Home Blog Page 111

Instituto Marielle Franco lança fotobiografia sobre a vereadora

Uma campanha de arrecadação online pretende arrecadar fundos para a produção do livro

Jéssica Pires

O Instituto Marielle Franco, em parceria com o gabinete da vereadora Mônica Benício e a Editora Azougue Editorial, está lançando uma fotobiografia da mareense, socióloga e vereadora assassinada Marielle Franco. O livro tem como objetivo compartilhar a trajetória de Marielle e suas propostas políticas através de suas próprias palavras e imagens.

A publicação contará com a curadoria fotográfica dos fotógrafos: Mayara Donaria, Bernardo Guerreiro, Thaís Rocha, Wilson da Costa e Marcelo Brodsky. E os textos serão curados por: Sergio Cohn e Melina de Lima. A fotobiografia é uma iniciativa que visa manter viva a memória de Marielle e suas lutas por justiça social e racial, feminismo, luta contra o racismo, a lgbtfobia, a violência de Estado nas favelas, desigualdade social, a valorização da cultura e da educação. 

Foi lançada a pré-venda que também é uma campanha de arrecadação para viabilizar a produção do livro, disponível na página da Benfeitoria. Na pré-venda o livro tem 50% de desconto e três opções de capa. A doação nesse momento também irá possibilitar a doação de exemplares do livro para bibliotecas comunitárias e a rede de “sementes” do Instituto Marielle Franco, que são pessoas negras, LGBTQIA+ e periféricas que se reconhecem e se inspiram na trajetória de Marielle e que atuam na luta por justiça e preservação da memória da vereadora.

“É muito importante para nós eternizar essa memória em um livro que será traduzido em 4 línguas”,

Luyara Franco, filha de Marielle

“Que a gente possa fazer com que a memória da Mari alcance o mundo inteiro”, fortalece Ligia Batista, diretora executiva do Instituto Marielle Franco; ambas no vídeo da campanha de doação.

Para Mayara Donaria, cria do Parque União e uma das fotógrafas que terá imagens de Marielle na fotobiografia, a publicação representa a construção e materialização de um desejo de eternizar a memória e a luta de Marielle. “Marielle é gigante e quanto mais homenagens, livros, ruas, estatuas e projetos tiverem, mais vai ajudar para que ela seja lembrada daqui há 50, 100 anos”, reforça.

Atualizações do caso Marielle Franco:

Completados 5 anos do fatídico dia do assassinato da vereadora a família e toda a sociedade civil organizada segue sem respostas concretas sobre o mandante do crime que teve repercurssão mundial. Porém na última quarta-feira (18), a Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) autorizou que familiares de Marielle e do motorista Anderson Gomes tenham acesso à investigação sobre a motivação e os autores do assassinato. A justiça do Rio havia negado o pedido e o caso foi para o supremo. “um avanço na luta por justiça e uma vitória para a democracia e os direitos humanos no Brasil”, publicou o perfil do Instituto Marielle Franco logo após o anúncio da decisão.

Sobre o Instituto:

O Instituto Marielle Franco é uma organização sem fins lucrativos, criada pela família de Marielle, com a missão de inspirar, conectar e potencializar mulheres negras, pessoas LGBTQIA+ e periféricas a seguirem movendo as estruturas da sociedade por um mundo mais justo e igualitário. Lutar por justiça; defender a memória; multiplicar o legado e regar sementes são os pilares de ação do instituto.

Sem direito ao luto

A morte de alguém querido é sempre dolorosa, mas a forma como vivemos o luto pode aumentar ainda mais este sofrimento

Maré de Notícias #147 – abril de 2023

Por Andrezza Paulo e Lucas Feitoza

A morte chega para todos, mas a dor da perda é de quem fica e ainda precisa lidar não só com o luto como também com os procedimentos práticos que o acompanha. Muita gente não sabe o que fazer — e para quem vive nas favelas e periferias, ter o conhecimento nem sempre basta: o esforço para sepultar dignamente um ente querido é dobrado.

Foi com esse objetivo que a Defensoria Pública do Rio de Janeiro (DPRJ) lançou em novembro de 2022 a cartilha Direito ao Luto: Guia do Sepultamento. O documento traz orientações práticas de como proceder quando é preciso tomar à frente da burocracia do luto.

Segundo o órgão, a publicação “reúne endereços, telefones e horários de funcionamento de órgãos públicos, concessionárias e cartórios para solicitação de certidão de óbito, remoção de corpo e enterro/cremação em 27 dos municípios mais populosos do Estado, incluindo a capital e a Região Metropolitana, além de outras regiões”.

De acordo com a cartilha, para obter uma certidão de óbito em caso de mortes naturais em casa, em via pública ou em hospitais é preciso que elas sejam atestadas pelo médico responsável pela vítima — geralmente, um profissional de uma unidade de atenção básica ou do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). 

Somente depois de expedido o  atestado de óbito é possível solicitar a remoção do corpo à Defesa Civil. Entretanto, na favela, muitas das orientações da cartilha não podem ser seguidas, o que causa ainda mais sofrimento à família.

Tainá Alvarenga é assistente social, coordenadora do projeto Maré de Direitos da Redes da Maré e presta assistência aos moradores dos territórios em situações de urgência. Ela conta que, em diversos casos, a equipe do SAMU não entra na Maré. Isso obriga as famílias a terem que carregar doentes, feridos e até mortos para hospitais e clínicas da família mais próximos. 

”Lembro um caso ocorrido em setembro de 2022, quando moradores da Nova Holanda entraram em contato com o Maré de Direitos pedindo orientação. Uma jovem de 20 anos havia morrido de causas naturais, em casa. A família ligou para o SAMU, mas a equipe se recusou a entrar no território sem o apoio da Polícia Militar”, conta. 

Diante do impasse, a própria equipe do SAMU orientou que a família aguardasse até a manhã seguinte para recorrer ao médico da clínica da família. Vizinhos, amigos e familiares se mobilizaram e conseguiram contratar uma assistência funerária, que retirou o corpo da jovem e o encaminhou para sepultamento. 

Sem perícia

A cartilha da DPRJ ainda orienta que “se a morte for por causa não natural, chama-se a Polícia Civil, que abrirá um registro para remover o corpo até o Instituto Médico-Legal (IML), onde será preenchida a Declaração de Óbito.” 

Segundo Tainá Alvarenga, “quando há vítimas fatais em operações policiais, a equipe do Maré de Direitos orienta os familiares para que façam o Registro de Ocorrência (RO), procedimento também indicado pela cartilha, para que a perícia seja realizada”. 

Quando a morte acontece em uma favela, raramente há perícia ou investigação. “A Polícia Civil se recusa a solicitar a perícia porque muitas vezes o corpo já foi retirado do local. Mas mesmo se a cena do crime tiver sido preservada, geralmente o que acontece é o contrário: as famílias acabam aguardando um tempo muito grande até o perito aparecer”, diz a assistente social.

Mortes não naturais

De acordo com o levantamento do 7° Boletim de Segurança Pública na Maré, das 27 mortes em operações policiais ocorridas em 2022, 24 tinham indícios de execução e em nenhuma delas foi feita a perícia dentro dos parâmetros exigidos. 

“Tudo começa com a negação do direito à vida dos moradores. Junto com isso, tem as normativas jurídicas, que por ser território de favela, não são cumpridas”, analisa Tainá.

O boletim, desenvolvido pelo Eixo de Segurança Pública e Acesso à Justiça da Redes da Maré, também traz um relato de desaparecimento temporário, que ocorre quando os feridos em ações policiais são removidos do local pela polícia, com o pretexto de prestar socorro.

Contudo, a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 635 (a ADPF das Favelas) exige que as operações policiais disponibilizem unidades de saúde para socorro das vítimas, além de proibir que a polícia remova os feridos do local. 

Direito à sepultura

Outro ponto abordado pela cartilha é o serviço de sepultamento gratuito. Segundo o documento, o direito é concedido a pessoas de baixa renda. Para ser considerado hipossuficiente, quem solicita precisa se enquadrar nos critérios: ter renda mensal média de meio salário mínimo; renda total familiar de até três salários mínimos; ou estar situação de rua.

É preciso apresentar um comprovante de rendimento (contracheque, carteira de Trabalho e Previdência Social/CTPS ou declaração de próprio punho do empregador ou do sindicato profissional, devidamente subscrita), extrato previdenciário (CNIS) ou certidão de isenção para apresentar declaração de imposto de renda.

Tainá também lamenta que o sepultamento gratuito não seja informado nos hospitais: “Às vezes esta informação não é passada pelos profissionais, e ela deveria estar no primeiro contato que a família tem com o processo gerado pela morte.” 

Direitos do luto

O pesquisador e mobilizador da Redes da Maré Maurício Dutra destaca a importância da cartilha quando é preciso lidar com a dor: “O luto é um sentimento de perda gerado pela morte. Neste momento, há uma série de sentimentos provocados pela ausência. Logo, uma cartilha de luto ajuda na orientação de quem perdeu um ente de alguma forma e, sobretudo, não tem condições de arcar com os custos do funeral.” 

No entanto, ele explica que o processo deve estar de acordo com a realidade dos territórios de favela; segundo ele, os órgãos públicos precisam estar atentos às necessidades dos moradores.

O Maré de Notícias tentou contato com a Polícia Civil questionando como é realizado o procedimento de remoção de corpos nas favelas, principalmente em dias de operações policiais, mas não obteve resposta até o fechamento desta matéria. 

A Secretaria Estadual de Saúde (SES), órgão responsável pelo SAMU, informou em nota que “o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) é responsável pelo atendimento emergencial para salvamento de vidas e não realiza remoção de corpos. Apesar disso, o SAMU também pode ser acionado para atestar óbito por causa natural, mas não realiza a remoção.” 

A secretaria não explicou o motivo da demora do serviço em atender os pacientes da Maré e a orientação dada à família para aguardar pelo médico da clínica da família na manhã seguinte.

O que fazer?

Em casos de não cumprimento das medidas indicadas na cartilha, a recomendação da própria DPRF é abrir uma ocorrência por meio da Ouvidoria Geral da Defensoria Pública do Rio de Janeiro através do telefone 0800 282 2279 (de segunda a sexta, das 8h às 18h) ou presencialmente, à Avenida Marechal Câmara, 314 – Centro (de segunda a sexta, das 10h às 17h). A cartilha Direito ao Luto: Guia do Sepultamento está disponível online e pode ser lida e baixada no site da Defensoria Pública RJ: https://defensoria.rj.def.br/

Cartilha orienta sobre sepultamento em várias situações

Salve São Jorge guerreiro, Patakuri!

0

Na porta da Romaria, eu vi um cavaleiro de ronda, trazia um escudo no braço e uma lança na mão – guerreou, venceu, matou o dragão” – Ponto de Ogum.

Trecho extraído de um capítulo do Livro O Corpo Encantado das Ruas, de Luiz Antonio Simas, escritor, professor e historiador, mestre em história social pela UFRJ.

As ruas no mês de abril celebram, no dia 23, uma data simbólica dos encontros que deram ao Rio de Janeiro um caldo de cultura capaz de restaurar, em tempos difíceis, a fé na vida. É o dia do nascimento de Pixinguinha, e por isso mesmo o Dia Nacional do Choro. É ainda o dia da cerveja na Alemanha (a Lei da Pureza, do duque da Baviera, é de 23 de abril de 1516), da festa de São Jorge e, no norte europeu, da celebração de Sigurd, o grande caçador de dragões da saga islandesa dos volsungos.

A Legenda áurea, coletânea de relatos sobre a vida dos santos organizada por Jacopo de Varazze, arcebispo de Gênova no século XIII, apresenta a versão mais famosa sobre a imagem de São Jorge matando o dragão. Diz a legenda que um dragão monstruoso vivia perto das muralhas de Lida. A ele eram oferecidos animais. Um dia os rebanhos acabaram, e foi combinado que, por sorteio, fosse sacrificado um habitante da cidade ao bicho. A sorteada foi a filha do rei. Quando a moça já estava prestes a ser devorada, São Jorge apareceu, dominou o dragão com a sua lança, amarrou a besta e a conduziu à cidade. Prometeu acabar de vez com a fera, contanto que o povo de Lida abraçasse o cristianismo.

Na disputa entre o paganismo e o cristianismo na Europa, é possível que os atributos de Sigurd, o caçador nórdico de dragões, tenham sido amalgamados aos de São Jorge: a espada do guerreiro das terras frias foi incorporada ao mártir cristão. O dragão da cobiça e da traição, combatido por Sigurd, virou, nas encruzilhadas em que a vida acontece, o dragão da falsa idolatria combatido por Jorge da Capadócia. No calendário cristão, a celebração de Jorge é feita no dia da celebração do guerreiro volsungo.

Por aí dá para ter uma ideia de como é fascinante ver no Rio de Janeiro a imagem de São Jorge, cruzada na Europa entre a Capadócia e as terras geladas, conduzida em carreata pelo povo do Império Serrano. A imagem sai da quadra da escola, em Madureira, passa pela paróquia do santo, em Quintino, atravessa os bairros próximos e retorna à quadra no fim do dia.

São Jorge é por aqui o protetor dos apontadores do jogo do bicho, abençoa rodas de samba, puteiros e balcões de botequins, trafega pelos trilhos dos trens suburbanos, povoa o imaginário das luas cheias e derrota os perrengues daqueles que matam, diariamente, os dragões cotidianos para sobreviver e festejar.

Sigurd virou São Jorge, que virou Ogum nas umbandas. Guerreiro nórdico, santo cristão, orixá ao qual se oferece cerveja. Para apimentar mais a encruzilhada, lembro que o Kalevala – a epopeia nacional finlandesa que conta as façanhas do bardo Väinämöinen e do ferreiro Ilmarinem, aquele que, como o Ogum africano, ensinou os homens a fazer na forja o arado e os instrumentos de guerra – tem mais recitativos sobre a origem da cerveja do que sobre a origem da humanidade.

A cultura é o território da beleza, da sofisticação e do encontro entre gentes. Sigurd matou o dragão que São Jorge matou de novo, com a espada feita na forja de Ogum, parecida com a forja de Ilmarinem, para que todos acabassem aos pés do altar, batendo tambor e ouvindo um choro de Pixinguinha. De preferência tomando a cerveja do duque da Baviera e do santo guerreiro, Jorge do mundo, no terreiro e na rua.

Mareenses têm quadro completo de dentistas em Clínicas da Família

Hélio Euclídes

Hum…se você também sente desconforto, uma sensibilidade ao mastigar alimentos quentes ou frios, não deixe chegar nesse ponto para procurar um profissional dentista. Para evitar problemas bucais são necessários hábitos diários como escovação e limpeza da boca. O consultório também deve ser visitado pelo menos duas vezes ao ano, como um ato de prevenção de doenças. Ao andar na rua da cidade é comum receber anúncios de profissionais particulares, o que é proibido pelo código de ética. Contudo, moradores da Maré podem realizar a visita ao dentista sem sair da favela e de forma gratuita.

Quando se pensa em ir ao dentista, muitos pensam logo no medo da dor ou no receio de gastarem muito dinheiro. Enfrentar a dor é possível realizando a prevenção. Já a questão financeira pode ser enfrentada concretizando o tratamento no serviço público. Nos dois casos os moradores devem procurar as clínicas das famílias e os centros municipais de saúde. Mas alguns moradores reclamam que esbarram com a dificuldade da falta de profissionais. O Maré de Notícias visitou duas unidades de saúde da favela e conferiu que no momento os quadros das equipes estão completos.

Na Clínica da Família (CF) Augusto Boal, em frente ao Morro do Timbau, uma funcionária que preferiu não se identificar, garantiu que a unidade conta com dentistas, auxiliares e técnicos de saúde bucal, com quadro completo. Já a CF Jeremias Moraes da Silva, na Nova Holanda, abriu o consultório dentário em janeiro. Um funcionário que optou por não informar o nome também afirmou que tiveram dificuldades no mês passado com a ausência de um dentista, mas que agora em abril a clínica já conta com os dois cirurgiões. E que apesar da grande demanda na unidade, todo mês a equipe ainda visita as 16 escolas municipais que estão no seu entorno, fazendo o trabalho educacional de saúde dos dentes. 

Maria Aline, moradora do Morro do Timbau, que realizou consulta dentária na CF Augusto Boal, aprovou o atendimento. “Foi ótimo, precisei de uma restauração e foi concluída com sucesso”, diz. Já Raquel Moreira, também moradora do Morro do Timbau, questionou o procedimento. “Estou vindo pela primeira vez e pretendo fazer uma extração dentária, até me deram remédio, mas o problema é que vai precisar de raio-x e a unidade não realiza”, reclama. 

Na CF Adib Jatene, na Vila dos Pinheiros, Leônidas Araújo, moradora da favela, tem duas opiniões sobre a saúde bucal. “A gengiva estava inflamada e desejava um antibiótico, mas o dentista queria romper o inchaço, algo que não autorizei, pois tenho diabetes. O profissional não gostou, só depois de muita insistência passou o remédio. Já com meu pai que necessitava de uma extração deu tudo certo”, avalia. Creuza Oliveira, moradora da Vila dos Pinheiros, ficou triste na primeira consulta. “Queria fazer uma limpeza dentária, mas no dia que procurei a unidade não estavam fazendo o procedimento”, comenta. Ao saber que a unidade já realiza a técnica, ela pretende marcar uma nova consulta.

Em 2020, o Maré de Notícias contou a situação do Centro Municipal de Saúde (CMS) Vila do João, que após ser atingido por fortes chuvas ficou interditado. O local mais atingido era justamente o consultório dentário. A unidade de saúde passou por uma reforma e a reabertura dos consultórios em setembro de 2022. E no início deste mês o consultório dentário da Vila do João passou por reparos de equipamentos, voltando ao atendimento. Contudo, os pacientes ainda não ficaram sabendo da conclusão dos trabalhos. Funcionários pedem que moradores retornem para suas consultas e atendimentos de serviços como limpeza, tratamento de cárie e restauração e outros.

Foto: Ascom CAP | Apesar da reforma do consultório, odontologia da Vila do João ainda está com baixa procura de pacientes

A importância da prevenção

Atuando no Centro Municipal de Saúde (CMS) Américo Veloso, na Praia de Ramos, Karla Gomes dos Santos, cirurgiã-dentista, incentiva a prevenção para evitar as doenças bucais.

“É questão de valorização da boca, que é o cartão de visita, a porta de entrada do corpo. A saúde bucal fornece sinais de advertência aos médicos para uma gama de problemas e doenças, incluindo cardíacas. Explicamos a necessidade de escovar três vezes ao dia, com uso do fio dental. Reavaliação de um profissional a cada seis meses. Nosso trabalho é de prevenir, promover a saúde”,

afirma a profissional.

Numa visita ao profissional, a boca do paciente é investigada, o que descobre precocemente ou pode evitar infecções. 

Para ela, é preciso levar a sério a boca, pois a cárie pode atingir o nervo dental, ocasionando um processo inflamatório que, se não tratado, poderá virar algo perigoso. Um dos trabalhos realizados na Maré de maior importância é o Saúde na Escola, que mostra que cuidar dos dentes tem que começar cedo. “Eles voltam para casa sabendo a importância da escovação, da prevenção e da visita aos consultórios. Ocorre a multiplicação das informações, pois as crianças levam o que aprendem para os responsáveis”, diz. 

O trabalho dos consultórios dentários do Sistema Único de Saúde (SUS) chega a prevenir o óbito, que pode ser ocasionado por meio de uma infecção. A atenção básica de saúde mostra que a retirada do dente nem sempre é a solução, mas um tratamento, a restauração e uma limpeza podem ser o caminho. “Para os adultos é preciso explicar que extrair um dente deve ser o último recurso. Ao realizar uma extração, há uma transformação na mordida e traz consequências com impactos nos outros dentes. Outro caso é só procurar o profissional quando sente dor, por causa de uma cárie. É preciso mudar esse comportamento. Por isso, orientamos o tratamento melhor para cada caso”, comenta.

Desde que a criança nasce, é necessário a orientação para a saúde bucal, em especial quando há a primeira erupção, ou seja, quando começa a nascer o primeiro dente. “Mostramos que a limpeza pode ser uma diversão e se tornar um hábito na vida da criança”, conta. A cirurgiã detalha que também encontra casos de vítimas de trauma e violências, que não querem sorrir e se socializar. Já em outras ocorrências as inflamações causam o inchaço do rosto, atingindo outros órgãos, o que impacta a auto-estima. “Tem paciente que chega no consultório chorando. Para evitar aborrecimentos a saúde bucal é fundamental como pontapé inicial para uma vida saudável”, conclui. 

A saúde bucal é crucial na manutenção da saúde integral e na qualidade de vida do cidadão. Além da preservação dos dentes, algumas doenças sistêmicas podem ser causadas ou agravadas por problemas com a saúde bucal, como problemas cardíacos e diabetes. O atendimento de saúde bucal ajuda, por exemplo, no diagnóstico precoce de câncer de boca e de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) com manifestações na cavidade oral.

A saúde bucal na Maré

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que a rede de saúde bucal na Maré conta com sete unidades, não havendo falta de profissionais. Já os pacientes do CMS João Cândido, em Marcílio Dias, que não há consultório dentário, há a recomendação que procurem atendimento dessa especialidade no CMS Américo Veloso, também na Maré.

A SMS confirmou que além de procedimentos restauradores, também é ofertado o tratamento preventivo com ações educativas e de promoção à saúde, por meio de atividades nas escolas com o Programa Saúde na Escola (PSE), na própria unidade e com visitas domiciliares. O território da Maré conta com 15 Equipes de saúde bucal composta por 15 cirurgiões dentistas, cinco técnicos de saúde bucal e 15 auxiliares.

Sobre os dados, a secretaria mostrou que até o dia 27 de março deste ano, as equipes da região realizaram 5.700 consultas, 97 atendimentos domiciliares e 526 casos de urgência. Em 2022, foram realizadas 15.820 consultas e mais de 1.900 atendimentos de urgência. Além disso, até o momento, na Maré foram feitas 530 atividades educativas. No ano passado foram mais de 1.280 ações.

Enem: isenção da taxa de inscrição já pode ser solicitada

O prazo para pedir gratuidade na inscrição do Enem 2023 vai até sexta (28/4). O exame acontece nos dias 5 e 12/11.

Beatriz Amat (*)

Está aberto o período de pedido de isenção do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2023. Para ter o direito à gratuidade, o interessado em ingressar numa universidade pública do país deverá cumprir pelo menos um dos requisitos:

  • Estar cursando o terceiro ano do Ensino Médio em 2023, em qualquer modalidade de ensino na da rede pública declarada ao Censo Escolar.
  • Ter cursado todo Ensino Médio em escola da rede pública ou como bolsista integral na rede privada, tendo renda per capita igual ou inferior a um salário-mínimo e meio;
  • Estar em situação de vulnerabilidade socioeconômica, por ser membro de família de baixa renda, inscrito no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico), desde que informe o seu Número de Identificação Social (NIS) válido.

Justificativa de ausência

Os participantes que tiveram gratuidade em 2022 e não compareceram aos dois dias de prova devem justificar a ausência para pedir a gratuidade nesta edição. As justificativas aceitas são: assalto, furto, acidente de trânsito, casamento, união estável e morte na família. 

O documento que comprove o motivo da ausência deve ser legível, datado e assinado. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) não irá aceitar autodeclarações feitas pelo participante, ou por seus pais e responsáveis. 

Como se inscrever

Para pedir a isenção da inscrição e justificar a ausência da edição passada, o participante deverá criar um cadastro e senha de acesso na Página do Participante, no site do Governo Federal e solicitar o requerimento até 28 de abril. 

O resultado de isenção está previsto para sair em 8 de maio, e os candidatos que tiverem seu pedido negado poderão recorrer até dia 12 do mesmo mês.

Vestibular

Os interessados em realizar o Enem 2023 devem se inscrever na prova entre os dias 5 e 16 de junho. Todos os candidatos precisam se inscrever, e os estudantes que não tiverem seu pedido de isenção aceito, ou não forem beneficiários da gratuidade, precisam pagar a taxa de inscrição. Na edição passada, de 2022, foi de 85 reais.

As provas acontecerão nos dias 5 e 12 de dezembro. No primeiro domingo, as questões são sobre Linguagens, Códigos e Ciências Humanas, além da redação; e no domingo seguinte, são de Ciências da Natureza e Matemática. 

O resultado do exame poderá ser utilizado para ingressar em universidades brasileiras por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e em processos seletivos de instituições de Portugal que aceitem o convênio com o Inep. A nota do vestibular também pode ser aproveitada em auxílios governamentais estudantis, como Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e o Programa Universidade para Todos (Prouni). Algumas faculdades particulares também utilizam a nota do Enem para a efetivação de matrículas.

Faculdades e universidades públicas no Rio de Janeiro

No estado do Rio de Janeiro, é possível ingressar com a nota do Enem nas seguintes instituições:

Nota do Enem para fora do Brasil

Muita gente não sabe que o desempenho nas provas pode ser usado, também, por universidades estrangeiras. Na Europa, diversas instituições aceitam a nota do Enem como parte do ingresso em seu quadro discente. A maior parte delas está situada em Portugal e Reino Unido. Porém, cada instituição tem seus métodos para admissão, portanto, o interessado deve entrar nos respectivos sites para verificar os detalhes.

REINO UNIDO:

  • Kingston University: exige aproveitamento mínimo de 55% no Enem como um dos itens descritos.
  • University of Bristol: resultado acima da nota de corte no Enem como parte do processo de admissão.
  • University of Oxford: o Enem é apenas um dos muitos critérios exigidos pela renomada universidade.
  • University of Glasgow: a nota no Enem é um dos pontos inseridos no processo de admissão.
  • Birkbeck University of London: o certificado de Ensino Médio ou Enem configuram entre os itens para admissão no foundation year (*) os estudantes internacionais admitidos nas universidades britânicas passam, obrigatoriamente, por um ano introdutório, o foundation year. Funciona como uma preparação para o sistema de ensino superior no país.

PORTUGAL

Assim como no Reino Unido, as universidades portuguesas adotam critérios diferentes para admissão de alunos estrangeiros. Atualmente, 34 instituições lusitanas incluem as notas do Enem como parte do ingresso. Veja as principais:

  • Universidade do Algarve: Exige o mínimo de 500 pontos na redação e 475 pontos em cada uma das demais provas. A universidade tem anuidades entre 2 mil e 3.500 euros que podem ser pagas em até 8 parcelas.
  • Universidade de Coimbra: Candidaturas de estudantes brasileiros que participaram das três últimas edições do Enem. Normalmente, os processos de admissão têm inscrições abertas em junho.
  • Instituto Politécnico de Beja: Podem participar estudantes que concluíram o ensino médio e participaram das três últimas edições do Enem.
  • Universidade de Lisboa: O período de candidaturas acontece entre março e outubro. A instituição adota diversos critérios para admissão.
  • Universidade do Porto: A instituição adota pesos diferentes para as notas do Enem. Isso vai variar conforme o curso e a faculdade desejados.

Veja a lista completa de instituições portuguesas:

  • Universidade de Coimbra
  • Instituto Politécnico de Leiria
  • Instituto Politécnico do Porto
  • Instituto Politécnico do Cávado e do Ave
  • Universidade de Aveiro
  • Universidade de Lisboa
  • Universidade da Madeira
  • Instituto Politécnico de Santarém
  • Universidade da Beira Interior
  • Cooperativa de Ensino Superior Politécnico e Universitário
  • Instituto Politécnico de Setúbal
  • Instituto Politécnico de Castelo Branco
  • Universidade Portucalense
  • Instituto Politécnico da Maia (Ipmaia)
  • Universidade Fernando Pessoa
  • Instituto Leonardo da Vinci (Estal)
  • Universidade Lusíada
  • Universidade de Algarve
  • Instituto Politécnico de Beja
  • Instituto Politécnico de Portalegre
  • Instituto Politécnico de Coimbra
  • Instituto Politécnico de Guarda
  • Universidade do Porto
  • Instituto Politécnico de Viseu
  • Universidade dos Açores
  • Universidade do Minho
  • Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias
  • Instituto Politécnico de Bragança
  • Universidade Lusófona do Porto
  • Instituto Universitário da Maia (Ismai)
  • Universidade Católica Portuguesa
  • Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida (Ispa)
  • Escola Superior de Saúde do Alcoitão (ESSA)
  • Universidade Lusíada-Norte

(*) Beatriz Amat é estudante universitária vinculada ao projeto de extensão Laboratório Conexão UFRJ, uma parceria entre o Maré de Notícias e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Da ancestralidade ao futuro

A fotógrafa emanuely makaya se define como “uma mulher indígena do povo potyguara, em contexto urbano”. Formada pela escola de fotografia popular – turma Bira Carvalho (2022, Imagens do Povo) e cientista social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.  A seleção fotográfica da artista compõem um pouco do que procura registrar dos espaços da vida indígena em contexto urbano, suas belezas e resistências. 

Seus grandes interesses são as mulheres, suas pluralidades e pertencimentos; e também a frágil mas imponente materialização da vida indígena em objetos, símbolos e gestos.