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Moradores denunciam falta de água na Maré e no Rio

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O problema preocupa a população do território com mais casos de covid-19 entre as favelas do Rio

Por Thaís Cavalcante, em 18/11/2020, às 16h30
Editado por Andressa Cabral Botelho e atualizado em 03/12/2020 às 12h35

Falta água dentro da casa do mareense, assunto falado por moradores das várias favelas da Maré, na segunda semana de novembro. Segundo moradores, está faltando água em algumas favelas da Maré; em outras, o fluxo é fraco ou a água vem temporariamente.

Rafael Ferraz, morador da Baixa do Sapateiro e baixista da Banda Agona, já está em alerta desde que viu relatos da falta de água e percebeu, ao abrir a torneira, que a água está com fluxo fraco. “Já não estou lavando roupa na máquina para ver se consigo economizar. Feriado está chegando e quero ter água aqui. Comentei com meus vizinhos aqui da rua”. Uma realidade alarmante para o Conjunto de Favelas da Maré, que é o território popular com mais casos confirmados de covid-19 na cidade do Rio de Janeiro. Neste momento (03/12), são 1.970 pessoas infectadas e 163 mortes pela doença, segundo levantamento do Painel Unificador COVID-19 Nas Favelas. 

Ana Freire, moradora do Salsa e Merengue, pós-graduanda em Gestão em Saúde, sente a água mais fraca desde domingo. Ela conta que  há  moradores que sofrem mais por conviverem com esgoto a céu aberto. “Aqui temos o privilégio de ter caixa d’água e água da rua, mas esses dias ela não chegava nem no chuveiro, só à noite começou a ficar mais forte”. Ana completa, ainda: “A gente sabe que lavar as mãos e os alimentos são ações preventivas que a Organização Mundial da Saúde orientou contra a covid-19, mas muitas pessoas não têm esse privilégio”. 

Os coletivos de favelas Maré Vive, Maré 0800, Palafita 174, Papo Reto e Coletivo Marginal criaram um formulário online para que os mareenses preencham e informem em quais localidades está faltando água nos territórios . Após o mapeamento, pretendem entrar em contato com os órgãos públicos do Rio de Janeiro e fazer uma denúncia coletiva. Para preencher, clique aqui.

A falta de água tem impactado outras localidades da cidade do Rio. No Morro da Baiana, no Complexo do Alemão, moradores estão há quase um mês sem água. Com a pressão da sociedade, a Companhia Estadual de Água e Esgoto (CEDAE) criou a página “Economize água” em seu site para atualizar, diariamente, quais serão os bairros mais afetados pela falta de água.

Em comunicado da Cedae, a falta de água acontece devido ao reparo emergencial em um dos motores que bombeiam água na Elevatória Lameirão, que abastece os municípios do Rio e Nilópolis. O abastecimento de água foi reduzido em 25%. A normalização estava prevista para 17 de novembro, mas não aconteceu. Para minimizar o problema, foi criado um Plano Emergencial de Operação. A concessionária fez uma nossa promessa de que o serviço deve ser restabelecido entre os dias 15 e 20 de dezembro de 2020. 

Uma pandemia sem água

Vale lembrar que em setembro, durante a manutenção anual na Estação de Tratamento de Água (ETA) Guandu, foi identificado um vazamento no conjunto de equipamentos responsáveis pelo bombeamento de água na mesma Elevatória. Na época, a manutenção anual que duraria cerca de 12h, se tornou um reparo de dias, fazendo com que moradores da região de Campo Grande, Zona Oeste da cidade, ficassem mais de 72h sem abastecimento de água.

Para aqueles moradores que possuem cisterna ou caixa d’água, a orientação da Cedae é que usem a água armazenada e economizem água. Um pedido que não alcança a população que tem a torneira seca e já está buscando alternativas com amigos e parentes para realizar os serviços básicos do dia a dia, como tomar banho e se alimentar.

O desafio de garantir o direito à água é travado pelos moradores de favelas e áreas mais vulneráveis desde o início da pandemia global de covid-19. Em março deste ano, o Complexo do Alemão, Morro do Borel – Tijuca, Morro da Babilônia – Copacabana, Conjunto de Favelas da Maré e outras 140 localidades da cidade carioca ficaram com a torneira seca.

Como medida para minimizar o impacto do problema, as ouvidorias da Defensoria Pública e do Ministério Público criaram um formulário para mapear as localidades que estão sem água. 

Está sem água? Preencha o formulário da Defensoria Pública: http://survey123.arcgis.com/share/1c52f06ec5784460a30ebe14a0c3a574

Informe a falta d’água para a Cedae ou solicite carro-pipa, ligue: 0800-282-1195

Eduardo Paes define secretários para nova prefeitura; cria da Cidade de Deus faz parte do time

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Até o término da semana, prefeito eleito pretende definir cargos de sua nova gestão

Edu Carvalho em 03/12/2020 às 10h

Editado por Dani Moura

Nesta semana o prefeito eleito Eduardo Paes começou a formar seu governo, que toma posse para mandato de quatro anos a partir do dia 1º de janeiro de 2021. 

O primeiro nome anunciado como oficial foi o médico sanitarista Daniel Soranz, personagem que passou por gestões anteriores de Paes. 

Logo depois convidou Anna Laura Secco para atuar como chefe da pasta de Conservação. Outros cargos estão definidos, como o da nova Secretaria de Integridade e Governo, que ficará sob os cuidados de Marcelo Calero, e da Secretaria de Fazenda, pelo deputado federal Pedro Paulo (DEM). Ao vereador Luiz Carlos Ramos Filho, foi designada a  Secretaria Municipal de Proteção Animal.

Com Paes também estarão a vereadora eleita Laura Carneiro, que assume a Secretaria de Assistência Social; a assistente social Ana Ribeiro (Subprefeitura da Zona Sul) e a professora da rede municipal Marli Peçanha (Ação Comunitária). 

Ontem, quarta-feira, houve o anúncio de três novos subprefeitos: o empresário Diego Vaz, para a Zona Norte, Leonardo Pavão, para o Centro, e Edson Menezes, para a Zona Oeste.

Cria da Cidade de Deus será responsável 

Ainda sem ser criada, a nova Secretaria da Juventude já está sob o comando do líder comunitário Salvino Oliveira, morador de 22 anos da Cidade de Deus. 

O jovem desenvolve projetos sociais e artísticos onde nasceu e vive e é recém-formado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em Gestão Pública. Ele hoje ocupa a função de assessor da Defensoria Pública do Estado do Rio.

Festa Literária das Periferias, FLUP, celebra as Feministas Negras Brasileiras

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Este artigo foi escrito por Pilar Boyero, especialmente para o Rioonwatch Publicado em 03/12/2020 às 9h42

No Mês da Consciência Negra, esta matéria cobre um evento da FLUP sobre as autoras negras brasileiras pioneiras, Carolina Maria de Jesus e Lélia Gonzalez, e é parte de nossa parceria com o The Rio Times. Para a matéria publicada no The Rio Times, em inglês, clique aqui.

A Festa Literária das Periferias (FLUP), que ocorre desde 2012 em favelas e espaços públicos da cidade, elaborou sua edição de 2020 em homenagem a duas “autoras brasileiras negras pioneiras”, Carolina Maria de Jesus e Lélia Gonzalez. Em seu livro Quarto de Despejo de 1960, Carolina Maria de Jesus narra a sua vida cotidiana em uma favela de São Paulo, ao passo que Lélia Gonzalez foi uma antropóloga influente, professora da PUC-Rio, ativista política e teórica dos anos 1960 aos anos 1990. Ela é considerada uma das principais—senão a maior—feminista negra no Brasil.

Embora Carolina Maria de Jesus tenha se tornado famosa internacionalmente, ela nunca foi rica, nem foi capaz de publicar a maior parte de sua obra. Apenas quatro de seus livros chegaram ao público em geral e geraram renda para ela enquanto viva, a partir de pilhas de cadernos nos quais ela havia escrito. A maior parte de seu trabalho foi publicada apenas décadas após sua morte e alguns textos ainda estão sendo publicados. Alguns de seus cadernos estão espalhados pelo Brasil. Serão organizados por sua filha Vera Eunice de Jesus e pela escritora Conceição Evaristo, na esperança de fazer justiça ao seu legado.

Carolina Maria de Jesus, autora de “Quarto de Despejo” na Favela do Canindé em 1960
Foto: Acervo UH/Folhapress

Da mesma forma, a voz e as teorias de Lélia Gonzalez ecoaram pela América Latina—e além—por mais de 50 anos, mas apenas dois de seus livros foram publicados na década de 1980, enquanto ela estava viva. Até agora, nunca houve uma editora disposta a trabalhar com seus extensos escritos sobre a condição das mulheres negras e das populações negras e indígenas na América Latina. Uma de suas obras seminais, “Por um Feminismo Afro Latino Americano”, só recentemente se tornou um livro, uma coleção de ensaios recém-publicada reunindo seus escritos de três décadas.

Duas vozes proeminentes do feminismo negro brasileiro de hoje, a filósofa Djamila Ribeiro e a estudiosa feminista Carla Akotirene, discutiram o trabalho de Lélia em um recente evento digital  da FLUP 2020 moderado pela jornalista do O Globo Flávia Oliveira.

Lélia atuou internacionalmente ao longo de décadas e influenciou gerações de intelectuais negros, incluindo pensadores como Angela Davis—que disse a uma multidão de fãs brasileiros no ano passado: “Aprendo mais com Lélia Gonzalez do que vocês poderiam aprender comigo”. Lélia cunhou o termo “amefricanidade” para designar experiências tanto de negros quanto de povos indígenas colonizados nas Américas.

Lélia Gonzalez e Angela Davis nos EUA em 1984

No evento virtual, Djamila disse, que ao ler Lélia pela primeira vez “o mundo se abriu para mim” por meio da compreensão de que “era possível pensar e se afirmar a partir da própria perspectiva das mulheres negras”.

A escrita de Lélia, lembra Djamila, reforça uma perspectiva interseccional sobre o feminismo: o reconhecimento de que “as mulheres negras vivem em um gênero racializado”, diz ela. É parte de uma “luta contra todas as formas de segregação… Um movimento revolucionário não é uma forma de lutar por algo que nos interessa, mas por um projeto alternativo da sociedade”.

Cada vez mais, as ideias do feminismo negro brasileiro estão ganhando força na sociedade em geral—evidenciado não apenas pelas escolhas das escritoras homenageadas na FLUP este ano, mas também pelas eleições de 2020, onde mulheres negras ficaram entre as candidatas a vereadores mais votadas em numerosas capitais do Brasil.

Lélia, que morreu em 1994, foi enfática ao dizer que o feminismo transformador não deveria ser escrito apenas por meio de uma linguagem acadêmica complicada. Ela escreveu muitas vezes sobre a importância da gramática informal que chamou de pretuguês. Djamila descreveu isso como “coragem epistemológica” e um passo essencial para o processo de descolonização, ao reconhecer “o legado linguístico dos povos africanos”, inclusive para o papel central que a oralidade desempenha na produção de conhecimento de raiz africana. Algumas amigas falavam que “Lélia era uma griot, falava muito”, distanciando Lélia e sua produção de um ideal eurocêntrico. Griots eram os poetas viajantes da África Ocidental.

Lélia Gonzalez com Benedita da Silva em Dakar em 1986

Carla Akotirene vê o trabalho de Lélia como parte de um projeto maior de reconhecimento das contribuições inovadoras de brasileiros negros que muitas vezes não são creditados por suas ideias. É importante, ela argumenta, enfatizar que essa anulação e invisibilização da capacidade intelectual dos oprimidos permite a consagração de sua criminalização.

Lélia, doutora em antropologia, atuou muito além da esfera acadêmica, que Djamila e Carla descreveram como uma lição para pensadores políticos e ativistas de hoje. Em particular, elas falaram da importância das mídias sociais. Djamila disse que ser ridicularizada como uma “blogueirinha”, no passado, não mudou sua convicção de que “as redes sociais permitem a comunicação com as pessoas indiscriminadamente. Em um mundo onde o conhecimento é para poucos, devemos democratizar o saber”. Carla disse que isso cria possibilidades para que uma “trabalhadora doméstica tenha acesso à informação”.

Os palestrantes destacaram que tanto Lélia Gonzalez quanto Carolina Maria de Jesus são exemplos do que a escritora Conceição Evaristo chamou de escrevivência. Este é um método negro de escrever sobre seu próprio povo, feito de três elementos: corpo, condição e experiência. A escrevivência une a dimensão subjetiva do ser negro, sua representação e seu corpo.

Assista à Festa Literária das Periferias 2020 (FLUP) aqui.

Dia Mundial de Luta contra AIDS marca redução de vírus no país; SUS é responsável pelo tratamento

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Por Edu Carvalho, em 01/12/2020, às 17h30

Editado por Andressa Cabral Botelho

Neste 1º de dezembro é celebrado o Dia Mundial de Luta contra a Aids. No Brasil, o Ministério da Saúde apresentou, pela manhã, o Boletim Epidemiológico HIV/Aids 2020, trazendo dados de diagnósticos e infectados ao longo do ano de 2019, além de uma análise dos casos dos últimos anos no país.

Segundo o órgão, cerca de 920 mil pessoas vivem com HIV no Brasil: 89% delas foram diagnosticadas, 77% fazem tratamento com antirretroviral e 94% das pessoas em tratamento não transmitem o HIV por via sexual, por terem atingido carga viral indetectável. Até outubro de 2020, 642 mil pessoas estavam em tratamento com antirretroviral, enquanto em 2018, eram 593.594 pessoas em tratamento.

Em relação aos jovens, o Ministério da Saúde estima que 10 mil casos de Aids foram evitados no país em um período que vai de 2015 a 2019. Concentram o maior número de casos pessoas de 25 a 39 anos, de ambos sexos, com 492,8 mil registros. Nessa faixa etária, 52,4% são homens e 48,4% são mulheres.

Apesar da luta, há o que se comemorar. O Brasil registrou queda no número de casos de infecção por Aids nos últimos anos. Em 2012, as taxas registram 21,9 casos por 100 mil habitantes. Em 2019, foram 17,8 casos por 100 mil habitantes em 2019. A taxa de mortalidade por Aids também apresentou queda, registrando o patamar de 17,1% nos últimos cinco anos. Na avaliação do Ministério da Saúde, ações como a testagem para a doença e o início imediato do tratamento, em caso de diagnóstico positivo, são fundamentais para a redução do número de casos e óbitos por Aids.

Um desses tratamentos é inovador e pioneiro no país, chamado de Profilaxia Pré-Exposição (PrEP).  Ele consiste na tomada diária de um comprimido que impede que o vírus causador da aids infecte o organismo, antes de a pessoa ter contato com o vírus. Todos os medicamentos são gratuitos. Conheça o programa aqui. Outro ponto importante no combate à doença foi o compromisso mundial assinado pelo  Brasil para  eliminar a transmissão vertical do HIV – que pode acontecer durante a gestação, parto ou amamentação. O país optou por adotar uma estratégia gradativa de certificação de municípios. A erradicação da transmissão vertical do HIV, assim como a redução da sífilis e da hepatite B, é uma das seis prioridades do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis (DCCI) da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.

O lugar onde o tratamento começa – O SUS

Resistindo para existir, há 32 anos o Sistema Único de Saúde, o SUS, é a porta de entrada para o tratamento não só de HIV/Aids, mas também de tuberculose e demais enfermidades. Do cidadão com menos recursos até aqueles que têm mais acesso à rede privada de saúde, o sistema se torna ponto de acolhimento para quem deseja ser cuidado.

Sua estrutura robusta é a melhor carta que o Brasil tem em mãos no combate às tantas pandemias existentes. Sua importância social, econômica e cultural ficaram ainda mais evidentes com a pandemia do novo coronavírus, que desde março assola o mundo inteiro, e que, por sua vez, fez reconhecer a importância do órgão.  

O SUS contempla desde a aferição da qualidade da água, até o fornecimento de medicamentos e realização de transplantes. Em uma gestão feita por Município-Estado-Governo Federal, acaba restando ao município executar todas as ações e serviços de saúde. 

Desde sua criação, quando se compara as curvas da participação percentual das três instâncias, percebe-se que a do Governo Federal diminuiu, enquanto a sobrecarga nos cofres públicos municipais aumentou. Em 2019, os municípios foram responsáveis por colocar 31 bilhões de reais a mais do que o mínimo constitucional.

Mesmo com o subfinanciamento histórico, o Sistema Único de Saúde tem números expressivos. De acordo com dados do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde, o CONASEMS, o Brasil conta com 45 mil equipes de saúde da família que atuam em 40 mil Unidades Básicas de Saúde, 4.700 hospitais públicos ou conveniados e 32 mil leitos de UTI via SUS. No ano passado, foram realizadas 330 milhões de visitas domiciliares e 3,7 bilhões de atendimentos ambulatoriais.

Atingindo todas essas proporções, o mérito se dá graças, também, à entrega diária dos profissionais de saúde. Colocar em prática os princípios da equidade, integralidade e universalidade esbarra, muitas vezes, na falta de recursos suficientes. Mas, mesmo assim, existem inúmeros projetos Brasil afora que mostram a potência do sistema público considerado um dos maiores do mundo. A pandemia foi apenas um desses exemplos.

Você sabia?

O dia 1º de dezembro foi instituído em 1987 pela Assembleia Geral da ONU e a Organização Mundial de Saúde, cinco anos após a descoberta do HIV, vírus causador da doença. Com base na data e com o objetivo de conscientizar a população sobre prevenção e tratamento do HIV, Aids e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), o Ministério da Saúde estipulou desde 2017 o dezembro vermelho, para que a população possa se lembrar e se prevenir das IST.

A cor é referente ao laço vermelho já utilizado na campanha da Aids. O símbolo foi criado em 1991 pelo coletivo Visual Aids, comporto por artistas visuais de Nova Iorque.

Redes da Maré recebe Destaque do Prêmio Innovare por iniciativa que promove acesso à justiça

Com atendimento jurídico gratuito, Eixo Direito à Segurança Pública e Acesso à Justiça oferece apoio a vítimas de violência, produzindo conhecimento sobre as dinâmicas de violência no território e conscientiza moradores das 16 favelas da Maré 

Por Edu Carvalho, em 01/12/2020, às 14h30

Editado por Andressa Cabral Botelho

O Prêmio Innovare destaca as boas iniciativas da área jurídica, idealizadas e colocadas em prática por advogados, defensores, promotores, magistrados e por profissionais interessados em aprimorar a Justiça brasileira, facilitando o acesso da população ao atendimento. É com este propósito que este ano, em sua 17ª edição, o Eixo Direito à Segurança Pública e Acesso à Justiça da Redes da Maré foi escolhido como Destaque sob o tema “Defesa da Liberdade”, em cerimônia virtual que aconteceu neste 1º de dezembro. 

Em um contexto de violência que torna vulneráveis 140 mil moradores em 16 favelas, o Eixo Direito à Segurança Pública e Acesso à Justiça, um dos grupos de trabalho da Redes da Maré, promove atendimento sociojurídico gratuito aos moradores no contexto da violência armada, com advogadas, assistentes sociais e psicólogas, além de ajudar na compreensão e execução de processos relacionados à justiça. ”Sem a garantia desse direito [de segurança pública], não é possível viver tantos outros direitos. Tínhamos o avanço de construção de escolas, unidades de saúde, mas ao mesmo tempo, a atuação das forças de segurança no território impediam o acesso a muitos outros direitos’’, conta Lidiane Malanquini, coordenadora do Eixo de Segurança Pública e Acesso à Justiça da Redes da Maré.

Surgindo pela urgência do que acontecia e ainda acontece nesse território, a ação é percebida como um dos atores centrais de diálogo com moradores e para resolução de demandas na cidade. ‘’É muito importante, para uma organização como a Redes, receber o Destaque no Prêmio Innovare. É fundamental para o reconhecimento do trabalho dos movimentos de favelas, das organizações e do esforço histórico de aproximação com o Poder Judiciário nesses espaços e de quem vive nele’’, completa a coordenadora. 

A ação recebeu mensagem especial do presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux: ‘’Meus parabéns a toda equipe envolvida, e vida longa a essa iniciativa’’. 

Para o ano que vem, o trabalho está voltado à consolidação das ações feitas pelo setor, além de algumas reformulações, como a campanha ”Somos da Maré, Temos Direitos”, que já distribuiu material educativo de porta em porta, atingindo 47 mil domicílios. ‘’Em 2021 também vamos abordar os avanços conquistados a partir da Ação Civil Pública da Maré e da ADPF das Favelas, fazendo esse diálogo cotidiano nas ruas junto aos moradores. 

Vamos ampliar nossa atuação para debater outras dinâmicas de violência, iniciando um diagnóstico sobre violação de direitos no contexto da primeira infância, que é uma etapa da vida fundamental para o desenvolvimento de qualquer ser humano’’, finaliza Lidiane.

O plantão de atendimento sociojurídico acontece quatro vezes por semana, com demandas sociais e de acesso à justiça. Desde 2016, estima-se uma média de atendimento de 3 mil casos até hoje. Há a frente de violência institucional, que atua em cerca de 200 casos de pessoas violadas pelo Estado ou por grupos armados. Estes são acompanhados de forma contínua, em processos de denúncias de violações e violências.

Sobre o Prêmio Innovare

Criado em 2004, o Prêmio Innovare trabalha para identificar e dar visibilidade às iniciativas desenvolvidas voluntariamente que trazem soluções inovadoras, atuando como ponte com instituições jurídicas e a população. Ao todo, já foram premiadas 226 práticas, entre mais de 7 mil trabalhos, em diferentes áreas da atuação jurídica. Todas as iniciativas selecionadas são incluídas no Banco de Práticas do Innovare.

O Prêmio conta com o apoio de instituições parceiras que colaboram para a credibilidade e prestígio da premiação. Entre elas estão a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp), Associação Nacional das Defensoras e Defensores Públicos (Anadep),  Associação dos Juízes Federais (Ajufe), Conselho Federal da OAB, Associação Nacional dos Procuradores de República (ANPR), Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e a Secretaria Nacional de Justiça do Ministério da Justiça e Segurança Pública, com o apoio do Grupo Globo.

Edição Especial do Radar Covid-19 Favelas reúne relatos de Agentes Comunitários de Saúde

Por Edu Carvalho em 01/12/2020 às 10h30

A quarta edição do Radar Covid-19 Favelas traz como destaque depoimentos de Agentes Comunitários de Saúde (ACS) sobre o atendimento durante esse período de pandemia do covid-19. O informativo também apresenta reivindicações e denúncias realizadas por moradores, trabalhadores e pessoas que atuam em territórios periféricos do Rio de Janeiro. 

Na seção “Megafone”, há relatos de moradores que foram desalojados no dia 22 de outubro da ocupação Ágatha, localizada no Centro do Rio. Ao todo, 16 famílias incluindo crianças, idosos, uma mulher grávida e pessoas com dificuldade de mobilidade foram despejados sem aviso prévio. O informativo também deu espaço ao ato contra o fechamento do Hospital Geral de Bonsucesso, onde trabalhadores da unidade e movimentos sociais da saúde realizaram , no dia 3 de novembro, para garantir o emprego dos funcionários e uma reabertura segura, após  incêndio que atingiu parte do hospital. 

Outros assuntos ganham destaques nessa seção, como a quinta Semana dos Agentes Comunitários de Saúde, onde foi apresentado o 1º boletim da pesquisa de monitoramento das dificuldades e condições de saúde destes agentes em tempos de Covid-19; a falta de água na Maré durante a pandemia; e a dragagem do canal São Fernando que está fazendo a Estrada José Cid Fernandes, no bairro de Santa Cruz, Zona Oeste do Rio, afundar, deixando moradores da região sem coleta de lixo e com a circulação afetada. 

Em “Movimentos Sociais”, o Radar Covid-19 Favelas apresenta uma nota da Comacs Manguinhos alertando sobre a possível descontinuidade dos serviços de saúde no território, devido ao fim do contrato de muitos trabalhadores que receberam aviso prévio e não tiveram os vínculos renovados. 

Encerrando a quarta edição do informativo, o “Especial ACS” apresenta depoimentos e relatos de Yolanda Oliveira (Bangu), Maria do Socorro Moreira (Santa Cruz) e Simvione Monteiro (Jacaré), agentes comunitárias de saúde que estão na linha de frente do combate da pandemia do novo coronavírus. 

A publicação tem como base os relatos das mídias sociais de coletivos de favelas cariocas, com contato direto com moradores, lideranças e movimentos sociais, buscando sistematizar, analisar e disseminar informações sobre a situação de saúde nos territórios em foco em cada edição. 

Lideranças e comunicadores populares também podem enviar sugestões de pauta, matérias e crônicas sobre a Covid-19 em seus territórios para o e-mail [email protected]

O Radar Covid-19 Favelas e o Boletim Socioepidemiológico nas Favelas são iniciativas da Sala de Situação Covid-19 nas Favelas do Rio de Janeiro e podem ser acessados na página do Observatório Covid-19 da Fiocruz.