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Rio chega a 91% dos idosos vacinados para covid; primeira dose para esse grupo será concluída neste sábado

A partir de segunda-feira (26), município passa a imunizar pessoas com comorbidades abaixo de 60 anos. Secretário de Saúde afirma que fila de espera está quase zerada.

Por Eduardo Pierre, G1 Rio, em 23/04/2021 às 9h25

Até esta sexta-feira (23), o Município do Rio aplicou a primeira dose da vacina da Covid em 1.333.223 pessoas, chegando a 91,2% dos idosos cariocas e a 19,8% da população geral.

Os números foram apresentados no 16º boletim epidemiológico da Prefeitura do Rio, que também afrouxou algumas restrições — como a liberação das praias nos dias úteis.

Neste sábado (24), o Rio conclui a aplicação da primeira dose para quem tem 60 anos ou mais. A partir de agora, essa faixa etária não precisa mais esperar um dia específico para tomar o reforço — basta retornar a qualquer posto na data anotada na caderneta de vacinação.

Um guerreiro chamado Jorge

Santo é adotado pelo povo carioca como símbolo de luta

Por Hélio Euclides, em 23/04/2021 às 5h
Editado por Andressa Cabral Botelho

“Vou acender velas para São Jorge. A ele eu quero agradecer. E vou plantar comigo-ninguém-pode. Para que o mal não possa então vencer” Esse refrão da música Pra São Jorge, de composição de Pecê Ribeiro e cantada por Zeca Pagodinho, é uma das dezenas de canções feitas para o santo guerreiro. São milhares de pessoas que matam um dragão todo dia e, com fé, pedem para estar vestidos com as roupas e as armas de São Jorge.

Devido ao apelo popular, em 2001 a data virou feriado municipal carioca. Mas o dia do santo que derrubou até dragão só foi reconhecido como feriado estadual pela Lei nº 5.198, de 2008. Posteriormente, em 2019, com a Lei nº 8393, São Jorge e São Sebastião, os dois soldados guerreiros, foram oficializados como padroeiros do Estado do Rio de Janeiro. Apesar da comemoração ser apenas no dia 23 de abril, é crescente a fé no santo também ao longo do ano, com mais e mais adesivos em carros, estampadas em roupas e tatuagens são vistos pelas ruas da cidade. 

Hoje, existe no Rio um mercado próprio em torno do santo. As vendas acontecem ao longo do ano, mas ganha força no dia 23, principalmente nas redondezas das igrejas cujo santo é padroeiro. É possível encontrar de tudo: toalhas estampadas, camisetas, chapéus, quadros, todas tendo como base as cores vermelha e branca, além das medalhinhas, santinhos de papel e estatuetas. Tudo para reforçar a fé em São Jorge. Sem esquecer das comidas. Além da tradicional feijoada, é possível encontrar barracas vendendo doces, pasteis e churrasquinho.

O santo é tão popular que virou nome de novela, sendo invocado pelos devotos também como protetor dos animais domésticos. São Jorge é cantado por grandes nomes como Caetano Veloso, Jorge Ben Jor, Seu Jorge, Maria Bethânia, Alceu Valença, Jorge Vercillo, Jorge Aragão, Zeca Pagodinho, Alcione, e Racionais MC’s, entre outros. Músicas para todos os gostos, são inúmeras, como Pra São Jorge, Chuva de Cajus, Jorge da Capadócia, Medalha de São Jorge, Líder dos Templários, Espada do Dragão, Alma de Guerreiro, Lua de São Jorge, Ogum/Oração de São Jorge, De Lá, São Jorge Guerreiro, São Jorge, Cavaleiro de Aruanda, Guerreiro de Oxalá, Depois do Temporal, Domingo 23 e Cavaleiro do Cavalo Imaculado.

“São Jorge é o Santo de quem anda na noite , dos sambistas , dos guerreiros . É  o Santo que nos protege dos perigos. Este ano, assim como no ano passado, a festa de São Jorge terá que ser feita em casa, por causa da saúde, esperando uma melhora pro mundo. Vamos todos nos cuidar para que em breve possamos fazer um festão para São Jorge e para todos os santos do Rio de Janeiro e do Brasil”, destaca Zeca Pagodinho, que sempre reforça a sua fé em Jorge nas suas músicas.

Mas não é só o Rio de Janeiro que caiu nas graças do santo. O Corinthians adotou o santo porque, em 1926, inaugurou sua sede no Parque São Jorge, que fica no bairro do Tatuapé, em São Paulo. No Rio, a partir dos anos 1970, o santo passou a estar presente nos desfiles de carnaval. Não há uma pesquisa, mas o que se observa é que a cada ano aumenta o número de seguidores de Jorge. “Com o tempo observei que o santo guerreiro é reverenciado com diversidade. Acredito que o sincretismo que essa data representa é maior que tudo que podemos questionar”, avalia Inês Nogueira, professora que já atuou na Maré. Antes da pandemia, ela fazia a tradicional feijoada para amigos e familiares no dia do padroeiro. 

Uma festa regada a fé e feijoada 

Feijoada de São Jorge na quadra do Boca de Siri. Foto: Elisângela Leite

Assim como a professora, muitos realizam feijoadas em vários locais da cidade. Alexandre de Mello, mais conhecido como Dão, do Grupo Nova Raiz, relembra os festejos. Já fizeram duas edições, nos anos de 2018 e 2019. “Decidimos colocar o nome da nossa feijoada de Guerreiros do Samba em alusão a nossa guerra diária para manter o samba vivo dentro de nossa comunidade. Ano que vem vamos retornar com muita energia essa festa que virou tradição na Maré”, afirma.

Dão explica que o santo é invocado em tantas músicas pela proporção de número de devotos que tem. “Música é inspiração, tanto no momento em que se está deprimido, como em uma oração para se livrar dessa fase, ou quando estamos alegres, para agradecer. Ele é uma divindade que liga religiões, por meio do sincretismo. Ele se confunde entre Jorge e Ogum, na igreja ou no gongá, como diz a música Filhos de Jorge, de Juninho Thybau, Ronaldo Camargo e Jorjão. Quem é devoto consegue flutuar no meio de duas religiões”, diz. O músico percebe que a representatividade vem da população brasileira, que é guerreira. “É um povo que supera as guerras, como essa que estamos passando, não apenas a do vírus. Uma multidão que se apega à força do santo guerreiro para poder se manter de pé”, comenta.

Pelo segundo ano seguido, os fiéis vão precisar se manter em casa e ter fé no santo guerreiro para vencer mais essa demanda até a vacinação chegar a todos. A tradicional festa, que costuma atrair cerca de 1,5 milhões de pessoas em Quintino, na Zona Norte, e 150 mil pessoas no Centro, pode ser transferida para 23 de outubro. Entretanto, para que aconteça, a maioria da população precisa estar vacinada contra o coronavírus. Tanto a igreja de Quintino quanto a do Centro ficarão de portas fechadas para evitar aglomerações. 

Duas missas sem público estão programadas para acontecer às 10h e às 18h nesta sexta-feira e serão transmitidas pelo canal Rede Vida e pelas redes sociais da Igreja de São Jorge de Quintino. A igreja da Praça da República também fará três missas às 7h, 15h e 18h para celebrar a data. 

Igreja de São Jorge da Praça da República. Foto: Andressa Cabral Botelho

História de um guerreiro

Jorge nasceu no século III na Capadócia, região da atual Turquia, mas viveu na Palestina, onde foi capitão do exército romano. Ao enfrentar o imperador Diocleciano ao afirmar ser cristão, foi degolado. Depois de morto, tornou-se padroeiro de Portugal, além de outras diversas cidades, como: Londres, Genova, Moscou e Barcelona. Pelo século V, São Jorge era inscrito entre os maiores santos da Igreja Católica. Com a reforma do calendário litúrgico, realizada na década de 1960, a observância do dia de São Jorge tornou-se facultativa, por não haver documentação histórica, mas apenas relatos tradicionais. Ele foi rebaixado a santo menor, de terceira categoria. Por pressão popular, ocorreu a sua reabilitação como figura de primeira instância em 2000, quando a igreja conferiu nova relevância a São Jorge.

Para devotos, é mais uma das histórias que exaltam mais ainda a admiração pelo guerreiro. “Eu me identifico com São Jorge por ser um santo que teve a coragem de lutar contra o império romano, a favor dos cristãos e defender sua fé. Me impressiona a figura do dragão, entendo que representa o mal. Peço a intercessão dele nos combates do dia a dia”, comenta Vinícius Gama, morador da Vila do João. Ele sempre faz questão de participar de celebrações no dia destinado ao santo, como outros inúmeros cariocas.

Além do catolicismo, o dia 23 também é celebrado pelos umbandistas, que aqui no Rio São Jorge é sincretizado com Ogum. Essa aproximação pode ser historicamente reconhecida na Guerra do Paraguai, quando vários negros participantes do conflito professaram que a vitória na Batalha de Humaitá teria sido fruto da proteção do orixá. 

Ogum é o guerreiro, general destemido e estratégico, é aquele que veio para ser o vencedor das grandes batalhas, o desbravador que busca a evolução. Defensor dos desamparados, Ogum andava pelo mundo comprando a causa dos indefesos, sempre muito justo e benevolente. Ele era o ferreiro dos orixás, senhor das armas e dono das estradas. Irreverente, pois é um orixá valente, traz na espada tudo o que busca.

Esse orixá tem energia masculina, o que o faz buscar vibrações femininas na Lua. Essa relação tem influência da cultura africana. A tradição diz que as manchas apresentadas pela Lua representam o seu cavalo e sua espada, pronto para defender aqueles que buscam sua ajuda. 

A lenda do dragão

Há algumas versões sobre a lenda da morte do dragão. A mais conhecida retrata que às margens de um grande lago na Líbia escondia-se um enorme dragão que aterrorizava a população local. O dragão tinha o hálito venenoso que podia matar toda uma cidade. Uma princesa serviria de oferenda, para conter a fera. Ao passar pelo local e ver a jovem princesa chorando às margens do lago, Jorge subiu no seu cavalo e partiu para cima do dragão, que rosnava tão alto quanto o som de trovões. Mas Jorge não teve medo e enterrou sua lança na garganta do monstro, matando-o. Depois disso, São Jorge virou um símbolo de força e fé.

Jovens e adultos são os que mais devem temer à covid-19, segundo Fiocruz

Na Maré, assim como na cidade e estado do Rio, a maioria dos casos encontra-se na faixa de 20 a 59 anos; pessoas nessas faixas etárias ainda terão que esperar para serem vacinadas

Por Andressa Cabral Botelho, em 22/04/2021 às 19h15

Leandro Marques era um homem saudável, morador de Campo Grande, na Zona Oeste, e estava a três meses de completar 39 anos quando descobriu que estava com covid-19, em setembro do ano passado, quando o número de casos e mortes começava a diminuir. As notícias do seu estado de saúde chegavam pelo grupo da família, onde informaram das duas internações e pediram orações pela sua saúde, mas cerca de 15 dias após testar positivo, ele faleceu. Nos primeiros meses da pandemia, essa história poderia ser uma exceção. Hoje, parece ser uma regra. Dados recentes apontam para um crescimento vertiginoso dos casos entre os mais jovens, que são os últimos da fila da imunização.

Embora a covid-19 ainda apresente letalidade significativa para a população a partir dos 60 anos, as faixas etárias que apresentam os maiores números de casos pela doença compreendem pessoas de 30 a 59 anos. Na cidade do Rio, Leandro encaixava-se justamente na faixa etária que mais tem casos confirmados da doença: 50.275 pessoas entre as 248.600 tinham de 30 a 39 anos até a noite dessa quarta-feira (21). Juntando as três faixas, pessoas de 30 a 59 anos representam 56% dos casos na cidade, de acordo com dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES).

Quanto à juventude, engana-se que por eles serem mais novos que correm menos riscos. Embora os casos sejam mais expressivos entre pessoas de 30 a 69 anos, até o momento a cidade registrou 29.769 casos e 219 mortes confirmadas, totalizando em 12% dos casos do Rio. E mesmo que o número de mortes de jovens seja bastante inferior se comparado a outras faixas etárias (6.001 pessoas entre 70 e 79 anos morreram – é a faixa etária que mais pessoas morreram), ainda é importante não se descuidar.

Entre janeiro e março, o número de mortes aumentou 419% na faixa etária dos 40 a 49 anos e 353% entre pessoas de 30 a 39 anos, segundo Boletim Observatório da Covid-19, da Fiocruz. Caso não haja medidas restritivas para tentar minimizar a circulação do vírus na cidade, como consequência desse aumento pode-se esperar o aumento da fila de leitos de UTI e a impossibilidade de se realizar transferências para outros municípios. O estado, como um todo, tem uma taxa de ocupação de leitos em 87,1%, mas há municípios, como Itaguaí, que tem 100% de ocupação dos leitos de covid-19.

Maré segue a regra da cidade

Assim como no Rio, moradores da Maré que tem de 30 a 59 anos devem ficar atentos aos números, tendo em vista que representam 45,9% da população, segundo o Censo Maré de 2019. Dos 2.140 casos positivos no bairro, 1.163 são de pessoas que estão na faixa etária mencionada. De acordo com dados do boletim Conexão Saúde – De Olho na Covid, pessoas entre 40 e 49 anos são as mais afetadas (22,3%), seguidas por aqueles na faixa etária entre 30 e 39 anos (17,5%), seguidos por quem está entre 50 e 59 anos (14,4%). Num total, as três faixas etárias representam 54,3% dos casos da Maré. Os mais jovens, na faixa de 20 a 29 anos (18,8% da população do conjunto de favelas), também são um número expressivo de casos: foram 310 testes positivos em pessoas dessa idade desde que o programa de testagens começou na Maré, em agosto.

Paulo Barros (33) ficou por meses isolado por medo e por não aparecer nenhum trabalho de audiovisual. Desde janeiro, ele tem saído algumas vezes para fazer alguns freelas fotografando ou filmando em áreas abertas e criou um hábito: dias após fazer os trabalhos, o fotógrafo agendava uma testagem pelo aplicativo da Dados do Bem. Em um desses testes, no final de março, descobriu que contraiu covid-19, porém estava assintomático. Avisou aos familiares – ele mora com a mãe de 59 anos e a avó de 92, que já recebeu a primeira dose da vacina AstraZeneca – e às pessoas com que teve contato durante o trabalho para que também fizessem o teste, mas todos deram negativo. Ficou cerca de 15 dias em quarentena e após esse tempo, fez um novo teste para saber se poderia voltas às atividades.

Ele é um entre as 250 pessoas que testaram positivo na Maré entre 23 de março e 05 de abril, período em que o bairro apresentou um crescimento nos números de novos casos. Neste intervalo de 15 dias, houve um aumento de 89% de casos em relação às duas primeiras semanas de março. No decorrer do mês passado, Paulo percebeu um movimento grande de pessoas nas ruas próximas à sua casa, na Baixa do Sapateiro. Em um mesmo dia, foram três festas com cerca de 30 pessoas cada.

Resultado do superferiado e vacinação

Acompanhando os últimos boletins Conexão Saúde: De Olho na Covid, é possível perceber desde fevereiro, um aumento de novos casos confirmados na Maré, chegando em um pico na semana de 23 de março a 05 de abril, registrando 250 novos casos. A última análise, que compreende dos dias 06 a 19 de abril, aponta para uma queda de 24% no registro de novos casos – foram 152 novos casos nos últimos 15 dias. A análise foi feita justamente nas duas semanas seguintes do superferiado da cidade do Rio, expondo que, pelo menos na Maré, houve uma diminuição da circulação do vírus, que se reflete na redução de números de novos casos.

Dessa forma, o ideal é seguir respeitando as medidas de restrição para que os casos possam reduzir gradativamente, assim como seguir com o uso da máscara e respeitando o distanciamento social sempre que possível enquanto a vacina não está acessível a todos.

A partir do dia 26 de abril, pessoas abaixo dos 60 anos que tem comorbidades começam a ser vacinadas. Entretanto, para muitos ainda há uma longa espera até a chegada da imunização. O site Quando vou ser vacinado? faz uma estimativa de quando as pessoas serão imunizadas, utilizando como base o calendário de vacinação do estado de cada pessoa. Para quem está próximo da terceira idade, mas não possui nenhuma comorbidade, o momento é de espera, já que a vacinação que começa nesta segunda-feira ainda não irá beneficiá-lo. De acordo com o site, uma pessoa de 56 anos receberá a primeira dose do imunizante daqui a quatro meses.

Já aqueles que estão de saída da juventude e entrando na vida adulta, aguardar a vacinação é praticamente uma gestação. Para quem completa 30 anos em 2021, a expectativa de ser imunizado é daqui a 10 meses. 

Operação policial na Maré impede retorno às aulas presenciais e entrega de cestas básicas

Por Redes da Maré, em 22/04/2021 às 16h54

Moradores das favelas Baixa do Sapateiro, Morro do Timbau, Bento Ribeiro Dantas e Nova Maré relataram a presença de cinco carros blindados e dois helicópteros sobrevoando muito próximo as casas a partir das 6h30 da manhã desta quinta-feira (22/04). Os relatos afirmam que, com a proximidade do helicóptero, vidros das janelas e telhas de algumas casas foram danificados. Apesar de um dos helicópteros estar identificado como sendo da Polícia Militar, a assessoria de comunicação da PM negou qualquer tipo de ação na região.

Já a Polícia Civil informou à Redes da Maré que policiais civis da Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme), em conjunto com a Subsecretaria de Inteligência da Polícia Civil (SSINTE) e da Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE) realizaram operação policial com objetivo de desarticular a facção que atua na região.

Após cerca de um ano da suspensão das aulas presenciais por conta das medidas de isolamento social impostas pela pandemia de Covid-19, o município do Rio de Janeiro noticiou a abertura das escolas de ensino fundamental para os dias 21 e 22 de abril. No entanto, as crianças da Maré não tiveram a oportunidade de retornar às aulas por conta de uma operação da Polícia Civil realizada na data de hoje, que atingiu pelo menos quatro favelas e impediu o funcionamento de 46 escolas entre ensino fundamental e Espaço de Desenvolvimento Infantil.

O projeto “Maré de Direitos” coletou depoimentos de moradores sobre diversos tipos de violações de direitos, como invasão à domicílio e dano ao patrimônio. Uma moradora da região relatou à equipe que policiais escalaram sua parede e entraram pela janela do quarto, ela estava nua na cama com seu namorado. Carros e motos que estavam na rua tiveram vidros quebrados e pneus furados. Um morador denunciou ainda que seu carro foi totalmente danificado pela passagem de um blindado na Baixa do Sapateiro.

A Polícia Civil informou que três pessoas morreram em confronto. Segundo relato dos moradores, uma das vítimas teria sido esfaqueada por um policial e o corpo foi retirado pela defesa civil. Até o fechamento desta matéria não tivemos notícia da realização de perícia no local para apurar o homicídio. Os outros dois mortos também não foram identificados. A Polícia Civil também informou que Rubens Ricardo da Silva, conhecido como “Rubinho do Aço”, foi preso na ação.

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a SMS, devido à instabilidade na região da Maré, as unidades de saúde acionaram o protocolo de acesso mais seguro e, para segurança de usuários e profissionais, não abriram nesta manhã. A Coordenadoria Geral de Atenção Primária (CAP) afirmou que, até o dia 19/04, 14.458 pessoas foram vacinadas contra Covid-19 nas unidades de saúde da Maré. Por conta da operação policial desta quinta-feira, cerca de 200 pessoas deixaram de ser vacinadas.

É importante destacar que a proibição das operações policiais em favelas do Rio de Janeiro no período de pandemia decretada pelo ministro do STF em junho de 2020, tem como principal fundamento não causar impactos mais negativos do que os já trazidos pelo cenário imposto pela Covid-19. A decisão do ministro permite operações somente em “hipóteses absolutamente excepcionais”, no entanto, a polícia civil não soube informar qual a excepcionalidade que justifica a realização de uma operação policial que impactou na suspensão de mais um dia de aula e da vacinação na Maré.

Ressaltamos que, com a operação, a entrega das cestas básicas da campanha Maré Diz Não Ao Coronavírus, organizada pela Redes da Maré, não pôde ser realizada nas favelas onde houve operação.

Pobre, favelado e periférico lê, sim!

Em oposição à fala da Receita Federal, coordenadores de bibliotecas comunitárias e escritores ressaltam a importância da leitura

Por Hélio Euclides, em 22/04/2021 às 16h30
Editado por Andressa Cabral Botelho

“Pobre não lê”. Foi essa a justificativa que a Receita Federal deu para acabar com a lei que isenta o mercado de livros de papel de pagar alguns impostos. Na atual conjuntura, tem ficado cada vez mais difícil ter acesso a eles, seja pela diminuição do hábito de leitura, seja pelo aumento do preço dos livros a partir de um novo imposto. Entretanto, bibliotecas comunitárias seguem na contramão desse movimento para mostrar que quando se tem acesso, é possível, sim, consumir livros além dos lidos em sala de aula.

No início do mês de abril foi lançado um documento pela Receita Federal que defende o fim da isenção de impostos para livros. Na prática, a reforma pretende encarecer em 12% o preço final dos livros para os consumidores, fazendo, assim, com que pessoas de baixa renda tivessem cada vez menos acesso à leitura – e à educação, de certa forma. A justificativa para o aumento é que os livros são adquiridos e consumidos pelos ricos, com renda superior a dez salários mínimos. 

No Brasil, 52% das pessoas  têm o hábito de ler e são lidos cerca de 4,2 livros por ano. Um número baixo, se comparado à França, onde a população lê 21 livros ao longo do ano. Entretanto, o Brasil perdeu 4,6 milhões de leitores entre 2015 e 2019, segundo levantamento do Instituto Pró-Livro, em parceria com o Itaú Cultural. A leitura é a 10ª na lista de atividades de lazer, ficando atrás de ficar na internet e assistir televisão. Vitor Tavares, presidente da Câmara Brasileira do Livro, vê nas “desigualdades econômicas e estruturais, somadas à falta de políticas permanentes e eficientes para o incentivo à leitura” o motivo para o baixo desempenho na leitura no país. 

Incentivo à leitura

Por outro lado, autores estimulam o hábito de abrir um livro. É o caso da escritora Thalita Rebouças, campeã de venda de livros direcionados ao público adolescente, que visitou em 2011 a Biblioteca Comunitária Lima Barreto, na Nova Holanda. Na época, escritora teve um encontro com crianças e adolescentes da Maré e fez questão de incentivar a leitura. “Quem lê não tem erro na fala e ainda se sobressai na entrevista de emprego. O hábito de leitura é bom para o futuro do estudante”, exaltou. Sobre a repercussão de seus livros, ela destacou a importância de se poder estar próxima dos leitores. “É uma alegria maior do que ter 20 aviões. Meus livros aproximam os professores dos alunos, e os pais dos filhos”, concluiu.

Esse é o mesmo pensamento de Adriana Kairos, escritora e moradora do Parque União. Ela criou o projeto A Literatura dos Espaços Populares Agora (Alepa), que estimula e apresenta a produção poética e ficcional de autores oriundos de periferias. “O livro é o melhor amigo. Por ele se viaja para outros mundos, se conhece outras pessoas, culturas e outros universos possíveis e impossíveis. A leitura nos faz sonhar com um mundo mais justo e fraterno. O livro, seja ele digital, áudio ou físico, como conhecemos, é maravilhoso”, comenta.

Kairos conta que em viagens que fez pelo país pôde acompanhar cidades que não têm uma sala de leitura. Outro problema é encontrar livros para pessoas com deficiência visual. “Eu sofro por não achar nada de autores de favela como áudio livro. Eu penso na possibilidade de trabalhar com livros para cegos e baixa visão”, diz. Para ela, ainda há muita dificuldade de acesso ao livro e que não acredita na história que brasileiro não gosta de ler. 

Para a classe popular, o acesso a esse bem é extremamente caro. Ou escolhe comprar um quilo de carne, que custa R$ 40, ou um livro. Nós que conhecemos o livro sabemos da importância e valor que ele tem, mas a fome tem pressa. Acho absurdo o governo federal ser favorável ao aumento do valor do livro, com justificativa que pobre não precisa ter acesso aos livros”.

Adriana Kairos, escritora e criadora do projeto Literatura dos Espaços Populares Agora (Alepa)

Biblioteca é o caminho para a leitura

A integrante da Academia Brasileira de Letras, Nelida Piñon, chegou a visitar por duas vezes a biblioteca comunitária que leva o seu nome, em Marcílio Dias. A escritora, em ambas as vezes, doou livros como forma de incentivo à leitura. Na primeira visita à biblioteca, em 2011, a escritora disse que a palavra é fundamental e que a colocou no livro como forma de expressão. Geraldo Oliveira, idealizador da biblioteca, acredita que o livro é a ferramenta mais transformadora e impactante que as pessoas conhecem. Ele ainda defende a importância das bibliotecas periféricas como forma de disponibilizar livros sem burocracia e acesso aos livros a quem mais precisa. 

Para Oliveira, há dificuldades para a aquisição de livros, mas é preciso ter força de vontade. “Não é uma questão de prioridade para os brasileiros, mas quem gosta de ler pode adquirir bons livros a preços acessíveis; inclusive nas bienais e nas feiras de livros. Sem os livros, a humanidade estaria fadada à profunda escuridão e ao fracasso. O livro é vida, direção e o caminho que leva à educação”, comenta. Ele critica que as pessoas se afastam do livro para dar preferência à internet e às redes sociais. “Hoje, as pessoas querem tudo para ontem, perdem muito tempo com bobagens e não tem disposição nem paciência para ler um bom livro”, expõe. 

Outro espaço na Maré é a Biblioteca Comunitária Luciana Savaget, do Instituto Vida Real, que conta com quase 5.000 livros. Sebastião Araújo é o coordenador e defende a criação de mais bibliotecas. Ele conta que antes da pandemia realizava o projeto Fábrica de Bibliotecas, no qual recolhia livros e depois levava para a casas de moradores, com o objetivo de montar pequenos espaços de leituras.

Araújo faz críticas aos valores dos livros. Como opção, ele defende que o governo faça doações de livros para a população ou ofereça condições da pessoa adquirir uma obra literária. “Um cara que ganha um salário mínimo, pode ter certeza que vai faltar alguma coisa dentro de casa”, diz. Outro ponto marcante é sua posição positiva ao livro tradicional de papel. “O livro físico se manipula mais, o que estimula a memória do leitor”, finaliza.

Anote a relação de bibliotecas na Maré:
Biblioteca Comunitária Nélida Piñon
Travessa Luiz Gonzaga, 58 – Marcílio Dias.
Biblioteca Comunitária Infantil Maré de Luz
Rua São Pedro número, 26, 3° andar – Parque União. 
Biblioteca Comunitária Semente
Rua Joana Nascimento, s/n – Baixa do Sapateiro.
– Biblioteca Popular Escritor Lima Barreto 
Rua Sargento Silva Nunes, 1.010 – Nova Holanda.
Biblioteca Bela Maré (Galpão Bela Maré)
Rua Bitencourt Sampaio – Nova Holanda.
Biblioteca Comunitária Luciana Savaget
Rua Teixeira Ribeiro, s/n – Nova Holanda
– Biblioteca Paulo Freire
Rua dos Caetés, 07 – Morro do Timbau.
– Biblioteca Popular Municipal Jorge Amado 
Rua Ivanildo Alves, s/n – Nova Maré.
– Biblioteca Elias José
Avenida Guilherme Maxwell, 26 – Morro do Timbau.
– Ônibus-biblioteca Livros nas Praças 
Rua Tancredo Neves s/n – Nova Maré.

Datas importantes relacionadas à leitura:

07 de janeiro: Dia do leitor
02 de abril: Festa Internacional do Livro Infantil. 
18 de abril: Comemoração do aniversário do autor Monteiro Lobato, com o Dia Nacional do Livro Infantil.
23 de abril: Dia Internacional do livro, com homenagem a William Shakespeare, Miguel de Cervantes, e Inca Garcilaso de la Vega. 
12 de outubro: Dia Nacional da Leitura e celebração da Semana Nacional da Leitura e da Literatura no Brasil.
29 de outubro: Fundação da Biblioteca Nacional, em 1810. 

Saúde inaugura posto de vacinação no Museu do Campo dos Afonsos

Por Prefeitura do Rio, em 22/04/2021 às 14h25

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) inaugura nesta quinta-feira (22), às 9h, um posto de vacinação contra a covid-19 em sistema drive-thru no Museu Aeroespacial do Campo dos Afonsos, na Zona Oeste. Neste dia, a vacina é destinada a mulheres de 60 anos e profissionais de saúde de 46. Gestantes de qualquer idade que tenham comorbidades preexistentes também podem se vacinar, mas devem apresentar laudo com a indicação médica.

Nesta semana, o município do Rio conclui a vacinação para todas as faixas de idades dos idosos, a partir dos 60 anos. Já na próxima segunda-feira, dia 26, inicia o atendimento a outros grupos prioritários, incluindo algumas categorias profissionais, como trabalhadores da educação (pública e privada) e de forças de segurança, sempre com escalonamento por idade. Os calendários oficiais de vacinação contra a covid-19 no município do Rio estão disponíveis no link: https://coronavirus.rio/vacina

A SMS já havia inaugurado esta semana um posto de vacinação extra na quadra da Portela, em Madureira. O drive-thru do Museu Aeroespacial funcionará de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, e sábados, das 8h ao meio-dia, facilitando o acesso da população à imunização