No rolé do lixo na Maré, todo mundo é protagonista

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Parece que depois que a gente amarra a sacola e põe fora de casa, o problema não é mais nosso. Mas hoje a gente te mostra que, na cena do lixo na Maré, cada um pode fazer sua parte.

Maré de Notícias #124 – maio de 2021

Reportagem: Vinícius Lopes e Ruth Osorio
Arte: Nicolas Noel
Edição: Elena Wesley

A Maré enfrenta um cenário parecido com milhares de bairros brasileiros. Segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), em 2019, em apenas 38,7% dos municípios do país é realizada a coleta de lixo. Na ausência do poder público, os catadores ganham a cena e amenizam um problema sem nenhum apoio financeiro da Prefeitura. Mas um dos fatores que dificulta o trabalho desses profissionais é a nossa percepção sobre o que é ou não é lixo.

Nem tudo que a gente joga na lixeira não tem mais uso!

O que chamamos de lixo, na verdade, são os resíduos sólidos: todo material que a gente descarta e que pode ter muitos outros usos através da reciclagem, reutilização ou compostagem, que é quando se transforma os resíduos orgânicos em adubo. Isso significa que nem tudo o que a gente joga fora deve ir para o mesmo lugar.

Resíduo também é trabalho

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) aponta que os catadores são responsáveis por aproximadamente 90% dos materiais que são realmente reciclados no Brasil. Somente em 2018, cada catador associado a cooperativas apoiadas pela Associação Nacional de Catadores coletou mais de uma tonelada e meia de recicláveis por mês. Isso equivale a 51 kg de resíduos por dia. 

Na Maré, a maioria dos catadores de recicláveis trabalha de forma individual, não em cooperativa. Eles fazem o garimpo desse material e vendem para os chamados ferro-velhos. Latinhas, por exemplo, são consideradas mais valiosas e chegam a custar R$4 reais por quilo. Já materiais como papel, plástico duro e papelão, por serem mais fáceis de garimpar, são comprados por um preço menor.

A expectativa é que a Prefeitura instale um Centro de Apoio para a Reciclagem (CAR) aqui na Maré, como está previsto no Projeto de Lei 1.484/2019, sancionado pelo prefeito Eduardo Paes em janeiro. Os objetivos dos centros são suprir essa lacuna deixada pela falta de coleta seletiva nas favelas do Rio de Janeiro e apoiar os catadores no recebimento do material coletado. Assim, aumenta a quantidade de material reciclado e mais empregos e renda chegam aos moradores da Maré. 

E o que a gente deve fazer com nosso lixo?
Segundo o Sistema Nacional de Informações em Saneamento, cada brasileiro gera em média 1 kg de resíduos todos os dias. Desse total, cerca de 30% são potencialmente recicláveis. O problema é que a gente recicla apenas 5,3% desses materiais recicláveis. Ou seja, somente 1,6% do total de resíduos que o Brasil gera são efetivamente reciclados. Quase nada, né?

 Eles relatam que muitos moradores têm tentado colaborar com seu trabalho, separando os resíduos e até deixando os materiais próximo das casas dos catadores. Então anota aí as dicas que você pode seguir para descartar seus resíduos de uma forma que vá ajudar os catadores, nossa favela e nosso futuro.

Saneamento é direito nosso!

Mais do que fazer a nossa parte com o lixo que geramos, a gente também pode se juntar para discutir melhorias para a Maré. E é por isso que te convidamos para o IV Encontro de Saneamento da Maré, que vai acontecer no dia 18 de maio, às 17h. Vamos conversar sobre a atuação da Comlurb, dos catadores e do Centros de Apoio à Reciclagem. No último encontro debatemos essas questões e lançamos nossa carta de saneamento, que foi construída coletivamente com vocês, oradores. É importante que a gente continue lutando para que nossa voz seja ouvida, então chega junto, morador!

Uživatel data_labe na Twitteru: „O #cocôzap chegou no mundão! Lançamos a  plataforma do nosso projeto de mobilização, mapeamento e incidência para  saneamento básico em favelas. Construímos uma base de dados pública com


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