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Sem base para o futebol

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O início na carreira de jogador vira dilema na vida das crianças

Hélio Euclides

Embaixadas e uns dribles até chegar ao gol. Esse é o desejo de meninos que almejam jogar em clubes de futebol. Primeiro é preciso vencer uma peneira de altíssimo nível. Não adianta se iludir no País do Futebol: mesmo se o garoto for bom com a bola nos pés, não é nada fácil entrar em um time. As dificuldades não param por aí. Os alojamentos, que deveriam ser a segunda casa das crianças, viraram um depósito de gente. Em fevereiro, um incêndio colocou um prematuro ponto final em dez promissoras carreiras no futebol – e o que é mais importante: em vidas – e deixou três feridos. O acidente ocorreu no Centro de Treinamento (CT) do Flamengo, em Vargem Grande. Outra problemática são os estudos, que ficam em segundo plano na vida dos jogadores.

Passados cinco meses da tragédia no Flamengo, a Polícia Civil indiciou oito pessoas, acusadas de homicídio com dolo eventual, por terem assumido o risco de deixar os atletas expostos ao perigo. O inquérito concluiu que o alojamento provisório não tinha condições de servir como dormitório para os atletas de base, pois havia diversas irregularidades estruturais. Além disso, a ausência de monitores no interior do contêiner, a falta de reparos nos aparelhos de ar-condicionado e o descumprimento da Ordem de Interdição imposta pela Prefeitura do Rio foram outros pontos que pesaram na decisão. O pernoite só voltou a ser permitido recentemente, quando o Clube obteve o alvará definitivo para o funcionamento do CT.

Paixão nacional: sonho de muitas crianças e famílias | Foto: Douglas Lopes

Edson Izidoro, da Associação Esportiva Beneficente Amigos da Maré, há 20 anos se dedica a ser treinador no território. Ele vê muita diferença entre o tratamento das escolinhas e dos clubes. “O que aconteceu no Ninho do Urubu me emociona até hoje, pois o sonho deles acabou ali. Acredito que os clubes precisam investir mais. Falta profissional para acompanhar de perto os meninos, se preocupar com a comida e dar assistência. Meu trabalho é interligado com a escola, pois acompanho as notas e converso como os professores deles. No clube, precisa estar estudando, mas não tem a preocupação com notas; só olham o boletim no final do ano”, questiona.

No campo do Rubens Vaz, Izidoro acompanha 58 crianças, entre 5 e 15 anos. “Nosso trabalho vai além da parte física, tática e coletiva; orientamos os nossos atletas sobre a realidade da vida”, afirma. Ele revela que tudo é possível graças aos amigos, aos comerciantes e à Associação de Moradores do Rubens Vaz, já que não recebe ajuda dos governantes. Cleiton dos Santos, de 27 anos, deu seu pontapé inicial na escolinha e, hoje, é preparador de goleiros da associação e no Clube Real Maré. “O projeto forma não só jogador, mas pessoas do bem”, afirma Cleiton, que segue este ano para a Itália, para um intercâmbio.

Vitório Leandro, de 15 anos, é um dos alunos da escolinha, e diz que sempre tem incentivo ao estudo. O que marcou a sua vida foi ter feito avaliação com os meninos que morreram no Ninho do Urubu. “Conhecia todos. Em 2018, fiquei cinco dias no Flamengo fazendo testes, e um dia dormi no alojamento. Foi uma tragédia, de um alojamento que era considerado, por nós, como bom”, comenta.

Klaus Grunwald é professor de música, morador da Baixa do Sapateiro, e todo ano visita seus familiares que moram na Alemanha. Ele acha que os clubes brasileiros precisam seguir trajetórias europeias bem-sucedidas. “O que vejo é que eles investem desde a categoria de base até a seleção. Na Alemanha, em qualquer área, há uma preocupação com a criança. Aqui, no Brasil, é deixa a vida me levar”, diz.

Escolaridade: é fundamental que os estudos e o futebol caminhem lado a lado | Foto: Douglas Lopes

É preciso pagar para virar jogador de futebol

O Maré de Notícias, Edição 88, de maio de 2018, trouxe o comentário de Nivaldo João da Silva, o Godoy, sobre a necessidade de ter dinheiro no início da carreira, para transporte e alimentação. Isso é confirmado por Flávio Alves, professor de Educação Física e treinador da escolinha Renovação Associação de Futebol, onde convivem 30 alunos de 5 a 17 anos, no campo da Paty, na Nova Holanda. “Essa é a dura realidade do futebol brasileiro. Um clube pequeno cobra taxa de arbitragem das crianças e, muitas vezes, o atleta nem é escalado. A família precisa investir, em média, 400 reais mensais. Para o pobre, ser jogador virou um sonho fora da realidade”, revela.

“Às vezes me sinto iludindo a criança, pois encaminho para o clube, mas sem o apoio financeiro, ela não continua”, conta. Para Flávio, é necessário cuidar da mente. “É preciso trabalhar a cabeça da criança, pois ela pode chegar a ganhar, a vida toda, um salário mínimo. Se um homem pode chegar a receber apenas isso, imagina a mulher, num País onde elas ainda ganham menos”, avalia. Quando se fala em futebol feminino, vale lembrar que, apesar da falta de investimentos, a Seleção Brasileira é tricampeã nos Jogos Pan-Americanos. O time ainda conta com a jogadora Marta, pessoa com o maior número de gols em Copas do Mundo (17 gols até o fechamento dessa Edição). 

Estudo e futebol em lados opostos

Leo Oliveira, de 36 anos, teve sua carreira no auge em 2006, quando jogou uma temporada pelo Flamengo. Foram 16 jogos pelo Rubro-Negro. Hoje, joga pelo Itaboraí Profute, time da série B2 do Campeonato Carioca. Em sua trajetória, Leo só teve a chance de estudar até a 8ª série, pois viajava muito, com mudanças de clubes de outros estados. “O estudo é muito importante para a trajetória de um atleta. Na prática, ele usa esse ensinamento ao conceder uma entrevista ou quando joga fora do País e precisa apender outros idiomas. Mas, principalmente na questão da Matemática, para não ser enrolado por empresários que se acham espertos”, alerta o morador da Nova Holanda.

“Na base, há um incentivo aos estudos. O alojamento, quando tem uma estrutura boa, é muito importante para o desenvolvimento. Nem todos os clubes têm um alojamento digno para o futebol brasileiro; não há estrutura para abrigar atletas”, confessa Leo. Flávio concorda que alojamento bom ajuda no desenvolvimento do menino. “Cheguei a jogar na Portuguesa, Bonsucesso, Bangu e São Cristóvão e, muitas vezes, almoçava e jantava cachorro-quente com suco. Alojamento de clube pequeno é pior do que qualquer quarto da favela e, muitas vezes, nem tem ventilador. A base do Flamengo não precisava ter passado por isso, não houve investimento”, afirma.

Mauricio Murad, sociólogo, defende que bola e estudos precisam caminhar juntos. “Lamentavelmente não há essa preocupação, apesar de a lei exigir que essa orientação seja dada e seja uma das perspectivas das divisões de base dos clubes. De um modo geral, os dirigentes econômicos e políticos de nosso País não estão nem aí para a educação. E os do futebol não fogem a essa regra”, denuncia. Para ele, a escola é prioridade na vida do atleta. “No Rio de Janeiro, o único clube que tem uma escola dentro de suas dependências, como parte de sua estrutura de funcionamento, é o Vasco. Isso é muito grave, porque todos nós sabemos que sem educação não há solução. Educação tem de ser prioridade de Estado e não somente de governo”, sugere Murad.INFOGRÁFICO| ou OUTRA ARTE

Veja como estão os alojamentos dos grandes clubes da cidade:

Botafogo – utiliza o centro de treinamento profissional de General Severiano, em Botafogo, alojamento de pequeno porte com capacidade para até 16 atletas. Os jovens permanecem sob a supervisão de inspetores e são acompanhados de perto por uma assistente social. 

Fluminense – atualmente são 45 meninos alojados, mas a média por ano é de 70 meninos. O Clube conseguiu o laudo da vigilância sanitária e alvará provisório de funcionamento para o CT de Xerém.

Vasco – fica debaixo das arquibancadas de São Januário, recebe de 40 a 45 jovens. São quatro monitores que se revezam em esquema de plantão. À disposição dos meninos, ficam três assistentes sociais e três psicólogos, um para cada categoria: sub-15, sub-17 e sub-20.

Flamengo – antes da tragédia, o alojamento era para cerca de 60 jovens, entre 14 a 17 anos. Com módulos habitáveis feitos de contêineres dentro do CT.

 *fonte: site Globo Esporte

Você está preparado para o mundo digital?

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Responda honestamente e, em caso negativo, não desanime: é sempre tempo de aprender

Flávia Veloso

O Brasil é, atualmente, um dos países que mais acessa internet no mundo. A ferramenta se faz indispensável no cotidiano de muitas pessoas. Ela é um universo, onde é possível se relacionar, entreter-se, fazer negócios, se informar, estudar e trabalhar. Tudo está conectado e, a cada dia, softwares e aparelhos são criados e desenvolvidos e a rede só tende a crescer. Mas será que toda a população está incluída e preparada intelectualmente para desfrutar do que tem surgido em termos de tecnologia?

 Mesmo sendo o quarto país do planeta em número de usuários, como mostra o relatório “Economia da Informação 2017: Digitalização, Comércio e Desenvolvimento”, da Organização das Nações Unidas (ONU), outros estudos revelam que nem todos os brasileiros estão conectados e que o Brasil não está devidamente alfabetizado tecnologicamente.  Alfabetização tecnológica pode ser definida como a interpretação, compreensão e manuseio de técnicas e linguagens da tecnologia. Saber usar programas, sites, aplicativos, dispositivos e se comunicar por meio de aparelhos digitais são alguns dos conhecimentos aplicados nesse tipo de alfabetização.

 Ainda que quase 70% do País sejam usuários, quase toda a população tem como principal finalidade o uso para a comunicação, o que reflete numa utilização muito limitada da ferramenta, dadas as inúmeras possibilidades que a internet possui. E de todos os motivos listados na pesquisa para o não uso, o maior deles foi não o de não saber fazê-lo.

Outro dado que indica o nível de alfabetização tecnológica do Brasil é apresentado por um estudo feito pela revista inglesa “The Economist”, em parceria com o Facebook. O relatório, de 2019, revela que o País ocupa a 66ª posição dentre 100 outras nações na alfabetização tecnológica, levando-se em consideração o nível de educação e preparação para usar a internet.

Impactos no mercado de trabalho

Uma grande preocupação é como o mundo do trabalho pode reagir em relação aos avanços tecnológicos. Acredita-se que o futuro do trabalho não vai ser negativamente afetado com as evoluções: postos não resistirão com o passar do tempo, mas outros surgirão, conforme chegam as novidades e atualizações.

Há também uma tendência de que muitas profissões deixem de existir. Empregos com tarefas rotineiras, como operador de telemarketing e caixa, possuem grande possibilidade de desaparecer, tendo em vista que as máquinas podem, cada vez mais facilmente, serem programadas para receber comandos lógicos que não tenham imprevisibilidades.

Empregos do futuro

As áreas de dados, comunicação, desenvolvimento de softwares, automação e robótica são as que mais vêm ganhando espaço, e a tendência é de que funções nesses ramos se multipliquem nos próximos anos. E para atender a essas demandas, a população deve estar capacitada. Quanto mais o poder público e as instituições privadas investirem em formação para setores ligados às novas tecnologias, melhor preparadas estarão as pessoas para as mudanças no mercado de trabalho.

A importância da alfabetização tecnológica

Independentemente da finalidade, a população passa grande parte do tempo manuseando smartphones, tablets e computadores para se comunicar, o que mostra a importância da alfabetização tecnológica. Mas isso não significa que os dispositivos estão sendo usados de maneira construtiva. “Trazer tecnologia para a sala de aula em escolas, cursos e afins não garante a aprendizagem. Precisamos ir além do uso de slides ou computadores em classe, criar atividades e projetos que desenvolvam senso crítico e reflexão por parte dos alunos”, diz Kelly Marques, coordenadora do Eixo de Educação da Redes da Maré.

 A coordenadora comentou sobre a inclusão digital nas periferias: “A favela faz parte da cidade, não há razão para esse tipo de projeto não acontecer aqui. Cada vez mais, as tecnologias estão inseridas no nosso cotidiano. Por isso, é preciso preparar os jovens para este cenário, por meio da alfabetização tecnológica. Quem não se adaptar, encontrará dificuldades de inserção no mercado de trabalho, já que é esperado que, nas profissões do futuro, o uso de programação, computadores e dispositivos tecnológicos seja constante e consciente, e a Maré não foge disso”.

Do básico ao avançado

O projeto Conectando, desenvolvido pelo Eixo de Educação da Redes da Maré, desde 2007, atua promovendo empoderamento digital de jovens e adultos da Maré. Em parceria com a organização social Recode, o Conectando oferece aulas de informática, com cinco módulos, do básico ao avançado.

De acordo com Kelly Marques, a procura pelo curso é maior para as classes de Introdução ao Mundo Digital, o que mostra certo desconhecimento sobre todo o potencial de uso dos dispositivos tecnológicos. O módulo de Introdução, que é o primeiro do curso, ajudou alunos como a Andréa Silva, de 18 anos, a se inserirem no mercado de trabalho.

Tecnologias: o futuro do mercado de trabalho | Foto: Douglas Lopes

Empregabilidade

Andréa é moradora da Maré e passou no teste para seu primeiro emprego aplicando os conhecimentos que adquiriu nas aulas do Conectando. Ela conta que teve de fazer uma prova de Excel para conseguir a vaga de jovem aprendiz em auxiliar de escritório. A jovem diz também que o curso a ajudou com sua desenvoltura: “O curso é bem dinâmico, os alunos ajudam uns aos outros a tirar dúvidas, o que melhora o diálogo e nossa forma de nos relacionarmos com as pessoas”.

O contato com a tecnologia desde pequeno

“O mundo está evoluindo e nós precisamos evoluir juntos. Quase nada mais funciona sem tecnologia, logo mais empregos estão sendo gerados nessa área. Isso significa que temos bastante serviço, então precisamos formar as crianças, para termos mão de obra no futuro”, diz Lucas Dominique, um dos colaboradores do projeto Pipas Labs.

O projeto trabalha com crianças e jovens a experiência de soltar pipa de uma forma diferente. Com um aplicativo, os alunos conseguem capturar os movimentos das pipas. Um dispositivo chamado arduino, preso à pipa, gera a trajetória em gráfico, que é mostrado na tela do celular.

Inclusão digital na terceira idade traz qualidade de vida

Com a expectativa de vida cada vez maior do brasileiro, alguns projetos pensam a alfabetização tecnológica como melhoria na qualidade de vida. Assim, a Universidade Aberta à Terceira Idade (Unati Unisuam) promove oficinas de inclusão digital que estimulam memória, leitura e a percepção visual para pessoas com mais de 60 anos.

Rose Sobral, coordenadora da unidade de Bonsucesso, também atenta às melhorias na autoestima dessas pessoas a partir da integração e socialização, reduzindo até fatores depressivos, e as tornando mais ativas e capazes de desenvolver novas habilidades, além de facilitar o cotidiano, afirma: “Hoje, tudo é tecnologia, desde os eletrodomésticos até caixas eletrônicos em bancos, então o acesso aos meios de comunicação torna o dia a dia delas mais prático e fácil”.

UNATI Unisuam

As oficinas de inclusão digital ensinam a idosos os comandos primários de computadores e internet. Nas classes, os alunos aprendem a ligar e desligar as máquinas, digitar e fazer pesquisas.  As inscrições são semestrais, custam R$50 e o aluno pode escolher quatro das várias modalidades de oficinas que a Unati oferece.

Os interessados precisam comparecer à Unisuam de Bonsucesso (Avenida Paris, 84 – Bonsucesso) levando RG, CPF, comprovante de residência e atestado médico, se quiserem participar das oficinas de atividades físicas.

Projeto Conectando – Redes da Maré

As aulas são ministradas no laboratório de informática, na sede da Redes, que fica na Rua Sargento Silva Nunes, nº 1.012, Nova Holanda. Por enquanto, não há informações sobre novas inscrições.

Projeto Pipas Labs

O projeto oferecerá uma colônia de férias no Complexo do Alemão, na Casa Voz, nova sede da ONG Voz das Comunidades. As informações sobre a colônia podem ser conferidas na página do Pipas Labs no Facebook.

“Para o fim da desigualdade, só com educação”

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Assim pensa Denise Pires, a primeira mulher a assumir o cargo mais alto da UFRJ, em quase 100 anos da instituição

Hélio Euclides

A professora Denise Pires de Carvalho foi indicada pela comunidade universitária para a função de reitora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na pesquisa feita em abril, na qual obteve 9.427 votos, ou seja, 24,66%. No dia 31 de maio, a indicação foi confirmada e o decreto de nomeação assinado pela Presidência da República. Esta é a primeira vez que uma mulher é escolhida para a Reitoria da UFRJ, que completará 100 anos em 2020. A posse será dia 8 de julho, no Centro de Tecnologia, na Cidade Universitária.

Perfil

Denise Pires é professora do Instituto de Biofísica (IBCCF) da UFRJ. Médica, formada pela UFRJ, possui mestrado e doutorado em Ciências Biológicas (Biofísica), ambos os títulos pelo IBCCF/UFRJ. Tem pós-doutorado pelo Hospital de Bicêtre (Paris) e pela Universitá Degli Studi di Napoli (Itália). Já foi diretora e vice-diretora do IBCCF/UFRJ, coordenadora acadêmica da Pró-Reitoria de Graduação (PR-1/UFRJ), além de diretora-adjunta de graduação e pós-graduação. Em entrevista ao Maré de Notícias, a nova reitora fala do desafio de ser a primeira mulher no posto em 100 anos da instituição, suas prioridades e projetos. Confira:

O que representa para a UFRJ a chegada da primeira mulher ao posto mais alto?

As mulheres ainda têm atuado muito pouco em posições de destaque. Essa prática é ruim, pois tem de haver um equilíbrio. Já me perguntaram se tenho medo dessa nova função, respondi que não tenho medo. Só estou apreensiva, por não saber se corresponderei às expectativas. Mas posso garantir que vou dar o máximo.

Quais as prioridades de sua gestão?

Primeiro, organizar o que não depende do orçamento, que é deficitário. Pensar em política de permanência do nosso aluno. Hoje, ele tem problema de ser firmar; a evasão chega a 50%. Muitos ingressam e não concluem o curso.

Em relação aos cortes anunciados pelo governo, quais serão os impactos dessa política para a universidade?

Será um golpe mortal, pois esses 30% de corte nos deixa sem dinheiro para pagar a luz. Espero que isso não aconteça.

Os estudantes pobres, e em maioria negros, são os que mais precisam de bolsas. Há algo que possa ser feito para que esses alunos não sejam obrigados a abandonar a universidade?

Os cortes não vão atingir essas bolsas, que favorecem quem tem renda per capita baixa. O triste é manter como está, é preciso avançar. Para ajudar, espero acabar a obra de construção do alojamento, pois esse estudante vai economizar com habitação, transporte e alimentação. O nosso problema é ter verba para as obras, num País em crise.

Para a senhora, o que é educação e como deve ser estruturada para que todos tenham acesso a ela?

A educação é o maior bem da sociedade. Não há gasto e, sim, investimentos; ela não é mercadoria. Não há Brasil sem educação. Temos de pensar no futuro e, não, patinar no presente. Para o fim da desigualdade, só com educação. Para isso, precisamos acabar com a evasão no Ensino Médio e Ensino Superior. Outro ponto: a sociedade precisa valorizar o professor. Sem um bom professor não há ensino de qualidade. É preciso estimular a formação, para que nunca a internet supere o papel do professor.

Moradores usam, no fim de semana, o campus, como área de lazer. Como a senhora vê essa utilização?

Ótimo! É preciso fazer mais quadras polivalentes e incentivar o esporte. Disponibilizar os nossos alunos de Educação Física para os treinos, para que haja uma interação.

A Maré fica ao lado da UFRJ. O que vai ser feito para garantir esse movimento de extensão?

O meu projeto é fazer um complexo de educação, na Cidade Universitária, onde ficará o CAP (Colégio de Aplicação), com ampliação de número e vagas para a Educação Básica – o que vai favorecer os moradores. Sei que tenho de ir à Maré, e estou no aguardo de um convite.

Como se define Denise Pires de Carvalho?

Gosta de enfrentar desafios. Uma pessoa corajosa, que é apaixonada pela educação.

Um recado aos leitores do Maré de Notícias.

Precisamos construir pontes com toda a sociedade. Sou contra falar de uma universidade de portas abertas, pois para isso é preciso ter portas. Desejo uma universidade sem portas ou muros.

Fornecimento de energia suspenso na Nova Holanda nesta segunda (1° de julho)

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 Abaixo, as ruas que serão afetadas pela interrupção de energia

Jéssica Pires

Em comunicado, a Light informou que o fornecimento de energia elétrica passará por uma pausa em algumas ruas da Nova Holanda nesta segunda-feira, 1º de julho. A empresa informou que a pausa será necessária para uma manutenção programada e que está trabalhando na melhoria da rede elétrica da região. Para realizar o serviço, o fornecimento de energia dos imóveis será interrompido de 8h30 às 17h. Dica importante: atenção com aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos, que podem ser danificados com a interrupção e volta da energia.

As ruas que terão a energia elétrica pausada serão: Carlos Lacerda, Conquista, Denilson de Souza, Ivete Vargas, João Severino, Jorge Luiz, José Caetano, José Carlos, Juscelino Caetano, Leonardo Moreno, Manoel Garrincha, Maravilhas, Marcelo Machado, Otaviano Francisco, Principal, Progresso, 15 de janeiro, Das Rosas, São Jerônimo, São Jorge, São Sebastião, Safira, Sargento Silva Nunes, Sofia Azevedo,Tancredo Neves, São Luiz, 25 de dezembro e 29 de Janeiro.

O prédio central da Redes da Maré, que fica na Rua Sargento Silva Nunes, ficará aberto, com aulas normais dos preparatórios e curso pré-vestibular (que acontece no turno da noite). Para informações sobre outras atividades, ligue para a secretaria: (21) 3105-5531. 

A equipe do Espaço Normal participará da atividade Atenda, em frente ao Centro de Artes da Maré, na Rua Bittencourt Sampaio, e estará disponível para atendimentos e dúvidas, mas o espaço não abrirá neste dia.   



Movimentos faz vakinha para financiar casa na Maré

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Coletivo tem até o início de agosto para atingir a meta do financiamento on-line

Thaynara Santos

A Casa Movimentos será um espaço de trabalho, formação, mobilização e construção de redes voltado para juventude que debate política de drogas na periferia. Entre as atividades que serão realizadas no espaço, estão: aulas e oficinas de formação, imersões e residências com jovens periféricos de diferentes partes da cidade, eventos culturais e artísticos, produção audiovisual e de comunicação.

O grupo Movimentos, formado por 15 jovens de várias favelas e periferias do Rio de Janeiro, surgiu em 2016, como um projeto do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC). O coletivo promove a discussão sobre política de drogas, a partir da vivência da juventude negra, favelada e periférica, em pré-vestibulares, universidades, escolas, Organizações Não Governamentais e unidades do Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase), entre outros.

Um lugar de formação

A meta 1 – Tudo ou nada, de 15 mil, cobre o aluguel e as despesas mensais da casa durante um ano. A meta 2 – Fazendo acontecer, de 30 mil, mantém o espaço funcionamento por dois anos (aluguel e custos mensais) e paga o mobiliário básico da casa. O financiamento coletivo, lançado no início de junho, tem até o dia 6 de agosto para atingir as duas metas.

Jéssica Souto, produtora audiovisual, cria do Complexo do Alemão e integrante do Movimentos, explica que a Casa será um grande passo para o futuro do coletivo, que em 2020 pretende ser independente. “Hoje o sonho da Casa Movimentos é mais uma das ferramentas que queremos usar nesse processo de devolutiva para os nossos. Um lugar pensado para a formação da juventude periférica sobre direitos humanos, racismo e guerra às drogas. Queremos nossa juventude viva, ocupando o debate, a cidade, as universidades. E isso não se faz com fuzil. Somos especialistas e vivencialistas de tudo o que se discute na academia e em tantos espaços de poder que falam sobre nós”, conta a integrante.

Drogas, Juventude e Favela

Há três anos, o coletivo participa de uma série de oficinas e formações com especialistas sobre política de drogas, sistema socioeducativo, encarceramento em massa, legislação e saúde. Em 2017, o grupo de jovens produziu a Cartilha Movimentos, um guia com linguagem simples e direta que aborda temas como guerra às drogas, redução de danos e história da droga, usada nas oficinas e formações do grupo.  

A Casa Movimentos ficará no Parque União, uma das 16 comunidades no conjunto de favelas da Maré. Para colaborar, clique aqui.

Maré a Céu Aberto promove aula aberta e atividade em biblioteca na Maré

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Projeto é uma parceira entre a Redes da Maré e o Itaú Cultural

Thaynara Santos

O projeto Maré a Céu Aberto, cujo objetivo é contar e registrar a história da Maré, realizou mais duas atividades este mês: uma aula-campo, com o professor Ernani Alcides, e uma tarde de contação de estórias e desenhos, que reuniu senhoras griots (indivíduos que, na cultura africana ocidental, têm como função primordial informar, educar, entreter e preservar a história) da Nova Holanda e crianças frequentadoras da Biblioteca Lima Barreto. As atividades contaram com a participação das equipes do Itaú Cultural e da Redes da Maré, parceiros na realização do projeto.

Museu

O Maré a Céu Aberto tem como objetivo contar e registrar a história do conjunto de favelas que formam a Maré a partir da perspectiva de seus moradores. A proposta é que os mareenses sejam fontes vivas da história e da memória de seu território.

O conceito do projeto se assemelha a um museu, onde as obras ficam expostas para qualquer pessoa, porém, sem se restringir a um único espaço, utilizando os muros da Maré como uma plataforma visível a todos, onde a identidade do território é registrada nas paredes.

O Maré a Céu Aberto é desenvolvido pelo Núcleo de Memória e Identidades da Maré e pela Azulejaria, ambos da Redes da Maré, e contam com o apoio do Itaú Cultural.