Em nota, empresa explica sobre a composição do produto e desmente contaminação da água
Por Babi Wentz, via Diário do Rio, em 08/04/2021 às 10h25
Atualizado às 17h10
A crise de qualidade da água no Rio de Janeiro se aprofunda e vai além do insucesso da CEDAE para remover a geosmina. O tratamento usado pela empresa para supostamente combater a poluição do Rio Guandu não funcionou e existiu a suspeita de lançamento de um novo poluente — o Lantânio, um metal tóxico pesado — na água consumida por nove milhões de pessoas do Grande Rio, alertam cientistas.
O DIÁRIO DO RIO tem recebido reclamações, fotografias e vídeos comprovando que a água se encontra com cor esquisita em diversos bairros da cidade. Uma moradora da Barra da Tijuca nos encaminhou fotografias da água com cor barrenta, e inúmeros leitores têm enviado mensagens falando sobre o odor e o sabor da água, em bairros tão diversos quanto Copacabana, Vista Alegre e Gávea. Mas a situação agora piorou.
Segundo dados da própria CEDAE, 190 toneladas de Phoslock, uma espécie de argila modificada que contém o lantânio, foram lançadas na lagoa do Guandu desde janeiro do ano passado, quando ocorreu a primeira crise da geosmina. Ao todo, foram 6 aplicações. A mais recente ocorreu no dia 23/03, quando 28 toneladas do produto foram pulverizadas por uma embarcação no corpo d’água.
O lantânio, segundo especialistas consultados pela reportagem, é um metal extremamente tóxico e altamente poluente. Estudos internacionais relacionam este produto a graves alterações no fígado, malformações congênitas nos lábios e no palato e até mesmo danos à fertilidade e ao sistema reprodutor. Cientistas têm alertado para a gravidade desta crise no trabalho intitulado Colapso da qualidade do Rio Guandu, subscrito por alguns dos principais cientistas das maiores universidades do Rio.
Em nota técnica emitida no dia 07 de abril, a Cedae afirma que o Lantânio, utilizado no tratamento da água, não é um metal pesado, e é usado, inclusive, na produção de remédios para humanos. De acordo com o Conselho Regional de Química, que se manifestou por meio da Câmara Técnica de Meio Ambiente (CTMA), o Phoslock, material utilizado no tratamento da água é constituído de argila modificada pela presença de Lantânio (La). Dessa forma, o material é uma terra rara, de baixa toxicidade e com risco não identificável para a saúde humana. Além disso, a aplicação do produto é um procedimento regular e autorizado pelos órgãos ambientais competentes, como Inea e Ibama.
“O fato gera insegurança, ainda mais em um momento tão importante em que a água é um dos principais aliados da população no combate à pandemia do coronavírus. A Cedae afirma que a população pode consumir a água com segurança, que os padrões estão de acordo com a legislação vigente e que tomará as devidas providências em relação aos autores da desinformação ao consumidor”, reforça a nota disponível par leitura o site da instituição.