Programação, que faz parte do Viradão Cultural Suburbano, é aberta ao público
Por Redação, em 25/08/2022 às 18h07
Em comemoração ao mês de agosto, marcado por datas que exaltam a resistência da cultura hip hop, acontece amanhã (26), o Festival Leopoldina Hip Hop – Circulação, na Lona Cultural Hebert Vianna, da Maré. A programação da terceira edição do festival está inserida na programação do Viradão Cultural Suburbano e contará com shows, DJs e apresentaçao de B-Boys. Ao longo de cinco anos, mais de 50 artistas fizeram parte da programação do Leopoldina Hip Hop em espaços culturais da cidade. Grandes nomes do Hip Hop, como MV Bill e Kmila CDD, também passaram pelos eventos LH2.
“É incrível realizar a terceira edição na Maré. Um território que temos um carinho imenso, pelas referências pessoais dos profissionais da equipe. E ainda colocar em prática o que acreditamos, que é dialogar com a cena artística e os movimentos que já acontecem na Maré, como a Roda Cultural do Parque União. Vamos somar forças com essa galera e ocupar a Lona da Maré, e encerrar essa temporada da Circulação de forma bonita, celebrando a cultura hip hop”, celebra Nyl MC, mestre de cerimônia e um dos organizadores do LH2.
De acordo com Isabela Souza, diretora do Observatório de Favelas, o festival, que nasceu na Arena Carioca Dicró, espaço público cultural, localizado na Penha e cogerido pelo Observatório de Favelas, já se tornou um evento muito importante para o cenário cultural da cidade.
Mc Natalhão é uma das atrações do festival | Foto: Divulgação
“O Leopoldina Hip Hop se tornou um evento fundamental, pelas parcerias envolvidas na construção e pela capacidade de agregar e visibilizar a cena do hip-hop carioca. Para o Observatório de Favelas é uma alegria termos a chance de circular, junto com o projeto, por outros equipamentos culturais da Prefeitura do Rio. Ganhamos nós e a ganha a cidade, com a chance de o hip hop circular e nos reunir !” – comemora Isabela Souza.
LH2 CirculAção – Maré
Dia 26 de Agosto às 18h Local: Lona Cultural Hebert Vianna End: Rua Evanildo Alves, s/n – Maré Participação gratuita
Shows
Natalhão | Drope | Baga | Kamy | Binho da vila
DJs
Mike | Def brks
Bboys
Irven | Tróia
Mestres de cerimônia
Nyl MC e Lxki
O Leopoldina Hip Hop CirculAção é uma realização do Coletivo Resistência Cultural e do Observatório de Favelas. Com apoio da Maré Music, Roda Cultural Parque União, Viradão Cultural Suburbano, Lona da Maré, Redes da Maré. Com patrocínio: RIO 2020, Secretaria Municipal de Cultura, FUNARTE, Secretaria Especial de Cultura e Ministério do Turismo.
B–boy é uma abreviação para “Break Boy”; na foto, Irven | Foto: Divulgação
Kamila Camillo realiza trabalho sociocultural para crianças e adolescentes na área conhecida como Tijolinho
Por Samara Oliveira, em 25/08/2022 às 12h12
A Câmara Municipal do Rio de Janeiro inaugurou, na última terça-feira (23), a exposição “Mulheres do Tijolinho”, da fotógrafa mareense Kamila Camillo. Com curadoria de Jean Carlos Azuos, o trabalho representa o olhar atento da artista para a vivência feminina na região conhecida como Tijolinho, uma subárea da favela da Nova Holanda – que ainda conta com Malha, Golden Cross, Clínica e Favela da Galinha. A exposição é aberta ao público e fica disponível até a próxima quarta-feira (31).
Além de inaugurar a exposição, Kamila também recebeu uma moção em homenagem ao trabalho sociocultural com crianças e adolescentes que realiza no território por meio do projeto “Crias do Tijolinho”. O evento foi promovido pelo mandato da vereadora Mônica Benício (Psol), também mareense. No Instagram, a parlamentar comentou sobre o trabalho realizado por Camillo e sobre a presença dos moradores na Maré na Câmara.
“Ainda não tenho palavras pra dizer o que foi a noite de hoje. Me encheu o coração ver a Maré nessa casa, que muitas vezes não representa de fato o que é a Casa do Povo. Só tenho a agradecer a honra de homenagear @kamilacamillo_tjl , essa sapatão parceira que traz com ela o maior espírito da favela: o da coletividade. E foi assim que a gente encheu o salão nobre da Câmara de crias da Maré e homenageamos não só a Kamila, mas um monte de gente braba que bota essa cidade pra funcionar”, escreveu na publicação.
Morador da Roquete Pinto, o fotojornalista Jean Victor, de 30 anos, é também historiador. Este mês ele é o responsável pelo painel de fotos do Maré de Notícias. Seu trabalho acompanha o crescimento das regiões de Roquete Pinto e Praia de Ramos.
“A fotografia é a minha principal ferramenta para explorar o território. Trabalho a integração do morador com o local. Quero resgatar o histórico do lugar para que os mais novos tenham consciência crítica. É muito legal revelar o cotidiano das localidades, apresentar um território rico, o que muitas vezes é ignorado nessa cidade maravilhosa. Esse é o retorno do conhecimento para a favela, um incentivo a continuar.”
Jean Victor, historiador e fotógrafo
Os frequentadores do Piscinão já foram agraciados com uma amostra de seu trabalho: uma exposição de cartazes lambe-lambe (aqueles pôsteres colados em paredes e muros). Imagens de crianças realizando os tradicionais pulos nas águas do Piscinão foram publicadas nas redes sociais. Fragmentos de uma Maré é um projeto que envolve tanto fotos como oficinas. O acervo de Jean Victor já conta com cinco mil imagens, que serão catalogadas e entregues a alguma instituição da Maré. Suas fotos resgatam, preservam e difundem a memória, a identidade e a representação das duas favelas.
Oficina de gastronomia marca o encerramento do projeto Impacto de Vida
Por Adriana Pavlova em 23/08/22 às 7h
A pandemia de covid-19 arrastou cerca de 14 milhões de brasileiros de volta para o mapa da fome. Hoje, 33 milhões de pessoas no país não têm o que comer todos os dias, número que quase dobrou desde o início da crise sanitária, em 2020. Enquanto o Brasil conhecia esses dados assustadores, 77 mulheres da Maré aprendiam como aproveitar alimentos de forma integral, em oficinas ministradas por instrutoras do curso de gastronomia Maré de Sabores, da Casa das Mulheres. As aulas marcaram o encerramento do projeto Impacto deVida, um desdobramento dos aprendizados da campanha Maré diz NÃO ao coronavírus, articulada pela Redes da Maré com diferentes parceiros.
Nas aulas que aconteceram na cozinha da sede na Redes no CIEP Gustavo Capanema, na Vila do Pinheiro, e na Casa das Mulheres, no Parque União, as participantes cozinharam, junto com as professoras Adriana Moreno e Lívia Santos, quitutes como pão árabe de frigideira, bolinho de arroz, sopa de abóbora com chips de alho-poró, salada de feijão, conserva de beterraba, molho pesto feito com talos de espinafre e doce de banana com maracujá.
Se muitas alunas estavam tímidas no começo, aos poucos — cortando legumes e temperos, descobrindo ingredientes nunca usados como o alho-poró, medindo farinha, refogando e fritando juntas — elas foram ganhando intimidade e se soltando para terminar tudo com uma deliciosa degustação de sabores nem sempre conhecidos.
Moradora da Vila do João, Érica de Fátima saiu da aula feliz com a experiência e disse ter gostado do que poderá fazer daqui para frente para tornar a comida do dia a dia mais saborosa e saudável.
“Aprendi que a gente não joga os talos das folhagens fora e também pode fazer caldo de legumes caseiro, evitando comprar aquele caldo pronto para dar gosto na comida. Nunca tinha imaginado fazer um pão na frigideira, que é muito prático. Também aprendi que a sobra de pão francês pode ser transformada na farinha panko, usada para empanar o bolinho de arroz”, diz.
Mãe de um menino de 4 anos e de uma garota de 14, Érica teve que mudar drasticamente o cardápio de sua casa durante a pandemia porque foi demitida da creche onde trabalhava; o marido, que é porteiro, sofreu corte de salário. Para ela, o cesta de alimentos entregue pelo Impacto de Vida fez muita diferença para manter as refeições diárias. “A cesta ajudou muito, principalmente os alimentos orgânicos, porque a gente não estava mais comprando nada de verdura. Até dava para comer mas faltava legume e fruta”, conta.
Já Antônia Adriana Rodrigues da Silva, também moradora da Vila do João, aproveitou a oficina para cozinhar ao lado da filha Camila. Ela perdeu o emprego num restaurante self-service na Maré por conta da pandemia e hoje faz bico numa lanchonete perto de casa. Mãe solo de três, Antônia chegou a sofrer com falta de comida na época em que as escolas ficaram fechadas.
“Todo mundo estava em casa e teve dias que não tínhamos o que comer. Minha irmã me ajudou e depois, com sorte, encontrei com a assistente social da Redes da Maré na rua. Até então não conhecia a Redes. Fui entrevistada, passamos a receber a cesta de alimentos e as crianças ganharam o tablet para se conectarem com a escola. Depois que as aulas presenciais foram suspensas, eles não tinham qualquer contato com os professores”, relembra.
Criatividade na cozinha
A experiência na oficina de aproveitamento integral de alimentos animou Antônia a participar do processo seletivo para as aulas regulares do curso de gastronomia Maré de Sabores, na Casa das Mulheres, no segundo semestre: “Eu amei a aula. Tudo ficou muito gostoso e a gente aprendeu a não jogar nada fora. Muita coisa me surpreendeu, como conseguir fazer gelatina natural com a casca do maracujá (ao ser cozida na panela de pressão rapidamente, a casca ganha uma textura gelatinosa e pode ser usada em doces para dar mais consistência). Eu já gosto de inventar na cozinha e agora vou inventar muito mais.
Segundo ela, atualmente sua família não consegue comer carne todos os dias e, quando dá, é frango, ovo ou salsicha.
Assim como Antônia, outras participantes da oficinas de conclusão do Impacto de Vida também foram atraídas pela possibilidade de participarem do curso Maré de Sabores. As aulas foram uma clara porta de entrada para tudo que acontece na Casa das Mulheres, que a maioria nunca tinha ouvido falar até começar a receber as cestas de alimentos.
Hoje, depois de 12 anos de histórias, o curso Maré de Sabores é muito mais do que uma formação em gastronomia; é a possibilidade de alargar a visão sobre segurança alimentar, mostrando a importância da mudança cultural do hábito de nutrição, apostando no produto in natura e discutindo o alto consumo de alimentos ultra processados.
A chance de qualificação em gastronomia apresentada às participantes do Impacto de Vida é, assim, o início de uma mobilização mais ampla, como explica Mariana Aleixo, coordenadora da Casa das Mulheres e do Maré de Sabores: “É muito importante o papel da Casa das Mulheres no processo. A partir de um desejo de formação, de geração de renda, essa mulher da Maré tem a chance de ter um trabalho, conquistar autonomia e, naturalmente, vai começar a problematizar questões subjetivas, que até então não conseguia elaborar.”
Segundo ela, “a Casa das Mulheres oferece suporte psicossocial e jurídico para as demandas individuais dela e conta ainda com uma frente de direitos sexuais e reprodutivos”.
Aproveitamento total
A ideia de uma oficina de gastronomia para marcar o fechamento do Impacto de Vida partiu das próprias participantes do projeto, que teve como principal beneficiárias justamente mulheres (84,5%) responsáveis por seus domicílios — a maiori, pretas e pardas (70,6%) com idades entre 20 e 49 anos (67,3%).
Durante um encontro reunindo as famílias do projeto em outubro de 2021, surgiu a demanda por alguma atividade ligada à alimentação, já que a entrega das cestas, incluindo alimentos orgânicos, foi um pilar estruturante do Impacto de Vida, como explica a coordenadora da equipe de apoio ao luto, Laís Araujo.
“Além de apresentar e dar acesso a outros projetos da Redes no momento em que o Impacto de Vida conclui seus trabalhos, outro ponto positivo das oficinas é que muitas vezes, na entrega das cestas, recebíamos o retorno de que as famílias não conheciam alguns orgânicos. Nas oficinas houve tanto a chance de conhecer alimentos pouco usuais para elas, como o alho-poró, como também descobrir como aproveitar integralmente legumes como a beterraba.”
O projeto Impacto de Vida teve como objetivo acompanhar famílias mareenses a médio prazo, com entrega mensal de cesta alimentícia e quinzenal de frutas e legumes orgânicos; distribuição de tablets e de chips para que crianças e adolescentes tivessem acesso às aulas remotas, aos professores e aos deveres; e atendimento psicossocial a mulheres que perderam familiares para a covid-19.De julho de 2021 a maio de 2022, 308 famílias receberam alimentos, 264 tiveram suporte para a conectividade e 66 contaram com apoio no luto, com acompanhamento regular de psicóloga e assistente social. Na retaguarda do Impacto de Vida, havia uma equipe multidisciplinar formada por 16 mulheres, muitas delas moradoras da Maré.
A cesta básica foi criada para ajudar a definir o valor do salário mínimo e pensada como o essencial para alimentar uma família de quatro pessoas – Foto: Gabi Lino
Passarelas provisórias, insegurança e obras intermináveis fazem parte da história de deslocamento dos Mareenses há mais de 10 anos
Por Edith Medeiros*, em 22/08/22 às 08h
Construídas em madeira, as passarelas 6 e 11 que ligam a Maré ao outro lado da Avenida Brasil deveriam ser provisórias, mas, embora mantenham o nome de temporárias, permanecem há muitos anos. E a duras penas: pregos soltos, corrimãos enferrujados e degraus que rangem indicando que podem romper a qualquer momento.
Esse é a realidade que milhares de moradores do conjunto de favelas da Maré, com seus 140 mil habitantes, em 16 comunidades, são forçados a conviver, ao se deslocar pelas passarelas da Avenida Brasil.
E o medo é agravado pela massa de automóveis, ônibus e caminhões que circulam a toda velocidade sobre aquela que é a principal artéria que corta a cidade.
Vista da Passarela 6 com Fiocruz ao fundo, Av. Brasil. – Foto: Edith Medeiros
A passarela que se encontra próxima à de número 6, mais precisamente conectando os lados da Vila do João à Fiocruz, encontra-se (veja a ironia!) “permanentemente temporária” há 11 anos. Isso significa dizer que desde 2011, pessoas passam por essa passarela “provisória”, feita às pressas devido a uma mudança do ponto do ônibus, para um local quase 300 metros distante do original. E durante todos esses anos as obras para a construção da opção permanente no local ainda não foram realizadas.
O morador da Vila do Pinheiro, Lucas Feitosa, 23 anos, relata as dificuldades de atravessar essa passarela, que usa para se deslocar desde que se mudou para a Maré, há 6 anos. “Eu já quase caí várias vezes, porque ela é de escada, de degrau, não tem rampa.” Lucas afirma que o perigo aumenta quando chove e que agora improvisaram degraus de madeira que não dá para saber se foi obra da prefeitura ou dos ambulantes que trabalham no local. “Tiraram os corrimãos, botaram de madeira também, uma coisa totalmente irregular.”
A solução dada na época pela antiga gestão da Secretaria Municipal de Obras deveria ter sido paliativa, mas sobreviveu ao tempo. Até o momento ela range, ameaça, obriga a longas caminhadas, mas sobrevive. Ganha status de permanente embora seu aspecto a denuncie como provisória e temerária.
Para Eliane Lopes, 42 anos, a passarela é perigosa, insegura e um risco para toda população. Ela menciona a falta de várias peças ao longo do trecho: “Por diversas vezes eu vi faltando degraus de madeira e os ferros que ficam na lateral para gente poder se apoiar”. Elaine destaca ainda que o pedestre estando atento ou distraído pode cair, justamente por não ter corrimão por todo o trecho da passarela.
Para fugir do risco, os moradores podem recorrer a uma outra opção: uma passarela de concreto construída para o BRT TransBrasil. Ela fica há quase 300 metros de distância da temporária, mas divide a opinião dos moradores porque são obrigados a andar por um trecho considerado de pouca segurança.
Nós, moradores, ficamos entre a cruz e a espada, tendo que escolher se arriscar atravessando uma passarela provisória que não tem infraestrutura, que corre risco de sofrer acidente; ou utilizar a outra passarela, a do BRT, e correr o risco de sofrer uma agressão de um morador de rua, ser assaltado e andar na escuridão toda que tem ali. É difícil saber o risco, o que é pior.
Elaine Lopes, moradora da Vila do João e Agente Comunitária de Saúde
Trabalhadores na obra da passarela 11 definitiva, Av.Brasil. – Foto: Edith Medeiros
Já a passarela 11, localizada próxima ao Parque União, encontra-se na condição provisória desde 2017. É uma “jovem” de cinco anos mas o estado de conservação estava tão precário que foram feitas obras para substituí-la no ano passado, em 2021. Reside aí nova ironia – trocou-se a provisória, mas não por uma permanente. A Prefeitura do Rio preferiu pagar um aluguel pela solução temporária em vez de investir em algo mais seguro e definitivo. E isso só aconteceu após protestos de moradores da região do Complexo do Borgauto e Chaparral, em Ramos.
A população lutou pela sua segurança e até pela garantia constitucional prevista no artigo 5, inciso XV da Constituição Federal, que garante a liberdade de ir e vir. Esta comunidade, instalada ali, era obrigada a caminhar cerca de 800 metros a dois quilômetros para alcançar uma das passarelas próximas. E mesmo a nova solução não aumentou a confiança dos moradores.
Para Lindiana Oliveira, 43 anos, tanto a passarela de concreto antiga quanto a temporária de ferro não oferecem segurança ao atravessá-las. Não há rampas para quem precisa de acessibilidade e as passagens são estreitas: “, duas pessoas não conseguem passar, se uma estiver descendo tem que esperar a outra subir”. Ela frisa o medo de cair e lembra que quase tropeçou uma vez no outro lado da passarela, local de difícil acesso: “Cadeirante e carrinho de bebê jamais passam ali.”
Para os trabalhadores nas imediações da passarela 11, os prazos dados pela Prefeitura do Rio anteriormente já expiraram e o movimento diminuiu desde que essa passarela foi colocada.
“A diferença é bastante grande de quando a passarela era permanente, as vendas caíram pra caramba, mudou tudo”, diz Antônio Constantino Alves, 62 anos. O senhor, que trabalha no local desde a época que a passarela era de concreto, espera que as vendas voltem ao nível anterior quando a nova passarela for finalizada.
Antônio Constantino Alves em seu local de trabalho, nas imediações da passarela 11. – Foto: Edith Medeiros
De acordo com reportagens publicadas nos últimos anos nos mais diversos jornais, TVs, rádios e sites, a solução definitiva do problema das passarelas estaria atrelada à conclusão das obras da TransBrasil. Mas é aí que a situação se agrava: com a crise financeira da Prefeitura, a obra referente à melhoria do transporte não anda e as passarelas também não saem do papel.
A Secretaria Municipal de Infraestrutura informou de forma sucinta que as obras do BRT TransBrasil irão contemplar as instalações das passarelas 6 e 11 e serão finalizadas no final deste ano. Acrescentou somente que as obras deveriam ter sido finalizadas em 2017, ao longo da gestão anterior, e que foram retomadas em agosto do ano passado, seguindo o cronograma. A Secretaria não forneceu mais informações sobre os casos citados na reportagem.
O entorno da passarela 11 encontra-se atualmente em obras, dando esperança aos moradores de que finalmente terão uma passagem permanente para chamarem de sua. Já a passarela próxima à Vila do João segue da mesma maneira que estava desde 2011, sem ninguém trabalhando na reforma dela. Ou seja, vai continuar permanentemente provisória.
Funcionários da Prefeitura do Rio de Janeiro descendo a passarela 11 provisória. – Foto: Edith Medeiros
Comunicadora da primeira turma do Laboratório de Jornalismo do Maré de Notícias
Reforçando a importância da construção coletiva que está sendo proposta para o equipamento cultural do Governo do Estado de São Paulo, programação será realizada em ambiente online, com transmissão ao vivo e gratuita para todo o Brasil
Por Redação em 20/08/22 às 08h
O Museu das Favelas, instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, realiza atividades que esquentam para a sua abertura oficial, prevista para o 2º semestre de 2022. A ação tem como objetivo reforçar a importância da construção coletiva proposta para o espaço museológico. A programação virtual contará com lideranças, artistas, agentes e produtores atuantes nas favelas do país para trocar experiências acerca do que é “Ser Favela”.
Com transmissão online e gratuita para todo o Brasil, as rodas de conversas acontecem às quartas-feiras dos dias 10 e 24/8 e na terça-feira 06/9, sempre a partir das 15h, no YouTube da instituição.
Ação contará com bate-papo virtual e reflexões sobre os processos e desafios da maternagem para mulheres favelizadas; sobre como as experiências, afetividades e repertórios periféricos contribuem para potentes processos educativos que acontecem dentro e fora do museu; e sobre as perspectivas das populações de favela sob o contexto da Independência do Brasil, fazendo um paralelo entre a resistência, os processos de aquilombamento e o movimento de povoação da Zona Leste de São Paulo. Carla Zulu, Coordenadora de Relações Institucionais e porta-voz do Museu das Favelas, será a mediadora dos encontros. “O ciclo “Ser Favela” está sendo uma experiência de vida, de ressignificação e ontologia. É poder entender entre os pares que temos histórias para contar. É um encontro de cultura, mas acima de tudo, uma reconexão ancestral”, diz Carla.
No dia 10/08, participam do encontro Edileusa Maria da Silva, parteira no Museu da Parteira, uma iniciativa que atua na promoção e valorização dos Saberes e Práticas das Parteiras Tradicionais em Pernambuco; Maria Vilani, filósofa, escritora e uma das importantes figuras do bairro do Grajaú, em São Paulo; e Débora Silva, fundadora do Movimento Mães de Maio.
Os encontros virtuais ocorrem desde junho e fazem parte das ações da instituição estadual. Todas as transmissões possuem interpretação em libras, com o coletivo Libras na Quebrada.
SOBRE O MUSEU DAS FAVELAS
O Museu das Favelas é uma instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo. Desde janeiro de 2022, a gestão é realizada pelo IDG – Instituto de Desenvolvimento e Gestão, organização social de cultura. A instituição fica localizada no Palácio dos Campos Elíseos, edifício tombado na região central da cidade de São Paulo.
O museu está em processo de construção coletiva, e para isso, propõe uma série de ações em busca de aproximação, diálogo e reflexão com diferentes interlocutores do país. Busca ser um espaço que nasce ecoando vozes, lutas e memórias das favelas, constituídas através do canto, da fala, da festa e do jogo, buscando se constituir como um local de acolhimento e experiências.
SERVIÇO
SER FAVELA – Troca de Saberes para a Construção do Museu das Favelas 24/08, quarta-feira | 06/09, terça-feira Horário: sempre das 15h às 17h Onde: No YouTube Museu das Favelas Acompanhe em: https://www.youtube.com/c/MuseudasFavelas