Instituto Vida Real cria local de plantio de hortaliças com apoio de alunos

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Horta comunitária faz sucesso na região da Nova Holanda, uma das favelas do conjunto

Por Flávio Herculano e Hélio Euclides, em 26/11/2021 às 13h. Editado por Edu Carvalho

Tomates, berinjela, abóbora, jiló, alho-poró, salsinha, cebolinha e também plantas medicinais. Todas colhidas diretamente da natureza, no seio da Maré. A iniciativa é do Instituto Vida Real, criado neste ano, com sede na Nova Holanda. O objetivo da horta comunitária era transformar o espaço vazio (próximo à Clínica da Família Jeremias Moraes da Silva), em um local de plena produção aos moradores.

Idealizada por Sebastião Antônio, conhecido como Tião, coordenador do instituto, a ação pretende incentivar que mais espaços sejam transformados no território. “Quando assumimos a nova sede da instituição, veio logo o desejo de colocar uma horta comunitária no terreno ocioso. A ideia é replicar essa horta para os terraços das casas para que eles possam assim terem um alimento saudável plantado por eles e também vamos estar capacitando aqueles que quiserem”, comenta.

A horta tem 12 canteiros, cada um com cerca de oito metros de comprimento e 1,20 de largura. Tião conta que sair do papel não foi fácil, pois construir uma horta ainda não é barato – sobretudo no contexto de favela. A união dos moradores foi fundamental, como as orientações que recebeu de Zé Maria, agricultor que atua na horta do Samora Machel há dez anos. Houve quem pudesse ajudar com quantias em dinheiro e também de forma braçal. O projeto também teve o apoio da instituição Solo Fértil. Um dos desafios para o futuro é conseguir recursos para manter um funcionário direto no cuidado da plantação.

Foto: Matheus Affonso

O conjunto de favelas já conta com duas outras hortas, uma localizada no terreno do Ciep Samora Machel, também na Nova Holanda, e outra no Parque Ecológico, na Vila dos Pinheiros. As duas fazem parte do Programa Hortas Carioca, da Prefeitura do Rio de Janeiro. As colheitas são distribuídas para os alunos do Vida Real, e o que sobra é doado para pessoas em situação de vulnerabilidade da Maré. “O melhor disso tudo é que estamos podendo ajudar várias pessoas com um alimento que nós mesmos plantamos. É um prazer ver o projeto dando certo. Meu coração está transbordando de alegria por ver um sonho sendo realizado”, conclui. Para o futuro, o projeto vai ser ampliado para uma horta suspensa, aproveitando o muro da instituição.

Programas e leis de apoio

Na Bahia, um projeto que vem dando certo é o das Hortas Escolares, que faz parte do Programa Educar para Transformar, do Pacto pela Educação, do Plano Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional, da Secretaria Estadual da Educação e Coordenação de Educação Ambiental e Saúde. As unidades escolares da rede estadual recebem as hortas como uma das estratégias para inclusão de propostas de sustentabilidade socioambiental no Projeto Político Pedagógico. A proposta ainda fortalece a Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida para contribuir para a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e para a consecução dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. As hortas ainda fortalecem a participação da juventude baiana na implementação das Políticas Nacional e Estadual de Educação Ambiental.

A Lei 647/84, da cidade do Rio de Janeiro, incentiva associações de moradores a implantar, explorar e desenvolver hortas comunitárias, sem fins lucrativos, em terrenos ociosos da Prefeitura, mediante consulta ao Poder Executivo. Em outro artigo, a lei destaca que as escolas municipais que disponham de terreno ocioso deverão manter uma horta comunitária, para uso exclusivo de merenda escolar, sob a responsabilidade dos alunos e supervisão dos professores, sem prejuízo de qualquer atividade docente ou administrativa.

Em outra lei, desta vez do Estado do Rio de Janeiro, a 8349/19 indica a implantação do Programa Estadual de Incentivo a Hortas Domésticas e Comunitárias em áreas urbanas e rurais do Estado do Rio de Janeiro, tendo como finalidade, proporcionar economia no orçamento familiar; melhorar o padrão alimentar da população, por meio do consumo de frutas, legumes, verduras e hortaliças frescas; promover a valorização do cultivo doméstico de alimentos pelas famílias, bem como do local onde vivem; e facilitar a oferta de itens alimentícios nutritivos à população em geral. Essa lei poderá ajudar uma futura horta, que deve ser criada em Marcílio Dias, em parceria com a associação de moradores e a PUC.

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