, foi criado, em 2011, pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, no Governo Dilma Roussef.
Em junho de 2019, o Data Labe e o portal Gênero e Número lançou a matéria “Terreiros na Mira” sobre o preconceito direcionado às religiões de matriz africana no Brasil, principalmente em territórios periféricos e uma compilação dos dados do Disque 100. Na reportagem, o racismo e o preconceito de gênero também são destacados como motivadores da discriminação religiosa, “A intolerância religiosa no Brasil tem gênero e raça. De 2011 ao primeiro semestre de 2018, 59% das vítimas eram negras e 53%, mulheres, segundo denúncias recebidas pelo Disque 100. Entre agressores/suspeitos, 56% são brancos e 43% negros. Em relação ao gênero, a proporção é mais equilibrada, com mulheres na maioria (52%)”. O dado é do Portal Gênero e Número.

Se você sofreu discriminação religiosa, entre em contatos com estes órgãos:
Disque 100 – Disque Denúncia Nacional do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos: O telefone funciona diariamente, 24 horas por dia, incluindo sábados, domingos e feriados. As ligações podem ser feitas por um telefone fixo ou celular.

As denúncias podem ser relacionadas a: crianças e adolescentes, idosos, pessoas com deficiência, pessoas em restrição de liberdade, população LGBT, população em situação de rua, Discriminação ética ou racial, tráfico de pessoas, trabalho escravo, terra e conflitos agrários, moradia e conflitos urbanos, violência contra ciganos, quilombolas, indígenas e outras comunidades tradicionais, violência policial, violência contra comunicadores e jornalistas, violência contra migrantes e refugiados.

Disque-intolerância (Ouvidoria OAB/RJ):
Telefone: (21) 2272-6150 / (21) 2272-2246
E-mail: [email protected]

Prefeitura do Rio abre vagas para CEJA na Maré

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Oportunidade para retornar aos estudos, com flexibilidade de horários e perto de casa. É isso que o Ensino a Distância do Programa de Jovens e Adultos na Maré está oferecendo para quem deseja dar prosseguimento aos estudos e concluir o Ensino Médio

Jéssica Pires

A Secretaria Municipal de Educação anunciou vagas para o Programa de Jovens e Adultos na Maré. As matrículas podem ser feitas até o próximo dia 30 de agosto e as aulas são semipresenciais. É necessário ser maior de 17 anos e ter aprovação no 8º ano do Ensino Fundamental. As aulas do curso ocorrem no Centro Municipal de Educação de Jovens e Adultos (Ceja) da Maré. O Maré de Notícias entrou em contato com o Ceja para saber o número de vagas disponibilizadas, mas não obteve sucesso.

Para se matricular, compareça no Ceja da Maré com cópia da carteira de identidade, cópia do CPF, cópia da certidão de nascimento ou casamento, histórico escolar original, cópia do comprovante de residência e uma foto 3×4 atual. Caso não possua histórico escolar, apresente uma declaração de escolaridade até que seja providenciado o histórico.

São 801 horas de aula, distribuídas em nove meses. Os estudantes terão aulas de Português, Matemática, História, Geografia, Ciências e Linguagens Artísticas. O curso semipresencial garante a flexibilidade que muitos alunos do EJA precisam e a importante interatividade com o professor na sala de aula.

A metodologia de Educação a Distância (EaD) segue os princípios do projeto político-pedagógico do Ensino de Jovens e Adultos (EJA) da rede municipal de Ensino do Rio, já praticados nas unidades escolares que atendem a esta modalidade. Uma das vantagens do EaD é a organização do tempo, levando em consideração a realidade e cotidiano do aluno.

EJA na Redes da Maré

A Redes da Maré e a Fundação Roberto Marinho, com apoio e financiamento do Instituto Somos e do Instituto Humanize, oferecem 14 turmas de Educação para Jovens e Adultos pela metodologia do Telecurso. São três de ensino fundamental e 11 de ensino médio. As aulas acontecem na associação Pró Melhoramento do Parque Rubens Vaz, Centro Comunitário Conjunto Marcílio Dias, sede da Redes da Maré, Associação de Moradores do Conjunto Esperança, Associação de Moradores da Vila dos Pinheiros, Igreja Sagrada Família e Lona Cultural Herbert Vianna.

São cerca de 450 estudantes que estão retornando aos bancos escolares para completarem o ensino fundamental ou médio com qualidade. No momento, não há vagas disponíveis para o EJA da Redes da Maré, mas é possível ficar por dentro de novas oportunidades pelas redes sociais da organização.

 SERVIÇO

Centro Municipal de Educação de Jovens e Adultos da Maré – Ceja Maré

Rua Praia de Inhaúma, 200. Maré – Rio de Janeiro/RJ

Informações: (21) 2485-1031

Maré terá um dia inteiro de imersão em cultura popular

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No mês do Folclore, a Lona Cultural Municipal Herbert Vianna recebe o I Encontro de Cultura Popular; projetos e coletivos debaterão os desafios e perspectivas do tema na favela

Flávia Veloso

Idealizado com o intuito de reunir grupos e projetos voltados à cultura popular, o I Encontro de Cultura Popular da Maré celebra o mês do Folclore brasileiro num dia em que serão debatidos os desafios e perspectivas do tema na favela.

Compondo a Mesa Redonda do evento, a Capoeira Ypiranga de Pastinha será representada pelo Mestre Manoel; o projeto musical Pandorelando Maré marcará presença com seu idealizador, Rodrigo Maré; e Terezinha Lanzellotti participará levando o projeto de contação de histórias Contos e Lendas da Maré. Para mediar a conversa, Pablo Carvalho, do Quilombo Etu, coletivo criado e protagonizado por jovens negros moradores de favela, que promove uma série de eventos culturais. 

“Um dia para as pessoas se encontrarem, se olharem”

Pensando em como intitulariam o evento, os organizadores questionaram-se sobre qual era a expectativa para esse dia, e perceberam: queriam que fosse “um dia, um espaço, para as pessoas se encontraram, se olharem, verem o que todos estão fazendo”, como contou Pâmela Carvalho, integrante do Quilombo Etu e uma dos organizadores. 

O intuito é fazer um encontro “pé-no-chão”, não esperando um grande público ou repercussão, mas criar um local de potência para quem comparecer e que reverbere para mais encontros, em diversos lugares, inclusive nos espaços dos próprios coletivos que promovem a cultura popular na favela.

O evento será realizado no sábado (31 de agosto), na Lona Cultural Municipal Herbert Vianna (Rua Ivanildo Alves, s/n° – Baixa do Sapateiro). A Mesa Redonda tem início às 10h e, no fim, muita música e dança com o Arraiá da Lona.

Confirme presença no evento do Facebook: http://www.facebook.com/events/1559328537536156/?ti=cl

Mobilização e luta fazem parte da história da Maré

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1509 cartas escritas voluntariamente por moradores da Maré evidenciam traço marcante do processo de lutas do território 

Jéssica Pires

Na Maré, inclusive as organizações sociais locais são resultado de um processo histórico de mobilização. As cartas escritas por 1509 moradores em busca de direitos são mais um capítulo na trajetória de luta dos moradores das 16 favelas da região. Deslegitimar o processo de mobilização e a escrita dessas cartas é ignorar os tantos mecanismos de resistência em demandas sociais, produções culturais e tantas outras potências da Maré.

São muitas as conquistas de moradores da Maré, desde seu processo de formação, em meados de 1940. A ausência do Estado no atendimento de demandas básicas, ou políticas públicas que não consideram as particularidades do território mareeense, não foram impedimentos para que a Maré produzisse arte, cultura, assim como a luta por direitos fundamentais, como o direito à Segurança Pública e à vida.

Diante da decisão de suspensão da Ação Coletiva da Maré, que determinava que as leis sobre operações policiais valessem na Maré, que aconteceu em junho, moradores e organizações locais mais uma vez se mobilizaram e articularam a escrita de 1509 cartas, destinadas ao poder judiciário pedindo o retorno da ação e narrando situações vividas no território em dias de operações policiais.

É importante evidenciar que as cartas foram construídas como um espaço seguro para fortalecer a voz dos moradores frente ao sistema de justiça. Além de ter sido um instrumento para que crianças e outros moradores pudessem elaborar sobre seus traumas diante à violência armada na região.

A estratégia do governador do Estado do Rio de Janeiro foi deslegitimar a escrita das cartas, dizendo que os moradores, inclusive crianças, foram coagidas a escrevê-las. Mesmo que o Estado estivesse integralmente presente, atendendo às mais diferentes questões das favelas da Maré, seria imprudente essa fala.

As cartas, que foram protocoladas no dia 12 de agosto no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, tiveram repercussão nacional e internacional, sobretudo pelos fortes relatos sobre o impacto da Política de Segurança Pública existente na Maré, no cotidiano dos moradores.

O presidente do TJRJ, porém, arquivou as cartas. De acordo com a nota divulgada, o TJRJ não pode interferir em decisões judiciais e recursos devem ser apresentados em instância superior. No entanto, no dia 14 de agosto, o desembargador Jessé Torres, da 2º Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) restabeleceu a ação coletiva.

A Redes da Maré, moradores e organizações locais seguirão acompanhando as ações da polícia para que as determinações da Ação Civil Pública da Maré sejam respeitadas no território. Clique aqui e acesse a nota pública da Redes da Maré ao governador e ao presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro.

Maré: dezesseis favelas, uma só voz

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ACP da Maré é restabelecida; cartas dos moradores, a maioria de crianças, sensibilizou o país e ganhou o noticiário

Thaynara Santos

Mobilização de moradores ajudou no restabelecimento da Ação Civil Pública da Maré, feita nesta quarta-feira (14/8) pelo desembargador Jessé Torres, da 2º Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ).

Na tarde de segunda-feira (12), crianças, homens e mulheres, juntamente com representantes da Redes da Maré, fizeram um ato em frente ao Tribunal de Justiça do Rio para entregarem mais de 1500 cartas, escritas por moradores do bairro. O Eixo de Segurança Pública e Acesso à Justiça da instituição, escolas, associações de moradores e projetos sociais do território ficaram responsáveis pela mobilização da manifestação no Centro do Rio. O objetivo era que representantes do Tribunal recebem as cartas que pediam o desarquivamento da Ação Civil Pública (ACP) da Maré. Não foram sequer atendidos. Mesmo assim, a Redes da Maré protocolou no Tribunal as 1500 cartas, o que não produziu nenhum efeito legal. Na terça-feira (13), a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro entrou com um recurso contra a anulação da ACP.

A ACP surgiu da articulação das organizações da Maré como um instrumento de denúncias contra a violação de direitos e violências realizadas contra os moradores.. Logo no primeiro ano de existência, em 2018, a ACP alterou o cenário violento instaurado da Maré: houve redução no número de mortes, de dias sem aulas e também de dias sem atendimento médico.

Um retrocesso de direitos

Em junho de 2019, a juíza Regina Lucia Chuquer de Almeida Costa Castro, da 6° Vara de fazenda Pública da Capital anulou as medidas da ACP da Maré que reivindica os direitos básicos dos 140 mil mareenses das 16 favelas da Maré. Entre algumas das medidas estão: A presença de ambulâncias em operações policiais no território, instalação de câmeras e GPS nas viaturas. Cabe lembrar que legalmente essas medidas já estão previstas. ACP apenas reivindica que elas sejam cumpridas no território favelado, tal como ocorre em outros pontos da cidade.

Entenda os processos que levaram à suspensão e ao restabelecimento da ação coletiva na Maré, e o lançamento do Boletim Parcial Direito à Segurança Pública (de janeiro a junho de 2019).