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Conectados pela educação e tecnologia

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Iniciativas de aprendizagem que usam a tecnologia para a criação de projetos beneficiam jovens estudantes da Maré

Maré de Notícias #121 – fevereiro de 2021

Por Thaís Cavalcante

“A escola precisa ser um coração pulsante, produzindo transformações e cultura contra-hegemônica. Ela é pública, comunitária e livre para circulação de ideias. Se a escola faz parte do território, todas as instituições precisam circular, e o que eu fiz foi trazê-las: Associação de Moradores de Nova Holanda, Redes da Maré, Luta pela Paz, Vida Real, Museu da Maré, entre outras. Eu sou fruto dessa transformação política e social, toda a minha trajetória profissional se deu na Maré também”, conta Marcelo Belfort, diretor geral do Colégio Estadual Professor João Borges de Moraes, na Maré, sobre seu espaço de trabalho voltado para o ensino de tecnologia e empreendedorismo e as recentes conquistas de seus estudantes.

Inaugurado no território há apenas três anos, o colégio oferece ensino médio em horário integral e incentiva a participação de seus alunos em campeonatos educativos a partir de oficinas em parceria com o Serviço Social da Indústria (SESI) e a Redes de Desenvolvimento da Maré. Artur Castro, Camille Soares, José Rodrigo Leão, Judy Beatriz Faria e Lucas Ribeiro são os alunos do 2º ano do Ensino Médio do CE João Borges. A partir de seus estudos na área da robótica, eles decidiram entrar em competições.

O grupo de estudantes forma a equipe de robótica Peritech Maré, que mostra já em seu nome a mistura da periferia com a tecnologia. Eles representam tanto a escola como seu território em competições regionais e nacionais. Ainda em 2019, o grupo recebeu o prêmio Inspiração no Torneio SESI de Robótica First Lego League – Desafio City Shaper. Em 2020, a conquista foi ainda maior: o primeiro lugar na competição regional, disputando com equipes de todo o Brasil. Eles ainda levaram o 1º lugar na fase nacional do Torneio Brasileiro de Robótica 2020 e receberam o prêmio Superação na categoria High, composta por alunos com idade entre 15 e 19 anos, e na modalidade Organização e Método.

Marcelo conta que, para a vitória de seus estudantes, o que fez foi estimular o projeto de educação comunitária e não atrapalhar seu desenvolvimento. “Eles vão representar a favela na cidade, no estado e no Brasil. O colégio foi criado em 2018, mas pensado desde os anos 1980 pelo movimento social da Maré e construído ao longo dos anos. Começamos com duas salas e sem muita estrutura. Hoje somos uma escola pública de referência”.

O segredo é aprender fazendo

Antes da criação do CE João Borges, para ter acesso à educação profissional e tecnológica era necessário se deslocar até a Tijuca, como fez Jonatas Magno, morador da Nova Holanda. Ele teve a oportunidade de cursar o ensino médio em um modelo diferente de escola pública: o Colégio Estadual José Leite Lopes, mais conhecido como NAVE Rio. Com aulas em tempo integral e muitos laboratórios, ele garante que o colégio desafia o estudante desde a estrutura até as provas e trabalhos. 

“Além de experimentar o convívio com pessoas de todas as regiões da cidade, a gente não usava a tecnologia só em uma matéria técnica, mas em todas as matérias: criava um jogo a partir do conteúdo ensinado, seja ele de matemática, geografia… Isso deixava os trabalhos bem dinâmicos e fazia a gente usar o nosso jeito para entender a matéria, se expressar e se comunicar para mais pessoas”.

A experiência também deu a Jonatas o desafio de estudar as áreas de conhecimento básicas junto aos cursos técnicos, como roteiro para mídias digitais. Não à toa, escolheu o jornalismo como profissão. Ele, que sempre estudou em escolas públicas como a maioria dos moradores do Conjunto de Favelas da Maré, se sente privilegiado por ter feito o Curso Preparatório para o Ensino Médio da Redes da Maré e por passar na seleção do NAVE Rio. 

“Se você não domina a tecnologia hoje em dia não é um profissional qualificado. Mas a realidade é que os jovens da favela saem em desvantagem por causa da desigualdade. Poucas pessoas têm computador em casa e não existe estímulo para que elas aprendam certas coisas porque estão ocupadas com outras urgências, como trabalhar ou cuidar de algum parente”, afirma Jonatas. Em toda a Maré, pouco mais de 25 mil pessoas concluíram o ensino médio, o que significa 18% da população mareense. O levantamento é do Censo Maré (2019).

Alessandra Maia, pesquisadora de Inovação do Laboratório de Mídias Digitais LMD do Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (PPGCom/UERJ), afirma que “quando se pensa na área de exclusão, os videogames e computadores fazem parte disso, ao contrário dos celulares”, explica. Junto à acessibilidade, aprender algo durante uma partida é praticamente uma consequência. Seja inglês, desenvolver pensamentos estratégicos ou até transformar isso em profissão. Ao contrário do ensino de matérias isoladas, a conexão da aprendizagem é facilitada. “É interessante que os jovens experimentem os jogos para testar as possibilidades e ver que, com o erro, você vai aprender mais do que com o acerto”.

A cultura de produção e tecnologias dentro das favelas cariocas tem se popularizado cada vez mais, a partir das possibilidades que cada espaço tem de engajar e produzir. Seja através de apoio governamental ou comunitário, as iniciativas existem e resistem.

Estímulo à educação tecnológica 

AfroGames é o primeiro centro de formação de atletas de esporte eletrônico (eSports) em uma favela. Criado pela ONG AfroReggae em Vigário Geral, reabriu em janeiro deste ano anunciando seu primeiro time de League of Legends. Saiba mais no site: www.instagram.com/afrogamesbr

GatoMÍDIA ?é uma rede criada no Complexo do Alemão, Zona Norte, que usa a metodologia de aprendizado em mídia e tecnologia para jovens negros e moradores de espaços populares através de cursos, encontros e eventos. Saiba mais no site: www.gatomidia.com 

Oi Kabum – Laboratório de Cultura Digital é um espaço para a formação e criação de projetos que envolvam arte e tecnologia, sempre relacionadas à cidade e a cultura, com intervenções públicas. Saiba mais no site: www.oikabumlab.org.br 

Nave do Conhecimento é um espaço com internet e cursos presenciais sobre empreendedorismo e tecnologia de forma gratuita. Com sedes espalhadas pela Zona Norte e Oeste, devido a pandemia, está oferecendo cursos online. Saiba mais no site: www.navedoconhecimento.rio 

E-base é um projeto de educação e cultura gamer localizado em Santa Teresa. Oferece cursos e palestras sobre desenvolvimento de games, arte com personagens de games e oficina de youtuber. Saiba mais no site: www.ebasegamer.com

Pandemia, uma preocupação dos mais novos

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O cuidado com a saúde mental de crianças e adolescentes foi um desafio a mais para as famílias, além da covid-19

Maré de Notícias #121 – fevereiro de 2021

Por Thaís Cavalcante

Por causa da pandemia, o bicho-papão mudou de cara e viver em 2020 foi um grande desafio também para crianças e adolescentes. Especialistas indicam que essa realidade mudou, para eles, a rotina, o sono, as atividades, a convivência familiar, a alimentação e a saúde mental, ainda que estejam fora dos grupos de risco da covid-19. O isolamento social e o medo de pegar a doença também tiveram seu impacto nessa parcela da população. 

Maria Eduarda, filha mais velha de Margarida Farias, moradora do Parque União, na Maré, tem 18 anos e vivia uma rotina regrada antes da pandemia, dividindo-se entre a escola, aulas de natação e passeios em companhia dos pais e do irmão caçula de dois anos. O surgimento do novo coronavírus representou para ela uma mudança drástica: Maria Eduarda exige cuidados tanto quanto seu irmão pequeno, por viver com a síndrome de Wolf-Hirschhorn, um transtorno de desenvolvimento mental e físico. Com a chegada da covid-19, a natação foi suspensa e seus trabalhos escolares agora são feitos à distância. Deixar de sair não foi uma opção, mas agora restringe-se ao seu tratamento de motricidade e às sessões de psicopedagogia, psicologia e fisioterapia.

Margarida tem ansiedade e conta que suas crises aumentaram durante a pandemia, agravadas pela síndrome do pânico, fruto do isolamento social e da preocupação com a filha, que também sentiu de perto essas mudanças. “Ela estava muito triste e não queria comer, postou até foto chorando nas minhas redes sociais. Percebi, também, que surgiram feridas na cabeça dela. Graças a Deus temos apoio psicológico para enfrentar isso. Os trabalhinhos escolares também passaram a ser estressantes para ela fazer de casa”, conta. Além de cuidar da saúde mental e lutar pela adaptação, o medo de pegar o vírus ainda é grande: muito álcool em gel, máscara ao sair e banho depois de chegar da rua. Ainda assim, um teste revelou que Maria Eduarda teve a doença há meses, mas sem apresentar sintomas.

O momento é de união familiar para cuidar da saúde mental – Foto: Matheus Affonso

Enfrentando medos reais

A educação e a saúde mental foram os maiores desafios de uma mãe que preferiu não se identificar. Hoje ela vive com o marido e a filha de 11 anos em Santa Teresa, mas são crias da Baixa do Sapateiro. A menina precisou de um cuidado a mais neste último ano, pois a pandemia piorou o quadro de ansiedade. “Ela se medicava, mas ficou sem tratamento por causa da covid-19 porque os postos só trabalham com emergências. Estava fazendo homeopatia pelo Sistema Unificado de Saúde (SUS) para questões hormonais e psicológicas”, conta. 

A mãe, que tem familiares na Maré, foi buscar no território apoio psicológico, mas não conseguiu. “Acho que devia ter mais comunicados sobre a saúde mental. Quem nunca teve problemas assim acha que é frescura, mas eles são o mal do século. Minha filha ficou meses sem querer ir à rua, mesmo de máscara, para visitar os avós porque tinha medo.”

Com a retomada das atividades econômicas e o início das aulas online, as pessoas tentam voltar à rotina anterior à pandemia. Neste início de ano, a população tem acompanhado a primeira etapa da vacinação contra a covid-19 no país mas, segundo especialistas, isso não deve ser motivo para diminuir os esforços e cuidados para evitar que o vírus continue a circular. O Brasil acumula cerca de 220 mil mortos e nove milhões de infectados pela doença desde fevereiro do ano passado, dando ao país o terceiro lugar entre aqueles mais atingidos pela pandemia. O Rio registra, em seus territórios populares e favelas, mais de três mil mortes e aproximadamente 30 mil casos de covid-19, de acordo com levantamento do Painel Unificador COVID-19 nas Favelas do Rio de Janeiro.

Espaço de cuidado para a favela

Muitos não sabem, mas crianças e jovens do Conjunto de Favelas da Maré podem ser atendidas no CAPSi Visconde de Sabugosa (em Ramos), uma unidade de saúde pública referência para casos de agravos em saúde mental. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, são atendidos cerca de 500 crianças e adolescentes da Maré. Para usar o serviço basta encaminhamento médico, seja de uma clínica da família, de um centro municipal de Saúde ou mesmo de uma unidade de emergência. O espaço também atende moradores do Complexo do Alemão, da Penha e de Vigário Geral.

Marcia Cristina, diretora do CAPSi, conta que houve um aumento significativo de casos agravados pela pandemia, considerando fatores sociais como o desemprego e a violência, por exemplo. Os atendimentos foram divididos em presencial (dentro da unidade ou através de visita domiciliar) e virtual. “A equipe técnica realizou monitoramento e acompanhamento dos casos através de recursos audiovisuais, videochamada e por WhatsApp”, explica. Para familiares ou responsáveis que não tinham acesso aos meios de comunicação, “a estratégia de saúde da família e a rede de suporte comunitária foram fundamentais”, destaca.

Para informar e conscientizar as famílias, a vivência infantojuvenil foi detalhada na Cartilha Saúde Mental e Atenção Psicossocial na Pandemia Covid-19, elaborada pelos pesquisadores colaboradores de Atenção Psicossocial e Saúde Mental do Centro de Estudos e Pesquisas em Emergências e Desastres em Saúde (CEPEDES) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O material, disponível no site da fundação, mostra a vida de famílias com crianças durante o período de isolamento e quais são as alternativas possíveis para melhorar as diferentes situações enfrentadas. Acolher as angústias, conversar sobre o coronavírus, controlar o uso de tecnologia e equilibrar os horários de estudo estão entre as coisas que podem facilitar o convívio dos pequenos em casa.

Em maio de 2020, Eugênio Carlos Lacerda, psicólogo da ENSP/Fiocruz e especialista em psicologia clínica e educacional, participou de uma entrevista ao vivo no canal do BioFiocruz sobre as dificuldades em conciliar rotina de trabalho e estudos, convivência familiar e saúde mental nesse período. Lacerda afirmou que, para lidar com as emoções, é necessário ter mais carinho com nós mesmos e encontrar no convívio com as crianças as oportunidades para brincar e interagir. “As relações familiares não são como comerciais de margarina e a gente está inserido nessas relações. E temos os desafios com os filhos, como desobediência, preguiça, bagunças e a companhia para brincar, por exemplo. Faço um convite para que a gente olhe para isso e erre amorosamente.” 

Iniciativa realizada no Conjunto de Favelas da Maré em 2020, o Projeto CRIAndo Rede acompanhou 300 crianças, jovens e adolescentes mareenses durante a pandemia. O apoio psicossocial ofereceu diferentes ações para os moradores, como atendimento psicossocial online, visitas domiciliares e incentivo à produção de conteúdo sobre saúde mental, com a mobilização de jovens do próprio território. Um suporte importante para os jovens da Maré, tendo em vista que 52% da população do território têm até 30 anos, sendo 24,5% com até 14 anos e 27,4% entre 15 e 29 anos, de acordo com dados do Censo Maré. 

Foi ainda oferecido às famílias mais vulneráveis o Maré Card, um cartão pré-pago a ser usado de acordo com cada necessidade e urgência. A ideia do projeto foi criar e fortalecer a rede de apoio a crianças e adolescentes para que esse público, principalmente, se sentisse mais protegido nesse período tão incomum. A ONG Luta pela Paz liderou o projeto em parceria com a Redes da Maré, o Observatório de Favelas e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

Ronda Maré de Notícias: Brasil ultrapassou a marca de 10 milhões de infectados

Novo cronograma de vacinação foi anunciado pelo Ministério da Saúde nesta quarta-feira (17)

Por Andressa Cabral Botelho, em 19/02/2021 às 19h30

Nesta sexta-feira (19), o país contabilizou 10.081.676 de pessoas com o novo coronavírus, sendo 51.050 diagnósticos nas últimas 24h, segundo o Ministério da Saúde. Na semana que ultrapassou o número de 10 milhões de infectados, o país se aproxima das 245 mil mortes pela doença desde o início da pandemia. Nas últimas 24h foi contabilizado 1.308 pessoas que morreram em decorrência da doença. O Brasil está há quase um mês com a média móvel de mortes acima de 1000.

Até a última quinta-feira (18) o balanço da vacinação apontava para 5.558.105 de pessoas que já receberam a primeira dose da vacina até o momento. Cerca de um mês após o início da vacinação, algumas cidades, como a do Rio de Janeiro, precisaram paralisar temporariamente a aplicação da primeira dose nos grupos prioritários por falta de vacina. Diante o ocorrido, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, anunciou na última quarta-feira (17) um novo cronograma de distribuição de 230 milhões de imunizantes, com os novos lotes sendo distribuídos a partir da terça-feira, dia 23 de fevereiro.

Logo após o anúncio do novo cronograma, o governo federal anunciou não conseguir cumprir a meta. A proposta inicial era que em fevereiro fossem fornecidas 11,3 milhões de doses, sendo 9,3 milhões de CoronaVac e 2 milhões da vacina de Oxford. Entretanto, o ministério anunciou que o Instituto Butantan irá fornecer apenas 30% das doses anunciadas inicialmente pelo governo, cerca de 2,7 milhões.

Covid-19 no Rio

Após seis semanas consecutivas com toda a cidade apresentando alto risco de contágio para a covid-19, na última edição do boletim epidemiológico mostrou que parte significativa da cidade retornou para o risco moderado. Das 33 regiões administrativas, 27 passam agora a apresentar risco moderado, incluindo a 30ª RA, onde encontra-se a Maré. O bairro tem hoje (19) 1.537 casos confirmados e 164 mortes desde o início da pandemia. Já a cidade do Rio tem 204.661 casos confirmados, sendo 41.640 casos considerados graves e 18.636 mortes na cidade, de acordo com o Painel Rio COVID-19.

Lembrando que até às 6h do dia 22 de fevereiro está valendo o decreto municipal que proíbe aglomerações e a realização de eventos sem autorização da Secretaria Municipal de Saúde.

Conexão Saúde

O Dados do Bem realizou, desde o início do projeto Conexão Saúde, 9.637 testes na Maré, onde 1.664 deram positivo para covid-19. Entre os dias 26 de janeiro e 08 de fevereiro foram realizados 574 testes na Maré, sendo 69 positivos. Já em Manguinhos, foram realizados 470 testes na última quinzena, sendo 98 positivos – 21% do total. O espaço segue realizando testes de covid-19. Basta baixar o aplicativo da Dados do Bem, fazer o seu agendamento e na data marcada encaminhar-se ao Galpão Ritma, na Rua Teixeira Ribeiro, 151.

Podcast Maré em tempos de coronavírus

Nesta sexta-feira (19) saiu mais uma edição do podcast Maré em tempos de Coronavírus, desenvolvido pela Redes da Maré. De forma rápida e explicativa, Eliana Sousa aborda a questão da imunização e todo o caminho a ser percorrido até que toda a população seja vacinada. Confira este e outros episódios no perfil da Redes da Maré no Spotify.

Boletim de Segurança Pública

No dia 25 de fevereiro o Eixo de Segurança Pública e Acesso à Justiça, um dos grupos de trabalho da Redes da Maré, irá fazer um live divulgando os resultados do impacto dos últimos cinco anos de operações policiais na vida dos 140 mil moradores da Maré. O objetivo é dar visibilidade às variadas dimensões da violência urbana e como a pandemia alterou a questão da violência. A live acontece a partir das 18h no canal do YouTube e no Facebook da instituição.

Projeto Tamo Junto

A Unicef lança a segunda edição do programa de voluntariado Tamo Junto, para jovens de 16 a 24 anos. A proposta tem como objetivo buscar pessoas interessadas em direitos da criança e do adolescente e que possam, de forma digital, engajar mais pessoas em torno dessas temáticas. Em 2021, enquanto apoiam as campanhas do UNICEF na internet, voluntários poderão participar de projetos sobre saúde mental, desenvolvimento profissional e comunicação. Para se inscrever, basta clicar aqui e preencher o formulário.

Inscrições para mostra cultural
Para aqueles que desejam apresentar algum trabalho ou manifesto artístico e cultural em um evento online e ainda receber uma premiação em dinheiro, este é o momento! Estão abertas as inscrições para a mostra Cultura na Periferia: Como Vamos?. Fazedores de arte e cultura das favelas e demais periferias da cidade do Rio de Janeiro acessem o link, leiam o edital e façam sua inscrição, que está aberta até o dia 07 de março.

Bolsas para jornalistas indígenas
A Earth Journalism Network, um projeto da Internews, está oferecendo bolsas de reportagem para jornalistas indígenas de todo o mundo que queiram publicar reportagens sobre justiça ambiental, biodiversidade e sustentabilidade. Dez propostas serão contempladas com um valor médio de 1.250 dólares. As inscrições vão até  dia 12 de março e podem ser feitas somente em inglês. Para mais informações, acesse o site do projeto. 

Perdeu as matérias da semana? O Maré de Notícias acha para você!

Domingo (14)
Cria da Maré, jornalista Gizele Martins terá livro adaptado para teatro, por Edu Carvalho. Leia mais.

Segunda-feira (15)
Corações que batem ao ritmo do carnaval, por Hélio Euclides. Leia mais.
Estado do Rio permanece em bandeira amarela, por Hélio Euclides. Leia mais

Terça-feira (16)
Através da música, projeto Inmyhood mostra a cultura de cada bairro periférico do Rio, por Hélio Euclides e Thaís Cavalcante. Leia mais
Sambar sem apagar a identidade de um povo, por Carlos André. Leia mais.
Carnaval Rio 2021: feriado é marcado por homenagens e aglomerações clandestinas, por Hélio Euclides. Leia mais.

Quarta-feira (17)
Deputado Daniel Silveira é preso por crime contra a Constituição Federal, por Hélio Euclides. Leia mais.

Quinta-feira (18)
Todo trem da SuperVia tem um pouco de navio negreiro, por Fabio Leon/Fórum Grita Baixada. Leia mais
Biblioteca Nélida Piñol, em Marcílio Dias, oferece curso de refrigeração, por Hélio Euclides. Leia mais.
Coalizão Negra por Direitos faz ato em prol do auxílio emergencial, por Edu Carvalho. Leia mais.
Movimento contra aumento de passagem faz manifestação na estação Central do Brasil, por Edu Carvalho. Leia mais.
Sobrinha-neta da primeira moradora da Maré faz vaquinha para ter a sua casa própria, por Thaís Cavalcante. Leia mais.
Prefeitura do Rio publica resolução com retorno das aulas presenciais, por Hélio Euclides. Leia mais.

Sexta-feira (19) 
Pacientes com covid-19 e Manaus caem de paraquedas na cidade do Rio, por Hélio Euclides. Leia mais.
Rio volta para estágio moderado de covid-19, por Edu Carvalho. Leia mais.
Estado do Rio distribui nova remessa de CoronaVac, por Edu Carvalho. Leia mais.
Cumprindo a lei ou reforçando preconceitos?, por Dinho Costa. Leia mais.

Cumprindo a lei ou reforçando preconceitos?

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Os diferentes pesos para aglomeração em favelas e nas áreas ”nobres”

Por Dinho Costa, em 19/02/2021 às 16h30Editado por Edu Carvalho e por Dani Moura

Na noite da última sexta-feira, dia 12, aconteceu o show do cantor Marcelo Pires Vieira, o Belo, no pátio do Ciep 326 Professor César Pernetta, no Parque União, uma das 16 favelas da Maré, na Zona Norte do Rio. O show varou a madrugada e terminou na manhã de sábado de carnaval. Apesar da pandemia, que fez com que eventos de carnaval fossem suspensos, a apresentação reuniu uma multidão de pessoas de dentro e fora das favelas e foi flagrada pelo helicóptero do G1. Muita gente sem máscara, sem cumprir o isolamento social, como aconteceu em outras diversas partes da cidade, muitas na Zona Sul do Rio. A apresentação de Belo, como as outras aglomerações na cidade durante o carnaval, foi filmada pelo público e postada nas redes sociais. 

Não demorou muito para que surgissem críticas ácidas e os mandados de prisão para os organizadores do evento e para  cantor, por estarem realizando um evento que ia contra normas sanitárias e contra o decreto da prefeitura que proibiu festas durante o período do carnaval. A diferença foi que nas outras festas da zona sul da cidade, onde também houve aglomeração, não houve prisões. Desde a sexta-feira (12), dia em que se iniciou o decreto, foram contabilizadas 83 inspeções sanitárias, com 30 interdições e 63 infrações em estabelecimentos por aglomeração e descumprimento de outras medidas de saúde, além da falta de licenciamento. Durante as ações conjuntas, a Coordenadoria de Licenciamento e Fiscalização da Seop também registrou 59 vistorias, com 24 notificações, entre autuações e interdições administrativas, por falta de alvará e excesso de mesas e cadeiras. A reflexão aqui se dá em: por que o Belo foi preso? Por estar na Maré? 

Boa parte da mídia enfatizou que o cantor tinha relação com o tráfico de drogas apenas por ele estar dentro da Maré. A CNN Brasil foi mais longe: definiu a Maré como ‘’área de tráfico’’, sem direito à citação geográfica. Na Maré, não se pode negar, tem grupos civis armados que detém um poder historicamente negligenciado pelo poder público, para infelicidade de quem ali mora. Mas é muito mais que isso. São 140 mil moradores, que vivem e trabalham nas mais diversas funções, pessoas que lutam diariamente honestamente para ter seu sustento. O conjunto de 16 favelas tem 48 escolas, três mil empreendimentos comerciais e  é maior que 96% dos municípios brasileiros, mas para muitos a Maré é sinônimo de violência, e não é. 

O cantor, que foi preso pela Delegacia de Combate às Drogas (DCOD), e os demais investigados vão responder por quatro crimes: infração de medida sanitária; crime de epidemia; invasão de prédio público; associação criminosa (o show, segundo a polícia, foi organizado em comum acordo com o tráfico de drogas). Mas e em relação às demais festas que foram interditadas na cidade? Os seus produtores também foram presos e também vão responder a esses crimes?

Outros questionamentos aparecem também. A realidade cotidiana nas favelas e periferias do Brasil têm outro ritmo, e não se pode dar ao luxo, muitas vezes, de cumprir uma quarentena porque as pessoas que aqui vivem precisam trabalhar para não morrerem de fome. A pandemia escancarou a desigualdade e por aqui não foi diferente. Pegar transporte público lotado – porque o número de ônibus reduziu pela metade – para servir as casas das zonas mais abastadas da cidade, foi rotina para grande parte dos moradores mareenses. Se arriscar diariamente num período pandêmico para sobreviver. Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.

Nesse sentido, que tal falar da favela sem sugerir ‘grotescamente’ que tudo o que acontece por aqui é necessariamente algo criminoso? O quanto esses territórios são criminalizados só pelo fato de se chamarem favela? O caso Belo escancarou essa questão. Festas no Leblon com aglomeração de pessoas foram notificadas e multadas,  na Maré houve prisão.

Afirmar que houve “invasão de prédio público” é a ação desesperada de um Estado e de uma polícia que desconhece a realidade das favelas da cidade que governa e quer ficar bem na foto, ou uma negação histórica preconceituosa, talvez. Historicamente, a cultura periférica, que em sua maioria é negra, tem as quadras das escolas como demarcação de suas manifestações para festejar movimentos artísticos/políticos/sociais como os bailes charme, bailes de hip-hop dos anos 80/90s e até mesmo os tradicionais bailes no CIEP Gustavo Capanema, que hoje se encontra em obras –  não por depreciação de moradores e sim por negligência do Estado com a manutenção das escolas públicas. Se estava acontecendo uma festa ali, não foi mediante a uma invasão. O território é da favela, não há invasão, nem depredação, há o comum acordo com quem vai frequentar o espaço e zelar por ele, porque é deles, é nosso.

O território é da favela, não há invasão, nem depredação, há o comum acordo com quem vai frequentar o espaço e zelar por ele, porque é deles, é nosso.

Embora as festas clandestinas estejam acontecendo por todo o Brasil, nos condomínios da Barra da Tijuca e nas ilhas da Região dos Lagos, com outros cantores famosos mantendo agendas de show normalmente durante a pandemia, prender o Belo por conta desse show é muito simbólico! É impor uma proibição que para a favela já é de costume. A opressão policial quando não proíbe o baile com ação de guerra, tiros e bombas, oprime de uma forma mais “suscinta”, mas sem deixar de retaliar. Porque o mais importante é sustentar a falácia de que existe uma “guerra ao tráfico” e demarcar o lugar da favela na sociedade sempre como algo que não é bom, nem certo, nem bonito, nem inocente.

As atitudes mais radicais para tratar com a favela, são sempre as escolhidas. Não se estabelece diálogo, só obediência. O Estado não enxerga os moradores das comunidades como cidadãos, não reconhece o dinheiro deles como valioso, não os reconhece como contribuintes mesmo quando pagam impostos o ano inteiro, não reconhece o direito ao lazer. O diálogo do Governo sempre insinua a despotência da favela, insinua que a favela está recebendo “ajuda”, que tem de ser grata, não há respeito pelo favelado e sabemos disso.

Ao contrário do que aconteceu com o DJ Rennan Da Penha, que foi preso acusado de associação ao tráfico por promover bailes na comunidade onde nasceu e cresceu, Belo já está em liberdade, mediante a um alvará de soltura apresentado por sua defesa. Já Rennan, ficou preso por sete meses por nada; apenas especulações foram apresentadas.

Os demais veículos de imprensa fomentam o comportamento preconceituoso, criminalizando o território, sempre deixando a entender que a favela é sinônimo apenas de tráfico, crime e violência, enquanto não se preocupam com narrativas reais de vidas singulares a esses estereótipos, de cidadãos que trabalham incansavelmente, estudam, produzem, cuidam e lutam. Se nossa sociedade age assim, mais importante ainda que jornalistas comecem a se preocupar em transformar as narrativas apelativas em falas humanizadas em prol de uma reparação que já deveria estar acontecendo, sendo necessária e imediata.

Estado do Rio distribui nova remessa de CoronaVac

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Ao todo, mais de 173 mil doses serão entregues para os 92 municípios

Por Edu Carvalho, em 19/02/2021 às 13h

Começou hoje, 19, a entrega de uma nova quantidade de doses da vacina CoronaVac para os 92 municípios do estado do Rio de Janeiro. Ao todo, 173.500 doses serão distribuídas, já tendo no estoque o armazenamento de outras 20 mil doses, sendo 10 mil para primeira aplicação e 10 mil para segunda. 

As cidades do Rio de Janeiro, Niterói, São Gonçalo e Maricá serão as primeiras a receber os lotes do imunizante. Já nos demais 88 municípios, a entrega será realizada a partir de segunda-feira, 22, às 7h. 

“Vamos realizar a entrega da segunda dose das vacinas CoronaVac que foram disponibilizadas aos municípios em 03.02 e 11.02. Conforme programamos desde o início, distribuímos a primeira dose e armazenamos a segunda. Desta forma, estamos garantindo que os municípios cumpram o esquema vacinal”, afirmou o secretário estadual de Saúde, Carlos Alberto Chaves.

Participam, até o momento, pessoas de grupos prioritários, como norma estabelecida no Programa Nacional de Imunização (PNI), cabendo ao estado seguir as orientações.  

São eles: 

– profissionais da saúde que atuam na linha de frente no combate à covid-19 e na vacinação;

– pessoas com 60 anos ou mais vivendo em abrigos ou asilos;

– pessoas maiores de 18 anos com deficiência institucionalizadas;

– trabalhadores dessas instituições;

– povos indígenas vivendo em terras indígenas;

– idosos com mais de 90 anos.

Rio volta para estágio moderado de contágio para covid-19

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Bairros da Zona Sul permanecem com alto risco para contaminação 

Por Edu Carvalho, em 19/02/2021 às 13h

Após seis semanas como toda sua região metropolitana em alto risco para contágio do novo coronavírus, o Rio de Janeiro teve recuo e está no estágio moderado. É o que aponta a divulgação do sétimo boletim epidemiológico, disponibilizado pela manhã desta sexta-feira, 19, pela Prefeitura do Rio. Ao todo, 27 áreas saíram do risco alto e desceram um grau na escala de três níveis. Quase toda a Zona Sul, porém, ficou em risco alto. 

Mas as restrições na cidade vão continuar, afirmou o secretário de saúde Daniel Soranz.“Na dúvida, para não correr risco, vamos manter as medidas restritivas e a situação em risco alto”. O município conta ainda com o plano de Carnaval, com vigor até o dia 22.

O prefeito Eduardo Paes voltou a pedir conscientização aos moradores do Rio, pois pessoas saudáveis podem levar a doença para outras, com condições de saúde piores.

“Se as pessoas continuarem achando que a vida é uma festa diante da nova cepa, elas vão para casa e lá vai ter alguém hipertenso, idoso, e essa pessoa pode ir a óbito. As pessoas têm que ter consciência”, afirmou.

Segunda morte por variante do coronavírus

Durante a coletiva, também foi confirmada a morte do segundo paciente contaminado com a nova variante do coronavírus no estado.

O paciente de 46 anos era de Manaus, estava internado no Hospital Federal do Servidor e morreu na noite de quinta-feira (18). Ele tinha hipertensão arterial sistêmica e obesidade, o que estaria relacionado ao agravamento do caso. Ao todo, cinco pessoas foram identificadas no Rio de Janeiro com a nova cepa da doença.