Home Blog Page 333

O retorno (ou não) das aulas e a vida dos responsáveis, estudantes e professores

0

Com tantas incertezas, como fica a dinâmica de responsáveis, alunos e profissionais da educação?

Por Kelly San, em 07/04/2021 às 10h

Editado por Edu Carvalho

Na manhã de ontem, terça (6/4), o presidente do Tribunal de Justiça do Rio, Henrique Carlos de Andrade Figueira, atendeu um recurso da prefeitura para derrubar a liminar da juíza da 2ª vara e determinou a volta às aulas presenciais na rede municipal para hoje, quarta-feira, 7/4, citando o Comitê Científico do município para fomentar sua decisão

Com tantas mudanças que impactam o calendário letivo, sem saber o que fazer encontram-se estudantes, responsáveis e professores. É o meu caso. Mãe de um aluno matriculado na rede municipal, muitas vezes fiquei atordoada com as medidas tomadas pela Prefeitura em relação ao retorno das atividades escolas presenciais – e também online. O sentimento de confusão e mãos atadas é compartilhado todos os dias dentro desse contexto. 

A Prefeitura do Rio, desde o começo do ano de 2021, disponibilizou um canal em TV aberta e para facilitar o acesso às atividades, criou  um aplicativo  que chama RioEduca em Casa, que auxilia o ensino dos alunos da rede em casa. Mas algumas mães ouvidas por nossa reportagem disseram não conseguir acessar o aplicativo. A outra alternativa de ensino adotada pela Prefeitura é através de plataformas online de vídeo-chamadas .

Na Maré, segundo o Censo feito em 2019, somente 36,7% dos domicílios têm acesso à internet. Para se conseguir manter o contato e não perder de vista nenhum exercício para os alunos, professores fizeram grupos de Whatsapp com responsáveis, onde podem enviar as tarefas a serem feitas e revisadas por mensagens. “Não está sendo fácil. Ficamos com angústias, tentando trabalhar online, mas não estamos conseguindo. Precisamos desse retorno das aulas, mas a escola atual não contempla a segurança sanitária necessária” lamenta Ana Paula (nome fictício) de 42 anos, professora da rede municipal.  

Mas nem todo mundo consegue conexão para entrar numa dessas listas de transmissão, e a comunicação demora a chegar. “Eu nem sabia que estava tendo aula para alguns alunos, só fiquei sabendo por que fui buscar apostila no colégio” comenta Vany Braz, de 37 anos, mãe da Letícia e da Lorena.

Para manter a rotina, muitas mães têm de se desdobrar em mil para não deixar a peteca cair. Além de cuidar da casa e do trabalho, acumulam a tarefa de acompanhar, diariamente, os filhos enquanto fazem trabalhos escolares, e vem o reflexo da distância da sala de aula dentro da própria casa. “Senti que meu filho piorou muito em relação ao ensino. As aulas poderiam voltar presencialmente e as professoras deveriam ter prioridade na vacina” comenta Cinthia Araújo, de 30 anos, mãe do Caio de 10 anos que está no 5° ano.

O governador em exercício do Rio de Janeiro, Claudio Castro (PSL), anunciou no fim de março que profissionais da segurança e da educação serão incluídos como prioridade de vacinação contra Covid-19. Já o prefeito do Rio, Eduardo Paes, em entrevista ao RJTV, reiterou que em breve irá anunciar o novo calendário para vacinação para o setor. Até o  momento, profissionais de educação seguem sem data no cronograma de vacinação do estado e município.

Ensino remoto encontra dificuldades para ser acessível 

No grupo Especiais da Maré, com mais de 400 responsáveis cadastrados, a finalidade da união foi reivindicar melhorias nas condições de vida de pessoas com deficiências na Maré. Valéria Viana, uma das gestoras da iniciativa, sinaliza que com o ensino a distância, alunos têm sentido dificuldades por não terem acessibilidade contemplada. A irmã de um aluno com autismo nos contou que tem enfrentado muitos problemas para se adaptar ao modo de ensino remoto, ela relatou que não existe nenhuma atividade para o aluno e nem se quer um contato com professor pelos grupos de Whatsapp”. O vazio do ensino é preenchido pelo abandono: “ A classe de especiais de algumas escolas foram esquecidas com essa metodologia”, completa. 

Valéria conta também que, com a dificuldade do momento atual, é difícil que as crianças e jovens entendam a complexidade do vivido. “Nossos filhos não entenderam ainda o que pode ou não pode fazer [como medida de segurança da covid]. Não estamos prontas para voltar presencialmente e há um impasse, mas infelizmente o ensino remoto não funcionou para a maioria. O desejo de todas as mães é voltar, mas de forma segura”, aponta.

Em nota pela liberação do retorno às aulas, o Sindicato Estadual de Educação do Rio de Janeiro, o SEPE, ‘’lamenta a decisão da Presidência do Tribunal de Justiça (TJ RJ), que derrubou no final da manhã de 6/4 a liminar proferida no domingo (dia 4/4) e ratificada na segunda-feira (dia 5/4) pela 2ª Vara de Fazenda Pública desta mesma corte que proibia a reabertura das escolas no município do Rio de Janeiro. A decisão que o TJ acaba de tomar desconsiderou a bandeira roxa e outros índices, como morte e ocupação de leitos”.  

Nós entramos em contato com a Secretaria Municipal de Educação para informações sobre a plataforma online de atividades, a acessibilidade e o calendário de vacinação para os professores, mas não obtivemos resposta até o fechamento desta matéria. 

Olhem para a fome: pesquisa revela que 19 milhões de brasileiros enfrentam a insegurança alimentar no dia a dia

0

Inquérito Nacional sobre contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil é desenvolvido pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar 

Por Redação, em 06/04/2021 às 11h17

Insegurança alimentar é quando alguém não tem acesso pleno e permanente a alimentos. Hoje, em meio à pandemia, mais da metade da população brasileira está nessa situação, nos mais variados níveis: leve, moderado ou grave. E a insegurança alimentar grave afeta 9% da população – ou seja, 19 milhões de brasileiros estão passando fome.

O Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, desenvolvido pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede PENSSAN), como parte do projeto VigiSAN, foi realizado em 2.180 domicílios nas cinco regiões do país, em áreas urbanas e rurais, entre 5 e 24 de dezembro de 2020.

Segundo a pesquisa VigiSAN, a insegurança alimentar cresceu em todo país, mas as desigualdades regionais seguem acentuadas. As regiões Nordeste e Norte são as mais afetadas pela fome.

Em 2020, o índice de insegurança alimentar esteve acima dos 60% no Norte e dos 70% no Nordeste – enquanto o percentual nacional é de 55,2%. Já a insegurança alimentar grave (a fome), que afetou 9,0% da população brasileira como um todo, esteve presente em 18,1% dos lares do Norte e em 13,8% do Nordeste.

Nordeste apresentou o maior número absoluto de pessoas em situação de insegurança alimentar grave, quase 7,7 milhões. Já no Norte, que abriga apenas 7,5% dos habitantes do Brasil, viviam 14,9% do total das pessoas com fome no país no período.

Além disso, a conhecida condição de pobreza das populações rurais, sejam elas de agricultores(as) familiares, quilombolas, indígenas ou ribeirinhos(as), tem reflexo importante nas condições de segurança alimentar. Nessas áreas, em todo o país, a fome se mostrou uma realidade em 12% dos domicílios.

Os rostos de quem sente a falta

Nos dados de 2020, em 11,1% dos domicílios chefiados por mulheres os habitantes estavam passando fome, contra 7,7% quando a pessoa de referência era homem. Das residências habitadas por pessoas pretas e pardas, a fome esteve em 10,7%. Entre pessoas de cor/raça branca, esse percentual foi de 7,5%.

A fome se fez presente em 14,7% dos lares em que a pessoa de referência não tinha escolaridade ou possuía Ensino Fundamental incompleto. Com Ensino Fundamental completo ou Ensino Médio incompleto, caiu para 10,7%. E, finalmente, em lares chefiados por pessoas com Ensino Médio completo em diante, despencou para 4,7%.

Brasil: o planeta fome e de outras pandemias

A fome vem acompanhada de muitas outras carências, destacadamente a falta de água. A insegurança hídrica, medida pelo fornecimento irregular ou mesmo falta de água potável, atingiu em 2020 40,2% e 38,4% dos domicílios do Nordeste e Norte, respectivamente, percentuais quase três vezes superiores aos das demais regiões.

O abastecimento irregular de água é uma das condições que aumentam a transmissão pessoa a pessoa da Covid-19, ocorrendo com maior frequência em domicílios e regiões mais pobres do país.

A relação entre a insegurança alimentar e a insegurança hídrica é incontestável. Segundo a pesquisa VigiSAN, a proporção de domicílios rurais com habitantes em situação de fome dobra quando não há disponibilidade adequada de água para a produção de alimentos (de 21,8% para 44,2%).

Os direitos que são negados

Em tempos de Covid-19, no entanto, os desafios são maiores. O sucesso da garantia do direito humano à alimentação adequada, alcançado até 2013, foi progressivamente revertido a partir de 2014, e ganhou impulso negativo maior com o início da pandemia da Covid-19.

Famílias que solicitaram e receberam parcelas do auxílio conviviam com alta proporção de insegurança alimentar moderada ou grave (28%), o que enfatiza a grande vulnerabilidade desse grupo. Sem uma resposta adequada dos governos em forma de políticas públicas, a fome vai persistir – e aumentar.

A escalada da fome durante a pandemia não é de responsabilidade de um vírus, mas de escolhas políticas de negação e da ausência de medidas efetivas de proteção social.

CEDAE interrompe Sistema Guandu; reabastecimento pode levar até 48 horas para ser normalizado

0

Por Edu Carvalho, em 06/04/2021 às 09h40

A Cedae colocará em operação amanhã, quarta-feira (07/04), o novo sistema de bombeamento do Rio Guandu para a Lagoa Grande que irá renovar a água reduzindo os fatores que contribuem para a concentração de algas produtoras da geosmina/MIB. Como ação conjunta, a Companhia fará a manobra de abertura das comportas do Guandu na noite desta terça-feira (06/04) para acelerar o processo de renovação. A manobra das comportas consiste no escoamento com maior volume e velocidade da água da lagoa. Para a medida, será preciso interromper a atividade da ETA Guandu das 19h de hoje (06/04) até as 07h de amanhã (07/04). O abastecimento pode levar até 48 horas para ser normalizado.

Após essa ação, a bomba será ligada. A operação integra o conjunto de medidas que a companhia vem adotando para controlar a geosmina/MIB – substância produzida por algas que aumentam principalmente devido ao calor, água parada e nutrientes. A bomba será implantada antes da captação de água da estação de tratamento e também vai ajudar a promover a renovação da água da lagoa.

Com esta manobra somada à operação da bomba, a Cedae espera conter a proliferação das algas produtoras da substância. Importante destacar que a solução definitiva para o problema da geosmina/MIB virá com a obra de proteção da tomada de água da ETA Guandu, que já tem data para licitação: 1º de junho. A intervenção prevê a construção de um dique para impedir que as águas dos rios Ipiranga, Queimados e Poços se misturem às do Rio Guandu. A obra, investimento de aproximadamente R$ 132 milhões, tem duração prevista de 24 meses.

A Cedae informa que coleta diariamente amostras de água na captação, na estação de tratamento e na rede de distribuição para controle da qualidade. Os resultados são publicados com transparência para que a população possa acompanhar aqui.

Organizações comunitárias promovem ações junto à Enel em prol da Eficiência Energética

0

Por Rio On Watch, em 05/04/2021 às 16h

Esta matéria faz parte de uma série sobre justiça e eficiência energética nas favelas do Rio, numa parceria com o Núcleo de Estudos Críticos em Linguagem, Educação e Sociedade (NECLES), da UFF, para que seja utilizada como um recurso pedagógico em escolas públicas de Niterói.

Um dos intentos da justiça energética está na busca de diálogos participativos sobre o modelo energético atual e formas de otimiza-lo; e também alternativas que permitam modelos energéticos saudáveis, inclusivos, que respeitem os direitos humanos e que se adequem aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Nesse contexto, apresento aqui ações de conscientização e capacitação que ocorrem em São Gonçalo, no bairro Jardim Catarinamaior loteamento da América Latina—para uso racional de energia elétrica, visando reduzir o consumo de energia e evitar o desperdício na comunidade. Tais ações são fruto de parcerias de organizações comunitárias com a prestadora de serviço de energia elétrica, Enel.

Jardim Catarina. Foto da página no Facebook do CCJC

O histórico das ações em parceria com a Enel, que já ocorreram e ocorrem no bairro, perpassam por duas organizações comunitárias, a Associação dos Moradores e Amigos do Jardim Catarina (AMAJAC), e o Centro Comunitário do Jardim Catarina (CCJC)

As ações acontecem no escopo dos projetos da Enel: Enel Compartilha Consumo Consciente, que promove palestras e oficinas sobre consumo consciente para compartilhar dicas e práticas para reduzir o consumo de energia e evitar o desperdício; Enel MóvelLuz SolidáriaEnel Compartilha Liderança em Rede e Enel Compartilha Empreendedorismo

Parceria Entre a AMAJAC e a Enel

De acordo com Policarpo Meireles, coordenador do AMAJAC, “a Enel atuou com intuito de realizar palestras de conscientização, mas também de ajudar na parte social no que se refere ao atendimento à comunidade, de 2004 até 2015, que foi o ano em que ocorreram mudanças no gerenciamento dos projetos sociais devido à [mudança na] gestão interna da empresa [o que afetou] essa atuação nas comunidades vulneráveis”.

A AMAJAC em parceria com a Enel conseguiu ampliar os locais de atendimento humanizado à população local recebendo o projeto Enel Móvel. Atualmente, o polo de atendimento da Enel Móvel no Jardim Catarina é na AMAJAC. Os serviços oferecidos pela Enel Móvel são: a troca de titularidade, cadastro na tarifa social, e parcelamento reduzido. Policarpo afirma em entrevista a importância de um atendimento humanizado: “Houve uma preocupação da coordenação do AMAJAC em humanizar o trabalho e não atender como se estivesse em uma loja física”.

Segundo Policarpo, o atendimento ocorre duas vezes na semana e a demanda tem crescido constantemente devido ao verão. Ocorrem buscas de em média 80 pessoas por mês procurando ajuda na Enel Móvel para segunda via de contas e formalização de parcelamentos.

Como parte das ações da Enel, em parceria com a AMAJAC, ocorreram oficinas sobre selos de eficiência energética e consumo, trocas de lâmpadas, trocas de geladeiras, e substituição da parte elétrica das casas—quando a família não possuía condição de trocar a parte elétrica da residência para reduzir o consumo.

“As palestras realizadas pela Enel têm em média 100 a 105 pessoas presentes na Associação, algumas com interesse em conhecer mais sobre a prestação do serviço e outras com intuito de realizar a troca de lâmpadas e geladeiras. Na última reunião, em 19 de janeiro, estiveram 105 pessoas presentes participando da palestra e trocando as lâmpadas”, contou Policarpo.

A parceria da AMAJAC com a Enel também realizou o projeto de um telecentro na comunidade, que equipou uma sala com dez computadores, mesas e cadeiras e ofereceu cursos de informática para jovens e adultos. Este projeto aconteceu nos anos de 2015, 2016 e 2019 respectivamente, com atendimento de 180 alunos na primeira fase, segunda fase com 160 alunos e a terceira com 240 alunos.

Policarpo acredita que ainda há muito para ser feito, e que o que foi feito até aqui contribuiu muito para a comunidade local, conscientizando a população através de capacitações, oficinas e palestras. Desde março de 2020 a Enel não está realizando os atendimentos na associação, devido à pandemia da Covid-19. Policarpo considera a falta desse atendimento comunitário uma perda muito grande para a comunidade.

Parceria Entre a CCJC e a Enel

Já são outras as ações comunitárias realizadas na parceria do Centro Comunitário do Jardim Catarina (CCJC) com a Enel. Lá, a empresa oferece os serviços: Enel Compartilha Liderança em Rede, Enel Compartilha Empreendedorismo e Luz Solidária. 

Rosilene Rodrigues, coordenadora do CCJC, afirma que o Enel Compartilha Liderança em Rede ocorreu, algumas vezes, no CCJC em forma de oficinas informativas com os moradores. Para essas oficinas, geralmente, a Enel envia um palestrante que traz como material uma maquete de uma casa montada com eletricidade, explicando sobre: a economia de energia, quais ferramentas possibilitam poupar energia para diminuir o consumo, quais os cuidados que se devem ter com aparelhos eletrodomésticos, a diferenciação das tecnologias atuais para as antigas e os selos dos eletrodomésticos—que informam pela letra qual grau de eficiência o aparelho representa. 

Os participantes das oficinas podem efetuar a troca de lâmpadas incandescentes ou fluorescentes por lâmpadas de LED, proporcionando economia na conta de luz e contribuindo para a preservação do meio ambiente e dos recursos naturais. Na ocasião das oficinas, ocorreu também a troca de geladeiras antigas por geladeiras novas com selo de eficiência energética de menor consumo energético. 

De acordo com Inmetro, em caso de aparelhos domésticos a gás, que alcancem os menores índices de consumo do combustível, é concedido o Selo Conpet. Já para os equipamentos eletrodomésticos é concedido anualmente o Selo Procel, “que tem por objetivo orientar o consumidor no ato da compra, indicando os produtos que apresentam os melhores níveis de eficiência energética dentro de cada categoria”.

No escopo do projeto Enel Compartilha Liderança em Rede, a empresa é acionada por lideranças comunitárias locais caso exista algum problema no fornecimento de energia na comunidade. As lideranças dos centros comunitários podem acionar atendimento via WhatsApp, identificando as demandas e necessidades efetivas de cada grupo e solicitando imediatamente alguns serviços, como: falta de luz em residências, um poste com problemas, ou uma árvore que precisa ser podada. Rosilene afirma que o projeto Enel Compartilha Liderança em Rede realiza reuniões mensais com cada rede na sede da Enel, porém devido à pandemia da Covid-19 estes encontros estão ocorrendo remotamente, permitindo um canal direto de comunicação para identificar as principais demandas da localidade e criar uma relação de confiança e cumplicidade entre a empresa e a população. 

Existe também o projeto Enel Compartilha Empreendedorismo, onde são promovidos encontros entre os parceiros, no qual grupos que trabalham com empreendimentos e artesanatos participam de uma reunião de capacitação mensal, englobando editais, direitos humanos e oficinas de inserção no mercado empreendedor. Este também segue sendo executado remotamente, devido à pandemia da Covid-19. 

Por fim, o Projeto Luz Solidária ocorreu uma única vez no espaço do CCJC, com o objetivo de qualificar jovens para o mercado de trabalho na área de informática, oferecendo cursos de capacitação em montagem e manutenção de computadores para jovens entre 16 a 29 anos.

Rosilene enxerga a parceria de forma pragmática, com foco na missão do CCJC: em dar suporte aos moradores. A Enel, como uma grande empresa privada, por sua vez está focada em prestar seu serviço e agir conforme a lei dentro dos municípios vulneráveis. Com isso, o centro comunitário não participa de todas as ações que são propostas pela Enel.

Ela afirma: “Quando o CCJC participa das ações empreendedoras e solidárias estamos atendendo as necessidades dos moradores de Jardim Catarina através das oficinas e cursos. Quando a Enel solicita que façamos visitas externas para identificar furto de energia, trocas de postes, consertos em relógios de energia e alguns outros serviços, entendemos que eles têm equipes de funcionários remunerados para esse tipo de serviços, daí não participamos. Quando entendemos que os projetos beneficiam aos moradores para uma emancipação, daí participamos”.

De acordo com Rosilene, é notável que a maioria dos participantes consegue realizar a economia de energia em casa, pois geralmente no dia das ações é feito o cadastro das pessoas e a Enel realiza a pesquisa para saber como está o consumo. No CCJC, totalizando entre projetos e ações pela eficiência energética, o público atendido foi em torno de 600 pessoas. O projeto atendia cerca 100 pessoas semanais e as reuniões mensais de eficiência energética recebiam entre 50 a 60 pessoas.

Dona Lurdes, 65 anos, moradora antiga do bairro que já participou das atividades desenvolvidas no CCJC, relatou que “nas reuniões que participei pude aprender bastante coisa: aprendi a economizar energia, aprendi a ser mais organizada em casa, aprendi a cuidar mais das lâmpadas. Ganhei muitas lâmpadas e consegui trocar quase todas da minha casa. Foi muito bom, aprendi muitas coisas”.

Bruno, 25 anos, jovem que já participou das oficinas anteriores afirma que “foram muito boas as reuniões, valeram a pena. Infelizmente agora não têm mais, podia voltar. Aprendi coisas que já havia escutado, são pequenos detalhes que a gente até sabe, mas não executa e quando segue as dicas vê a diferença”.

A partir das ações relatadas, fica claro que para atividades que envolvem parcerias de empresas e organizações externas com organizações comunitárias, é necessário descobrir o que se encaixa para a comunidade, e assim buscar os meios para que essas ações causem impacto na vida da população. 

No Jardim Catarina, essas escolhas foram baseadas em atuação transversal junto aos centros comunitários no bairro, onde o canal entre os centros locais e a empresa é o principal caminho de construção e solicitação de serviços benéficos aos moradores. Deste modo, os centros comunitários atuam como disseminadores de informações e proporcionam a atuação dos projetos, oficinas e atendimentos oferecidos pela Enel, de modo que o morador não precise se deslocar até uma loja física para resolver pendências.

No Jardim Catarina, percebe-se que a participação cidadã fomentada pela AMAJAC, o CCJC e diversos movimentos sociais existentes no bairro tornou possível a disseminação das ações da Enel que tratam sobre eficiência energética, além de várias outras pautas. 

Sobre a escritora: Nascida e criada em São Gonçalo, Marcyllene Santos tem 25 anos, é graduanda em ciência ambiental pela UFF e articuladora educacional atuante em educação em periferias. É fundadora da organização comunitária Nós por Nós – Por mais direitos e menos desigualdade social.

Sobre o artista: David Amen é cria do Complexo do Alemão, co-fundador e produtor de comunicação do Instituto Raízes em Movimento, jornalista, grafiteiro e ilustrador.

Esta matéria faz parte de uma série sobre justiça e eficiência energética nas favelas do Rio. Para contribuir com esta pauta, clique aqui.

Covid sem recreio

Professores das escolas municipais da Maré avaliam o retorno das aulas presenciais no momento de agravamento da covid-19 nas favelas do Rio

Maré de Notícias #123 – abril de 2021

Edilana Damasceno/data_labe

Edição: Fred Di Giacomo

Crianças com seu processo de alfabetização atrasado, pais que precisam trabalhar e não têm com quem deixar seus filhos, e professores que não se adaptam ao ensino remoto: fatores como esses levaram as autoridades a retomar as aulas presenciais na rede municipal no fim de fevereiro, desde que as unidades se adequassem a uma lista de requisitos, como reduzir a quantidade de alunos por turma e instalar dispositivos de álcool em gel. As consequências da covid-19, no entanto, não se restringem apenas a adaptações na estrutura física.

Ao falar da pandemia, é necessário entender que seus efeitos chegam com mais força em lugares específicos, e as favelas estão entre eles. Segundo dados do Painel Unificador da Covid-19 nas Favelas do Rio de Janeiro, são mais de 34 mil casos da doença, ultrapassando os 3.600 óbitos confirmados. O Complexo da Maré lidera o ranking, com cerca de 3.300 casos e mais de 170 mortos.

A professora Aline (nome fictício) conhece de perto esses números. Ela perdeu a esposa para a covid-19. Aline conta que sua companheira, também professora, não fazia parte do grupo de risco. Hoje, ela tenta, com dificuldades, reconstruir sua vida: “Jamais vou superar o fato de ter perdido o grande amor da minha existência”.

A professora também ficou internada em decorrência da infecção e, psicologicamente abalada, teme se contaminar novamente quando voltar a dar aulas presenciais: “Não estou voltando por vontade própria, mas sim, porque a sociedade não aprendeu nada com esse vírus”.

Antes da suspensão das aulas de 26 de março até 4 de abril, as escolas municipais retomaram o ensino presencial de forma gradual. Na Maré, as unidades começaram a reabrir em 24 de fevereiro. De acordo com a Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, até a primeira quinzena de março, 271 unidades cariocas já recebiam alunos, sendo quatro delas na Maré.

“Os professores estão com medo, pois alguns vivem com pais, filhos e outros familiares também com medo e, ao mesmo tempo, eu sinto que a maioria dos professores não está bem psicologicamente com essas aulas online”

Juliana Cantinin, professora

Sem estrutura para retorno

A falta de estrutura nas unidades da Maré dificultou ainda mais a adequação aos protocolos de segurança da Prefeitura. É o caso da Escola Municipal Helio Smidt, onde trabalha Juliana Cantinin, de 28 anos. A professora de música conta que a unidade não possui as condições sanitárias necessárias para o retorno às aulas presenciais. “A gente está lutando separado, porque eu não tenho direcionamento de cima”, desabafa. 

Cria do Complexo do Alemão, Juliana acrescenta que a falta de políticas públicas que deveriam ter sido implantadas no início da pandemia afeta professores, alunos e seus pais. Segundo a professora, há várias perspectivas de um só problema: “Os professores estão com medo, pois alguns vivem com pais, filhos e outros familiares também com medo e, ao mesmo tempo, eu sinto que a maioria dos professores não está bem psicologicamente com essas aulas online”. Além disso, há o sofrimento das famílias de alunos: “Os pais estão desesperados. Eles estavam sendo obrigados a trabalhar presencialmente e era a escola que ficava com seus filhos.”

Os temores dos profissionais da educação e das famílias não são infundados: entre 24 de fevereiro e 9 de março, foram confirmados 56 casos de covid-19 nas 120 escolas que já haviam retomado as aulas presenciais. De acordo com o aplicativo Alerta Covid RJ, que reúne as notificações de contaminação da comunidade escolar, 33 registros são de profissionais na educação e os outros 23, de estudantes. Como as favelas da Maré são territórios ainda mais vulneráveis, onde faltou assistência social do Estado durante a pandemia, a reabertura das escolas torna a situação ainda mais grave.

A Secretaria Municipal de Educação nos informou por e-mail que “o retorno é optativo para os alunos, e cabe aos responsáveis pelo estudante a escolha quanto ao retorno às aulas presenciais, quando estes forem menores de 18 anos. E os professores que tiverem comorbidades não atuarão nas escolas, mas, sim, no modo remoto”.

Justiça do Rio suspende retorno de aulas presenciais

0

Volta estava marcada a partir desta segunda-feira, 5 de abril

Por Redação, em 05/04/2021 ás 10h

A Justiça do Rio de Janeiro determinou a suspensão do retorno das aulas presenciais nas escolas públicas e privadas que funcionam no município do Rio. Creches e outros estabelecimentos de ensino estavam autorizados a abrir a partir de hoje (5), por um decreto municipal, depois do ‘superferiado’ de dez dias.

A decisão, em caráter liminar, foi tomada pelo Plantão Judiciário ontem (4), a pedido de um grupo de vereadores e deputados estaduais. O Ministério Público do Rio (MPRJ) se opôs à suspensão.

A Justiça considerou que o município do Rio está classificado como bandeira roxa (risco muito alto para a covid-19) e que a taxa de ocupação de leitos de UTI para a doença é considerado “crítico” em todo o estado.

Cabe lembrar que as prefeituras do Rio, Niterói, Maricá e Itaguaí apresentaram no dia 1º de abril, um calendário de vacinação único para a região, que vai do dia 26 de abril até 29 de maio. Um dos objetivos é evitar deslocamento de moradores em busca de doses entre os municípios.