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Aluno da Escola Livre de Dança da Maré é aprovado para Escola de Ballet do Teatro Municipal

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Por Jéssica Pires, em 25/03/2022 às 07h. Editado por Edu Carvalho

“A dança e o balé representam liberdade, felicidade, uma expressão daquilo que você sente”, sintetiza Pedro Carvalho, de 12 anos, que é um dos mais novos integrantes da turma de balé da Escola de Dança Maria Olenewa, do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Pedro começou a participar das oficinas online de ballet da Escola Livre de Dança da Maré, do Centro de Artes da Maré, há um ano, de forma remota, ainda durante à impossibilidade das aulas acontecerem presencialmente por conta da pandemia, e recentemente participou da seleção para a turma na renomada Escola de Dança e foi aprovado.

A Escola Estadual de Dança Maria Olenewa foi fundada em 1927 e é a mais antiga instituição brasileira dedicada ao ensino da dança e à formação de bailarinos clássicos. Pedro e sua mãe, que é merendeira escolar, ficaram sabendo da seleção e logo fizeram a inscrição online do jovem. O segundo passo foi aguardar a convocação para a audição presencial, que logo aconteceu. Depois da audição Pedro era pura ansiedade até que saisse o resultado: “pra mim significou que tenho algum potencial em ser um bom bailarino e foi uma notícia muito boa. No dia eu estava muito nervoso porque o resultado estava atrasado. Mas quando vi o meu nome lá, fiquei muito feliz”, comenta o jovem.
Pedro nos contou que sempre teve admiração por danças no geral, mas que “o balé sempre teve grande espaço em seu coração” e agora o jovem se dedica diariamente às aulas, de dança e arte, de segunda a sexta no teatro, e ainda às segundas na ELDM.

“O processo remoto foi um desafio, mas ele sempre foi muito atento, com muita garra. Fiquei muito feliz, é uma conquista. Conquistar esse caminho é tudo pra ele porque é o que ele realmente quer, e pra nós é um orgulho. É um sonho que ele vai conquistar, tenho certeza disso”, compartilha orgulhosa a professora de balé da ELDM há 10 anos, Sylvia Barreto.

A Escola Livre de Dança da Maré

A Escola Livre de Dança da Maré – ELDM nasceu em outubro de 2011, no Centro de Artes da Maré – CAM. Fruto da parceria entre a Redes da Maré e a Lia Rodrigues Companhia de Danças, a Escola visa ampliar o acesso dos moradores à dança, atuando com ações educativas, profissionalização e formação de plateia.

O projeto recebia, anualmente, cerca de 300 alunos e alunas em suas atividades. São crianças, jovens, adultos e idosos mareenses que têm a oportunidade de experimentar a dança por meio de oficinas abertas que vão do ballet clássico à consciência corporal, com professores que estão na Escola há mais de cinco anos, sendo todas as aulas gratuitas e abertas à população. Com a pandemia, todas as atividades passaram a ser remotas por um tempo, e abertas à públicos além da Maré. Em março elas retornaram ao presencial. A grade de horários e aulas estão disponíveis no site da Redes da Maré e redes sociais da Redes da Maré e do Centro de Artes da Maré. A prioridade das vagas é dada para moradoras e moradores do Conjunto de Favelas da Maré.

A arte da dança é tratada neste projeto como forma de conhecimento. Neste sentido, o espaço busca fomentar também a formação continuada para um grupo de jovens, com o Núcleo 2 – Formação Intensiva em Dança, e também promove a frequência a atividades culturais externas, como exposições, espetáculos de teatro e dança. O CAM também é um espaço que abriga expressões culturais e respira a arte da Maré e de toda a cidade.

Centro de Artes da Maré comemora 13 anos de existência

As atividades da Escola Livre de Dança da Maré acontecem em um espaço muito especial da Maré. Aberto em 2009, num galpão de 1,2 mil metros quadrados próximo à Avenida Brasil, na Nova Holanda, o Centro de Artes da Maré – CAM é um equipamento da Redes da Maré, referência em arte e cultura para moradores da região e bairros vizinhos, atraindo também um público de diferentes partes do Rio de Janeiro, do Estado e até de outros países. O Centro de Artes da Maré é sede do grupo da coreógrafa Lia Rodrigues, parceira na criação do espaço, e oferece uma intensa programação de eventos artísticos, culturais e sócio-políticos. Há mostras de artes cênicas, oficinas, cineclube, exposições de arte, shows e espetáculos de dança e teatro.

Simples assim

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Por Elena Landau em 18 de março de 2022
Publicado em Estadão

Semana passada fui visitar a Redes da Maré, uma instituição da sociedade civil que organiza projetos e ações de políticas públicas eficazes para melhorar a vida dos 140 mil moradores da favela. É maior do que 96% dos municípios brasileiros; ainda assim, a ausência do Estado é flagrante. Escolas e postos de saúde existem, mas são insuficientes.
Quando o novo coronavírus chegou por aqui, a falta de serviços públicos básicos em comunidades como essa tornou o impacto da pandemia sobre a desigualdade ainda maior. Da ausência de saneamento básico às moradias sufocantes, era quase impossível cumprir regras de higiene e distanciamento.
Da Redes nasceram iniciativas locais para suprir essas carências estruturais. Providenciaram bicas de água, cestas básicas – preparadas com produtos do comércio local –, tablets foram distribuídos e máscaras foram adotadas, antes de virar política nacional. Um amplo programa de vacinação fez com que nenhuma morte por covid tenha sido registrada desde outubro.
A lição que fica é: ouvir as demandas locais e trabalhar com suas lideranças para trazer soluções específicas.
Ao longo dos anos, sob comando de Eliane Silva, a Redes da Maré ajudou a quebrar um ciclo de pobreza e permitiu a mobilidade social de seus moradores. Com o esforço de melhoria no ensino, as mulheres que conheci fizeram curso superior e pós-graduação e voltaram para ajudar em novas fases de conhecimento. Lá se vê de perto a abordagem completa ao cidadão, com ajuda jurídica, cursos de formação para as mães e atividades extracurriculares para crianças.
Visitando a biblioteca local, encontrei Luana, de nove anos, 5.ª série, moradora da Nova Holanda, uma das 16 favelas do Conjunto da Maré. Ela veio me explicar o funcionamento do espaço, e entabulamos um papo. Suas respostas foram diretas:
– Que lugar você acha mais lindo no Rio?
– A praia, mas nunca fui. (Inacreditável que se conviva com uma cidade isolada dentro de outra cidade. A favela fica escondida por um muro na Linha Vermelha, por onde passam os que chegam ao Rio de outras localidades. Zuenir Ventura usou o termo “cidade partida” para descrever o Rio de Janeiro. A Redes recusa o uso desse conceito. Aceitar que somos partidos é aceitar que ficaremos para sempre divididos. Preferem “cidade desigual”. Faz sentido. Combater a desigualdade é possível, é tarefa de toda a sociedade).
– O que é mais importante na sua vida?
– Estudar.
– O que um presidente precisa fazer para melhorar o País? – O bem.
Simples assim.

Mulheres mostram o lado doce do empreendedorismo na Maré

Com base em comércio familiar, ramo dos bolos e doces cresce na região

Por Hélio Euclides, Jorge Melo e Daniel Fernandes. Em 24/03/2022 às 07h. Editado por Edu Carvalho

Com a pandemia, um sabor salgado movimentou a vida de quem trabalha com doces. Na Maré não seria diferente, onde explodem pelos becos e vielas lojinhas que adoçam o dia, sendo tocadas por mulheres que tiveram de reinventar suas receitas para não perderem o brilho nos empreendimentos que mostram a força da mulher à frente de estabelecimentos. 

Bianca Palmeira aprendeu com a mãe a receita de doces e agora tem seu próprio empreendimento. Foto: arquivo pessoal

É o caso de Bianca Palmeira, moradora da Bento Ribeiro Dantas, criadora da marca BiCakes. As receitas nasceram da influência de sua mãe na adolescência, que fazia doces para casa e para fora. “Eu ia aprendendo e tentando aperfeiçoar aquilo que ela fazia de forma mais técnica. Me apaixonei por modelar e decorar bolos, e com isso fui assumindo as finalizações dos doces. Passei a buscar cursos e aprendi receitas e mais receitas. Veio a pandemia e com o turbilhão de encomendas, não me enxergava mais longe disso. Sou louca por esse universo dos doces”, diz. 

Ela ainda desenvolve sua arte culinária em casa, pela necessidade do cuidado e participação em uma jornada que se multiplica em mil. Apesar das dificuldades, ela ainda quer realizar um ateliê para chamar de seu, com atendimento presencial  e entrega das encomendas, o que a faz conhecer ainda mais seus clientes. “É necessário conhecer o seu público alvo, buscar conhecimento em vários setores, para conseguir empreender sem quebrar. No atual momento da economia, é preciso, como todo brasileiro, rebolar.  Tem que se reciclar e criar algo novo a todo momento em busca do aumento do faturamento para se manter”, comenta.

Palmeira afirma que trabalhar com o que gosta não necessita apenas do ingrediente amor, é indispensável uma boa pitada de planejamento. “É muito importante se informar sobre finanças, marketing digital e buscar cursos para aprender a calcular seu produto corretamente para não perder dinheiro. Muita gente busca receitas para a profissionalização, mas não existe fórmula mágica”, analisa. 

Suas melhores vendas são no período natalino, onde recebe inúmeras encomendas de bolos simples e decorados, doces para festas, sobremesas, salgados de forno, baguetes recheadas artesanais, panettones artesanais doces e salgados. A rabanada recheada é a campeã de vendas natalinas. Para visitar os quitutes podem ser vistos no Instagram: @bia.palmeira.

Histórico de docerias comandadas por mulheres

Um exemplo de empreendedora que apostou na simplicidade é Alzira Ramos. Aos 60 anos começou a vender bolos, que eram batidos à mão com a ajuda do marido à noite e vendidos no botequim ao lado da casa. Nascia no ano de 2008 a primeira loja da Fábrica de Bolo Vó Alzira. Hoje são mais de 20 sabores e cerca de 300 franquias pelo país. 

Outra história de sucesso acontece em 1978, quando o movimento em Bonsucesso não era tão intenso. Uma mulher abre uma loja inteiramente familiar. Solange Vaz não esperava que a marca Tia Solange fosse tão bem aceita. Muitos mareenses que circulam por lá batem ponto para saborear seus doces, salgados e tortas. Tia Solange tem clientes não só na área da Leopoldina, mas entrega em bairros mais distantes.

Doce sem exageros 

O Brasil é o quinto país em incidência de diabetes no mundo. A Federação Internacional de Diabetes chama atenção para o crescimento da doença. O aumento é de 16% de incidência da doença na população mundial nos últimos dois anos, entre 2019 e 2021. A estimativa é que 7% dos adultos brasileiros entre 20 a 79 anos vivam com diabetes, ou seja, 16,8 milhões da população. Em 2020, foram mais de 214 mil pessoas que morreram por conta da doença. Quando se fala do Rio de Janeiro, a capital é a com maior prevalência de diagnóstico médico da doença no país, com 10.4 casos a cada 100 mil habitantes.

Uma das maneiras de evitar surpresas desagradáveis é o check-up anual que pode promover o diagnóstico precoce do diabetes, para que se possa iniciar o tratamento nas fases iniciais da doença. As três empreendedoras dão conselhos para os clientes. Tenho clientes diabéticos, mas como não trabalho com linha direcionada a esse público com restrição. Contudo, sempre oriento recheios menos doces e que procure pessoas que trabalham só com essas linhas”, detalha Bianca Palmeira.

Outro cuidado necessário é com a saúde bucal. Não é o açúcar em si, mas ele está de fato relacionado à cárie. As bactérias da boca metabolizam e transformam rapidamente esse nutriente em ácido, aumentando o risco de surgimento de cáries. Adote uma dieta balanceada, com pouco açúcar e amido. Ao consumir doces é importante escovar os dentes e utilizar fio dental. Evitar doces e alimentos ácidos em excesso. Para evitar cáries não deixe de agendar limpezas e avaliações odontológicas regulares. 

Presença de mulheres chefiando empreendimentos cresce 

Joyce Silva tem uma cafeteria na Maré. Foto: arquivo pessoal

O Brasil é o sétimo país com o maior número de mulheres empreendedoras no mundo. No país as mulheres empreendedoras chegam a 30 milhões, segundo dados do Global Entrepreneurship Monitor 2020 (GEM), em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Dados da Rede Mulher Empreendedora mostram que de todas as donas de pequenos e médios negócios do país, cerca de 26% abriram suas empresas já durante a pandemia. Apesar do grande número, segundo o Fórum Econômico Mundial (FMI), serão necessários 136 anos para que a igualdade entre homens e mulheres seja alcançada globalmente. 

A Cafeteria Doces e Delícias fica na Baixa do Sapateiro, sendo administrada por Joyce Fernanda da Silva. Ela defende que ser uma mulher empreendedora requer muita resiliência pois existem muitos desafios a serem vencidos como ser funcionária, entregadora, quem compra material, quem faz marketing da empresa, é sua própria chefe, esposa e mãe. “Quando comecei fazia os bolos, doces, salgados e ainda saia para vender no Centro da cidade na empresa onde trabalhava, pela rua, na igreja, para os vizinhos. Quando chegava tinha que preparar tudo para o próximo dia e ainda dá conta das tarefas de casa”, lembra. 

Hoje ela passa um pouco da experiência para outras mulheres. “Lutar pelo meu sonho pode gerar empregos para outras pessoas e liberdade financeira. Com as tortas nas marmitinhas e bolos simples, passei a gostar da área de gastronomia e passei a fazer cursos, me aperfeiçoar e eu decidi ser empreendedora. Na época não tinha condições de fazer cursos caros, mas precisava me aperfeiçoar, então me inscrevi num curso gratuito de gastronomia no Centro Universitário Augusto Motta (Unisuam) e fui sorteada, de lá para cá fui fazendo vários cursinhos”, comenta. Na sua loja, que fica Rua Flávia Farnese, 636, vende diversos doces como bolos de pote, pavês, brownie, torta salgada, empadão e bolos para festas, com inovação nos docinhos.

“Temos um retorno muito bom, relacionado aos nossos produtos. Além das pessoas retornarem para comprar, ainda indicam para outras pessoas. Hoje eu e meu esposo vivemos da Cafeteria, o que era só um complemento se tornou nossa principal fonte de renda”, diz Joyce. Para quem deseja começar no ramo dos doces, ensina que não é fácil, mas também não é impossível. O ingrediente principal é a resistência para superar os desafios, além de dedicação e aperfeiçoamento sempre. Na sua loja além dela e seu esposo são mais sete pessoas que acreditam na Cafeteria Doces e Delícias. Para saber mais é só visitar as páginas no Instagram e Facebook: @cafeteriadocesedelicias

Para resistir a doença e a economia

Com a crise sanitária do coronavírus, veio a ansiedade por demandas, necessidades, mais estresse e cansaço. Em contrapartida a necessidade de consumo de alimentos que tragam sensação de conforto. Com isso, o consumo de doces como chocolates, biscoitos e bolos no país aumentou, conforme demonstra pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que traz o número de 41,3% antes da pandemia e 47,1% depois. E entre adultos na faixa etária de 18 a 29 anos, 63% consomem doces duas vezes por semana ou mais.

O ramo das docerias na pandemia teve um crescimento enorme. Para fazer parte desse mercado, no site do Senac é possível realizar inscrições em cursos como de Confeiteiro, Cake Designer, Bases de Confeitaria e Doces Finos. Para mais informações, clique aqui.

Quem sente orgulho da confeitaria localizada na Praia de Ramos, que leva o seu primeiro nome, é Virginia Rodrigues de Oliveira. Ela começou as atividades em outubro de 2021 ainda na sua casa. “Depois vendemos bolos em duas mesas, passamos a trabalhar com um carrinho e só posteriormente veio à loja. Era um sonho de muitos anos, sempre quis ter um lugar para vender meus bolos e sobremesas. Na pandemia o pai das minhas filhas faleceu e como ele deixou a casa para elas, tivemos a ideia de fazer a loja no local. Minha mãe emprestou uma parte do dinheiro e outra veio da Agerio (Agência Estadual de Fomento do Rio de Janeiro), para fazer obras e adquirir algumas coisas”, explica. 

Recém começado com uma confeitaria, Virgina sonha em ampliar horizontes através dos doces. Foto: arquivo pessoal.

Como outras mulheres que possuem o próprio negócio, Virgínia afirma que é um empreendimento familiar, no caso dela tem o apoio das filhas, sobrinha e mãe. Ela e suas parceiras produzem vários bolos caseiros e de aniversário, brownie tradicional e recheado, sobremesas, pavê, mousses, brigadeirão, tortinhas no pote, banoffee, empadinhas de leite condensado e pudim. Tendo como carro chefe os docinhos e trufas. “O importante é em primeiro lugar fazer com amor, nunca desistir e investir no conhecimento, pois sempre tem novidades”, conta. Para quem desejar conhecer a Confeitaria da Virgínia fica na Travessa Santo Antônio, 12, na Praia de Ramos. Virtualmente a divulgação fica no Instagram: @confeitariadavirginia.

Para uma boa formação, o projeto Maré de Sabores oferece oficinas de formação em Gastronomia e assessoria em empreendedorismo para moradoras da Maré. Informações pelo Facebook e Instagram: @maredesabores.

Longa sobre rodas e slams do Rio abre a volta da Batalha do Pontilhão na Maré

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Projeto audiovisual que mapeia ações socioculturais na Região Metropolitana retoma exibições,
interrompidas em 2020

Por Redação, em 23/03/2022 às 14h10.

Um mapeamento de rodas culturais e slams pela metrópole do Rio de Janeiro. Esse é o ponto de
partida do NuFlow, primeiro longa documental do projeto audiovisual Canal Plá. Mais do que isso.
Entre um beat e outro, a poeta e atriz Adrielle Vieira vive na tela o desafio de encarar a plateia de
cada lugar dividindo suas ideias e pensamentos através de rimas e melodias.

Ao longo do filme, ela reflete sobre racismo, misoginia e como lidar com a dor e a violência
psicológica durante seus processos criativos e artísticos. Com passagens por Duque de Caxias (Rap
Free Jazz), Nova Iguaçu (Roda Cultural QDN Rap), Mesquita (Roda de Santo Elias), Niterói (Roda
Conexão Favela e Arte) e Zonas Norte (Slam Laje, no Complexo do Alemão, e Slam Marginow, em
Madureira) e Zona Sul (Slam das Minas, no Largo do Machado) da cidade do Rio, Adrielle também
apresenta uma nova intervenção a cada ação cultural.

O longa teve sua 1ª exibição no Cineclube Mate com Angu (Duque de Caxias), em dezembro, com a
presença de realizadores culturais de toda Baixada Fluminense. Após uma breve pausa no início de
2020,a pandemia interrompeu toda a articulação para exibições e também a campanha promocional
na internet.

Para o idealizador do projeto e fundador do Canal Plá, José Alsanne, isso aconteceu, principalmente,
porque o filme fala sobre “encontros, ‘aglomerações culturais’ que não deveriam ser incentivadas
naquele momento”, narra o jornalista e produtor cultural.

Nesta quinta-feira (24), o Canal Plá exibe o Nuflow na Batalha do Pontilhão, no Complexo da Maré, às
19h. “Agora, em uma realidade diferente e com a cena hip hop se reorganizando, recebemos este
convite para fazer parte da 1ª Batalha, abrindo a programação, resgatando um pouco dessa memória
recente, para também servir de estímulo para a cena hip hop que está neste momento de retomar
suas atividades culturais”, explica Alsanne, que assina a direção do longa-metragem com Laís
Dantas.

A protagonista Adrielle Vieira conta que esta foi uma oportunidade interessante para conhecer mais
sobre o rap, sobre o funcionamento dos slams e sobre estar com amigos. “Conheci novos artistas e
tive a oportunidade de me apresentar em todas os eventos, dizendo o que sentia”.


Para ela, as mensagens do NuFlow vão ecoar por bastante tempo. “Inclui não só a minha história,
como a trajetória de outras pessoas. Uma das principais mensagens do projeto é falar e refletir sobre
ser poeta, artista preta, entender e lidar com as nossas particularidades na sociedade em que
vivemos”, conclui Adrielle.

Artista Adrielle Vieira é protagonista de longa. Foto: Divulgação

Serviço – Batalha do Pontilhão

Quinta-feira, 24 de março. 19h.

Local: Pista de Skate da Maré.

Programação

Apresentação MC Batalhão

Exibição longa documental NuFlow (José Alsanne/ Laís dantas)

Shows:

MC Binho da Vila e DEIVDJ Mik

Vencedor da Batalha ganha um vale tattoo de R$500.

Observatório de Favelas seleciona comunicadores populares

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Edital concederá bolsa de R$ 700 para produção de reportagens sobre favelas e periferias

Por Observatório de Favelas, em 23/03/2022 às 07h.

O Observatório de Favelas do Rio de Janeiro torna público o lançamento do edital para seleção de dez comunicadores populares de todo o Brasil, ao longo do ano de 2022, para produção de reportagem  sobre a atuação de pessoas, coletivos ou organizações de seus próprios territórios. As reportagens serão publicadas no  Boletim Mensal do Observatório de Favelas: Notícias & Análises e devem levar em conta a multiplicidade de demandas e potências encontradas em favelas e periferias. 

O edital pretende  ampliar e fortalecer narrativas sobre as favelas e periferias com potencial de romper com os estereótipos socialmente construídos sobre esses territórios e seus/suas moradores/as.

Cada pessoa comunicadora selecionada receberá R$ 700 (setecentos reais) para apresentar sugestão de pauta e produção da reportagem sobre territórios populares, compartilhando memórias e saberes. O texto final deve unir resultado de pesquisa e dados sobre o tema abordado, com entrevistas com especialistas e personagens. As pessoas selecionadas deverão entregar uma reportagem, de no mínimo duas laudas, 2 ou 3  imagens para compor a reportagem + 1 vídeo curto contando sobre o processo de produção da reportagem para divulgação nas redes sociais do Observatório de Favelas.

Durante o processo, as pessoas selecionadas participarão de 03 encontros com parte da equipe de Comunicação Institucional do Observatório de Favelas para finalização da pauta e cronograma de execução;  acompanhamento e possíveis ajustes e retorno da edição final. 

De acordo com Priscila Rodrigues, coordenadora de Comunicação do Observatório de Favelas, o objetivo da iniciativa é intervir na disputa pela construção de novos imaginários sobre a cidade/ país, contribuindo para ampliação dos repertórios de representação, por meio dos quais as favelas e periferias são concebidos em diferentes âmbitos da vida social.

Critérios de Seleção: 

As pautas serão selecionadas com base nos seguintes critérios:

  1. Alinhamento com os conceitos elaborados pelo Observatório de Favelas;
  2. Diversidade de região, gênero, raça e sexualidade;
  3. Viabilidade de execução;
  4. Criatividade e ineditismo;

As inscrições são gratuitas e devem ser feitas no formulário: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSeo_z_80SAkekumOnCJx9NulFldpOW9C-gVHT_RkHPN7c2MYQ/viewform

O edital estará aberto para inscrição entre os meses de março e novembro de 2022 ou até completar as dez pautas selecionadas para o período. As pessoas selecionadas serão informadas por e-mail.

Contato:

Renata Oliveira

Assessora de Imprensa

Tel: 21. 99889-8184

[email protected]

Conto: O casamento na palafita

No Dia Mundial da Água, Maré de Notícias publica conto sobre palafitas da Maré.

Por Jaqueline Olimpio, em 22/03/2022 às 07h.

Faz mais de vinte anos que meu amigo Juvenal se casou…

E não foi um casório normal, não. Na verdade, acho que foi o casamento mais estranho já acontecido na Maré. Nesse tempo, a Baixa do Sapateiro ficava quase toda sobre palafitas. E eu morava lá…

A cerimônia começaria às quatro da tarde, mas só comecei a me arrumar depois do almoço. Coloquei um vestido branco que uma tia me trouxe da Paraíba… já estava um pouco amarelado… sorte não estar ruído pelos ratos que invadiam o barraco à noite. Era quando a maré enchia e molhava o chão de madeira com a água podre do mangue. Procurei minhas bijuterias, que há tempos não usava. Encontrei-as num velho pote de biscoitos, escurecidas pela maresia.

Na pressa, esqueci de pegar um sapato emprestado com a vizinha e calcei um surrado salto alto. Só terminei de me aprontar no caminho da igreja. A cerimônia foi simples e rápida. Aconteceu na Igreja Nossa Senhora dos Navegantes – que

era bem menor do que hoje e ficava na parte de terra firme… Até aí tudo normal. Mas a grande surpresa estava reservada para a festa do casamento… Uma festa em plena palafita na Baixa do Sapateiro, na casa do Juvenal. A distância entre a igreja e o local da festa não era muito grande… uns cinco minutos de caminhada sobre pontes de palafitas. Andava devagar, para não afundar o salto alto na madeira podre das pontes que ligavam um barraco ao outro.

O barraco do Juvenal era maior que o meu. Tinha dois cômodos. Me impressionei com a organização: num canto da sala, em cima de uma mesa calçada com tijolo, estava o bolo. No outro canto, estavam os croquetes, refrigerantes e vários tipos de bebidas alcoólicas. E na entrada da casa, perto da porta, lá estava uma velha vitrola. Mas e os convidados? Quando já eram umas sete e meia, foram chegando aos poucos. Alguns vinham diretamente da igreja, outros de casa. Foram se espalhando pela casa e na ponte que ficava na frente dela. Bateu oito da noite e já estava tudo lotado! Era gente que não acabava mais. Só de parentes, devia ter uns 20 ou mais… gente que veio do norte, da Baixada e de vários outros lugares distantes… sem falar nos convidados e penetras – que não eram poucos!

A festa estava bem animada. O som da velha vitrola rolava solto – mesmo com a agulhinha pulando do meio de uma música para a outra… os convidados comiam e bebiam… tinha um tio do Juvenal que, de tão bêbado, já nem sabia quem estava se casando.

Tudo estava indo muito bem. Os noivos felizes, os amigos e parentes se divertindo… Até que apareceu um primo do Juvenal com um disco debaixo do braço dizendo que ia abalar. Quando o rapaz colocou o disco na velha vitrola, pensei que diabo iria sair dali. De repente, a surpresa: começou a tocar a música da Gretchen. Pra quê? Foi uma danação. O povo começou a pular, as moças a rebolar, os rapazes a sapatear… todo mundo movido pelo efeito da bebida.

À medida que o “piri-piri-pipi” da Gretchen tocava, mais o povo dançava. Os noivos, dentro do barraco, só riam. E a música continuava: “piri-piri-pipi”… e o mundaréu de gente dançando sobre o frágil chão de madeira da palafita… “piri piri-pipi”… se espalhando por todo o barraco… “piri-piri-pipi”… senti a ponte balançar… “piri-piri-piri-pipiripi-pam-pum-ai”… de repente ouvi um “creck”. Parecia uma caixa de ovos quebrando. Foi a coisa mais bizarra da minha vida… com a puladeira do pessoal, a ponte na frente do barraco desabou. Quando dei por mim, estava com a cara na lama fedorenta… do meu lado, umas vinte pessoas com os cabelos grudados com o lodo sujo… Quem estava de branco ficou preto, quem já era preto ficou mais preto ainda… parecia até pegadinha do Faustão… engraçado foi o tio do Juvenal que ficou atolado na lama cantando: “piri-piri-pipi”.

Ao sair da lama, encontrei o Juvenal desolado no canto do barraco. Dei um tapinha nas costas dele e falei:

– Fica assim não! Seu casamento vai ficar marcado na história da Maré.

E não me enganei. Até hoje tem morador antigo que lembra do inusitado casamento na palafita.

***O Livro Contos e Lendas da Maré é a expressão efetiva de histórias que foram recolhidas, sistematizadas e escritas por um conjunto de adolescentes e jovens da Maré, de variadas comunidades. Os autores do trabalho entrevistaram um conjunto expressivo de moradores.


Link para o PDF do livro Contos e Lendas da Maré do CEASM