Home Blog Page 13

Eleições 2024: democracia e participação cidadã na Maré

Apesar de voto não obrigatório, número de eleitores jovens e pessoas idosas têm crescido

“Pirililili!” De onde vem esse aviso sonoro que ouvimos a cada dois anos? Quem falou que é de urna eletrônica acertou. Esse som não é apenas a conclusão de uma digitação, é a efetivação de um ato democrático para a escolha de pessoas que vão assumir cargos durante quatro anos, sendo nesse período representantes municipais. Mas nem todos são obrigados a escutarem o tal aviso sonoro, em alguns casos o voto é facultativo. Cidadãos com idade superior a 70 anos e entre 16 e 18 anos não são obrigados a votar, mas podem exercer o seu direito fundamental de cidadão. 

Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no Brasil há mais de 1,8 milhão de eleitores na faixa etária entre 16 e 18 anos de idade, um aumento de 78% em comparação com a última eleição. Vitor Mihessen, coordenador geral da Casa Fluminense comemora esse aumento. “Somos defensores do desejo da retirada o quanto antes do título para ter o direito de votar e no futuro ser votado. Nos pré-vestibulares estamos incentivando esses jovens, mostrando que é um poder de transformação pessoal e nos territórios. Eu tirei o título aos 16 anos, incentivado pela minha tia e pais, naquele momento eu queria produzir transformações”, conta.

Já as pessoas idosas acima de 70 anos somam mais de 15 milhões de eleitores, número que também aumentou em quase 3 milhões. “Da galera mais experiente é possível continuar acreditando que é possível produzir transformações com o seu voto. Buscamos a motivação de todas as idades nesses exercícios, desde os mais novos aos mais velhos. Nós votamos e elegemos representantes, mas podemos fazer transformações como nas agendas locais, podemos ser até candidatos”, destaca. 

Pesquise sobre candidaturas

A Casa Fluminense lançou a nova versão da Agenda Rio 2030, de propostas de políticas públicas para a Região Metropolitana do Rio de Janeiro. “A gente busca falar de democracia de forma mais aproximada do dia a dia e propositiva. São materiais didáticos e acessíveis para a população participar das tomadas de decisão sobre suas vidas para além do dia de ir para as urnas escolher seus representantes. Com esses instrumentos em mãos, esperamos estimular o gosto pela incidência política, para além das formas partidárias de exercitar a participação social”, comenta Vitor. 

Nessa eleição, a instituição dividiu os trabalhos em três frentes: conjunto de dados sobre os municípios Metropolitanos, para a população verificar a qualidade de vida de cada cidade antes do voto; entrevistas com candidatos ao executivo que apresentaram planos de governo alinhados com a Agenda Rio; rodas de conversas a partir das Agendas Locais 2030, para a construção de cadernos de propostas feitas por moradores de vários territórios da metrópole. 

O direito ao voto na Maré

Andando pelas ruas da Maré, não é difícil encontrar jovens com idade de 16 e 17 anos. Mas quando o assunto é voto nessa faixa etária, o ditado popular como achar agulha no palheiro se encaixa. Thiago Fernandes, diretor adjunto da Escola Estadual Professor João Borges de Moraes, na Nova Holanda, tem duas versões para o fato. “Vejo alguns jovens que por não serem obrigados, preferem se ausentar do voto. É de suma importância que a escola inicie o trabalho de conscientização cidadã. Mas também percebo uma situação grave, que é no território o grande número de jovens com falta de documentação para conseguir possuir o título de eleitor”, diz. 

Apesar de muitas dúvidas, alguns jovens se sentem orgulhosos com o passo inicial na eleição. “Eu vou votar pela primeira vez, pois quero fazer a diferença. Até agora só escolhi o candidato da comunidade para vereador”, comenta Carlos Eduardo, de 16 anos, morador da Nova Holanda. Outros já calejados de votarem, ainda sentem o gosto do aviso sonoro de confirmação pela urna eletrônica. “Sempre votei, mas minha filha diz que não preciso ir às urnas. Não paro, pois sei da importância e de que é algo sério. Esse ano mudou onde voto, mas não tem problema, vou com meus vizinhos”, expõe Ivanilde Maria, de 73 anos, moradora da Nova Holanda.

“O voto facultativo de jovens e dos idosos pode fazer a diferença num pleito municipal. Ao comparecer às urnas, essas parcelas do eleitorado assumem responsabilidade sobre a política e os assuntos de sua cidade, escolhendo aqueles que atendam às suas pautas. A participação ativa de diferentes segmentos do eleitorado expressa com mais legitimidade os anseios da população como um todo”, menciona em exclusividade ao Maré de Notícias, Eline Iris, diretora-geral do TRE-RJ.

Vamos votar

Para obter o título de eleitor é necessário um documento oficial de identidade com foto (frente e verso), Comprovante de residência recente (no caso de transferência, prazo mínimo de três meses de residência no novo endereço), Comprovante de quitação do serviço militar, para o alistamento, sendo o requerente do sexo masculino (para homens com 19 anos). 

Cuidado com a desinformação

No mês de setembro circulou nas redes sociais um suposto aviso do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) afirmando que “aposentados que forem às urnas: o voto servirá de prova de vida junto ao INSS”. No entanto, o site oficial do Tribunal Regional Eleitoral (TRE/RJ) informa que a ferramenta que permitirá esse cruzamento de dados eleitorais ainda está em desenvolvimento.

Cerca de 20 mil moradores são afetados com mudança de locais de votação da Maré

Distância dos novos locais chega a 1,8km, TRE diz que transportes públicos serão gratuitos mas não há linhas de ônibus na Maré

Neste domingo (6), os 64.138 eleitores da Maré vão às urnas escolher o prefeito e vereador que irão representá-los pelos próximos quatro anos. A Maré, apesar de ser um bairro, tem particularidades territoriais que influenciam até mesmo nas escolhas dos candidatos. É o que mostra a segunda edição da pesquisa Como Vota a Maré.

A pesquisa destaca que as seções 9 e 10 do  CIEP Vicente Mariano (Baixa do Sapateiro), Samora Machel (Parque Maré) e CIEP Elis Regina (Parque Maré), que têm o eleitorado mais progressista, foram transferidas, sugerindo que isso pode afetar as eleições municipais deste ano. 

Votar na Igreja

Os eleitores do Ciep Vicente Mariano, da Baixa do Sapateiro, terão que se deslocar por 1 quilômetro e 100 metros, sem transporte público, para votar. Este local de votação atendia mais de 5 mil eleitores, sendo este o 4º maior eleitorado da Maré. 

Uma das pessoas afetadas pela alteração, é o barbeiro Paulo Lopes, de 43 anos, morador da Vila dos Pinheiros. Ele lamenta a alteração: “eu acho chato, tu já tá acostumado ali, agora tenho que ir votar na Igreja Nossa Senhora dos Navegantes, lá é mais apertado, acho que tem poucas salas. Eu vou a pé porque no dia é muita bagunça na rua. No CIEP era mais perto, só atravessava o Pontilhão, agora ficou mais distante.”

Vale destacar que este é o único local de votação transferido que continua na Maré, entretanto, ao invés de usar o espaço escolar, o TRE optou por colocar em uma igreja católica. “Voltar a esse tipo de relação enfraquece a luta política e autonomia de cidadãos em um Estado laico e de direito universal” critica a pesquisa.

Uma mulher, moradora da Nova Holanda, que prefere não se identificar, diz que é uma das administradoras das eleições na Maré e também lamenta a alteração. Ela conta que afeta negativamente a rotina que mantém há 10 anos, já que votava no CIEP Samora Machel e foi transferida para a Unigama “A mudança afetou de várias formas, principalmente na violação desse direito da população ao voto que era garantido! Pessoas com mobilidade reduzida, por exemplo, se sua sessão não tiver no andar de baixo no novo prédio, não poderá exercer seu direito ao voto, pois lá só tem escadas. Tenho artrose nos joelhos e o elevador não foi autorizado a ser usado”, conta.

De acordo com ela, a transferência do local não foi previamente informada aos mesários e administradores: “Em nenhum momento fomos informados ou perguntados sobre essa mudança, o que nos deu a sensação de desrespeito. Minha equipe não quer ir trabalhar mas fomos comunicados que se não comparecermos, teremos que pagar uma multa de R$350”, relata.

Além do Ciep Samora Machel, os eleitores do CIEP Elis Regina, também tiveram suas sessões eleitorais transferidas para Unigama (Av Brasil, 5843. Bonsucesso, passarela 7). Do Samora Machel até o novo local de votação, os eleitores terão que andar 1,8 km e do Elis Regina para o mesmo local 1,2 km, porque não há linhas de ônibus na Maré. As mudanças afetam cerca de 22% do eleitorado (13.424 eleitores)  de acordo com o número de eleitores aptos a votar em 2022, sem contar com as novas habilitações deste ano.

Votos em crias

Outro dado apresentado pelo estudo, é em relação ao interesse de voto dos moradores. Os dados, da última eleição municipal, apontam que os eleitores se identificam com candidatos crias da Maré, que realizam trabalhos contínuos para o território. 

A análise feita pela Redes da Maré, observa a predominância de partidos conservadores entre os mais eleitos, e que mesmo o bairro tendo maioria da população feminina, os  homens estão entre os mais votados. De acordo com dados da última eleição municipal de 2020, 56% dos eleitores mareenses foram às urnas. Os dados da pesquisa são do Tribunal Regional Eleitoral (TRE).

É o que explica a coordenadora de incidência política da Redes da Maré, Lidiane Malanquini: “Os moradores têm um processo de identificação com candidatos que são ‘cria’, e embora eles tenham uma votação expressiva na Maré, não se elegem em outras partes da cidade” pontua.

A taxa de abstenção, ou seja, de eleitores que não compareceram às urnas, se mostra inferior ao restante da cidade. Na Maré o valor representa 30%, enquanto a do restante da cidade é de 32,76%. 

O que diz o TRE

Em nota enviada ao Maré de Notícias, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) diz que as alterações de local de votação foram fruto de um estudo que mapeou as localidades nas quais as urnas precisavam chegar em veículos blindados e com forte aparato policial. E que as alterações buscaram oferecer mais segurança para os eleitores, mesários, candidatos, quadros de apoio e todos os envolvidos no processo, para que possam votar livremente, de modo consciente e sem pressões indevidas.

Segundo o TRE, os eleitores que tiveram o local de votação alterado foram transferidos para locais que ficam a, no máximo, 1,5km do endereço anterior, diferente da realidade mostrada pela pesquisa da Redes da Maré. 

Ainda de acordo com a nota, o TRE destaca como novidade desta eleição o transporte gratuito para eleitores, mesmo em casos de pequenas distâncias. No entanto, essa “novidade” ainda não atende aos moradores da Maré, já que o transporte não circula pelas ruas do bairro. Os moradores terão que ir a pé ou utilizar meios próprios para chegar aos locais de votação.

Eleições 2024: confira os novos locais de votação na Maré e saiba como justificar

0

Eleitores que não votarem e não justificarem o voto ficarão com dívidas eleitorais

Em poucas semanas acontecerão as eleições para os cargos de Vereador e Prefeito em todas as cidades do Brasil. Nas eleições municipais, a população elege seus representantes diretos, responsáveis pelos principais serviços da cidade. Recentemente, foi divulgado que 3 pontos tradicionais de votação no território foram realocados para fora da Maré, impactando a rotina do eleitorado. 

Confira os locais que foram alterados:

Antes:

CIEP Samora Machel e CIEP Elis Regina

Agora:

UNIGAMA

Avenida Brasil, 5843, Bonsucesso – Passarela 7.

Seções: 75, 76, 77, 78, 79, 129, 138, 142, 161, 173, 174, 175, 178, 183, 184, 185, 188, 192, 196, 198, 200

Antes:

CIEP Operário Vicente Mariano

Agora:

Igreja Nossa Senhora dos Navegantes

Rua Luis Ferreira, 217 – Bonsucesso

Seções: 59, 60, 61, 62, 63, 64, 65, 128, 143, 172, 189

Os demais pontos de votação na Maré não sofreram alterações. 

Quais documentos levar para votar:

Além de saber quais os cargos votar esse ano, é importante estar com o título de eleitor para votar.

Documento oficial com foto que podem ser: RG, Identidade Social, Passaporte, Carteira de Trabalho, CNH ou e-Título (exclusivo para quem já cadastrou as impressões digitais e possui fotografia no documento). O aplicativo do título de eleitor digital, pode ser baixado até a véspera da eleição.

Como justificar:

Caso no dia da eleição você estiver fora do seu local de votação, é possível dar uma justificativa e evitar muta por ausência nas urnas.

Você pode justificar acessando o aplicativo e-Titulo ou indo até um local de votação mais próximo perante as mesas receptoras de voto. No dia do pleito, o download do aplicativo será suspenso para evitar instabilidade no sistema.

Para quem precisa justificar depois do período eleitoral, basta comparecer em qualquer zona eleitoral até 5 de dezembro de 2024 para justificar o 1° turno e até 7 de janeiro de 2025 para justificar eventual segundo turno. Confira as unidades eleitorais pelo site do TSE (https://www.tse.jus.br/servicos-eleitorais/autoatendimento-eleitoral#/)

Caso o eleitor não vote e não justifique, será cobrada uma multa no valor de R$ 3,51, por cada turno de eleição.

Carta de Saneamento da Maré 2024 destaca crescimento populacional e baixo IDH

Documento lançado na pré-conferência da Maré debate justiça climática e a transformação ecológica do bairro com soluções locais

A  Pré-conferência Municipal do Meio Ambiente e Mudança do Clima, realizada na Areninha Municipal Herbert Vianna, na última quinta-feira (26),  apresentou problemas e propostas de soluções, para questões ambientais e sociais do bairro. No evento, foi divulgada a Carta de Saneamento da Maré 2024.


Buscando aprimorar a primeira carta feita em 2020, a Redes da Maré e o Data_labe apresentaram durante o encontro, um novo diagnóstico relacionado aos problemas de saneamento básico da Maré. A Carta de Saneamento da Maré 2024, revela que,o crescimento populacional do território, foi um dos maiores da cidade nos últimos anos, mas em paralelo, passou a ocupar um dos piores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH).

Para a diretora do Data_labe, Clara Sacco, a discrepância dos dados, demonstra a negligência do poder público com o bairro: “não temos políticas públicas comprometidas com os dados. Se você tem uma área que cresce mais do que as outras, isso significa que você precisa olhar para ela com mais cuidado. É mais gente aglomerada, sem condições de boa moradia, conforto e acesso a equipamentos de saúde, resultando em problemas socioambientais.” Pontua.

O IDH ajuda a entender o bem-estar e a qualidade de vida, considerando fatores específicos de cada município, levando em consideração também, os critérios: longevidade, renda e educação.

A carta, também revela que, menos de 1% do esgoto produzido pela Maré é direcionado para  a estação de tratamento, resultando na poluição da Baía de Guanabara, que é para onde o escoamento das casas é direcionado. Umas das soluções apresentadas para o problema, é a retomada efetiva dos Planos de Saneamento Municipal e Programa de Saneamento Ambiental.

Com o município em ano eleitoral, a nova carta será apresentada para os candidatos à prefeitura do Rio, reunindo as demandas do território, contra o combate ao racismo ambiental, em meio a emergência climática. 

Pré-conferência da Maré debate justiça climática


Realizada pelo Eixo Direitos Urbanos e Socioambientais da Redes da Maré, em parceria com o Data_labe, e apoio da Rede Comuá e Casa Fluminense, o evento teve como principais pontos de discussão a justiça climática e a transformação ecológica, debatidas por meio do lançamento de dados que retratam o cenário atual da Maré.

Entre os dados apresentados, destaca-se a quantidade de lixo. Os mais de 140 mil moradores geram diariamente de 200 a 250 toneladas de lixo domiciliar. Como alternativa de solução, o Ecoclima sugere a separação do lixo seco do úmido, e a compostagem, que é a separação do resíduo orgânico. Ou seja, todo lixo que some na natureza e que pode ser reaproveitado servindo para adubar plantas.

Ecoclima: mobilização hiperlocal


Visando conscientizar a população, as cartilhas ambientais do projeto EcoClima: “Ilhas de Calor”, “Manguezal”, “Saneamento Básico” e “Resíduos Sólidos” foram apresentadas com soluções que ajudam a mitigar problemas já existentes no bairro. 

Para a agente climática do projeto, Andreza Alves, pensar em mudanças climáticas para regiões periféricas da cidade, como a Maré, é um desafio: “A Maré é rodeada por três rodovias: Av. Brasil, Linha Amarela e Linha Vermelha, que contribuem para os efeitos das ondas de calor, além da falta de saneamento básico, que agrava ainda mais a situação”. Ela acrescenta que o projeto busca reduzir os efeitos do calor excessivo através do Telhado Verde e do biodigestor com WetLand.

Conferência Municipal do Meio Ambiente

O evento finalizou com reuniões em grupos para levantar discussões e propostas que serão levadas para 5ª Conferência Municipal do Meio Ambiente e Mudança do Clima. 

Entre os objetivos da etapa municipal estão: incentivar a participação da população na construção de propostas para o enfrentamento da emergência climática, criar e enviar 10 propostas, sobre os eixos temáticos, para a Conferência Estadual do Meio Ambiente. E eleger dentre os participantes, a delegação que representará o município na etapa estadual da 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente, observando os critérios de gênero e etnia.

A mobilização de moradores formulando possíveis soluções para problemas locais, reforça a necessidade de pensar em políticas públicas juntamente com quem vive a realidade, tornando concreto o poder da conscientização.

(*) Maiara Carvalho é estudante de Rádio e TV da Universidade Federal do Rio de Janeiro e faz parte do projeto de Extensão Conexão UFRJ com o Maré de Notícias.

Lixo acumulado e riscos à saúde: medidas para prevenir infestações domésticas

0

De repente você está dormindo com o inimigo. Antes fosse apenas uma ficção como no filme do Agente 007, mas é a realidade das pragas urbanas que podem estar invadindo o seu lar. Após a invasão de uma casa, alguns móveis podem virar um esconderijo para esses insetos, como fogões, camas e sofás. Wilza Lucindo, moradora do Conjunto Pinheiros, já teve uma praga infestando a sua casa: percevejo. “Meu filho e a vizinha também tiveram esse problema. Muitas das amigas da minha filha também reclamaram sobre essa praga. Todos os dias vejo sofás, camas e colchões infestados no lixo”, conta. 

Valdenise Brandão, mais conhecida como Val, graduanda em paisagismo e gari, atuou em diversos espaços na Maré que antes eram locais de descartes indevidos de lixo e se transformaram em canteiros. Ela acredita que o grande vilão da proliferação de pragas para os lares é o descarte indevido do lixo. “Os moradores têm que fazer a sua parte, colocando o lixo bem embalado e fechado. Essa responsabilidade deve ser compartilhada com a companhia de lixo, que precisa realizar a coleta domiciliar adequadamente e organizar a coleta seletiva. Todos compartilhando a sua parte teremos uma cidade mais limpa e sem insetos”, define. 

No Conjunto de Favelas da Maré, alguns territórios como Salsa e Merengue, Morro do Timbau, Nova Maré e Nova Holanda conhecem bem essas infestações devido ao acúmulo de lixo. Apesar da coleta de lixo ser realizada todos os dias, o serviço ainda se mostra insuficiente diante da quantidade de lixo produzida pela população mareense. 

| Já leu essas?

Moradores da favela Salsa e Merengue relatam que os insetos tomam conta da Rua Projetada G. “É muito lixo no chão, os garis utilizam trator para a retirada. Temos que colocar sal na entrada das lojas e casas para evitar a invasão dos tapurus”, comenta a comerciante Vanessa Silva

De acordo com Marcelo Guimarães, engenheiro ambiental e pesquisador do Núcleo de Gestão Urbana e Saúde da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP) Fiocruz, esses insetos podem causar uma série de doenças e desconfortos. “As moscas varejeiras podem causar berne, que são as larvas que se alojam e crescem se alimentando da pele. Mosquitos como o Aedes Aegypti podem utilizar embalagens usadas que contenham água para servir de criadouro. Podem causar febres hemorrágicas como Dengue, Zika e Chikungunya. Ratos podem se esconder entre o lixo e potencialmente causar doenças como leptospirose e cólera. Escorpiões e cobras podem se esconder em resíduos de construção civil, restos de tijolos, telhas. Esses animais podem ser peçonhentos e causar muita dor, outros sintomas e até morte.”

O que fazer e o que não fazer? 

Ainda de acordo com o especilista, a primeira coisa a ser feita após se livrar do lixo, é limpar o local e lavar o chão. Além disso, evitar alimentos e água em lugares acessíveis para essas pragas está entre as recomendações. 

“Quanto aos insetos, você deve inicialmente eliminar todos os possíveis locais com água parada, onde os mosquitos colocam seus ovos. Por serem muito pequenos, é pouco provável que você os enxergue. Não deixe jarras, garrafas com água sem tampa na sua casa por mais de um dia”, ressalta. 

Sobre o que não fazer, ele alerta sobre um comportamento comum na tentativa de moradores de acabarem com pragas que já se instalaram: a queima de lixo. “Deve ser evitada, pois emite gases que são potencialmente tóxicos e cancerígenos, principalmente para crianças com problemas respiratórios.”

Segundo o pesquisador, é importante também o descarte do lixo próximo a hora que passa a coleta para evitar que os animais revirem as sacolas. “…[os animais] podem se contaminar comendo alimentos estragados e transmitindo doenças para os moradores como teníase, triquinose, cisticercose e outros”.

No entanto, em casos de pragas que já se instalaram e estão fora de controle, Guimarães indica a ajuda do departamento de controle de pragas da prefeitura no canal 1746.

A Companhia de Limpeza Urbana da cidade do Rio de Janeiro (Comlurb) pede para que todos respeitem a limpeza, mantendo quintais limpos, sem folhas, e ressalta que é de grande importância o descarte correto dos resíduos domiciliares. 

Sobre o Salsa e Merengue, a Comlurb informa que realiza a limpeza das caixas diariamente. A empresa completou que as segundas-feiras costumam acumular mais lixo por conta das festas realizadas no fim de semana no local. O órgão informa que ao ocorrer conflitos ou operações policiais não é realizada a coleta de lixo, para evitar que os garis corram algum risco. Contudo, a limpeza é realizada ao término ou no dia seguinte.