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Linha de transporte alternativo é legalizada na Maré

Moradores partem da Nova Holanda ao Norte Shopping, em Cachambi

Por Hélio Euclides, em 28/12/2020 às 13h

Editado por Edu Carvalho

Depois de um ano tão difícil é bom terminar com notícias boas. Desde 2015, motoristas lutam para conseguir a legalização da linha conhecida como 818, que leva moradores da Nova Holanda para o Norte Shopping, no Cachambi. Nos últimos dias de 2020 chegou a autorização para o funcionamento da nova linha 18, com ponto em frente ao Ciep Hélio Smidt, no Rubens Vaz, e segue pelas ruas das favelas até chegar à via expressa Avenida Carlos Lacerda (Linha Amarela). 

A linha começou há 20 anos, quando eram usadas Kombis brancas, depois virou Transporte Especial Complementar (TEC), um modal legalizado. Em 2015, no segundo mandato do prefeito Eduardo Paes, foi proibida a circulação em alguns perímetros, por argumento de transporte desorganizado. Agora a linha recebeu autorização com Sistema de Transporte Público Comunitário (STPC), que só podem circular em uma determinada área programática, que é a AP3, que reúne bairros da Zona Norte.

José Leandro, popularmente conhecido como Cavaco, é motorista de transporte complementar desde 1982. Começou na linha Parque União x Bonsucesso e depois foi um dos fundadores da linha Nova Holanda x Norte Shopping. “Esse transporte é de grande ajuda para o morador da Maré. O passageiro não precisa se deslocar para pegar o transporte no sol ou na chuva, está ao alcance dele”, comenta. Francisco Oliveira, fiscal da nova linha, concorda com o colega. “Esse é um meio de transporte que traz benefícios de mobilidade para o morador, com facilidade e conforto”, conclui.

As kombis e vans sairão de frente do Ciep. As linhas levam passageiros para o trabalho, pois muitos moradores atuam em lojas e restaurantes do Norte Shopping e do Nova América, para o lazer, ou para a igreja Catedral da Fé. O meio de transporte ainda faz integração com o Metrô, possibilitando que passageiros possam seguir para a Zona Sul. 

A linha tem cinco kombis e vans legalizadas e 11 em processo. Elas circulam pela Rua Teixeira Ribeiro, Rua Flávia Farnese, Linha Amarela e Avenida Dom Hélder Câmara. Por serem legalizadas aceitam cartão Riocard, o passageiro só paga R$ 4,05. Valdete Pergentino, administradora das duas linhas, diz que é estressante conseguir o cartão de Identificação do permissionário e auxiliar, que permite a circulação. “Há uma dificuldade política para conseguir esse documento. Fizemos passeata, protesto e chegamos a dormir na frente da Prefeitura. Foi até necessário a influência de um vereador para a conseguir. É preciso entender que o transporte alternativo é um meio de sobrevivência para muitas famílias”, conta.

A linha circula em uma área que não tem ligação de ônibus entre a Nova Holanda e Cachambi. Ela faz o trajeto em sub-bairros, respeitando os critérios estabelecidos pela Prefeitura. Quem usa as linhas ganha tempo, chegam em média no destino em meia hora e podem ficar mais um período em casa e não no trânsito. “Acho bom essa forma de chegar no shopping. Se não tivesse, nem sei como faria”, Emanuel Oliveira, morador da Nova Holanda. Já Marcelo Siqueira, morador da Nova Holanda avalia que o transporte alternativo é o melhor meio de se locomover na favela. “Se não tivesse essas linhas, teria que esperar um Uber aceitar a chamada. Espero que legalize tudo”, diz.

A esperança no futuro

Valdete espera que a nova gestão municipal entenda a luta e favoreça a continuidade do transporte alternativo. “O prefeito necessita entender que a favela precisa do transporte alternativo”, expõe. Muitos passageiros pegam muito tarde o transporte para retorno do trabalho. Sem os carros, kombis e vans, os passageiros teriam dificuldades de se locomover. No passado, os moradores pegavam um ônibus para a Central e depois outra condução para a Maré. Um trajeto perigoso. 

Na rede social Twitter, no dia 17 de novembro, antes da eleição do segundo turno, o futuro prefeito Eduardo Paes negou notícia de que iria acabar com o transporte alternativo. “No nosso próximo governo, daremos especial atenção ao estado e a à manutenção das vans que circulam nas nossas ruas e à conduta/forma de dirigir dos motoristas. Nossa prioridade será a segurança dos usuários desse importante meio de transporte para o povo do Rio”, finalizou.

Entenda o que é STPC

Sistema de Transporte Público Comunitário é a modalidade que atende áreas de difícil acesso, geralmente em terrenos acidentados ou em aclives, daí o motivo do apelido cabritinho. Os veículos de permissionários autônomos devem apresentar layout próprio aprovado pela Secretaria Municipal de Transportes. É fácil identificar um veículo credenciado para esta modalidade, basta observar:

• Placa Vermelha, que caracteriza licença de veículo de aluguel;

• Selo de Vistoria Anual;

• Cartão de Identificação do Permissionário/Auxiliar 

Carros continuam fazendo o trajeto

Para quem está acostumado a pegar os carros para o Norte Shopping, no ponto final próximo a Avenida Brasil, a outra notícia boa é que os carros continuarão realizando o trajeto, ou seja, duas opções para os passageiros. No momento são 12 automóveis que saem da Rua Bittencourt Sampaio, segue pela Avenida Brasil para a Linha Amarela e Avenida Dom Hélder Câmara, no valor de R$ 5,00. Esses infelizmente ainda são perseguidos pela fiscalização da Prefeitura.

Mulheres Ceramistas da Maré fazem oficina de cerâmica negra, alternativa para artesãs neste fim de ano

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Grupo de mulheres ceramistas existe há quase 20 anos estimulando a autonomia das moradoras da Maré

Por Thaís Cavalcante em 26/12/2020 às 10h

Editado por Edu Carvalho

Maria Evangelista e Glória da Conceição são apresentadoras da Oficina de Cerâmica Negra online. Foto: divulgação.

Única iniciativa que estimula a produção de cerâmica negra em uma favela no Rio de Janeiro, o projeto Mulheres Ceramistas da Maré, com sede na Vila do João, abre inscrições para sua oficina gratuita e online. As mulheres empreendedoras se dedicam ao estudo e aplicação da técnica há quase 20 anos, promovendo o trabalho artístico e vivendo a transformação de suas vidas antes expostas à vulnerabilidade social.

As vídeo-aulas foram preparadas para iniciantes e traz a história da cerâmica, das alunas e materiais para a produção de um produto final, que é um vaso simples. O curso teve a apresentação de suas ex-alunas, hoje professoras. O formato foi uma alternativa ao interrompimento das atividades presenciais por causa da pandemia.

Maria Evangelista e Glória da Conceição, são ex-alunas e atuais professoras da técnica. Ambas são migrantes da região nordeste e vieram morar na Maré em busca de uma vida melhor. Artesãs, elas sentiram a diferença do trabalho de costureira com o de ceramista, que é mais agitado. “Eu quase não conseguia dormir, eu estava sonhando com isso aqui. Aqui a gente se movimenta, conversa, ri. Eu adorei e minha primeira peça foi uma cabaça”, conta Maria. O professor a incentivou e pediu mais peças, que seriam vendidas logo depois. 

A dupla faz parte das 10 alunas que passaram a ensinar umas às outras. Atualmente são 14 mulheres se adaptando ao “novo normal” imposto pela pandemia. Os desafios foram enormes no início: a suspensão de feiras de artesanato e o distanciamento social impactaram diretamente a fonte de renda das artesãs, assim como o isolamento e a falta de convívio.

A iniciativa de cerâmica faz parte do Projeto Maré de Artes e Esportes (MAE), da Organização Não Governamental Ação Comunitária do Brasil, que atua na Maré e na Cidade Alta desde os anos 60 com núcleos de cidadania. Com a falta de incentivo cultural da cidade carioca, desde 2018 o projeto enfrenta uma dificuldade de demanda e também de patrocínio cultural. Mas resiste. 

Ceramistas e produtores se reuniram durante a pandemia para gravar as aulas online. Foto: Divulgação.

Ressignificando a vida com o artesanato

Flávio Rocha, um dos produtores culturais do projeto Mulheres Ceramistas da Maré, diz que está fazendo um movimento interno para que as mulheres sejam ainda mais independentes em seus trabalhos, usando o empreendedorismo como ferramenta de autonomia financeira. “Preservamos as identidades das alunas que estão em maior vulnerabilidade emocional, social e psicológica. O que a gente faz é estimular a autoestima daquela mulher, para que ela se coloque forte e saia da posição difícil em que ela está. A gente conversa sobre exemplos de vida e vai gerando outras possibilidades”, conta.

Mais da metade dos artesãos brasileiros são mulheres acima de 50 anos, segundo pesquisa com comerciantes de artesanato do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas). Não à toa, o público escolhido pelo projeto de cerâmica envolve mulheres, idosas em vulnerabilidade e que sejam mareenses. Uma atuação necessária: de acordo com o Censo Maré, a população potencialmente inativa do território são crianças e idosos. “Esse é um dos grupos que não são tão abraçados pela cultura e arte. Os projetos para a terceira idade ficam sempre no âmbito do lazer. A cerâmica é uma forma de se especializar e resgatar a autonomia”, diz Flávio. 

Atingir mulheres em vulnerabilidade social e vítimas de violência doméstica foi o objetivo do projeto desde sua criação em 2002. A caminhada é tão longa que o grupo coleciona prêmios e exposições: Prêmio Sebrae Top 100 de Artesanato, exposição no Serviço Social do Comércio (Sesc), Espaço Cultural CEDIM Heloneida Studart, Espaço Cultural Zumbi dos Palmares da Câmara dos Deputados, entre outros locais. 

Com sede na Vila do João, uma das 16 favelas da Maré, a Ação Comunitária do Brasil promove um trabalho focado na cultura negra e com possibilidade de venda. Em períodos de alta produção, as ceramistas chegam a vender mil peças por ano. Entre os clientes, já passaram empresas famosas como a Casacor, Record e a Rede Globo. Glória da Conceição admite com orgulho: “Também tivemos prêmios de reconhecimento. É muito gratificante ver o nosso trabalho sendo exposto para o mundo, é como se a gente tivesse ganhado na loteria”.

A argila é a matéria prima na produção da cerâmica negra. Foto: Divulgação.

Resgate da cultura negra e africana

Dentre tantos materiais, as mulheres focam na produção de cerâmica negra por um motivo: resgate da memória. A matéria prima da cerâmica negra é a argila, artesanato retratado na pré-história da humanidade. O curso online fala sobre a história milenar e tem seu recorte indígena, africano e português, que está em todo o processo de aprendizado das alunas artesãs. A cerâmica negra não é pintada, sua tonalidade escura existe porque a queima é diferente das demais cerâmicas vermelhas, por exemplo. Para a queima da argila, é necessário um forno específico de temperatura em até 800 graus. Assim, cada peça se torna única, pois além dos moldes específicos, tem o tom dado pelo fogo e uma fragilidade artística e física, como uma louça. O recorte negro foi feito por um professor e isso se tornou o diferencial do projeto, falar da cultura negra em cada detalhe: no aprendizado, nas peças e no fortalecimento da história.

Em 2021 isso continua sendo prioridade e os planos não param: além da volta das feiras de artesanato de rua e da oficina online, a iniciativa pretende se manter ainda mais presente virtualmente e no incentivo à autonomia de suas alunas e professoras. Vai apostar no e-commerce, ou seja, nas vendas online das cerâmicas negras, que não puderam ser vendidas neste período de pandemia, mas que encantam os olhares por onde passam. “O que importa é o encontro das mulheres, risos altos. Esse é o resgate: elas saberem que não estão sozinhas. Mais do que a técnica em si, estar junto, é o principal legado do movimento de cerâmica”, admite Flávio.

Para aquisição de peças, basta entrar em contato no e-mail [email protected] ou no Instagram @projetomae.rj.

E se você ficou com vontade de ser um estudante da 1a edição da Oficina Mulheres Ceramistas da Maré e receber os conteúdos online, inscreva-se aqui. As aulas têm a participação da Só Produções, Keratuar Produções, apoio do Instituto Invepar e Prefeitura do Rio, patrocínio da LAMSA e realização do Instituto Musiva.

Você sabia?

A palavra “cerâmica” vem do grego “kéramos”, que significa argila queimada. Ela é o objeto artificial mais antigo já feito pelo ser humano. Há indícios de ter existido cerca de 15 mil anos atrás. Inicialmente pensada como utensílio de armazenamento de alimentos, hoje a cerâmica é facilmente encontrada em museus como peça de arte, cultura e resistência de seus produtores e artesãos.


Mapa indica estado do Rio com alto índice de contaminação da covid-19

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Estado atingiu fase vermelha no monitoramento

Por Edu Carvalho em 25/12/2020 às 11h

O estado do Rio entrou na bandeira vermelha na classificação de risco para Covid-19, indicando alto risco para a doença. É a primeira vez que isso acontece desde que o governo do estado começou a fazer esse monitoramento, em julho.

Cinco das nove regiões do estado estão em bandeira vermelha: Metropolitana I, Baía da Ilha Grande, Serrana, Norte e Noroeste, que concentram 75,58% da população fluminense.

As Regiões Médio Paraíba, Centro-Sul, Baixada Litorânea e Metropolitana II estão classificadas em bandeira laranja, ou seja, risco moderado para a doença.

Até o momento, o estado registra 418 mil novos casos e mais de 24 mil mortes pela covid-19.

Copacabana ficará ”fechada” no Réveillon

O prefeito em exercício do Rio vereador, Jorge Felippe (DEM), decidiu “fechar” o bairro de Copacabana, na Zona Sul do Rio, no réveillon. Somente moradores poderão entrar na região, como uma forma de evitar aglomerações. Outros pontos da orla da Zona Sul e da Barra da Tijuca também terão restrições.

Confira as medidas anunciadas:

  • Bloqueio de estacionamento na orla e ruas no entorno a partir de 00h01 do dia 31 de dezembro;
  • Bloqueio da circulação de transporte público para acesso a Copacabana e Barra da Tijuca a partir das 20 horas do dia 31;
  • Barreira de fiscalização nos limites do município para não permitir acesso de ônibus e vans de fretamento com destino à Orla;
  • Quiosques poderão funcionar desde que sem venda de ingressos, shows, instrumentos sonoros e sem cercados.

Juíza é morta a facadas no Rio

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Crime foi cometido pelo ex-marido da vítima, que foi detido pela Guarda Municipal

Por Edu Carvalho em 25/12/2020 às 11h

A juíza Viviane Vieira do Amaral Arronenzi, de 45 anos, do Tribunal de Justiça do Rio, foi morta a facadas no início da noite última quinta-feira, véspera de Natal, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Segundo a Polícia Militar, o caso ocorreu por volta das 18h, na Avenida Rachel de Queiroz, 380, em frente ao Colégio Januzzi. O autor do crime é o ex-marido dela, o engenheiro Paulo José Arronenzi, que cometeu o crime na frente das três filhas do casal menores de idade.

Ele foi preso e levado para a Delegacia de Homicídios (DH).De acordo com a Guarda Municipal, agentes estavam na base do subgrupamento, que fica ao lado do Bosque de Barra, quando foram acionados para ajudar a vítima. No local, encontraram a mulher caída e desacordada.

O criminoso recebeu voz de prisão no local e foi encaminhado para o Hospital Municipal Lourenço Jorge, onde foi atendido e posteriormente conduzido para a delegacia.

O assassinato foi registrado em um vídeo que circula nas redes sociais. Na gravação, as meninas pedem para ele parar de golpear a juíza.

A luta continua mesmo em meio à pandemia

Atletas de jiu-jitsu moradores da Maré finalizam o ano com conquistas 

Por Hélio Euclides, em 23/12/2020, às 16h
Editado por Andressa Cabral Botelho

No início de 2020, a Maré estava em festa com a notícia de que seus lutadores se destacaram em campeonato na Califórnia, nos Estados Unidos. O restante do ano seria promissor, mas a pandemia do covid-19 interrompeu competições e treinos. A viagem que os lutadores fariam em novembro para Dublin, na Irlanda, ficou para 2021. Contudo, apesar das paralisações, há dois meses algumas disputas ocorreram e os meninos lutadores de jiu-jítsu trouxeram premiações para a favela. 

Na competição no início do ano, nos Estados Unidos, quatro atletas adolescentes do Parque União superaram os obstáculos da falta de patrocínio e da difícil aquisição do visto para participar da competição Pan Kids de jiu-jitsu. Eles trouxeram na bagagem quatro medalhas. Na edição 107, o Maré de Notícias trouxe a história da equipe Maré Top Team e apresentou a expectativa deles com a competição. Para Lucas Santana, de 15 anos, faixa azul, que trouxe a medalha de prata, o importante foi representar a favela e o jiu-jitsu em uma competição internacional.

A pandemia interrompeu a trajetória de lutas dos meninos. Jacilda Santana, mãe de Lucas, conta que este período foi difícil, com treinamento presencial suspenso, ocorrendo apenas acompanhamento do mestre pelo WhatsApp, com repetições de posições que já sabiam. “O recomeço foi difícil. Alguns achavam que a pandemia tinha acabado, mas ficamos receosos do início dos treinos presenciais. Aos poucos, o Centro de Treinamento no Parque União foi reaberto, com precaução, todos de máscara e uso de álcool em gel e número reduzido de alunos. Fomos nos enquadrando para a melhor forma”, comenta. 

Lucas e sua mãe, Jacilda. Foto: Arquivo pessoal

Neste final de ano aconteceram apenas dois campeonatos disputados pela equipe: o Brasileiro e o Torneio de Lutas Casadas, em Itaboraí, na Região Metropolitana do Rio. Lucas trouxe para a Maré um cinturão e uma medalha de ouro. Para os cuidados com os atletas, nas competições pode ter apenas um acompanhante, diferente de antes que toda família podia assistir. Todas as pessoas presentes estavam de máscaras. Agora em dezembro, com o aumento no número de casos de infectados, os alunos retornaram às férias dos treinos. “Há uma possibilidade de retorno em fevereiro, se tiver tudo certo. Meu desejo é que tudo melhore em 2021, não só no esporte, mas no geral e que meu filho consiga um patrocínio”, expõe. 

Pela luta de dois vitoriosos

O Maré de Notícias, da edição 103, de agosto de 2019, trazia a história dos irmãos lutadores de Jiu-Jitsu na categoria pena: Akyllys Torres, de 10 anos, de faixa amarela e Athylla Torres, de 8 anos, de faixa cinza, do Projeto Social José Aldo de Lutas, que fica na Associação de Moradores do Conjunto Esperança. Na matéria, Akyllys descrevia a expectativa de competir na Califórnia. No início do ano, ele realizou o sonho de competir no exterior, representando a Maré. Seu  pai, Júlio Cesar, contou na época que a grande dificuldade era a falta de dinheiro e que a viagem só seria possível com a ajuda de amigos e comerciantes locais. 

Assim como os meninos do Parque União, os irmãos do Conjunto Esperança almejavam a viagem para Dublin, que foi interrompida pela pandemia. “Num momento difícil como este, tivemos que aprender a reinventar, pois vivemos de venda de bolo de pote, faxinas e obras. Os meninos têm um avô cadeirante e com Alzheimer, que nessa fase recebe a ajuda dos Especiais da Maré. Tivemos que nos adaptar a essa situação tão crítica”, conta Cesar. Ele lembra que o recomeço não foi simples, precisou de força para dar continuidade aos trabalhos do dia-a-dia. 

Assim como a vida cotidiana, manter os treinos foi bem complicado para os irmãos, pois ficaram praticamente parados por cerca de sete meses. “Eu passava exercícios físicos para eles, assistíamos lutas na internet e um treinava com o outro. Com isso, eles não perderam o ritmo”, diz o pai. Este ano foram poucas as competições que retornaram e eles só conseguiram participam com a ajuda de amigos, pois ambos não têm patrocínio. Ao todo, nestes dois meses foram 11 competições com restrições. Os irmãos conseguiram premiar em todas, com 22 medalhas e sete cinturões. Nestes quatro anos que treinam, Akyllys e Athylla já conseguiram 159 medalhas, nove cinturões e três troféus.

Athylla e Akyllys Torres em competição este ano. Foto: Flash Sport

Em 2020, as competições que eles mais gostaram foi a com premiação de cinturões. A Copa Company, disputada na Barra da Tijuca, foi a mais marcante, com desafios de crianças de alto nível, tendo um atleta da Itália. Os irmãos ainda disputaram competições em Itaboraí e Espírito Santo. Eles também se destacaram, em competição de judô, na Usina de Campeões, em Manguinhos, na qual foram tricampeões. “Que o próximo ano ainda seja melhor. Peço muito a Deus que esta pandemia acabe e tenhamos a vida normalizada. A pandemia atrapalha muito as pessoas e é pior para quem mora na rua. Quando acabar isso, que as pessoas valorizem mais a vida e ajudem mais o próximo”, conclui.

Mutação do coronavírus é encontrada no Rio de Janeiro

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Nova cepa derivou de uma linhagem já circulante no Brasil; o estudo não analisou sua capacidade de transmissão ou agressividade

Por Edu Carvalho, em 23/12/2020, às 15h

Editado por Andressa Cabral Botelho

Cientistas brasileiros descobriram uma nova linhagem do vírus da covid-19, derivada do coronavírus, no Estado do Rio de Janeiro. As amostras foram sequenciadas pelo Laboratório de Bioinformática do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), em Petrópolis, sob coordenação de Ana Tereza Vasconcelos.

O estudo contemplou 180 genomas do Sars-CoV-2 presentes no Rio. Do total, 38 tinham mutações que indicam se tratar de uma nova linhagem, explica Vasconcelos, e 60% dos genomas são do município do Rio de Janeiro. As informações são do Jornal O Globo. 

Os pesquisadores ainda investigam se a nova linhagem é mais transmissível. Se a forma identificada no Rio realmente se propagar com mais facilidade, poderia explicar parte do aumento de casos registrado no Estado desde novembro. Assim como a linhagem recém-descoberta no Reino Unido, 94% das amostras pertencentes a esta variante do Rio têm uma mutação chamada E484K, no gene da chamada proteína S.

Vacina de Oxford começa a ser entregue em fevereiro ao Ministério, diz presidente da Fiocruz

A partir do dia 08 de fevereiro, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) começará a entregar a vacina contra a covid-19 ao Ministério da Saúde, afirmou a presidente do instituto, Nísia Trindade. O anúncio foi feito durante uma audiência sobre o combate ao novo coronavírus realizada pela Comissão Externa da Câmara dos Deputados ontem, dia 22. 

A vacina de Oxford é desenvolvida pela farmacêutica AstraZeneca e pela Universidade de Oxford. No contrato firmado pelo governo federal, o Brasil receberá o chamado “ingrediente farmacêutico ativo” (IFA) para processamento e envase das doses na fábrica de vacinas Bio-Manguinhos, da Fiocruz.

De acordo com Nísia Trindade, serão entregues 1 milhão de doses de 08 a 12 de fevereiro ao Programa Nacional de Imunização (PNI) e mais 1 milhão na semana seguinte.