16ª operação policial na Maré: direito à segurança, educação e saúde interrompidos 

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Operação policial do BOPE atinge Parque União, Rubens Vaz, Nova Maré e Baixa do Sapateiro

“Bom dia. Se cuidem, operação no P.U”
“Será que dá pra levar as crianças pra escola? Tá calmo, mas bate o medo mesmo assim”
“Silêncio total, de arrepiar. Esse que é o perigo, eles são muito covardes”.

Essas são algumas das centenas de mensagens trocadas em um dos grupos de trocas de mensagens entre moradores da Maré, desde às 6h na manhã desta terça-feira. Pela 16ª vez, só em 2023, milhares de moradores da Maré têm o dia iniciado pelo medo, pela insegurança e a violação e negação de direitos básicos.

Sem acesso à educação e à saúde

Mais um dia sem aulas. 20 unidades escolares municipais na Maré foram impactadas pela operação policial em curso no momento. Pelo menos 7.640 alunos são afetados, de acordo com a Secretaria Municipal de Educação. A saída de jovens e crianças para unidades escolares fora da Maré, bem como instituições privadas também é impossibilitada. 

O impacto das operações policiais no acesso à Educação dos estudantes da Maré foi uma das pautas discutidas no 4º Seminário de Educação da Maré: Diálogos e possibilidades para garantia do direito à educação, que aconteceu nos dias 14 e 15 de junho, no Centro de Artes da Maré, realizado pela Redes da Maré em parceria com o Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Favelas e Espaços Populares (NEPFE) da Universidade Federal Fluminense e apoio do Fundo Malala. 

Como resultado do seminário a Redes da Maré  publicou uma carta que reúne recomendações ao poder público, incluindo a perspectiva da segurança pública.

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A Clínica da Família Jeremias Moraes da Silva acionou o protocolo de acesso mais seguro e suspendeu o funcionamento na manhã desta terça-feira. Os centros municipais de saúde Augusto Boal e Vila do João e a Clínica da Família Adib Jatene, mantiveram o atendimento à população, porém com suspensão das atividades externas realizadas no território. São realizados, em média, de 1200 a 1500 atendimentos médicos diariamente nessas unidades.

A operação do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) atinge as favelas Parque União, Nova Holanda, Rubens Vaz, Nova Maré e Baixa do Sapateiro. Agentes policiais, cães farejadores e veículos blindados circulam na região desde o início da manhã.

Violação de todos os espaços

Além do cotidiano afetado e o acesso à direitos negado, a operação de hoje também viola e desrespeita os espaços públicos e privados. Um estabelecimento comercial foi utilizado como local de agressão e tortura de dois homens. Durante o episódio uma terceira pessoa foi baleada. Há relatos de pelo menos mais um jovem agredido. Durante todo o dia, foram identificadas também invasões de domicílios e depredação de veículos em diversos pontos da região afetada pela operação policial. 

Em circulação pelo território não foram identificadas câmeras instaladas nos uniformes dos agentes policiais, descumprindo a determinação do Supremo Tribunal Federal e prazo para instalação das mesmas. Ambulâncias para socorro a possíveis vítimas também não foram identificadas. Solicitamos retorno da Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar e não obtivemos resposta.

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