Conversas do Festival WOW refletem estratégias para romper os ciclos da violência
Debater a sexualidade com crianças é uma forma de protegê-las e não debater pode ser uma violência. Os debates das mesas “Violência Sexual e Hipersexualização da infância” e “Rompendo ciclos de violência” mostraram como a violência reflete na sociedade a reprodução e oportunidades de mudanças.
Entender as formas de violência é o primeiro passo para romper o ciclo e não criar agressões. As rodas de conversa fazem parte da programação do segundo dia do Festival WOW Mulheres do Mundo que acontece na Praça Mauá nos dias 26,27 e 28 de outubro.
Um tema em comum nas duas rodas de conversa foi a sexualidade. A primeira mesa abordou a proteção de pessoas LGBTs, com a presença da conselheira tutelar Patrícia Felix, que trouxe dados sobre casamento infantil – o Brasil ocupa o quarto lugar no mundo em casamentos infantis segundo a pesquisa do Fundo das Nações Unidas para a infância (Unicef).
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A segunda trouxe um relato emocionante da jornalista e professora Sara York. “Eu fui expulsa de casa aos 12 anos, minha mãe me queimava com um cigarro que ela fumava, eu tenho marcas nas mãos e no quadril, mas quando eu saia de casa eu não chorava, eu sorria porque eu tinha vergonha que me vissem chorando.” Sara York é a primeira mulher trans a ser âncora de um telejornal na TV Brasil 247.
Ela conta que quando foi expulsa de casa encontrou acolhimento em uma praça com travestis e entre lágrimas de emoção destacou “foram as melhores mães que eu poderia ter”. A formação de rede de apoio é uma ferramenta importante para a criação de espaços de acolhimento necessários na infância e adolescência.
A psicanalista Ilana Katz, explica que o silenciamento das crianças também é uma forma de violência e que o efeito disso é de responsabilidade social. Ilana explica que um reflexo do silenciamento no adulto é o aumento da capacidade de se colocar em situações de submetimento. “E não apenas no sentido sexual, mas na vida” , explica.
A violência psicológica costuma não deixar marcas visíveis mas deixa danos que precisam de um longo processo para a cura. Por isso é importante identificar de onde parte as violências, muitas vezes cometidas dentro das casas e por pessoas de confiança. É o que explica Patrícia Félix que também é advogada e psicopedagoga.
Amanhã tem mais Festival WOW! Confira a programação completa do segundo dia do evento, você também acompanha aqui pelo Maré de Notícias.
Quem não puder estar em todas as atividades, terá a oportunidade de assistir a nove debates do evento que serão transmitidos pelo YouTube do Canal Futura. São eles:
Dia 27/10/2023
Violência e Segurança Pública – Das 14h às 15h30
Assa Traoré (França) – Ativista e Líder do Comitê da Verdade e Justiça para Adama
Buba Aguiar- Socióloga, Ativista e Militante do Coletivo Fala Akari
Liliane Santos- Assistente Social e Coordenadora do Projeto Maré de Direitos
Bruna Da Silva – Movimento Mães da Maré
Ivanir Mendes – Membro da Rede Comunidade e Movimento Contra a Violência
Mediação: Cecília Olliveira – Jornalista Especializada em Segurança Pública
Feminismos Locais – das 16h às 17h30
Fátima Ouassak (França) – Cientista Política e Cofundadora da Frente das Mães
María Galindo (Bolívia) – Militante Anarcofeminista, Psicóloga e Comunicadora
Mikki Kendall (EUA) – Escritora, Ativista e Crítica Cultural
Mediação: Andreza Jorge – Ativista, Professora e Escritora
Escrever o amor e o afeto – das 18h às 20h
Anelis Assumpção – Cantora, Compositora e Diretora do Museu Itamar Assumpção
Conceição Evaristo – Escritora e Doutora em Literatura Comparada.
Mediação: Obirin Odara – Mestra em Políticas Sociais e Diretora do Studio Krya
Dia 28/10/2023
Mulheres na Política – Das 14h às 15h30
Benedita da Silva- Deputada Federal
Dani Balbi- Deputada Estadual – RJ
Islandia Bezerra – Diretora de Diálogos Sociais
Marina do MST – Deputada Estadual – RJ
Mediação: Juliana Marques – Cofundadora do Movimento Mulheres Negras Decidem
Teorias sobre nós – das 16h às 17h30
Denise Carrascosa – Pesquisadora e Professora da UFBA
Letícia Carolina Nascimento – Pedagoga e Professora da UFPI
Anahí Guedes – Antropóloga e Pesquisadora
Heloísa Starling- Historiadora e Professora da UFMG
Mediação: Érica Peçanha – Antropóloga e Pesquisadora
Futuro para quem? – das 18h às 20h
Lucia Xavier – Assistente Social e Coordenadora da ONG Criola
Manuella Mirella – Presidente da UNE e Ativista da Educação
Anielle Franco – Ministra da Igualdade Racial
Mediação: Rayanne Soares – Mobilizadora Territorial e Assessora Parlamentar
Dia 29/10/2023
Saúde, Território e Gênero: repertórios a partir da pandemia – Das 14h às 15h30
Débora Silva – Gestora da ONG Sim! Eu Sou Do Meio
Gláucia Marinho – Coordenadora da ONG Justiça Global
Rosana Beatriz – Coordenadora da Associação Cultural Lanchonete Lanchonete
Pamella Liz – Cientista Social e Sanitarista
Mediação: Pâmela Carvalho – Educadora e Coordenadora da Redes da Maré
Gênero e Justiça Ambiental – das 16h às 17h30
Cristiane Faustino – Ambientalista e Presidente da ONG Justiça Global
Eliana Karajá – Presidente da Associação Indígena do Vale Araguaia
Marina Marçal – Advogada e Pesquisadora em Política Climática
Selma Dealdina – Assistente Social e Secretária da Conaq
Mediação: Kamila Camilo – Ativista Ambiental e Empreendedora do Instituto Oyá
Histórias do Amor e do Amar – das 18h às 20h
Amara Moira – Escritora e Doutora em Literatura pela Unicamp
Aza Njeri – Professora Doutora em Literaturas Africanas
Josephine Apraku (Alemanha) – Professor de Estudos Africanos
Obirin Odara – Mestra Em Políticas Sociais e Diretora do Studio Krya
Mediação: Camila Marins – Jornalista e Editora da Revista Brejeiras