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Covid sem recreio

Professores das escolas municipais da Maré avaliam o retorno das aulas presenciais no momento de agravamento da covid-19 nas favelas do Rio

Maré de Notícias #123 – abril de 2021

Edilana Damasceno/data_labe

Edição: Fred Di Giacomo

Crianças com seu processo de alfabetização atrasado, pais que precisam trabalhar e não têm com quem deixar seus filhos, e professores que não se adaptam ao ensino remoto: fatores como esses levaram as autoridades a retomar as aulas presenciais na rede municipal no fim de fevereiro, desde que as unidades se adequassem a uma lista de requisitos, como reduzir a quantidade de alunos por turma e instalar dispositivos de álcool em gel. As consequências da covid-19, no entanto, não se restringem apenas a adaptações na estrutura física.

Ao falar da pandemia, é necessário entender que seus efeitos chegam com mais força em lugares específicos, e as favelas estão entre eles. Segundo dados do Painel Unificador da Covid-19 nas Favelas do Rio de Janeiro, são mais de 34 mil casos da doença, ultrapassando os 3.600 óbitos confirmados. O Complexo da Maré lidera o ranking, com cerca de 3.300 casos e mais de 170 mortos.

A professora Aline (nome fictício) conhece de perto esses números. Ela perdeu a esposa para a covid-19. Aline conta que sua companheira, também professora, não fazia parte do grupo de risco. Hoje, ela tenta, com dificuldades, reconstruir sua vida: “Jamais vou superar o fato de ter perdido o grande amor da minha existência”.

A professora também ficou internada em decorrência da infecção e, psicologicamente abalada, teme se contaminar novamente quando voltar a dar aulas presenciais: “Não estou voltando por vontade própria, mas sim, porque a sociedade não aprendeu nada com esse vírus”.

Antes da suspensão das aulas de 26 de março até 4 de abril, as escolas municipais retomaram o ensino presencial de forma gradual. Na Maré, as unidades começaram a reabrir em 24 de fevereiro. De acordo com a Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, até a primeira quinzena de março, 271 unidades cariocas já recebiam alunos, sendo quatro delas na Maré.

“Os professores estão com medo, pois alguns vivem com pais, filhos e outros familiares também com medo e, ao mesmo tempo, eu sinto que a maioria dos professores não está bem psicologicamente com essas aulas online”

Juliana Cantinin, professora

Sem estrutura para retorno

A falta de estrutura nas unidades da Maré dificultou ainda mais a adequação aos protocolos de segurança da Prefeitura. É o caso da Escola Municipal Helio Smidt, onde trabalha Juliana Cantinin, de 28 anos. A professora de música conta que a unidade não possui as condições sanitárias necessárias para o retorno às aulas presenciais. “A gente está lutando separado, porque eu não tenho direcionamento de cima”, desabafa. 

Cria do Complexo do Alemão, Juliana acrescenta que a falta de políticas públicas que deveriam ter sido implantadas no início da pandemia afeta professores, alunos e seus pais. Segundo a professora, há várias perspectivas de um só problema: “Os professores estão com medo, pois alguns vivem com pais, filhos e outros familiares também com medo e, ao mesmo tempo, eu sinto que a maioria dos professores não está bem psicologicamente com essas aulas online”. Além disso, há o sofrimento das famílias de alunos: “Os pais estão desesperados. Eles estavam sendo obrigados a trabalhar presencialmente e era a escola que ficava com seus filhos.”

Os temores dos profissionais da educação e das famílias não são infundados: entre 24 de fevereiro e 9 de março, foram confirmados 56 casos de covid-19 nas 120 escolas que já haviam retomado as aulas presenciais. De acordo com o aplicativo Alerta Covid RJ, que reúne as notificações de contaminação da comunidade escolar, 33 registros são de profissionais na educação e os outros 23, de estudantes. Como as favelas da Maré são territórios ainda mais vulneráveis, onde faltou assistência social do Estado durante a pandemia, a reabertura das escolas torna a situação ainda mais grave.

A Secretaria Municipal de Educação nos informou por e-mail que “o retorno é optativo para os alunos, e cabe aos responsáveis pelo estudante a escolha quanto ao retorno às aulas presenciais, quando estes forem menores de 18 anos. E os professores que tiverem comorbidades não atuarão nas escolas, mas, sim, no modo remoto”.

Justiça do Rio suspende retorno de aulas presenciais

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Volta estava marcada a partir desta segunda-feira, 5 de abril

Por Redação, em 05/04/2021 ás 10h

A Justiça do Rio de Janeiro determinou a suspensão do retorno das aulas presenciais nas escolas públicas e privadas que funcionam no município do Rio. Creches e outros estabelecimentos de ensino estavam autorizados a abrir a partir de hoje (5), por um decreto municipal, depois do ‘superferiado’ de dez dias.

A decisão, em caráter liminar, foi tomada pelo Plantão Judiciário ontem (4), a pedido de um grupo de vereadores e deputados estaduais. O Ministério Público do Rio (MPRJ) se opôs à suspensão.

A Justiça considerou que o município do Rio está classificado como bandeira roxa (risco muito alto para a covid-19) e que a taxa de ocupação de leitos de UTI para a doença é considerado “crítico” em todo o estado.

Cabe lembrar que as prefeituras do Rio, Niterói, Maricá e Itaguaí apresentaram no dia 1º de abril, um calendário de vacinação único para a região, que vai do dia 26 de abril até 29 de maio. Um dos objetivos é evitar deslocamento de moradores em busca de doses entre os municípios.

Um ano da primeira morte por covid-19 na Maré

Conexão Saúde mensura em números o que acontece no território mareense

Por Kelly San, em 02/04/2021 às 17h20

Editado por Edu Carvalho

Há pouco mais de um ano o Brasil notificou sua primeira morte em decorrência do coronavírus. No Rio, o primeiro registro ocorreu em 19 de março – uma mulher de 63 anos, moradora de Miguel Pereira, interior do estado. O primeiro óbito na Maré teria acontecido no dia 2 de abril de 2020, segundo relato de moradores, sendo um homem residente da Vila dos Pinheiros.

Naquela época – e também hoje – existiam muitas dificuldades em notificar, com precisão, um óbito por covid-19, além dos muitos casos, tornando a compreensão dos dados algo complexo dentro dos contextos existentes nas favelas e periferias do país.

Pensando em atender esta demanda, a ONG Redes da Maré inseriu em suas atividades a campanha ‘Maré diz não ao coronavírus’, que além de aferir dados relacionados à contaminação  e falecimentos, também prestou ajuda por meio de cestas básicas e equipamentos de segurança para profissionais de saúde e moradores da Maré.

Para o feito, a Redes reuniu parcerias com a Fundação Oswaldo Cruz, a Fiocruz, Conselho Comunitário de Manguinhos e Dados do Bem – para testagem de casos da doença – ONG SAS Brasil e a União Rio e, assim,  criou o projeto Conexão Saúde, que faz o balanço geral de dados da Covid-19 na Maré e acompanha, junto a Prefeitura, os número de casos e de mortes da doença no bairro. Na 26ª edição do Boletim De Olho No Corona, foram apresentados os números mais recentes .

Com a vacinação da população em ritmo lento, sobretudo em espaços de favelas e periferias, o número de mortos já passa de mais de 300 mil  e o país segue sem medidas efetivas por parte do governo Federal para conter o avanço da doença nos estados e municípios, sendo assim, considerado o epicentro global da doença. 

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De maneira mais dinâmica pela compreensão dos locais e contextos, a iniciativa contribuiu para que um panorama sobre a covid-19 possa ser elaborado de maneira mais assertiva. Para mais informações acesse: https://www.redesdamare.org.br/br/publicacoes 

Por segundo ano consecutivo, realizadores da Via Sacra da Rocinha promovem exibição online de documentário sobre o espetáculo

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Por Leandro Lima, FaveladaRocinha.com, em 02/04/2021 às 10h15

De hoje, sexta-feira, 2/4, até domingo, 4/4, será exibido de forma online o documentário “Via Sacra da Rocinha: arte e resistência na favela” na plataforma Innsaei.tv, como forma de resistir ao período da pandemia. Esta é o segundo ano que o filme é exibido, por decisão dos realizadores do maior espetáculo teatral de rua do Rio de Janeiro: a Via Sacra da Rocinha.

O link para acesso será disponibilizado a partir das 18 horas da Sexta-feira da Paixão nas redes sociais do documentário (viasacradarocinha.filme), ficando liberado o acesso gratuito por 48 horas.

O texto da peça é “O homem de Nazaré – a via sacra de hoje”, escrito por José Maria Rodrigues, como tradicionalmente acontece toda Sexta-feira da Paixão, desde 1992. É pela grandeza e importância da Via Sacra da Rocinha que a Cia de Teatro Roça CaçaCultura, responsável pela realização da peça, e a TV Tagarela, produtora do documentário, celebram mais essa parceria para oferecer ao público outra perspectiva  desse espetáculo favelado que é Patrimônio Cultural e Imaterial da cidade do Rio de Janeiro.

Entre os anos de 2017 e 2018 a Rocinha foi destaque nos noticiários e manchetes que colocaram em pauta a disputa territorial pelo controle do tráfico numa das maiores favelas da América Latina. Foi nesse cenário que a Via Sacra da Rocinha chegou a sua 26º edição com a proposta de denunciar as diversas formas de violência vivenciadas pelos favelados, tendo como questão central os problemas que afetam a rotina da cidade carioca, sobretudo, as periferias. O documentário “Via Sacra da Rocinha: arte e resistência na favela” vem mostrar a história desse espetáculo teatral de rua que contextualiza temas relevantes da contemporaneidade e o processo de criação que resultou na expressiva encenação de 2018, reafirmando a arte como contraponto a violência.

Medidas de restrição são estendidas no Rio; escolas e creches voltam a partir da segunda-feira

Decisão foi publicada em decreto no Diário Oficial do Município

Por Edu Carvalho, em 02/04/2021 às 10h

Foi publicado na manhã desta sexta-feira, 02/4, um novo decreto que estende por mais uma semana as medidas de restrição contra o covid-19 na cidade. Nele, há liberação para que a partir desta segunda-feira, 5/4, creches e escola voltem a funcionar. 

Na sexta que vem, dia 9/4, as medidas começam a ser flexibilizadas, com a reabertura dos bares e restaurantes. As praias, no entanto, permanecerão fechadas até o dia 19 de abril. O governo do Estado também deve prorrogar o decreto com diretrizes gerais válidas até domingo. 

Na edição extra do Diário Oficial desta sexta, o prefeito do Rio Eduardo Paes observa que o município permanece com a classificação de alto risco de transmissão para covid-19, e que avaliações epidemilógicas recomendaram a ampliação do prazo das restrições. 

O que passa a ser permitido a partir de segunda-feira, dia 5:

– A retomada das aulas presenciais em creches e escolas na rede pública e particular. Na segunda elas voltam de forma administrativa, e as aulas presenciais a partir da terça-feira.

O que passa a ser permitido a partir da sexta-feira, dia 9, até o dia 19 de abril:

–  Bares, lanchonetes, restaurantes, quiosques da orla e congêneres, permitido o consumo apenas para clientes sentados às mesas, até as 21h, com tolerância de 1h para efetivo encerramento do atendimento; após esse horário, admitido o funcionamento interno, com as portas cerradas, exclusivamente para o preparo de refeições e lanches destinados à entrega em domicílio (delivery), retirada no local (take away) ou drive thru, sendo vedado qualquer tipo de atendimento presencial ou consumo no local;

– As atividades comerciais e de prestação de serviços localizadas no interior de shopping centers, centros comerciais e galerias de lojas;

Orgãos não essenciais da administração pública;

– Clubes sociais e esportivos, até as 21h, condicionado o acesso às áreas de lazer e recreação somente a partir das 11h;

– Museus, galerias, bibliotecas, cinemas, teatros, casas de festa, salas de apresentação, salas de concerto, salões de jogos, circos, recreação infantil, parques de diversões, temáticos e aquáticos, pistas de patinação, atividades de entretenimento, visitações turísticas, exposições de arte, aquários e jardim zoológico, com início das 12h e encerramento até as 21h;

– Demais atividades de prestação de serviços, com início das 12h e encerramento até as 21h;

– Demais atividades comerciais, com início às 10h e encerramento até as 18h, incluindo-se o comércio ambulante em logradouros

Permanecem suspensos até 19 de abril as seguintes atividades:

Funcionamento de  boates, danceterias, salões de dança e casas de espetáculo;

Atividades econômicas nas areias das praias, incluindo-se o comércio ambulante fixo e itinerante;

Comércio exercido em feiras especiais, feiras de ambulantes, feiras de antiquários e feirartes;

Permanência de indivíduo nas nas vias, áreas e praças públicas do Município no horário das 23h às 05h;

Nas areias das praias, em parques e cachoeiras, em qualquer horário, incluindo-se a prática de esportes coletivos;

A prática de atividades físicas coletivas, circuitos e similares, inclusive orientadas por professores de educação física em praias, praças e logradouros públicos, bem como em áreas particulares;

A realização de eventos de qualquer natureza, as festas, as rodas de samba, em áreas públicas e particulares;

As feiras, exposições, os congressos e seminários;

A concessão de autorizações para eventos e atividades transitórias em áreas públicas e particulares;

A entrada de ônibus e demais veículos de fretamento no Município, exceto aqueles que prestem serviços regulares para funcionários de empresas ou para hotéis, cujos passageiros comprovem, neste caso, reserva de hospedagem;

O estacionamento de veículos automotores em toda a orla marítima, exceto para os moradores, idosos, as pessoas com deficiência, os hóspedes de hotéis e táxis, bem como em trechos que poderão ser especificados em ato próprio da CET-RIO;

A utlização das pistas de rolamento das avenidas Delfim Moreira, Vieira Souto e Atlântica e de ambos os sentidos das pistas de rolamento do Aterro do Flamengo como áreas de lazer.

O acesso ao trânsito de veículos à Avenida Estado da Guanabara, trecho compreendido entre a Estrada do Pontal e a Rua Professora Francisca Caldeira de Alvarenga, e à Rua Professora Francisca Caldeira de Alvarenga, no trecho compreendido entre a Avenida Estrada da Guanabara e a Estrada do Grumari (Prainha e Grumari).

Prefeituras do Rio, Maricá, Niterói e Itaguaí unificam calendários de vacinação

Por Redação, em 02/04/2021 às 10h

As prefeituras do Rio de Janeiro, de Maricá, de Niterói e de Itaguaí anunciaram ontem, quinta-feira, 01/04, um calendário de vacinação unificado contra a covid-19 para pessoas com idade entre 59 e 45 anos, desde que façam parte dos seguintes grupos prioritários: portadores de comorbidades ou deficiência permanente, trabalhadores da saúde, educação, serviços de limpeza urbana, policiais civis e militares, guardas municipais, bombeiros e agentes penitenciários em atividade.  O novo cronograma será iniciado a partir de 26 de abril, após a conclusão da aplicação das doses em idosos com até 60 anos.

– Já que não há vacina para todos, devem valer critérios técnicos e científicos. O que importa é o compromisso desses quatro municípios de assegurarem critérios de acordo com o grau de periculosidade da doença para a população. O importante é continuar protegendo as vidas de quem está mais exposto – disse o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes.

Os critérios de prioridade adotados pelos municípios são, pela ordem: idade (sempre os mais velhos na frente) e grupos considerados mais vulneráveis às complicações da doença ou mais expostos ao contato com o vírus. Os trabalhadores das áreas incluídas no novo calendário deverão, obrigatoriamente, estar na ativa em suas funções e dentro da faixa etária estabelecida. No momento da vacinação, deverão apresentar comprovante da atividade na profissão, como o contracheque.

As comorbidades consideradas para a vacinação, que deverão obedecer a tabela de idade, são aquelas incluídas na lista do Programa Nacional de Imunizações (PNI): diabetes mellitus, hipertensão arterial grave, doença pulmonar obstrutiva crônica, doença renal, doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, indivíduos transplantados de órgão sólido, anemia falciforme, câncer e obesidade grave. O portador dessas comorbidades deverá apresentar atestado de seu médico confirmando a condição de saúde.

O calendário unificado de vacinação dos quatro municípios começa em 26 de abril com os portadores de comorbidade e trabalhadores das áreas listadas de 59 anos; e vai até o dia 29 de maio, para quem tem 45 anos. Serão dois dias para cada idade: 26 e 27/04, para pessoas com 59 anos; 28 e 29/04, com 58 anos; 30/04 e 1º/5, com 57 anos e, assim em diante, pelas quatro semanas seguintes.

– É muito importante que a gente entenda que os municípios precisam trabalhar juntos, de forma integrada e, também com o governo do Estado. Dias atrás procuramos o prefeito Eduardo para integrar as ações de Niterói com as do Rio. A gente sabia que precisava tomar medidas para proteger nossa cidade. Não adiantava fazer isso se não tivéssemos essa forma integrada – reforçou o prefeito de Niterói, Axel Grael.

O cronograma de vacinação foi elaborado conforme a previsão de chegada de novas remessas das vacinas contra o coronavírus que deverão ser enviadas pelo Ministério da Saúde para os municípios. Para a ampliação do calendário para outros grupos, as prefeituras dependerão de envios futuros de doses.

– Acima de tudo temos a preocupação de salvar vidas. Vimos a importância de unificar a vacinação para evitar a migração de pacientes de um município para o outro – disse o prefeito de Itaguaí, afirmou o prefeito Rubem Vieira.

O prefeito de Maricá, Fabiano Horta, reforçou a mensagem:

– Acho importante essa ação conjunta. Quero ressaltar o apelo para que outras prefeituras busquem uma adequação e a sinergia desse calendário. Isso nos ajuda, enquanto gestores, a vencer esse momento mais crítico da pandemia.