Fórum Grita Baixada lança boletim sobre racismo e violência na Baixada Fluminense

Data:

Por Redação, em 28/07/2021 às 07h

Nesta quarta-feira (28/07), a partir das 10h, o Fórum Grita Baixada lança em seu site (www.forumgritabaixada.org.br) e nas redes sociais, a mais recente produção de dados sobre a violência de Estado na Baixada Fluminense, tendo como enfoque principal, o racismo estrutural. O Boletim é o primeiro de uma série organizada pelo FGB entre narrativas e informações apresentando o racismo como engrenagem para a prática de crimes praticados pelo Estado na região.

Um dos objetivos da série de boletins é compreender os contrastes que representam a Baixada, através de uma análise variada de dados em relação a violência, ao crime ou pobreza e de interpretações advindas não apenas nas narrativas oficiais, mas também dos vários relatos de moradores, das vítimas e das mídias e instituições locais que, muitas vezes, produzem contranarrativas capazes de significar e ressiginificar este território, compreendendo seus muitos aspectos.

“Nessa série iremos trabalhar com dados oficiais, mas também com narrativas populares, capazes de nos fornecer um importante panorama, tanto da violência aqui registrada, quanto das possibilidades de enfrentamento. Esse primeiro boletim nos permite observar com atenção a atuação do Estado na Baixada, bem como entender como toda essa violência está diretamente ligada ao racismo estrutural.”, analisa Lorene Maia, articuladora de territórios do FGB.

Para Adriano de Araujo, coordenador executivo do Fórum Grita Baixada, o novo boletim traz dados impressionantes da violência policial nas 13 cidades que constituem a Baixada Fluminense. Segundo o sociólogo, o levantamento feito evidencia que, longe de promover a ordem e proteger a população, a polícia vem se constituindo como um dos principais atores da violência de estado e letal na região.

“Cidades já empobrecidas como Japeri e Belford Roxo apresentam quase 8 vezes mais mortes por 100 mil habitantes quando comparado a cidade do Rio. Belford Roxo tem quase 3 vezes mais na mesma comparação. Itaguaí e Mesquita são outras cidades que apresentam altíssimas taxas de letalidade da ação policial, inserindo a região entre os lugares do Brasil onde a polícia mais mata”, analisa Araujo. Ele conclui afirmando que:

“Em comum em todas as 13 cidades analisadas, sobressai a seletividade da ação policial contra as pessoas negras. O racismo se manifesta explicitamente nas altas taxas de mortes provocadas nas ações policiais. Em média, 73 % dos mortos somente pela ação policial são pretos ou pardos” aponta o coordenador do FGB.

O Fórum Grita Baixada acredita que o debate sobre raça/cor deve atravessar e estruturar toda discussão sobre violência, segurança pública e direitos humanos no Brasil, no Rio de
Janeiro e em especial na região da Baixada que é majoritariamente negra.

Compartilhar notícia:

Inscreva-se

Mais notícias
Related

Sementes de Marielle; confira segunda parte da entrevista com Mãe da vereadora

Nessa segunda parte da entrevista, Marinete fala sobre as sementes deixadas por Marielle, do protagonismo de mulheres negras em espaços de poder e a partir do contexto do assassinato da vereadora, como acreditar em justiça.

‘Não há uma política de reparação’, diz Mãe de Marielle sobre vítimas do estado

Além de criticar o Estado e o Judiciário, que, em diversas instâncias, colaboraram pela impunidade do crime, Marinete aproveitou para reforçar o sonho que a família tem: inaugurar, via Instituto, o Centro de Memória e Ancestralidade