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Violência de gênero emociona público em terceiro dia do Festival

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Violência de gênero. ? Suzane Santos / AMaréVê

Mulheres falam sobre romper a barreira do silêncio e unirem-se para fechar feridas e assegurar direitos

Em 18/11/2018 – Por Hélio Euclides

A roda de conversa “Violência de Gênero” emocionou o público com as histórias das participantes. O debate reuniu a mediadora Miriam Krenzinger, professora e escritora; Kamila Camillo, psicóloga; Francisca Nascimento, estudante de pedagogia; Maria Alice Vieira, comerciante e realizadora de evento de forró na favela; e Jandira Feghali, deputada federal. O encontro foi de relatos não só de sofrimentos, mas de resistências e superação.

“A infância foi difícil com meu pai e mãe, agora trabalho com as vítimas. Eu tive acesso à rede de educação e proteção, mas quantas não têm condição? Muito importante que todos alcancem o auxílio. Necessitamos acolhê-la, mostrar portas de saída. Precisamos nos articular e lutar por políticas públicas para todas”, diz Miriam. Sua colega de conversa, Francisca lembrou da força que as mulheres podem dar umas as outras. “Temos momentos de baixa autoestima, mas precisamos lembrar que somos amadas, e não estamos sós”, afirma Francisca.

Jandira destacou que na política há cenários tenebrosos, mas que a força da união reverte situações. “Temos que ser mais firmes e lutarmos juntas pela igualdade e pelo direito da mulher. Devemos formar uma resistência, para fazer algo consistente contra a desigualdade. A mulher que se sente ofendida precisa ver outros casos de apoio, para que se sinta segura”, enfatiza Jandira.

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Mesa debate a importância produção literária negra

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Conceição Evaristo recebeu da professora Ana Paula Venâncio uma manta decorada com cartas e pinturas de seus alunos do Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro    | Foto: Amanda Soares

Mesa de abertura de sábado, 17, aborda o papel da produção literária sobre negritude na manutenção da memória africana e diaspórica

Em 18/11/2018 – Por Amanda Soares

Jude Kelly abriu o espaço no auditório do Museu do Amanhã neste sábado, 17, enaltecendo a coragem de quem se posiciona contra os sistemas que as oprime, independentemente de seu gênero. “Nós resitimos, usando nossos corpos, vozes e punhos cerrados para o alto.” Na mesa de abertura, a jornalista luso-angolana Carla Fernandes e a escritora Conceição Evaristo discutiram sobre a produção literária diaspórica e africana e apresentaram suas perspectivas sobre manutenção da memória negra no mundo para um auditório lotado.

Fernandes é criadora do audioblog Afrolis. A equipe é composta por jornalistas e escritores luso-africanos. O site português possui um trabalho singular de protagonizar a comunidade negra de Lisboa.  “Lá não há muita preocupação em produzir temáticas sobre negritude. Nosso espaço é escape o rádio”. Ela destacou o papel de personagens negros na construção de sentidos empáticos à comunidade negra no mundo todo. A seu pedido, a escritora Conceição Evaristo leu um trecho do conto Ana Davenga, de autoria da brasileira. Ana é uma mulher negra plenamente consciente de seu corpo e que resiste ao estigma sexualizado que a sociedade lhe impõe.

Conceição Evaristo compartilhou com a plateia sua preocupação em ser o mais sensível possível na criação da linguagem de uma personagem. “Procuro empregar nomes africanos, ou então que lembrem nomes africanos. Reproduzir o som das palavras na narrativa”. Para ela, a empatia é um recurso que aproxima o leitor de uma estória: “Não basta ter uma história pra contar. É preciso saber como contar.”

Ambas concordaram, ainda, que a história negra continua pouco valorizada. “A memória africana no Brasil não é publicada e estudada suficientemente”, alertou Carla Fernandes. Conceição Evaristo explica que o conceito de “escrevivências” vem da necessidade de se escrever as memórias do povo preto “Esse termo vem com uma característica étnica, de gênero, para enfrentar o processo que nossas ancestrais passaram durante o processo de escravização.” E questiona: “por que a escrita de memórias de outros povos tem status de literatura e a negra não?”

Ao final, Conceição Evaristo recebeu um presente inesperado da professora Ana Paula Venâncio, que estava na plateia: uma manta decorada com cartas e pinturas de seus alunos do Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro (Iserj), baseadas nos textos da autora. Muito comovida, encerrou dizendo que entende que os mais velhos devem incentivar a produção literária dos mais jovens. “É preciso ser cúmplice da juventude, tanto quanto é importante registrar a voz dos mais velhos.”

Ativismo transgênero é abordado no WOW

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Ativismo transgênero. ? Suzane Santos / AMaréVê

Violência, estigmas e preconceitos na vida e no ativismo trans é debatido por mulheres e homem trans

Em 18/11/2018 – Por Jéssica Pires

A pluralidade do feminino passa também pelas pessoas trans. O Festival WOW Rio promoveu o Fórum de Vivências “Ativismo Transgênero” com a participação de Luiza Valentim, mulher transexual e mãe; Kit Redstone, escritor, diretor e performer teatral; Agrippina Manhattan, artista visual e pesquisadora; e Gilmara Cunha, fundadora do Grupo Conexão G de Cidadania LGBT de Favelas.

As representantes da mesa e Kit, homem trans, atuam pela assistência de pessoas trans em situação de vulnerabilidade, pela  melhoria da qualidade de vida e também com arte e criatividade. O ativismo e as questões do público LGBT em favelas também foram apresentadas por Gilmara.

Um dos pontos comuns entre as falas foram as violências vividas por pessoas trans – tanto no ambiente familiar como nos campos profissional e social. Apesar de toda a invisibilidade e os desafios para garantia de direitos, elas e ele seguem em suas lutas, que é a de muitas pessoas trans.

 

Ativismo transgênero. ? Suzane Santos / AMaréVê

Homenagem à Marielle Franco reúne lideranças negras no Museu do Amanhã

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Racismo, machismo, invisibilidade e resistência movem as mulheres pretas para a política

Em 18/11/2018 – Por Jéssica Pires

O território de partilha “Uma flor rompe o asfalto: mulheres que fazem História na política. Uma homenagem à Marielle Franco” reuniu Benedita da Silva, primeira mulher negra eleita senadora no Brasil; Talíria Petrone, professora e deputada federal; Edna Adan Ismail, ativista, fundadora e diretora do Hospital Maternidade Edna Adan Ismail (Somália); e Tainá de Paula, arquiteta, urbanista e ativista feminista, no último dia do Festival Mulheres do Mundo.

A mesa, que lotou o auditório do Museu do Amanhã, apresentou os desafios que as poucas representantes mulheres, sobretudo as pretas, vêm enfrentando na política. Falou-se sobre um movimento de mobilização dessas mulheres pleiteando representatividade na política do Brasil, após a execução da ativista e vereadora Marielle Franco. Um movimento difícil, solitário e de medo, segundo Talíria Petrone, que foi eleita vereadora em Niterói no mesmo ano que Marielle.

As quatro representantes, mediadas por Eliana Silva, fundadora da Redes da Maré, falaram sobre raça, indignação, representatividade, poder, lutas identitárias, participação política e, sobretudo, o papel e a importância da tarefa delas pela busca de garantia de direitos dos que são maioria nos índices (sobretudo de mortalidade) e minoria nos cargos públicos.

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Senhoras do Calendário e participantes do Miss Rua desfilam no WOW

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Miss Rua | Foto: Douglas Lopes

Mulheres em situação de rua e modelos de terceira idade transformam o Armazém 1 em passarela e são ovacionadas

Sara Paixão (assessora dos Projetos Miss Rua e Senhoras do Calendário)

O Festival Wow Mulheres do Mundo recebeu no sábado, 18, dois desfiles fora dos padrões da moda. No Armazém 1, dez mulheres em situação de rua, integrantes do projeto Miss Rua, e 11 modelos de terceira idade, participantes do Senhoras do Calendário, transformaram o espaço numa passarela e foram ovacionadas pelo público presente.

O Miss Rua é fruto de uma parceria de Eduardo Araúju com a Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos – por meio do Projeto Circulando. Através dele, 13 mulheres, que vivem em situação de rua, foram selecionadas para desfilar e preparadas, após passar por uma oficina de modelos ministrada pelo produtor, para o evento de lançamento da edição 2019 do Senhoras do Calendário, que aconteceu na semana passada no Imperator. Na ocasião, todas foram contempladas com faixas que faziam uma alusão a um traço de sua personalidade, tal como Miss Alegria, Miss Atitude, Miss Simpatia, entre outros. Mas também foram submetidas a um júri que escolheu a paulistana Jéssica Reis, de 37 anos, como a Miss Rua.

Elas tiveram como madrinhas as experientes Senhoras do Calendário, modelos na faixa dos 60 a 83 anos integrantes do projeto criado em 2006 por Eduardo Araúju, com inspiração no filme inglês “Garotas do calendário”. No festival, elas não apenas desfilaram, como fizeram uma verdadeira performance ao som de “Maria de Vila Matilde”, canção consagrada na voz de Elza Soares. Cada uma das senhoras trazia um aparelho de celular dentro do vestido e, ao desfilar, o retiravam para simular uma ligação para o 180, número da Central de Atendimento à Mulher, vítima de qualquer tipo de violência.

“Foi muito bom ser convidado para participar do festival e maravilhoso vê-las recebendo esse carinho do público. Tenho 36 anos a serviço da arte, mas hoje teve um gosto muito especial. Não estava só com as Senhoras do Calendário, eu ‘tava’ com as meninas do Miss Rua, um projeto que não foi criado para ser um concurso de beleza, mas sim um grito de alerta, sobre o que passa essa parcela ignorada da nossa população. E pude perceber a felicidade dessas mulheres e elas estavam mais inclusas foi uma grande festa quando nós nos encontramos, eu com elas e a elas também com as Senhoras do Calendário”, comentou o produtor Eduardo Araúju sobre a participação, de seus dois projetos no evento.

Reni Eddo-Lodge e Djamila Ribeiro abrem o último dia do Festival

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Reni Eddo-Lodge Djamila Ribeiro: Uma conversa aberta sobre gênero, raça e feminismo ? Karina Donaria / AMaréVê

Jornalista britânica e filósofa brasileira falam sobre racismo estruturante, colonialismo e mito da democracia racial no Brasil

Em 18/11/2018 – Por Eliane Salles

Para abrir o último dia do Festival Mulheres do Mundo foram escaladas duas potências femininas para conversarem sobre gênero, raça e feminismo: a jornalista, escritora e podcaster britânica, Reni Eddo-Lodge, e a mestre em filosofia política, feminista e pensadora brasileira, Djamila Ribeiro.

Um dos temas levantados por Dajmila Ribeiro foi o mito da democracia racial no Brasil,  que, segundo a filósofa, dificulta ainda mais a abordagem e o combate do racismo no país. “No Brasil, as pessoas ainda têm dificuldade de entender o racismo como estruturante de todas as relações institucionais”.

Para a pensadora brasileira, o racismo no Brasil só é visto como tal quando é destinado a um indivíduo. A sociedade, no entanto, não compreende as políticas seculares e estruturantes que fizeram com que a população negra permanecesse sempre na base da pirâmide econômica, com menos oportunidades educacionais e profissionais e sendo maioria da população carcerária do país, entre outros problemas, como resultado de políticas e sistemas racistas.

A abertura do terceiro dia do festival foi realizada no auditório do Museu do Amanhã, às 10h, e contou com a presença de Jude Kelly, idealizadora do movimento WOW. “Este WOW no Rio está sendo excepcional”, elogiou Jude Kelly, antes de apresentar as debatedoras.

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