Por uma Maré solidária e livre de preconceitos

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Moradores abraçam o movimento LGBTQIA+ e pessoas em situação de vulnerabilidade 

Por Hélio Euclides, em 28/06/2022 às 07h.

Maré de Notícias Impresso – Edição #137

De um lado, uma população em situação de rua que aumenta a cada dia. Do outro, desabrigados de enchentes que devastaram cidades da Bahia e do Rio, como Petrópolis. Em comum, todas necessitam do básico, como água potável, comida e vestuário. Com a ausência de ações efetivas do poder público, dezenas de iniciativas da sociedade são organizadas para minimizar o sofrimento dessas famílias. O Maré Sem Preconceito é uma delas. O grupo, além de levar alegria na organização da Parada Gay da Maré, ajuda também pessoas que precisam do mínimo para viver em uma corrente de solidariedade.

Alberto Araújo Duarte, mais conhecido como Beto, é a liderança do coletivo Maré Sem Preconceito. Ele realiza há 15 anos a Parada Gay na Vila do João. No evento é comum a coleta de alimentos não perecíveis para socorrer aqueles que são afetados pela pobreza extrema. Mas o grupo de dez amigos queria mais. Eles desejavam fazer algo nos outros dias do ano para mudar a situação de quem mais precisa. Com a pandemia, o olhar foi para as pessoas desempregadas e em situação de rua. Foi assim que surgiu a campanha que leva quentinhas de  sopas e risotos para esta parcela da população durante a noite, em diversos lugares da cidade. 

A visibilidade das ações veio com a arrecadação e entrega de doações para moradores da Bahia, que sofreram com as chuvas. As enchentes também fizeram o grupo se comover e se unir a diversas instituições, entre elas a Maré Solidária, para a atuação em Petrópolis. “Comecei com um vídeo gravado no meu salão, falando da solidariedade aos desabrigados da Bahia. Daí conseguimos um caminhão de doação de engradados de água e cestas básicas. Depois foi a campanha para as pessoas que perderam as casas após as chuvas de Petrópolis, aí já foram três caminhões de engradados de água e roupas”, relembra Beto.

Foto: Gabi Lino

Com essas ações, o grupo virou referência para as pessoas, que continuaram a doar de comida até móveis, como máquinas de lavar e de costura. A última coleta foi para moradores de Duque de Caxias. O coletivo ainda faz o mesmo trabalho em conjunto com algumas ações sociais dentro da Maré. “É um sentimento muito bom quando dedicamos um domingo a uma ação social, oferecendo um corte de cabelo ou a possibilidade de conseguir um documento. Cada vez percebo que gosto de ajudar”, diz.

Para montar as quentinhas, o grupo recebe doações de moradores e comerciantes como o Mercado Globo, que doa legumes. Com essa teia de solidariedade é possível ajudar de 200 a 250 pessoas em situação de rua. Outras ações são o oferecimento de café da manhã, água, agasalhos e roupas em geral. “É marcante para mim,  quando visitamos a Rua da Regeneração, ver que as travestis se sentem fortalecidas com a nossa missão. O segredo é amar o que faz, seja um evento de brinquedos e alimentos nos Dia das Crianças, a euforia da Parada Gay ou o trabalho como cabeleireiro, profissão na qual estou há 33 anos”, expõe. 

Quem desejar doar alimentos, garrafas d’água, cobertores, roupas e calçados, o ponto de entrega fica na Rua Dezoito, número 134, Vila do João, ou pode agendar a coleta pelo WhatsApp (21) 99283-8497.

Além de uma Parada Gay

No dia 18 de setembro, a debutante Parada Gay da Maré completará 15 anos. A 15° edição, como sempre, começará com uma feira de saúde, a partir das 12h, com apoio da Fundação Oswaldo Vruz (Fiocruz), do Grupo Pela Vidda, do Centro Municipal de Saúde da Vila do João e da Clínica da Família Ministro Adib Jatene. A primeira Parada Gay do Brasil dentro de uma favela terá concentração às 14h. “Nosso diferencial é que fazemos um encontro de família, nunca tivemos problema de briga ou pornografia. Por isso, na nossa festa é possível ver crianças”, diz  Beto, lembrando que, como sempre, haverá coleta de alimentos não perecíveis. 

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