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Mais um dia letivo com cerca de 20 escolas fechadas na Maré devido operação policial

Nesta segunda-feira (26), Maré sofreu a 31ª operação policial do ano que resultou em escolas e postos de saúde fechados

As notas dos órgãos públicos são protocolares. Iguais – ou muito parecidas – das que já noticiamos nas outras quase 30 vezes só este ano. 

“A Secretaria Municipal de Educação informa que as 24 escolas localizadas na área da operação policial, na Maré, não abrirão nesta segunda-feira”, “A Secretaria de Estado de Educação esclarece que possui apenas duas escolas na região afetada, o Ciep 326 – César Pernetta e o Colégio Estadual Professor João Borges de Moraes, que juntas atendem 1.424 alunos. Por segurança, ambas não abriram nesta segunda-feira”, além da Secretaria de Municipal de Saúde que confirmou o fechamento da Clínica da Família (CF) Jeremias Moraes da Silva e a suspensão das atividades externas, como as visitas domiciliares, da CF Diniz Batista dos Santos.

Além da operação da Secretaria de Ordem Pública (SEOP), que segue acontecendo no Parque União sem previsão de término, o Conjunto de Favelas da Maré também sofreu nesta segunda-feira (26), uma operação com Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) que atuaram na Nova Holanda e no Parque União. Segundo a Polícia Militar, a operação, que ocorreu na parte da tarde, se deu a partir de uma denúncia anônima sobre um local utilizado como depósito de cargas roubadas.

Com isso, moradores relataram som de tiros nos dois territórios por volta das 14h e 15h.

Dados do impacto da violência armada na educação

Em 2023, segundo dados do 8º Boletim Direito à Segurança Pública na Maré, foi quase um mês de escolas fechadas devido a 34 operações policiais realizadas ao longo do ano. O Boletim Direito à Segurança Pública na Maré, da Redes da Maré, mostra que, entre 2016 e 2023, foram 146 dias com aulas suspensas e escolas fechadas em decorrência de operações policiais, o que equivaleria a 73% de um ano letivo perdido, em 6 anos, para alunos que residem na Maré.

Os dados alertam para o tamanho do problema considerando que em 2023 foram 34 operações durante todo ano, e agora em 2024, já estamos na 31ª operação ainda faltando quatro meses para o fim do ano. 

Também por isso que este ano a reflexão dos “Impactos da violência armada no direito à educação na Maré” é tema do 5º Seminário de Educação na Maré, que acontece nesta terça e quarta-feiras no Centro de Artes da Maré.

Sobre as aulas que têm sido perdidas, as secretarias estadual e municipal de educação informaram que o conteúdo pedagógico será reposto para amenizar esses impactos. No entanto, não informaram de que maneira essa reposições vão acontecer. 
O Maré de Direitos, projeto do eixo Direito à Segurança Pública e Acesso à Justiça, da Redes da Maré, acolhe situações de violações de direitos no WhatsApp (21) 99924-6462 e também nos equipamentos da organização.

Comércio afetado e moradores cerceados pelo impacto das operações na Maré

Sexto dia consecutivo de operação gera impactos para além das casas destruídas 

A tensão e insegurança tomam conta de um território que geralmente é cercado de alegria, descontração e trabalho principalmente aos finais de semana. Sim, trabalho. É no final de semana que os comércios da Maré ‘bombam’ de gente, sejam os bares, as lojas, salões ou as feiras. Neste sábado (24), quando se completa o sexto dia consecutivo de operação da Secretaria de Ordem Pública (SEOP) em conjunto com as Polícias Militar e Civil, equipe do Maré de Notícias presenciou policiais a pé circulando na feira da Nova Holanda.

Edna Alves, de 42 anos, proprietária do Salão Espaço Sempre Solto, conta que adquiriu sua loja há dois meses e paga mensalmente pelo espaço. Ela relata que durante a operação da última sexta-feira (23), R$ 600,00 em espécie, guardados em um envelope identificado para o pagamento da parcela, teria sido roubado.

“Levaram o dinheiro, pois não tenho como comprovar, já a mercadoria eu teria, pois tenho nota de tudo […] Isso me afetou psicologicamente, desde o ocorrido não consigo dormir. Trabalho na favela há 12 anos e nunca passou pela minha cabeça uma situação assim”, conta.

Uma ‘vaquinha’ que circula nas redes sociais, mostra mais um prejuízo para comerciantes da Maré. Em texto divulgado pedindo ajuda, a proprietária relata que a barraca, que é o principal sustento de sua família, teria sido destruída por policiais também durante operação.

“Pela covardia do Estado, minha barraquinha foi destruída por 3 policiais e por isso acabei ficando no prejuízo. O meu ganha pão de cada dia, o meu sonho e infelizmente no momento não estou conseguindo arcar com o prejuízo.”

Quando vai acabar?

Apesar de perguntarmos à SEOP qual a previsão do término dessas ações, a secretaria diz apenas que a demolição seguirá nos próximos dias. A falta de transparência impacta não só os moradores que estão vivendo as demolições de suas casas, mas também daqueles que são afetados com escolas, postos de saúdes e comércios fechados, além do direito de ir e vir cerceado. 

Em cada dia das operações, há presença de policiais do Batalhão de Ações com Cães, bem como veículos blindados pelas ruas da Nova Holanda, circulando inclusive distante do Parque União, onde ocorrem as demolições. Denúncias de violações de direitos, como invasão de domicílio, furto de pertences e danos ao patrimônio, tanto de residências quanto de comércios, têm sido relatadas ao Maré de Direitos, projeto do eixo Direito à Segurança Pública e Acesso à Justiça (SPAJ) da Redes da Maré.

“A operação policial, que em tese, deveria ser um último recurso do uso da força do Estado, foi banalizada e tem sido usada como única forma de atuação da segurança pública em favelas promovendo cada vez mais violências e violações de direitos por parte do próprio Estado.”, ressalta Liliane Santos, coordenadora do eixo SPAJ.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), da qual o Brasil é um dos países signatários desde 1948, ou seja, é um país que adere ao acordo, assumindo as obrigações nele previstas afirma no Artigo 22 que “Todo ser humano, como membro da sociedade, tem direito à segurança social, à realização pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a organização e recursos de cada Estado […]”

É o que traz Liliane sobre a perspectiva de segurança pública. “Quando se fala em segurança pública não estamos falando da polícia em si. Estamos falando de um conjunto de ações que juntas vão promover condições de segurança para que a população consiga viver de forma segura. A responsabilidade da execução das políticas públicas que deveriam promover essa segurança é do Estado”, afirma. 

Falta de diálogo

Em entrevista ao Maré de Notícias, duas moradores afirmam que não receberam qualquer tipo de aviso ou assistência antes das demolições acontecerem. Isso contraria a versão da Secretaria de Ordem Pública, que alega que 90% das casas estavam vazias e que os moradores foram informados previamente.

“A grande questão é a falta de diálogo entre as diversas pastas administradas pelos governos e principalmente a falta de diálogo com a população. A desinformação gera grandes transtornos. Atualmente temos na gestão pública, uma maneira de se fazer política pública equivocada, sem diálogo e sem sequer uma tentativa de promover segurança pública para além das polícias. E o que resta ao morador e ao comerciante é ser silenciado e violentado de diversas formas” , analisa Liliane. Ela acrescenta: “A desculpa da demolição da obra irregular no Parque União acabou sendo outra desculpa para propagação do medo e insegurança em grande parte do bairro Maré.”

Aconteceria em outro bairro que não fosse uma favela? 

Liliane Santos

O Maré de Direitos, projeto do eixo Direito à Segurança Pública e Acesso à Justiça, da Redes da Maré, acolhe situações de violações de direitos no WhatsApp (21) 99924-6462 e também nos equipamentos da organização.

‘Se eu fosse criminosa não estaria aqui falando’ Quem são os moradores da construção em demolição pela SEOP?

Revolta, medo, tristeza, insegurança, cansaço. São essas as palavras que moradores do Conjunto de Favelas da Maré têm usado para descrever os últimos dias, marcados por uma operação da Secretaria de Ordem Pública (SEOP), apoiada pelas Polícias Civil e Militar. A ação, que visa demolir moradias na área conhecida como Cão Feroz, no Parque União, teve início na terça-feira (13). Desde a última segunda-feira (19), porém, os moradores enfrentam operações consecutivas, sem previsão de término.

A maioria das pessoas que assistem a demolição são mulheres que moram no local. Em vídeos que circulam nas redes sociais, é possível ver um grande número de pessoas protestando pelo direito à moradia, alegando serem moradores das residências que a SEOP afirma estarem – em sua maioria – vazias. 

Ana Beatriz, 20 anos, mora no local há três anos. Ela conta que não recebeu nenhum aviso prévio da demolição, até agora. “Eu penso em continuar na minha casa, não vou sair até porque eu não tenho para onde ir. Meu filhos são pequenos ainda. […] Não tá tendo aula, eu tenho que levar ela [a filha pequena] no posto e não tá tendo [atendimento].

Greice Kelly dos Santos, de 23 anos, é mãe de três crianças, entre elas um bebê de 1 mês. Ela e o irmão desde o começo denunciam situações de abuso por parte dos agentes. “Eles não tratam a gente na educação, não deixam nossos direitos básicos. Ontem a delegada falou que ia me levar presa porque eu não queria sair de casa, ela falou que era maus tratos as crianças, como assim eu vou tratar mal meus filhos? A gente tá aqui, minhas filhas sem poder estudar, quatro dias sem ir para a escola.” O irmão dela foi conduzido a delegacia, ele tem apenas 17 anos e estava questionando os policiais o motivo pelo qual não podia entrar em casa. “Não estão deixando a gente falar. Estão levando a gente preso por falar. Estão chamando a gente de traficante e não somos, se fosse criminoso eu não estaria aqui falando!” finaliza.

Na última quarta-feira (21) uma casa foi demolida sem a presença da dona do imóvel. Um morador presenciou e contou o constrangimento que sente “está sendo perturbador, eles querem tirar a força, ameaçar que vai dar tiro, cheguei até presenciar um policial falando que ia levar a geladeira para casa ou dar para um familiar”. Outra mulher que está grávida,  apesar de ver a demolição embaixo da sua casa acontecer, se recusava a sair na tentativa de impedir a ação da secretaria. O andar térreo, onde era o espaço de uma loja, foi demolido nesta manhã.

Um bairro inteiro afetado

Embora o foco da ação seja uma região definida, a rotina da maioria dos moradores da Maré acaba impactada, em especial quem vive e circula pelo Parque Maré, Nova Holanda, Rubens Vaz e Parque União. As unidades de saúde estão com funcionamento afetado parcial ou totalmente, gerando cancelamento de mais de 200 atendimentos.

Com relação às escolas, por volta das 8h de hoje, a Secretaria Municipal da Educação informou que 31 escolas estavam “avaliando as condições para funcionamento” e 15 estavam abertas, embora registrando atraso para o início das aulas. Em nova nota, às 11h30, a pasta informou que as 46 escolas da rede municipal estavam funcionando.

A Clínica da Família (CF) Jeremias Moraes da Silva interrompeu o funcionamento nesta quinta-feira (22). E a CF Diniz Batista dos Santos mantém o atendimento à população. Porém, sem atividades externas realizadas no território, como as visitas domiciliares.

O que dizem os órgãos públicos

Desde a última terça-feira (13), com o início das operações, a equipe do Maré de Notícias tem questionado a Secretaria Municipal de Assistência Social (SMAS) sobre qual auxílio tem sido oferecido para os moradores. Depois de três tentativas a secretaria respondeu que neste tipo de situação, o atendimento inicial é realizado pela equipe técnica do Centro de Referência de Assistência Social (Cras), que é responsável pela “porta de entrada” nas ações da SMAS.

Segundo o órgão, “No dia da ação, a equipe técnica da Coordenadoria Média Complexidade, em caso de adesão à oferta de acolhimento, entra em contato com a Central de Recepção de Adultos e Famílias Tom Jobim ou com a Central de Recepção de Idosos Pastor Carlos Portela (ambos localizados na Ilha do Governador) para que haja a regulação da vaga.” E complementa informando “que até o dia de hoje, não houve solicitações de acolhimento relacionadas à ação”. Vale ressaltar que a secretaria informou que oferta o “acolhimento institucional provisório.”

Questionamos a Defesa Civil se houve acionamento para acompanhar a demolição dos edifícios, mas até o fechamento desta matéria não tivemos retorno.

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SEOP continua demolições na Maré enquanto moradores protestam

Secretaria de Ordem Pública afirmou que operação vai continuar nos próximos dias sem informar previsão de término

Fogos às 5h desta quarta-feira já informavam o que moradores do Conjunto de Favelas da Maré temiam: mais um dia de operação, o terceiro consecutivo. A Secretaria de Ordem Pública (SEOP) confirmou que segue realizando operação de demolições na Maré nesta quarta-feira (21) com apoio das polícias Civil e Militar. Diferente do que a secretaria informa, os moradores dizem que não houve aviso e assistência prévia, apenas papeis colados nas paredes sobre a demolição das casas.

Além disso, em nota, o órgão afirmou que “a demolição das construções irregulares seguirá nos próximos dias”, sem dar uma previsão de término. 

A equipe do Maré de Notícias esteve na Nova Holanda e no Parque União, locais que acontecem as demolições desde a última segunda-feira (19). “Eles estão fazendo terror psicológico na gente” declara uma das moradoras que preferiu não se identificar. 

Apesar do medo e preocupação sobre os próximos dias, muitos moradores continuam nas casas na tentativa de evitar as demolições. Enquanto a SEOP diz que 90% das casas estão desocupadas, os moradores dizem o contrário, a maioria das casas estão ocupadas. 

Vídeos que circulam nas redes sociais mostram funcionários da SEOP levando eletrodomésticos como ar condicionado e geladeiras de dentro das residências. Também questionamos se o procedimento de apreensão faz parte do protocolo padrão da operação, além de perguntar se os itens serão devidamente registrados no balanço final e como o órgão garante a transparência e integridade dos registros.

Em nota, a SEOP respondeu que “nenhuma pessoa se identificou como dona dos equipamentos. Todos os itens foram levados para o depósito municipal e poderão ser retirados pelo proprietário, mediante identificação e comprovação de compra.” 

No local de onde a geladeira foi retirada, por exemplo, moradores informaram à equipe do Maré de Notícias que a dona não estava em casa porque estava trabalhando. Um dos questionamentos que ficam é: você, leitor, tem todas as notas fiscais de tudo o que possui em sua casa hoje, caso precise comprovar suas compras para o Estado? Se não tiver, e você for favelado, pode ter seu eletrodoméstico levado, sem conseguir recuperá-lo.

Tentativa de protesto

‘Meus filhos vão crescer com amor no coração, vendo a mãe deles tomando tiro de borracha e tapa na cara? Sem eu ter envolvimento com o tráfico de drogas. É um absurdo!’, diz a moradora durante protesto.

Moradores tentaram organizar um protesto pacífico na Avenida Brasil por direito à moradia e também contra a interrupção das aulas devido às operações. Entretanto a mobilização foi interrompida pelos policiais com bombas de efeito moral. 

“O Estado, ele é genocida, entendeu? Todo mundo que entra na favela pra ele não presta. A gente não pode construir uma casa porque é o dinheiro do tráfico. A gente não pode ter uma loja porque foi o tráfico, entendeu? Mas o verdadeiro que rouba a gente é eles, porque eles fazem operação não pra oprimir o tráfico de drogas, mas sim pra entrar dentro da nossa casa, roubar nossas coisas”, indaga uma moradora que, apesar de se identificar, preferimos omitir seu nome por questões de segurança. Segundo ela, policiais levaram R$ 750,00 de sua casa, dinheiro que seria usado para pagar o aluguel.

O Maré de Direitos, projeto do eixo Direito à Segurança Pública e Acesso à Justiça, da Redes da Maré, acolhe situações de violações de direitos no WhatsApp (21) 99924-6462 e também nos equipamentos da organização.

Segundo dia consecutivo de operação na Maré; órgãos públicos não comentam sobre assistência às famílias

Operação faz demolições de moradias e mantém escolas e clínicas família fechadas

“Pro governo eles não querem nossas crianças no colégio não” comenta uma moradora em rede social no início do segundo dia consecutivo de operação policial na Maré nesta terça-feira (20). Na última segunda-feira (19) outro morador indagou: “A gente vai morar na sua casa Tino Junior? Vamos morar na rua?”, em referência ao apresentador do programa Balanço Geral da Record TV que costuma fazer uma cobertura no Conjunto de Favelas da Maré apenas com a perspectiva da violência.

A 25ª operação do ano na Maré é realizada pelas Polícias Civil e Militar em conjunto com a Secretaria de Ordem Pública (SEOP) nas favelas Parque União, Nova Holanda e Rubens Vaz, que conta com o apoio do Ministério Público. 

Apesar da SEOP afirmar que cerca de 90% das casas estavam vazias, observamos um grande número de moradores alegando durante protestos pacíficos que estão ficando sem suas residências. Além disso, operações policiais marcam o psicológico dos moradores. Uma delas comenta: “Eu tô enfurnada dentro de casa com as crianças, não tenho coragem nem de botar a cara na janela, depois de tanta coisa que já passei”.

Em nota, a polícia civil respondeu que “a continuidade da ação é importante não apenas para concluir as demolições, mas também para garantir a integridade dos moradores da comunidade, já que essas construções geram escombros.”

E por falar em integridade, questionamos — desde segunda-feira — a Secretaria Municipal de Habitação sobre a existência de algum plano de reassentamento ou reconstrução das moradias demolidas, e se há um planejamento de inclusão das famílias em programas de habitação social. Também perguntamos à Secretaria de Assistência Social qual assistência está sendo oferecida aos moradores durante e após essas ações, e se existe algum plano de intervenção e atendimento às famílias no local. Nenhuma das perguntas foi respondida pelos órgãos que deveriam também garantir a integridade dos moradores.

Nas redes sociais, o atual prefeito e candidato à reeleição, Eduardo Paes, diz que as divergências políticas não impedem o apoio da prefeitura às forças policiais do governador Cláudio Castro: “Seguiremos firmes combatendo essa indústria imobiliária do crime organizado no Rio”. No entanto, Paes não se pronunciou sobre a situação dos moradores após essas operações.

Quem paga a conta são os moradores

Só esse ano, os alunos da Maré já perderam 24 dias do ano letivo. Esta semana já são dois dias sem aula. Até o momento, 26 escolas, sendo duas da rede estadual e 24 da rede municipal, estão fechadas, impactando a rotina de cerca de 9 mil estudantes. 

Na saúde também há impactos, a Clínica da Família (CF) Jeremias Moraes da Silva que não funcionou na última segunda-feira (19) devido a operação, fechou novamente na manhã desta terça. E a CF Diniz Batista dos Santos seguiu o mesmo protocolo, mantendo o atendimento na unidade, mas com suspensão das visitas domiciliares.

O Maré de Direitos, projeto do eixo Direito à Segurança Pública e Acesso à Justiça, da Redes da Maré, acolhe situações de violações de direitos no WhatsApp (21) 99924-6462 e também nos equipamentos da organização.

Moradores da Maré enfrentam repressão e demolições na 24ª operação do ano

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Moradores fazem protesto contra demolições de residências no Parque União

“Protesto pacífico, mas é assim que eles fazem com o morador, ó! Tá certo isso?”, indaga uma moradora que filma uma outra ferida nas costas com tiros de bala de borracha disparados por um policial durante a 24ª operação policial do ano na Maré. Desde as primeiras horas da manhã desta segunda-feira (19), já havia presença de veículos blindados e circulação de policiais em Nova Holanda e no Parque União.

Em nota, a Secretaria Municipal de Ordem Pública (SEOP) confirma que a operação é a “continuação das demolições de construções irregulares iniciadas na semana passada” e afirma que a “Assistência Social estava presente na operação”.

Há casos de dano ao patrimônio e ameaça. Um jovem chegou a gravar o momento em que foi impedido de entrar na própria casa e o policial o ameaçou: “Enquanto estiver falando longe de mim, pode continuar. Se você passar daqui [dessa linha] você vai ter o resultado que você quer”.

Na operação da última terça-feira (13), a SEOP também informou que havia uma equipe da Secretaria de Assistência Social na operação para atendimento das famílias. No entanto, a Secretaria Municipal de Assistência Social disse, em nota ao Maré de Notícias, que não foi acionada para a mobilização. Em relação a operação de hoje, a Secretaria de Assistência Social não respondeu até o fechamento desta matéria. 

A Secretaria Municipal de Habitação também foi questionada se existe algum plano de reassentamento ou reconstrução das moradias demolidas, além de algum planejamento para inclusão dessas famílias em programas de habitação social, mas não obtivemos retorno.

A Polícia Militar afirmou ser a responsável pela operação e, em nota, contrariou a SEOP, que havia confirmado tratar-se de uma ação de demolição de construções irregulares. Segundo o órgão de segurança, o objetivo da operação é “reprimir o crime organizado local, prender seus integrantes e apreender armas de guerra.” 

A Polícia Civil não respondeu se está ou não na ação, mas há relatos da presença da Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis.

Impactos rotineiros durante operações

“Às 7h dei de cara com o caveirão no Cão Feroz no P.U, assim não dá. Tá demais, agora toda semana?”, comenta um morador nas redes sociais. 

24 escolas, sendo duas estaduais e 22 municipais, estão fechadas, afetando mais de 8 mil estudantes. A Clínica da Família (CF) Jeremias Moraes da Silva suspendeu o funcionamento na manhã desta segunda-feira (19).

Já a CF Diniz Batista dos Santos, apesar de manter o atendimento à população, suspendeu as atividades externas realizadas no território, como as visitas domiciliares.