Mobilidade urbana em duas rodas contra a poluição do meio ambiente

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As bicicletas reduzem poluição do ar que afetam diretamente a vida dos moradores da Maré

Não é novidade que a bicicleta e o meio ambiente estão relacionados. Coincidência ou não, seus dias mundiais são celebrados na mesma semana: 3 e 5 de junho, respectivamente.

Mesmo entre muitos carros e motos, a famosa “magrela” ainda tem espaço. Charles Cunha, 36 anos, vê a bicicleta como meio de transporte e além disso fonte de renda. “A bicicleta além de fazer bem para o meio ambiente também ajuda o nosso corpo. A gente não fica sedentário, faz alguma atividade física “, comenta.  Há mais de 20 anos Charles trabalha com consertos de bicicleta na Vila dos Pinheiros. Ele conta que desde pequeno gosta de bicicleta e aprendeu o ofício com seu pai que abriu a loja em 1988. 

A paixão pelo meio de transporte é tão grande que Charlin, como é mais conhecido, passou a fazer ciclismo amador, percorrendo distâncias maiores: “Eu gosto de andar de bicicleta, já fui para Aparecida do Norte, Petrópolis, Guapimirim, Alto da Boa Vista”. Entretanto, a segurança na rua é uma preocupação. A falta de ciclovias impede que mais pessoas usem o meio de transporte no dia-a-dia. “Aqui no Rio de Janeiro a gente tem poucas ciclovias, muita gente fica com medo de andar do lado dos carros […] se tivesse mais ciclovias com certeza teriam mais ciclistas”.

Além do meio ambiente, a saúde tende a melhorar andando de bike. Segundo divulgado em uma matéria da Revista Bicicleta, em apenas 10 minutos de pedalada já há irrigação sanguínea nas articulações, em 20 minutos diminuição do cortisol, hormônio relacionado ao estresse, a partir de 30 minutos há melhoras nos níveis cardiovasculares e com 40 minutos tem aumento da capacidade respiratória melhorando o fluxo de oxigênio e sanguíneo no cérebro. Com uma hora além das substâncias do bem-estar, endorfina e serotonina, o metabolismo acelera gerando o controle do peso.

Poluição do ar

A maioria dos veículos usam a queima dos combustíveis fósseis, como gasolina e óleo diesel. Segundo dados do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) , a frota total do município do Rio de Janeiro até maio deste ano é de mais de 3 milhões de veículos (3.424.319) em todo o estado, o número passa de 8 milhões de veículos em circulação (8. 293.841 veículos).

A Maré é cercada pelas três principais vias que conectam a cidade à região metropolitana (Linha Amarela, Linha Vermelha e Avenida Brasil), influenciando na temperatura local. Como resultado, há uma variação de até 2ºC entre a temperatura do bairro e o restante da cidade, conforme aponta a pesquisa Respira Maré (2023), conduzida pelo Eixo Direitos Urbanos e Socioambientais da Redes da Maré.

O efeito é conhecido como ilhas de calor, identificado quando há variação da temperatura em determinados ambientes de uma mesma localidade. 

Além de contribuir para a economia, já que as bicicletas geram renda para os profissionais que assim como Charles trabalham com reparos e montando bicicletas, o meio de transporte também contribui para a redução de gases poluentes. Segundo a pesquisa “Economia da bicicleta no Brasil” (2018) se a intensidade do uso de bicicletas no Brasil fosse equivalente a de uso de carro seria evitada a produção de 4,4 kg de gás carbônico, (resultado da queima de combustíveis fósseis) por ano.

Crise dos direitos humanos

Para a gestora ambiental Naira Almeida, a crise climática é a “crise dos direitos humanos sem precedência”, um problema ambiental que afeta a todos os moradores dos territórios e por isso todos devem participar das soluções: “É preciso que haja esse senso de urgência mas que a população se sinta mais empoderada de dialogar e cobrar. Não é assistencialismo é fazer valer a constituição brasileira.” pontua. 

Naira conta que a crise ambiental afeta principalmente a população negra que vive nos territórios atingidos, assim como a Maré,  e que além disso, a exclusão de espaços de decisão é outro efeito e que é necessário participar das políticas públicas:  “É um passo de retomada, desses locais que a gente nunca deveria ter saído ou sido excluído” finaliza.

Lucas Feitoza
Lucas Feitoza
Jornalista

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