Encontro promovido pela Redes da Maré, data-Labe e Casa Fluminense reúne moradores e representantes de instituições
Por Hélio Euclides
Depois das fortes chuvas que atingiram o Rio de Janeiro, trazendo como consequência mortes e destruição, o tema saneamento básico volta à pauta mostrando que seu debate é necessário e urgente. E foi para discutir e achar soluções sobre o lixo, o esgoto e os alagamentos que, no dia 13 de abril, na Lona Cultural Municipal Herbert Vianna, ocorreu o 1º Encontro sobre Saneamento na Maré.
O evento reuniu moradores e representantes de instituições locais e de outras partes da cidade, que debateram sobre saneamento básico, águas pluviais, saúde, meio ambiente, gestão do lixo e segurança pública. O evento foi promovido pela Redes da Maré, em parceria com o Data_Labe e a Casa Fluminense. “Esse evento foi pensado como culminância do projeto Cocô Zap (99957-3216), de mapear áreas de esgoto e lixo. O encontro teve uma articulação territorial. Mobilizamos os jovens para trazê-los às discussões e às reivindicações locais”, lembra Julia Rossi, integrante do Eixo Territorial da Redes da Maré.
A programação foi aberta com a mesa “Saneamento na Maré: Experiências e Soluções”, e seguiu, na parte da manhã, com a apresentação de dados e histórico do saneamento local. À tarde, foram criados grupos de trabalho com a finalidade de discutir os problemas e encontrar possíveis soluções para quatro eixos temáticos: Lixo e Segurança Pública; Saúde e Bem-Estar; Abastecimento de Água e Manejo da Chuva; Esgoto e Baía de Guanabara. Foi realizada ainda a roda de conversa “Mobilizações e Soluções Comunitárias”. Os presentes também participaram de um mutirão de plantio.
Para Fernanda Távora, jornalista do Data_Labe, o saneamento é um problema que vem de muitos anos, por isso, é preciso discutir. “Na realidade temos os dados. Mas precisamos dar voz para a população e incentivar essa mobilização. O retorno dá um gás maior para o trabalho. Quando pensamos no encontro, é para ver as demandas da questão do saneamento, juntar tudo numa carta, para incidir e trazer políticas públicas necessárias para a favela”, enfatiza.
Vitor Mihessen, coordenador da Casa Fluminense, lembrou da tragédia ocorrida dias antes na cidade. “Isso é algo que acontece todos os anos, um problema que é recorrente. É preciso investimento de contingência. Esse encontro é um embate com o morador, para falar da responsabilidade de cada um e aprender hábitos mais saudáveis”, diz. Para ele, a população precisa ser incluída nas intervenções. “É necessário a agenda de vivência local, onde o morador seja representado em dados e no parlamento. Esse encontro reúne lideranças, jornalistas, patrocinadores e representantes do meio ambiente, todos em busca de diálogo, soluções e investimento local”, conclui.
Apesar da presença de moradores, o cantor Lindemberg Cícero, conhecido como Bhega, sentiu a ausência dos presidentes das associações de moradores, pescadores, representantes de algumas instituições locais, e comunicadores de rádios FMs e de serviços de autofalantes. “No encontro, conheci pessoas de muito talento em gestão ambiental, como professores e alunos. Estou na torcida para que nos próximos um maior número de moradores da Maré venha participar e falar do abandono dos governantes na questão do saneamento básico”, diz.
No final do evento, um documento foi produzido para possíveis elaborações de políticas públicas específicas para o território da Maré.