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Renata Souza é eleita nova presidenta da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher

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Parlamentar pretende criar um espaço na própria Assembleia Legislativa para o acolhimento de mulheres

Da redação

Após ser eleita como a mulher mais votada da história da Alerj com 174.132 votos, a deputada estadual e cria da Maré, Renata Souza, foi eleita formalmente nesta quarta-feira (15) como a nova presidenta da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher (CDDM) da Alerj. Sobre o posto, a deputada afirmou que pretende, a partir da comissão, construir políticas públicas feministas, antirracistas e populares. “Sou uma feminista negra e farei da comissão um espaço de acolhimento à disposição das lutas das mulheres.”

Na reunião desta quarta-feira, a parlamentar afirmou que sua primeira providência será a viabilização de um espaço na própria Assembleia Legislativa para o acolhimento de mulheres, em especial as que foram vítimas da violência de gênero. “Um espaço com privacidade para que as mulheres sejam acolhidas e atendidas com privacidade, sem expor essa mulher a uma possível revitimização”, conta a mareense.

A longo prazo a deputada pretende também elaborar ações no campo da educação para promoção de um debate sobre a importância que a escola tem em não reproduzir essa lógica de que os homens são donos dos corpos das mulheres. A violência obstétrica, garantia de creches, segurança nos transportes públicos e geração de renda também serão pautas centrais, para a comissão, segundo Renata.

“É com muita felicidade que assumo a presidência da comissão dos direitos da mulher da assembleia legislativa do Rio de Janeiro. Eu enquanto uma mulher preta, da favela e periferia sei das dificuldades que às nossas mulheres tem de acessar políticas públicas”, compartilha a deputada, com o Maré de Notícias.

Compõem ainda a comissão a deputada Zeidan (PT) na vice-presidência, além de Tia Ju (Republicanos), Giselle Monteiro (PL), Índia Armelau (PL) e Franciane Motta (União).

Oficina gratuita em produção para população LGBTQIA+ da Maré

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As inscrições vão até 6 de março; iniciativa é do grupo Entidade Maré

Por Jéssica Pires

A oficina gratuita em produção para população LGBTQIA+ será realizada nos dias 11,18 e 25 de março (sábados), de 10h às 13h, na sede do Centro de Promoção da Cidadania LGBT, que fica na Rua Marcelo Machado, 51, na Nova Holanda e a classificação indicativa é 15 anos. São 30 vagas disponíveis. A seleção priorizará artistas LGBTQIA+, mas a inscrição é aberta a todas e todos artistas mareenses.

O grupo Entidade Maré foi criado em 2020 por artistas pretos LGBTQIA+ da Maré, com objetivo de apresentar a memória cultural LGBTQIA+ deste território e da cidade. O projeto conta com colaboração de múltiplos artistas e técnicos a cada ação e se desenvolve a partir de pesquisas, entrevistas com moradores da Maré, documentos, dados do censo, materiais bibliográficos e da própria experiência dos moradores e artistas LGBQIAS da Maré.

O objetivo é que os artistas tenham acesso a conhecimentos sobre o processo de produção, desde a captação de um edital, como também a pré-produção e produção, pós produção, prestação de contas e outras questões burocráticas. “A oficina nasce da perspectiva de entender que a Maré tem um movimento cultural muito grande, temos muitos artistas individuais, trabalhando em diversos campos, seja no teatro, no cinema, na música, mas que às vezes não tem esse conhecimento de gerir o seu próprio trabalho”, explica Paulo Victor Lino, um dos idealizadores do Entidade Maré.

A formação em produção promovida pelo grupo integra a programação da Ocupação Noite das Estrelas que é um projeto de ocupação artística LGBTIAP+ nas ruas do Conjunto de Favelas da Maré, aparelhos culturais e instituições parceiras, para celebrar a memória dos antigos shows LGBTIAP+ da Maré das décadas de 80 e 90. E acontece em parceria com a programação itinerante da Lona Cultural Municipal Herbert Vianna. 

Bem Medeiros é o oficineiro responsável pela formação: cientista social de formação, fez pós-graduação em cinema documentário e é especialista em gênero e sexualidade (IMS/UERJ). Trabalha com audiovisual, teatro, artes visuais e realiza projetos multiplataforma.


As inscrições podem ser feitas pelo link até 6 de março. Mais informações estão disponíveis nas mídias sociais do Entidade Maré (@entidademare) e no site https://entidademare.com.

Operação policial cancela reinauguração de creche e fecha mais de 20 escolas na Maré

A ação da PMERJ foi iniciada antes das 6h da manhã; postos de saúde também interromperam funcionamento

Por redação

Moradores do Conjunto de Favelas da Maré foram acordados por volta das 5h40 da madrugada desta terça-feira (14) em mais uma operação policial da PMERJ. Veículos blindados e agentes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) e do Batalhão de Ações com Cães (BAC) circulam na região da Nova Holanda, Rubens Vaz e Parque União desde o início da ação, com concentração das ações na Nova Holanda.

A Creche Municipal Pescador Albano Rosa, localizada na Vila dos Pinheiros, que sofreu com um incêndio em setembro de 2021, seria reinaugurada na manhã desta terça. A cerimônia de reinauguração, aguardada por moradores locais e que contaria com representantes do Estado, dentre eles a ministra da Igualdade Racial Anielle Franco, foi cancelada devido a operação. A assessoria de comunicação da Secretaria Municipal de Educação informou que em breve uma nova data será informada.

Em plena semana de volta às aulas, outras vinte unidades escolares interromperam suas atividades e permaneceram com atendimento remoto nesta terça. A Clínica da Família Jeremias Moraes da Silva também interrompeu o funcionamento nesta manhã. Há relatos de agentes policiais acessando domicílios sem mandado policial. Motocicletas e veículos estão sendo levados por um reboque da polícia. 

A equipe do Maré de Notícias entrou em contato com a assessoria de comunicação da PMERJ para apurar a motivação da ação que tanto impacta o cotidiano de milhares de moradores do Conjunto de Favelas da Maré e não obteve resposta. Vale lembrar que a operação desrespeita algumas das medidas já acatadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), da ADPF das Favelas, como: a proibição da realização de operações policiais na proximidade de unidades escolares e de saúde e a necessidade de ambulância para prestação de socorro a possíveis vítimas. 

A equipe do projeto Maré de Direitos, do Eixo Direito à Segurança Pública e Acesso à Justiça da Redes da Maré, que acompanha e acolhe vítimas de violações de direitos, está em plantão de atendimento na sede da organização na Nova Holanda (Rua Sargento Silva Nunes, 1012 – Nova Holanda). 

O Maré de Notícias segue cobrindo os desdobramentos da ação. Acompanhe também pelas redes sociais: @maredenoticias. 

Moradores da Maré são indicados para um dos maiores prêmios do teatro

Renata Tavares é a primeira mulher negra indicada ao 33ª Prêmio Shell de Teatro

Por Samara Oliveira

Moradores do Conjunto de Favelas da Maré estão fazendo história mais uma vez. Agora, o motivo de grande comemoração ficou a cargo da encenadora Renata Tavares e da Companhia de Teatro Cria do Beco que foram indicados a um dos maiores prêmios de teatro do Brasil, o prêmio Shell de Teatro. Concorrendo nas categorias “Melhor Direção” e “Energia que Vem da Gente pelo espetáculo”, “Nem Todo Filho Vinga”, Renata fala da expectativa de encontrar outros indicados na cerimônia de entrega que acontecerá em março. “Esse prêmio está bem especial. Muitos pretos e pretas indicados, muitas pessoas trans, então é uma delícia poder estar participando desse momento. E é mais legal porque eu tenho muitos amigos que foram indicados e isso vai fazer com que a festa seja maravilhosa. Vai ser um grande encontro da gente que contou as mesmas histórias, que viveu as mesmas dificuldades e felicidades. 

Além disso, Renata ressalta que é a primeira mulher negra indicada ao prêmio considerando um feito um avanço nas causas raciais. “Não há mais espaço para recuo”, afirma.

Nem Todo Filho Vinga”

O espetáculo dirigido por Tavares conta a história de Maicon, um jovem negro, cria da Favela da Maré, interpretado por Jefferson Melo, de 27 anos. Na peça, Maicon consegue ser aprovado para cursar Direito na UFRJ e passa a confrontar os ideais de justiça do Estado Brasileiro diante dos inúmeros eventos de injustiça que ele e seu grupo de amigos vivem diariamente. Ao longo do seu ano letivo, Maicon sentirá, na pele, como essas políticas de precarização abalam todas as esferas da vida. Chegando ao ponto de colocá-lo contra seu melhor amigo. 

O protagonista fala sobre o sentimento de ser indicado a um prêmio de grande importância no cenário artístico.

“É como se pudesse dar um grito. O prêmio está em sua 33ª edição e nunca houve nenhuma indicação para Maré, e isso se replica em diversos outros prêmios porque eles não reconhecem a periferia. Demos esse primeiro grito para que as portas se abram. A Maré tem muitos artistas que precisam de espaço nessa bolha artística que está com as horas contadas. Vamos furar essa bolha falando do nosso povo sem estereótipos. Vingaremos e ocuparemos todos os espaços com nosso amor, alegria, entrega e garra!”, concluiu. 

Tiroteios no Rio crescem 29% no primeiro mês do ano

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Dados mostram acirramento das disputas entre milícia e tráfico

Com Agência Brasil

Levantamento do Instituto Fogo Cruzado aponta aumento de 29% no número de tiroteios na região metropolitana do Rio de Janeiro no primeiro mês do ano em comparação ao mesmo período de 2022. Foram 294 tiroteios contra 228.

No mês, 164 pessoas foram baleadas, sendo que 81 morreram e 83 ficaram feridas. Em janeiro de 2022, foram 122 baleados, com 64 mortos e 58 feridos. Conforme os dados, 14 pessoas foram vítimas de balas perdidas no Grande Rio em janeiro deste ano (com três mortes), sendo que oito foram atingidas durante ações ou operações policiais. O levantamento registra quatro chacinas na região metropolitana do Rio, com 16 mortos no total.

Os municípios com mais casos de tiroteios são Rio de Janeiro (194), Duque de Caxias (23), Niterói (14), São Gonçalo (13) e Nova Iguaçu (10).

Grupos civis armados e milícia

O relatório mensal do instituto aponta ainda o acirramento das disputas por território entre milícias e facções do de grupos civis armados, principalmente na zona oeste da capital. Apenas a região teve nove tiroteios, o que significa que a cada quatro tiroteios entre grupos armados, um ocorreu na zona oeste.

Algumas das áreas que mais registraram conflitos foram Gardênia Azul, Cidade de Deus, Muzema e Curicica, assustando os moradores. Em Gardênia Azul, moradores relatam que os traficantes impõem toque de recolher e as famílias estão preocupadas com a volta às aulas na rede pública de ensino.

“Nós vemos que esses grupos têm tido movimentações estratégicas geograficamente, pensando na tomada de territórios. Nós estamos acompanhando ano após a ano e evidenciando isso a partir dos nossos dados”, disse Carlos Nhanga, coordenador regional do instituto.

Para o coordenador regional, os dados são importantes para construção de políticas públicas que garantam segurança à população.

“Quando você tem um tiroteio, você não tem um caso isolado. Não é só uma disputa entre grupos armados. É uma disputa que afeta a vida de milhares de pessoas, de diversas formas. Pessoas que estão indo para o trabalho e estão na linha de tiro, crianças que deixam de estudar por conta da suspensão de aulas, transporte que deixa de circular. É preciso pensar políticas a partir desse retrato, olhando para esses impactos e políticas que previnam esse tipo de conflito, seja entre grupos armados ou entre operações policiais para acessar essas invasões”, afirmou o coordenador, acrescentando que o relatório é encaminhado para autoridades, parlamentares e veículos de imprensa.

O levantamento é feito em parceria com o Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos, da Universidade Federal Fluminense (Geni/UFF), e compõem o Mapa Histórico dos Grupos Armados, que ajuda a compreender as diferentes dinâmicas da violência armada no Rio de Janeiro.

Enchentes na Maré: a culpa não é sua, morador

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Um encontro foi realizado no Centro de Artes da Maré (CAM) com tecedores da Redes da Maré para apresentar a Ação Civil Pública (ACP) de saneamento básico no território

Por Lucas Feitoza

Entra verão e sai verão e na Maré o assunto do momento não é apenas a cor que vai ser tendência ou o modelo de biquini usado na estação. Assim como em outros bairros e cidades do estado as enchentes continuam sendo um dos grandes problemas enfrentados pelos mais de 140 mil moradores. A enchente da última terça-feira (7) deixou as principais vias da cidade alagadas. Aqui na Maré moradores registraram alagamentos nas 16 favelas que formam o bairro.

Para mobilizar os moradores e fortalecer as reivindicações de melhorias e reparos na manhã desta quinta-feira (9) um encontro foi realizado no Centro de Artes da Maré (CAM) com tecedores da Redes da Maré para apresentar a Ação Civil Pública (ACP). Há 11 anos essa iniciativa busca soluções para os problemas de saneamento básico na  Nova Holanda. Ela surgiu a partir de uma denúncia anônima na ouvidoria do Ministério Público em 2012 e desde então uma investigação está sendo realizada. “Foi a iniciativa de uma pessoa que nos trouxe até aqui” afirma a advogada Moniza Rizzini Ansari, que participou do encontro. 

Durante a reunião foram apresentados os desafios e principais problemas enfrentados pela Nova Holanda, como o esgoto escorrendo nas casas, vazamentos que contaminam a água potável e o lixo. Shirley Rosendo, coordenadora do eixo Direitos Urbanos e Socioambientais (DUSA) destacou no debate que o saneamento básico é um direito e que não podemos responsabilizar os moradores pelas enchentes, já que o Estado é o responsável pela manutenção das vias públicas; Shirley explica que pela precarização dos serviços na Maré e o abandono do Estado os moradores acabam tomando iniciativa e para resolver os problemas e pelo desconhecimento causam outros transtornos: “essa ACP mostra que o direito não é só uma conquista mas também precisa da mobilização para a manutenção dele, o desconhecimento faz com que você aja no ilegalismo” afirma.