Espaço de luta e mobilização leva nome de ativista local Gilmara Cunha
Por Hélio Euclides, em 01/10/2021 às 07h. Editado por Edu Carvalho
Motivo de orgulho e ainda mais garra, moradores da Maré se encontraram ontem (30/9) para inauguração do Centro de Promoção da Cidadania LGBTIQIA+, na Nova Holanda. A unidade, ligada ao Programa Estadual Rio Sem LGBTFobia, é a primeira instalada numa favela do Rio de Janeiro, com serviços de apoio à população LGBTQUIA+ para garantir e promover cidadania e acesso aos direitos devidos. Haverá atendimentos gratuitos com advogados, psicólogos e assistentes sociais.
O centro recebeu o nome de Casa da Diversidade Gilmara Cunha, ativista LGBTQIA+ e fundadora do Grupo Conexão G. Na abertura da Casa, Gilmara ressaltou a importância de receber a homenagem em vida. “Tenho uma história de amor por essa população mais esquecida. Comecei distribuindo preservativo no ponto de prostituição do outro lado da Maré. A luta começou há 15 anos e agradeço a Redes da Maré que sempre apoiou o nosso trabalho. O que ocorre hoje é uma conquista de um olhar para os mais vulneráveis. Um grupo que precisa ser visto e reconhecidos e o Estado vem apoiar”, comenta Gilmara.
A companheira de Marielle, Mônica Benício, vereadora da cidade do Rio de Janeiro estava emocionada com o momento da inauguração do centro após derrota na câmara. “Tentei incluir no calendário da cidade o Dia da Visibilidade Lésbica, algo que foi reprovado por dois votos. O ingrato é que temos o Dia da Pipa e não conseguimos algo tão relevante por causa de pessoas que não aprovam os nossos corpos e têm medo da nossa visibilidade”, diz. Para ela, a escolha da Maré não podia ser mais importante, pois foi o local onde passou a maior parte da vida.
Segundo pesquisa da organização de mídia Gênero e Número, com o apoio da Fundação Ford e divulgada pela Fundação Fundo Brasil em 2018, 51% das pessoas LGBTQIA+ relataram ter sofrido algum tipo de violência motivada pela sua orientação sexual ou identidade de gênero. Entre as violências, 94% foram verbais e outras 13% físicas. Os centros nascem para enfrentarem essa situação de LGBTfobia que pessoas sofrem todos os dias.
Os Centros de Cidadania LGBTQIA+ são uma iniciativa estadual do Programa Rio Sem LGBTfobia, da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos do Rio de Janeiro. “Esse centro marca uma luta em defesa do território. Entendemos que muitas vezes a pessoa não tem R$ 10 para ir ao Centro da Cidade conseguir apoio. Aqui teremos uma equipe completa a disposição para o atendimento”, garante Luciana Martins Calaça, subsecretária de estado da Promoção, Defesa e Garantia dos Direitos Humanos.
Já existem outros equipamentos em Niterói, Queimados, Volta Redonda, Central do Brasil, Nova Friburgo, Arraial do Cabo, Miguel Pereira e Caxias. O governo do Estado promete outras unidades. “Meu papel é de ser um facilitador das políticas públicas. O importante é um atendimento no qual nos coloquemos no lugar do outro. Temos que potencializar e fazer justiça. Temos que levar justiça para que a voz de todas e todos sejam ouvidos”, diz Matheus Quintal, secretário de estado de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos.
A Casa da Diversidade Gilmara Cunha vai funcionar de segunda a sexta, das 9h às 18h, na Rua Marcelo Machado de Nova Holanda, número 51.