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“Psicanálise aqui e agora” O que dizem os sonhos?

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Os psicanalistas responsáveis pelo projeto Digaí-Maré propõem, a partir da experiência acumulada nos anos de atendimento na Maré e do primeiro semestre do curso introdutório “Experiências Fundamentais da Psicanálise”, novos encontros voltados para psicólogos e outros profissionais que exerçam suas práticas no território. Os encontros pretendem pensar a diferença que ferramentas da psicanálise podem fazer na prática profissional cotidiana.

Confira a lista de selecionados para o segundo módulo do curso “Psicanálise aqui e agora – o que dizem os sonhos?”

Confira os nomes:

Antonia Carmem Costa De Sousa
Aline Ádria Borges
Beatris Neves Albuquerque Da Silva
Carla Silva Atanazio
Geisyane Fernandes Ricarte
Julia Gonçalves Leal
Juliana Xavier Dos Santos
Kamila De Fátima Camillo
Karla Rodrigues Gregorio
Lais Clemente De Oliveira
Ludmila Abramenko
Maria Aparecida P De Matos
Matheus Nogueira Pessoa
Núbia Erineuba Alves
Paulo Roberto De Andrade Júnior
Pricila De Souza Oliveira
Priscila Ramos Mendes

Número de vagas: 20
Duração: 9 encontros
Horário: Segundas-feiras, das 9h às 11h
Local: Galpão da Redes, Rua Teixeira Ribeiro, 521, ao lado do Mototaxi
Inscrições: 05 a 15 de agosto pelo link: http://enketo.ona.io/x/#AZQfogQg
Resultado: 16 de agosto
Início dos encontros: 19 de agosto
Datas dos 9 encontros: 19 e 26 de agosto, 02, 09, 23 e 30 de setembro;
07, 21 e 28 de outubro.

Mulheres e mães vitimadas pela violência do Estado são pauta de seminário na Maré

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Articulação de mães da Maré viabilizou troca de experiências e fortalecimento entre vítimas do Estado

Jéssica Pires e Thaynara Santos

“Todo mundo tem uma história para contar. Escrever é um direito de todos. Quando eles não conseguem tirar nossas vidas, eles apagam nossa história. Sou uma mãe vitimada pelo racismo, por esse sistema que não me permite participar da criação dos meus filhos por questões financeiras. Isso é uma violência para mim. Escrever é importante porque é um processo de empoderamento da nossa narrativa. Isso é muito poderoso: a gente falar pela gente. O processo de cura pelas escrevivências, a Conceição Evaristo foi muito feliz em criar esse conceito, ele reivindica todas essas vivências. A escrita proporciona isso, documentar as próprias histórias e dar uma resposta ao Estado que quer nos tornar analfabetos”, diz Rejane Barcelos, atriz e poeta, que promoveu uma roda de conversa e oficina de escrita afetiva no Seminário Despertar das Mães e Mulheres Vitimadas da Maré, que aconteceu neste sábado (3), na Lona Cultural Municipal Herbert Vianna (Lona da Maré).

Mães e mulheres de luta

O seminário é fruto da participação de mães da Maré no IV Encontro Nacional de Mães e Familiares Vítimas do Terrorismo do Estado realizado em Goiás, em maio. Na ocasião, mães de todo Brasil que perderam seus filhos se reuniram para reivindicar reparação por parte do Estado, justiça e melhores condições para a população carcerária. As mães da Maré, presentes no encontro, sentiram a necessidade de compartilhar as experiências adquiridas no evento com as mães do território, bem como fortalecer essa luta.

O Eixo de Segurança Pública e Acesso à Justiça da Redes da Maré apoiou e possibilitou a produção do seminário, acreditando que mudanças significativas ocorrem a partir do processo de identificação, mobilização e articulação dos moradores. O Eixo acompanha familiares de vítimas da violência da Maré, visando promover o acolhimento, a ampliação da perspectiva de cuidado e a viabilização de acesso a direitos através dos órgãos de acesso à justiça. Ao longo do tempo, a equipe identificou o protagonismo das mulheres nesses atendimentos, principalmente de mães, que buscam por acesso à direitos fundamentais, tanto seus quanto dos seus familiares. Durante o evento, a arbitrariedade no cancelamento da Ação Civil Pública da Maré que encontrava-se em vigor desde 2017 e alguns aspectos do pacote Anticrime proposto pelo Ministro Sérgio Moro também foram abordados.

Afeto e poesia

O seminário contou com a presença, em especial, das moradoras da Maré. O dia de trocas de experiências, de cuidados e fortalecimento mútuo começou com uma aula de zumba e outras atividades culturais, artísticas e muito bate-papo no decorrer do evento. Mães e mulheres presentes na roda de conversa construíram juntas um poema sobre seus votos de um futuro melhor:

Deus é uma mulher preta com todo o mundo em seu ventre, onde é morada de toda a força que abastece o Universo

Você é linda

Nossos filhos tem mãe!

Sentir é viver

Somos fortes e o principal é ter o direito de ir e vir. Nos deixe viver

Nossos sonhos, nossas lutas, nossas dores, são nossas. Fiquemos juntas, empedradas

Vamos caminhar juntas!

Mais guerreiras que lutam por justiça, para enfim ter sua paz no coração

Mais amor, menos ódio. Igualdade para todas.

Gostei muito da reunião de hoje

Hoje eu acordei muito feliz, não tive medo

Amo minha vida, mas as dores e dificuldades machucam.

Mulheres da Maré. Força, dignidade, respeito. Vida à Maré

Quero um mundo mais justo. Paz e respeito para todos.

A vida é bela, apesar dos pesares

Cada dia é um novo dia para continuar

Mulher é potência! É revolução!

Aprender para partilhar conhecimento

Vamos torcer umas pelas outras

Seja livre, a liberdade está dentro de você!


COE faz segunda operação policial na Maré em menos de seis dias

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Já são mais de 12 horas de operação policial na Maré. É a segunda feita pelo Comando de Operações Especiais da Polícia Militar (COE) apenas no mês de agosto. Equipamentos de saúde e educação da Maré fechados deixando mais de 15 mil crianças e adolescentes sem aula e outros milhares de moradores sem atendimento médico. A Redes da Maré recebeu inúmeras denúncias de violências e violações de direitos ocorridas ao longo da manhã: casas invadidas sem mandados judiciais, moradores que sofreram violências físicas e psicológicas por policiais, três pessoas feridas e uma pessoa morta com indícios de execução.

Logo ao amanhecer, a Redes da Maré foi informada que um homem teria sido alvejado na esquina da Rua Teixeira Ribeiro com a Rua Principal, na favela Nova Holanda. Ancelmo Silva Santana, que estaria desarmado, teria levantado as mãos e gritado “Perdi! ”, demonstrando que não oferecia risco, e mesmo assim, foi atingindo na perna e na cabeça pelos policiais. Ao ouvir os gritos de Ancelmo, sua mãe e suas três filhas chegaram ao local, porém, policiais teriam apontado o fuzil para a família coagindo-a e proibindo-a de chegar próximo a Ancelmo. Ainda segundo relatos, ele foi colocado no carro blindado para o Hospital Geral de Bonsucesso onde permanece internado no CTI em estado grave.

O morador da Maré, Wilton Soares da Silva, também foi baleado na Vila dos Pinheiros e deu entrada pela manhã no mesmo hospital, porém sua família não foi encontrada.
Um policial militar, identificado apenas como Leonardo, também foi atingido no pescoço e encaminhado ao centro cirúrgico no Hospital Getúlio Vargas.

Outra vítima da operação é Jeferson Luciano da Silva, de 31 anos, que chegou morto ao Hospital Getúlio Vargas, por volta das 07h30, com tiros nas costas, braços e barriga. Moradores relatam que policiais na laje de uma casa teriam disparado contra Jefferson quando ele passava de moto. A família de Jeferson soube de sua morte pelas redes sociais e procurou por mais 4 horas no IML e hospitais da região, encontrando-o com o apoio da equipe da Redes da Maré no Hospital Getúlio Vargas.

No final da manhã, um moto-taxista sofreu violência física e psicológica de policiais no Salsa & Merengue. Depois de quase uma hora sofrendo diferentes formas de violências, policiais jogaram a chave da moto no valão e liberaram o moto-taxista, que teve que seguir empurrando sua moto.

A Redes da Maré repudia qualquer forma de crime e de violência, em especial contra vida. A vida é nosso bem maior e deve ser preservado, sobretudo pelo Estado. Não acreditamos que o combate às redes ilícitas e criminosas se faça com morte e extermínio. Somos a favor de um sistema de justiça e de uma segurança pública que inclua todas as cidadãs e cidadãos de qualquer região da cidade.

“TRÓIA” NAS OPERAÇÕES POLICIAIS CAUSA TERROR NA MARÉ

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Há alguns anos, as operações policiais realizadas pelas unidades do Comando de Operações Especiais (COE) da polícia militar se caracterizam pelo longo período de duração provocando horas de tensões no território, limitando a circulação dos moradores da Maré, além do esgotamento físico e mental dos policiais que permanecem longos períodos nestas ações. Até agora em 2019, registramos  06 operações com essa característica . Estas operações policiais tem seguido um padrão: se inicia no final da madrugada, quando as ruas ainda estão escuras; é marcada por intensos confrontos armados e seguem no período da tarde de maneira silenciosa com os agentes transitando a pé pelo território, entrando nas casas e revistando celulares sem mandados judiciais, quebrando carros e ameaçando os moradores. Nessa dinâmica, aparentemente a operação se encerra no fim da tarde até que no início da noite os moradores são surpreendidos pela retorno dos agentes do Estado com forte aparato bélico, intensos e violentos confrontos armados que se estendem ao longo da noite. Relatos dos moradores dão conta que nessas ocasiões, policiais militares permanecem escondidos nas casas, fazendo famílias reféns e ocupando as lajes, até o retorno das tropas no período da noite. Essa  prática, conhecida como “Tróia” se repete com o uso de snippers que escondidos na laje das casas da Maré, alvejando moradores no retorno da operação policial. No mês de junho a Maré passou por três dias de operações consecutivos quase que ininterruptos. Na ocasião, foi informado à Polícia Militar e ao Plantão Judiciário sobre esta dinâmica das operações do Comando de Operações Especiais, porém, não houve qualquer mudança nesse padrão violento de conduta dos policiais na Maré. Pelo contrário, as operações marcadas pelo uso da “Tróia” e snippers nos telhados das casas  vem se intensificando.Nessa sexta-feira (02.08) a Maré sofreu com mais de 16 horas de operação policial que atingiram principalmente as  favelas da Vila dos Pinheiros, Conjunto Pinheiro, Morro do Timbau, Baixa do Sapateiro, Conjunto Bento RIbeiro Dantas, Nova Maré, Conjunto Esperança, Vila do João e Salsa & Merengue. Pela segunda vez na mesma semana, moradores amanhecem sob intenso tiroteio e voos rasantes do caveirão voador. Por volta das 04h40 da manhã, a região começou o dia sob intensos confrontos armados.  A operação seguiu a mesma estratégia das últimas: Confrontos armados na entrada; ao longo do dia, policiais circulando pelo território com registros pontuais de tiros, moradores tensos com atuação dos agentes do Estado que praticavam violência física e psicológica ao longo do dia.   Até que por volta das 17 horas a sensação era de  ter acabado a operação policial. O cotidiano foi sendo retomado aos poucos, algumas famílias retornavam do trabalho, outras saíam para trabalhar, as crianças voltaram a brincar na rua.  Por volta das 19hrs, dois carros blindados retornaram para as favelas Vila dos Pinheiros e Salsa & Merengue surpreendendo moradores com intensos e violentos confrontos armados. Moradores relatam que policiais ficaram escondidos nas lajes como estratégia de retomar a operação na parte da noite. A equipe da Redes da Maré identificou algumas áreas com tiroteios ininterruptos por quase duas horas.Moradores procuraram a Redes da Maré e relataram que policiais agrediram algumas pessoas  na localidade Fim do Mundo, na Vila do Pinheiro, ameaçaram dois jovens no Parque Ecológico, além de deixar baleado um moto-taxista.Ao longo do dia a equipe do Maré de Direitos recebeu denúncias de violações de direitos fundamentais: dano ao patrimônio, violência física, psicológica, ameaça, invasão à domicílio entre outras. Revoltados com a situação, moradores fizeram manifestação na Linha Amarela contra as violências ocorridas ao longo do dia.Além disso, 3 unidades de saúde tiveram suas atividades suspensas durante todo o dia, devido a insegurança no território. Por volta das 21hrs os confrontos cessaram, no entanto, a sensação dos moradores ainda era de apreensão e a certeza de que o direito à Segurança não chegou para os moradores da Maré. 

Confira no link abaixo o artigo produzido pela diretora da Redes da Maré, Eliana Sousa Silva e o subcoordenador do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos da Defensoria Pública do Rio de Janeiro e autor da Ação Civil Pública da Maré, Daniel Lozoya de título “Segurança no Rio: direito não chegou à favelas e periferias”. O texto traz análises sobre a atual conjuntura da segurança pública No Rio de Janeiro, sobretudo na Maré, principalmente após a suspensão da Ação Civil Pública.

http://www.nexojornal.com.br/ensaio/2019/Seguran%C3%A7a-no-Rio-direito-n%C3%A3o-chegou-a-favelas-e-periferias

Operação da Polícia Militar já dura mais de 16 horas!

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Desde a madrugada desta sexta-feira (02), moradores de 8 das 16 favelas da Maré convivem com a tensão, confrontos armados e violações de direitos. O Comando de Operações Especiais da Polícia Militar atua na região desde as 5 horas da manhã e permanece até agora à noite. A equipe da Redes da Maré identificou diversas violações de direitos como casas e celulares revistados sem mandados judiciais e violência física e psicológica contra moradores. Por volta de 17h, parecia que a operação policial havia acabado; porém, por volta de 19h, dois carros blindados da Polícia Militar retornaram para a região da Vila do Pinheiro e Salsa & Merengue e policiais escondidos nas lajes retornam pra rua, provocando intensos e ininterruptos confrontos armados. Moradores relatam que policiais estão agredindo moradores na localidade Fim do Mundo, na Vila do Pinheiro, ameaçaram dois jovens no Parque Ecologico, além de deixar baleado um moto-táxi.

É grave a situação no momento! Os confrontos armados cessaram desde as 21h, mas moradores permanecem apreensivos com a possibilidade de ainda ter policiais escondidos nas lajes. Um grupo de moto-taxistas realiza manifestação na Linha Amarela contra as violências ocorridas no dia de hoje.

Coragem para recomeçar

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Depois de ter interrompido os estudos por 17 anos, Edilene Rodrigues conclui os ensino fundamental e médio, cursa o CPV e ingressa em uma universidade pública de ponta

Eliane Salles

Ao passar para o curso de Serviço Social na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), a monitora do projeto Vínculos Solidários da Redes da Maré Edilene Rodrigues obteve uma dupla conquista: tornou-se universitária (e a caminho da profissão que sempre desejou) e provou para si mesma que sua potência é maior que seus medos.

Edilene, de 46 anos, ficou 17 anos sem estudar e, aos 36, decidiu que era hora de voltar. Mas, recomeços nem sempre são fáceis e se dão rapidamente. No meio disso, tinham – estes sim grandes complicadores – o medo de fracassar e a vergonha, sentimentos muito comuns em adultos que voltam aos bancos escolares. “Tinha medo de ir para a universidade. Não me achava suficiente”, conta Edilene.

Felizmente, desse embate interno, a coragem e a força de vontade saíram vitoriosas. Atualmente, Edilene prepara-se para cursar o segundo período de Serviço Social em uma das mais disputadas universidades do estado. Detalhe importante: a futura assistente social foi a quarta colocada no vestibular – um feito e tanto. “Foi de muita felicidade [quando soube do resultado]. Minha mãe ficou muito feliz, e se meu pai estivesse vivo também ficaria”.

O percurso

A decisão de voltar aos estudos veio em 2007, quando cursou o ensino fundamental pelo EJA (Ensino de Jovens e Adultos). Em 2010, nova conquista: concluiu o Ensino Médio. Daí pra frente não parou mais de estudar, ingressou no Curso Pré-Vestibular da Redes da Maré (CPV) e, em 2019, tornou-se universitária. “O que foi mais complicado foi a minha parte. Tinha vergonha de perguntar, embora os professores [do CPV] tivessem muito boa-vontade”.

Questionada sobre como tem sido a vida de estudante, Edilene dá mostras que todos os percalços para chegar à universidade valeram a pena. “Estudar é sempre um recomeço. Pode ser difícil no começo, mas é prazeroso. A pessoa que tem vontade, tem que vir [estudar], é muito prazeroso”.