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A favela na universidade

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Thaynara Santos

O pré-vestibular comunitário UniFavela, destinado aos moradores de todas as idades das 16 favelas da Maré, aprovou todos os alunos com frequência regular em universidades públicas do Rio de Janeiro, como a Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ e a Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ.

Qualquer pessoa que tenha terminado o ensino médio e queira participar do projeto vai encontrar as portas abertas. A ideia de criar o pré-vestibular surgiu quando Laerte Breno ajudou uma menina na biblioteca da Lona Cultural Herbert Vianna (Lona da Maré), a tirar algumas dúvidas sobre língua portuguesa, “eu percebi que ao invés de ajudar só uma pessoa eu poderia ajudar várias moradoras da Maré assim como ela. Aí ela foi chamando cada vez mais gente. Nesse processo surgiram mais alunos e a necessidade de se ter mais professores”, explica.
O comunicador e educador Laerte Breno tem 24 anos, mora na Maré, e  é um dos idealizadores do projeto. “Não atendemos só a juventude da Maré, também  adultos e pessoas que querem voltar a estudar depois de um tempo afastadas do ensino médio, por questões financeiras ou pessoais. Isso acontece muito entre as pessoas de classes populares. O projeto tem importância política e social porque oferece uma oportunidade de um jovem, adulto ou alguém da terceira idade ingressar na universidade, entrar nesse universo acadêmico”, diz. Daniele Figueiredo, professora de história do projeto, é co-fundadora e disseminadora do pré-vestibular comunitário na Maré.
As aulas que começaram na laje de um aluno, e hoje acontecem numa sala no Instituto Vida Real, localizado na Rua Teixeira Ribeiro, s/n, Nova Holanda. A ONG oferece apoio na impressão e xerox dos materiais de estudo, assistência psicológica, entre outras coisas.
O pré-vestibular, que mantém uma vakinha online recorrente para custear despesas, teve sua primeira turma em 2018. Naquele ano também houve aprovados para universidades públicas do Rio de Janeiro. Além da vakinha, doações também são bem vindas. Todos os educadores são voluntários.

Segurança pública e educação na Maré

Em uma sociedade que pauta o mérito e o esforço individual, mesmo entre pessoas de classes sociais diferentes, os números finais são injustos. Entre 2018 e 2019 os alunos de escolas na Maré enfrentaram mais de 20 dias de aulas suspensas por causa das operações policiais no território. A política de segurança pública aplicada pelo governo nas favelas e periferias do Rio tem impacto direto no cotidiano e na vida de seus moradores.

O objetivo principal do pré-vestibular comunitário é ingressar mais moradores da Maré nas universidades por meio do ensino popular, mas essa é só uma das muitas necessidades dos mareenses, “a favela é vista como um território inferior, isso tem um impacto na autoestima das pessoas. Nós tentamos minimizar esse impacto através das aulas, das conversas, de apoio psicopedagógico. Mais pessoas da Maré dentro das universidades, mas não de qualquer forma. A gente tem formação social e crítica sobre diversos assuntos do cotidiano e da vida pessoal de cada um, incluindo os conteúdos do Enem e de outros vestibulares. O objetivo é fazer com que os alunos reconheçam seu território como um lugar cultural, artístico e potente”, conclui o educador, que estuda letras na UFRJ. 

Julliana Souza, 19 anos, moradora da Vila do João – Licenciatura em química – (UERJ)

– Acho que a decisão de fazer a faculdade começou no UniFavela. Eles me incentivaram bastante a fazer as provas, porque eu já tinha até desistido, mas o Breno me chamou para assistir uma aula dele, foi aí que comecei a frequentar e ver que talvez devesse tentar mais uma vez. Sou muito grata a eles! Todos os conselhos, aulas, explicações. Até porque não era simplesmente uma relação de aluno/professor, era algo a mais. E com isso, acabamos criando um laço muito forte. Minha família me apoia muito! Tanto que no início do ano até tinha passado para outra faculdade, mas decidir não ir, e até nisso eles me apoiaram.

Tiago Carlos do Nascimento, 22 anos, morador da Baixa do Sapateiro – Ciências biológicas (UFRJ)

– Meu plano é sobreviver ao primeiro período da faculdade. Sou o primeiro da família a entrar na faculdade. Depois que eu entrei no projeto eu aprendi  nova maneira de estudar eu meio que ganhei um horizonte de como estudar para os vestibulares. Meus pais sempre me apoiaram em relação de estudo. Quando eu perdi meu emprego, decidi estudar e meus pais me ajudaram muito em relação a isso.

Foto: Reprodução da internet

Conversa sobre segurança pública e inteligência artificial com Thayane Guimarães

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Thaynara Santos

A atual proposta de segurança pública é programar câmeras com sistema de reconhecimento facial instaladas em pontos estratégicos nas cidades como uma forma de identificar criminosos e terroristas. Na vida cotidiana, podemos observar também alguns equipamentos que utilizam a biometria facial, no ônibus, no metrô, em outros espaços públicos. Inteligência artificial (ou artificial intelligence) é a capacidade das máquinas de pensarem, aprenderem e decidirem por elas mesmas, simulando a mente humana.

A biometria facial utiliza características e proporções do rosto para realizar o mapeamento. Porém, essa tecnologia desperta dúvidas  a respeito da eficácia e da intencionalidade. Em julho, uma mulher foi identificada erroneamente como sendo Maria Lêda Félix da Silva, presa por homicídio em 2015 e que cumpria a pena em regime semiaberto desde sua condenação. A mulher confundida com a presa estava trabalhando na Zona Sul do Rio de Janeiro, quando câmeras de reconhecimento facial “identificaram” seu rosto. 

Eficácia

De acordo com a Polícia, o sistema de reconhecimento facial é capaz de identificar foragidos e veículos roubados, e  facilitar a repressão a crimes e delitos. O sistema começou, em caráter experimental, a ser utilizado no Carnaval, quando foram instaladas 28 câmaras em Copacabana. Em julho o sistema foi expandido para o bairro do Maracanã, na Zona Norte, onde foram instaladas 12 câmaras.

O sistema é integrado ao Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) da Polícia Militar que recebe as imagens em tempo real e, através de um software, compara as imagens aos bancos de dados da Polícia Civil.

Inteligência artificial alimentada pelo preconceito humano 

Thayane Guimarães é jornalista formada pela Universidade Federal Fluminense e pesquisadora nas áreas de segurança pública, tecnologias cívicas, governo aberto, comunicação popular, democratização das comunicações e direitos humanos. Atualmente, compõe o quadro de pesquisadores do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio (ITS Rio), que estuda o impacto e o futuro da tecnologia no Brasil e no mundo. Neste sábado (14), a jornalista participou da mesa “A tecnologia tem cor e sexo?”, que discutiu sobre a influência preconceituosa nas tecnologias de inteligência artificial, no evento-festa CRIPTOFUNK, que aconteceu na Maré. 

Maré de Notícias Online – A biometria facial está sendo implementada como uma ferramenta tecnológica na área de segurança pública no Rio de Janeiro ou em todo o Brasil?

Thayane Guimarães – Inicialmente, a tecnologia de reconhecimento facial começou a ser implementada, ainda no formato de testes, durante o carnaval deste ano (2019) em Salvador e no Rio de Janeiro. No Rio, as primeiras 28 câmeras foram instaladas, de acordo com as polícias civil e militar, em pontos estratégicos do bairro de Copacabana, e a quantidade de câmeras já está aumentando. Com o crescimento do número de governantes que querem usar a tecnologia para reduzir a violência, a tendência é que ela seja, aos poucos, incorporadas por outros estados. A implementação no Brasil segue um movimento global. Não apenas na China o reconhecimento facial é usado em larga escala, como também no País de Gales e na Alemanha. Já nos EUA, algumas cidades como São Francisco têm feito a opção contrária: aprovaram legislações que proíbem o uso de reconhecimento facial por agentes públicos, incluindo a polícia, com a defesa de que ainda não existem estudos e confiança suficientes de que a implementação traz resultados positivos no campo da segurança.

Maré de Notícias Online – O reconhecimento facial ainda está em período de testes mas já houve casos de prisões precipitadas. Essa tecnologia pode ser utilizada para outros fins, como perseguições a ativistas ou personalidades que discutem segurança pública e direitos humanos no Brasil?

Thayane Guimarães – Aqui, existem três elementos que dialogam entre si e precisam ser analisados: taxa de erro, bases de dados da polícia e armazenamento de dados pelo sistema. Sobre o primeiro deles, é certo que a tecnologia de reconhecimento facial via inteligência artificial ainda é bastante limitada. A grande maioria das pesquisas indica que a taxa de acerto do reconhecimento facial, em ambientes públicos, é muito baixa, em alguns casos da ordem de 1 para 100. Fazendo uma comparação, é como se para cada imagem sua existissem outras 99 que a máquina vai confundir com você. Se uma dessas 99 pessoas estiver sendo procurada, você pode ser parado. Diferentes estudos internacionais com diferentes empresas trazem números de 81% até 92% de falsos positivos, ou seja, de pessoas erroneamente identificadas como procuradas pelas bases policiais. Por exemplo, um experimento recente feito pela American Civil Liberties Union testou o sistema de reconhecimento facial da Amazon e 22 congressistas estadunidenses foram identificados como possíveis criminosos. (http://www.wired.com/story/amazon-facial-recognition-congress-bias-law-enforcement/). 

O segundo ponto é igualmente preocupante. A base de dados que está sendo utilizada no Rio de Janeiro para a implementação da tecnologia são o banco de procurados/foragidos (Banco Nacional de Monitoramento de Prisões) e, também, a base do Detran (já que também está sendo feito o monitoramento de placas de carros para identificação de veículos roubados). O problema, que ganhou mais visibilidade com este caso da mulher confundida em Copacabana, é que esta base de dados utilizada pela Polícia Civil está desatualizada a ponto de ainda constar pessoas já presas ou, até mesmo, que já morreram como procuradas. Ou seja: além da falha no reconhecimento, ainda existe uma enorme falha no banco de dados da Justiça. 

E, por último, sobre o armazenamento dos dados. Talvez esse seja o ponto que está mais ligado diretamente com a pergunta sobre a tecnologia ser usada para perseguições políticas. Para que não exista possibilidade disso acontecer, nenhum dado (locais de circulação, por exemplo) das pessoas que têm suas faces “lidas” pelo sistema pode ser armazenado no banco de dados das polícias ou da empresa responsável pela construção da tecnologia. A afirmação do Subcoordenador de Assuntos Estratégicos da Secretaria de Polícia Militar, Alexandre Leite, é de que com exceção dos casos em que acontece o match (quando uma pessoa na rua é identificada como alguém possivelmente procurado), as câmaras não gravam ou armazenam nenhum tipo de informação dos cidadãos que circulam pelas ruas. O fundamental, neste processo, é que não basta apenas exigir da sociedade confiança nas instituições do Estado de que isso realmente vai acontecer. É preciso que toda a construção e implementação da tecnologia sejam feitas com base em transparência e participação de especialistas da sociedade civil para garantir o respeito aos direitos humanos e liberdades. 

Maré de Notícias Online – A biometria facial pode ser induzida a uma leitura racista da população brasileira, em sua maioria mestiça?

Thayane Guimarães – Sim, existe essa possibilidade. Um dos grandes debates em torno das tecnologias de reconhecimento facial é o que chamamos de enviesamentos racistas, quando, por exemplo, os algoritmos construídos não reconhecem faces de pessoas negras ou não são capazes de fazer uma identificação correta. Um dos casos recentes e alarmantes foi o aplicativo de fotos da Google que colocou a legenda de “gorilas” na foto de um casal de pessoas negras. No caso da identificação dos parlamentares estadunidenses como criminosos, 40% das falsas correspondências também eram de pessoas negras. O estudo mais sólido sobre isso, feito no início deste ano pelos pesquisadores do MIT Joy Buolamwini e Timnit Gebru, mostrou que quando vários algoritmos de reconhecimento facial foram usados para identificar o gênero, eles classificaram as mulheres de pele escura como homens quase 40% das vezes, enquanto que a taxa máxima de erro para os homens brancos foi inferior a 1%. Isso acontece na maioria das vezes porque faces mais escuras são pouco representadas no conjunto de dados usados por essas empresas ??para treinar a inteligência artificial, deixando o reconhecimento facial infinitas vezes mais impreciso e errôneo quanto a rostos de pessoas negras. Quando apenas pessoas brancas são usadas para treinar fatores como distância de pontos entre olhos e narizes da tecnologia, ela não sabe reconhecer a diversidade de outros tipos de rostos e peles. Isso faz com que, no caso brasileiro da segurança pública, a taxa de erro no match (os falsos positivos) possa ser muito maior e que as maiores vítimas de identificações equivocadas sejam pessoas negras. 

Maré de Notícias Online – Quem está investindo na implantação dessa inteligência no Rio, a Polícia Militar ou a Polícia Civil? Quais os custos dessa tecnologia? 

Thayane Guimarães – A liderança da implementação parece ser da Secretaria de Polícia Militar. As afirmações são de que as imagens do match chegam e são analisadas, primeiramente, por operadores da Polícia Civil (quem tem acesso aos dados do sistema de procurados) e, então, as viaturas de patrulhamento urbano da PM são acionadas. Quanto os custos, ainda não temos informações sobre o quanto custará aos estados para usar a tecnologia. Mas uma coisa é certa: o fator eficiência também precisa ser levado em conta. Com a quantidade de falsos positivos que são gerados, a chance da tecnologia gerar muito custo de deslocamento de viaturas e pessoal de forma desnecessária é alta.

O Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio (ITS Rio) é um instituto de pesquisa independente e sem fins lucrativos, localizado no centro do Rio. (www.itsrio.org

Favelamona: beleza plural da favela

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Projeto fotográfico  exalta a beleza das mulheres negras da Maré

Thaynara Santos

O projeto fotográfico Favelamona tem como meta mostrar mulheres negras e faveladas como protagonistas da sua própria história, e celebrar suas individualidades, beleza e autoestima. “A gente precisa entender que a beleza não se padroniza, ela é plural”, explica Paulo Vitor, integrante do Favelamona, que reúne fotógrafos, maquiadores e produtores do asfalto e da favela.  Os fundadores, Matheus Affonso, 22 anos, fotógrafo; Paulo Victor Lino, 25 anos, produtor; Gustavo Ciupryk, 24 anos, maquiador e visagista; a maquiadora e cabeleireira Carmen Jacira Pitra, de 30 anos; e a produtora Maria Lethícia Barcellos, de 23 anos, estão juntos na construção do projeto, que tem apenas 3 meses mas que pretende se espalhar pela Maré e expandir em outras periferias do Rio de Janeiro.

Beleza além dos padrões

Paulo Victor explica que o  projeto surgiu da urgência de criar espaços como esse na Maré, composta por 140 mil habitantes e dezesseis favelas: “Era aniversário da minha prima, a Ellen, e eu queria dar um presente para ela mas estava sem dinheiro. Aí eu pensei assim, a gente podia fazer algumas fotos. Tinha certeza que ela iria querer, ainda mais por ser adolescente. Então eu chamei o Gustavo e o Matheus, e nós produzimos as fotos, que ficaram muito boas, mais do que esperado. Conversamos sobre a possibilidade de se criar um portfólio, que já era um desejo dos dois, e sugeri que a gente produzisse um só de mulheres pretas e de vários tipos de beleza”, explica o produtor. 
Co-fundador e maquiador, Gustavo complementa: “Nós tivemos um estalo, estender isso para outras monas da favela’ e aí começamos com nosso projeto, formado pela galera que a gente conhece. E o Favelamona é isso, a gente faz tudo na garra, em um único dia chegamos a fazer três, quatro, cinco monas. Às vezes o trabalho começa 12h e termina dez horas da noite, mas é babado porque o retorno que se tem é muito bom, e isso é exatamente o que estávamos procurando, resgatar esse olhar da mulher negra dentro da favela, de como elas se veem e como se enxergam. Quando estamos pensando na foto ou na maquiagem a nossa proposta é deixá-las mais à vontade possível. Eu sempre tento realçar e potencializar o que já está ali. Essa beleza que elas dizem que enxergam nas fotos do Favelamona já estava ali. Acho que o projeto não é só a gente, são todas as pessoas que estão construindo junto, principalmente as modelos”.

Monas faveladas
Matheus conta que o nome escolhido é a junção de duas palavras essenciais para o projeto, “Mona é mulher, todas as monas aqui da favela se chamam assim. É uma gíria que vem da comunidade LGBT e a gente percebeu que essa gíria se perpetua. É mona pra lá e mona para cá. Então pegamos o mona, uma palavra que todo mundo fala e favela pra marcar o território. Tem tudo a ver com a nossa narrativa de falar das mulheres daqui, das diferentes belezas da favela”, explica.
A favela e a periferia muitas vezes são mostradas somente por imagens de segurança  pública e que ilustram a violência e a dor, que mesmo sendo pautas importantes e urgentes, não traduzem todas as vozes da Maré. O Favelamona nasce desse lugar de romper barreiras e criar novas narrativas de beleza para a favela e busca mostrar uma imagem real das mulheres negras faveladas.
“Eu faço parte do Grupo Atiro (grupo de teatro) e fiz a assistência de produção do espetáculo corpo minado, que fala sobre mulheres pretas e a estética era algo que sempre era debatido durante as peças. Os relatos que sempre me tocavam eram relacionados à estética, que as mulheres negras nunca conseguiam se enxergar bonitas. Desde novas, elas sempre eram introduzidas dentro dessa estética que elas precisavam correr atrás, como o cabelo liso, ser magra, etc, e que muitas delas não alcançaram e sempre eram motivo de piada. A cada dia que vamos fotografando novas mulheres vamos percebendo a importância do projeto. Ele tem se configurado a partir dessas pessoas que constroem junto com a gente”, fala Paulo Victor. 

Modelo: Dominick Di Calafrio 
Foto: Matheus Affonso

Uma longa caminhada para o futuro 
Gustavo Ciupryk, Matheus Affonso, Paulo Victor Lino, Carmen Jacira Pitra e Maria Lethícia Barcellos levam o projeto na garra, sem nenhum financiamento além do investimento de tempo e de dinheiro dos próprios integrantes. Eles acreditam que a principal recompensa, muito mais importante que o dinheiro, é o retorno positivo das modelos dos ensaios e que, futuramente, podem fechar parcerias com produtores locais da Maré, que desenvolvem os próprios materiais, como bijuterias, sutiãs de pedras e roupas. 
Dominick di Calafrio, segunda modelo do projeto, fala que propostas assim para mulheres trans negras são muito raras, “Foi babado. Eu nunca achei que iria ser chamada para ser modelo fotográfica é aí surgiu esse rolê deles e eu falei ‘eu quero! Vou tirar minhas fotos’. Oportunidades para uma travesti são muito difíceis de aparecer, ainda mais dentro de favela. Eu me empoderei mais depois disso. Para mim, foi maravilhoso. Meus amigos me elogiavam, as pessoas na rua falavam que eu estava linda nas fotos , que inclusive estavam no Facebook. Eu só tenho a agradecer a eles”.

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Carmen Jacira Pitra

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Gustavo Ciupryk

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“Os PM’s falavam que eu merecia apanhar porque todo morador de favela é vagabundo”

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Na última sexta-feira (06), as favelas Nova Holanda, Parque Maré, Rubens Vaz e Parque União sofreram com mais de 18 horas de operação policial.  A ação conjunta realizada na Maré pelos Policiais Militares do Comando de Operações Especiais (COE) em parceria com a Polícia Federal, segundo a assessoria de imprensa da Polícia Federal foi um pedido da Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL) para a fechar uma rádio comunitária na Maré, que supostamente estava causando interferência no espaço aéreo do aeroporto Santos Dumont, no Rio. A operação, que teve início por volta das 05h50 da manhã e durou mais de 18 horas, deixou rastros de violência e violações nas vidas de muitos moradores da Maré. Seu Pedro, de 59 anos e Lucas, de 19 anos foram assassinados na operação policial.

A equipe de segurança pública da Redes da Maré recebeu relatos de violações de direitos e violências pelo WhatsApp do Maré de Direitos: 21 99924-6462, direcionado aos moradores da Maré como uma ferramenta de segurança em dias de operação policial. As denúncias, que ocorreram durante todo o dia, foram de invasão de domicílio, coerção de menores de idade e  agressão física por partes dos agentes de segurança pública envolvendo crianças e adolescentes. Em um dos casos, um morador foi agredido a socos e chutes por policiais militares e ameaçado com uma faca. O jovem relata que durante as agressões o agente de segurança pública  falavam que ele merecia apanhar porque “todo morador de favela é vagabundo e que ele devia ser bandido também”,  que “ tinha sorte por ter pegado um policial bonzinho”. Ele afirma que após as agressões recebeu um chute forte nas costas e que foi  lançado no  valão da rua, que a família conseguiu resgatá-lo.

Pedro Souza, mais conhecido como Seu Pedro, um idoso morador do Parque União, barbeiro histórico da Rua Ary Leão e personagem importante na história da Maré, foi alvejado e morto dentro de sua própria casa, às 16h. Entretanto, seus familiares precisaram esperar até o fim da noite para a chegada da perícia que, após muitas tentativas de contato com a Delegacia de Homicídios (DH) realizado pela equipe de segurança pública da Redes da Maré, chegou por volta das 23h no Parque União.

Infelizmente, a família de Seu Pedro não foi a única a ter o direito de enterrar um ente querido de forma digna negado. O pai do adolescente Lucas, de 19 anos, que foi assassinado a tiros durante a manhã, passou dois dias inteiros (sexta-feira e sábado) em busca do corpo do filho. A informação que foi dada a família era a de que o corpo do jovem foi levado para o Hospital Geral de Bonsucesso. No entanto, durante todo esse período a família não conseguiu realizar o reconhecimento do corpo. O Hospital, o Instituto Médico Legal (IML) e a Delegacia de Homicídios (DH) não souberam precisar onde o corpo estava. Ele acredita que a dificuldade nos processos tem relação com o preconceito por seu filho ser negro, morador de favela e visto como suspeito em potencial.

Desde o dia 14 de agosto, a Ação Civil Pública (ACP) da Maré foi restabelecida pelo desembargador Jessé Torres, da 2ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio, porém, as determinações da ação não foram cumpridas na operação policial da última sexta-feira. Entre outros descumprimentos, a ação da polícia não contou com uma ambulância para socorrer os feridos, assim como aconteceu em horário de entrada e saída das escolas e estendeu até o período noturno.

A direção da Redes da Maré lançou uma nota sobre o ocorrido.

Confira os selecionados para o curso de informática do “Conectando”

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Veja as listas de selecionados e de espera para os módulos I e II do curso de informática do projeto “Conectando”, uma parceria entre a Redes da Maré e a ONG Recode.

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Abaixo, as listas dos selecionados para o Módulo I: Introdução ao Mundo Digital e os dias e horários do início das aulas. Lembrando que, para garantir a vaga, o aluno deve comparecer ao primeiro dia de aula.

Módulo I: Introdução ao Mundo Digital, segundas e quartas, das 8h às 10h.

Início: 11 de setembro.

Selecionados:

1. Daiana Félix da Silva e Silva

2. Vania da Silva Pereira

3. Mariana Ferreira de Lima dos Santos

4. Fabia Cristiane do Nascimento Matos

5. Adriano de Carvalho Mendes

6. Stephany de Almeida Xavier Rocha

7. Eduardo Henrique Alves de Sousa

8. Adriano Chagas Correia

9. Dayane da Silva carvalho

10. Cristiane Moreira Nascimento de Lima

Lista de espera:

1. Tatiana Silva do nascimento

Módulo I: Introdução ao Mundo Digital, segundas e quartas, das 10h às 12h.

Início: 11 de setembro.

Selecionados:

1. Carlos Venceslau de Souza

2. Guylherme Albert Areias

3. Ana leticia albino de sousa

4. Sheila da costa Ribeiro da silva

5. Rafaela Cristina Nascimento de Moraes

6. Lorrany da Silva Spínola de souza

7. Arthur Gomes Licurgo Fernandes

8. Kelly Cristina da Silva Coimbra

9. Camila Dos Santos Da Silva

10. Maria Clara castro

Lista de espera:

1. Ingrid dos Santos de Lucena

2. Joseisa Nascimento Macedônio Silva da Conceição

3. Jorgelita Pereira da Silva Souza

4. Mylena Moreira Venceslau da Silva

Módulo I: Introdução ao Mundo Digital, segundas e quartas, das 18h às 20h.

Início: 11 de setembro.

Selecionados:

1. Guilherme Alves Barreto

2. Joyce Ferreira Silva Caneira

3. Mariana Barbosa Teles do nascimento

4. Gustavo Melo Morais

5. Bruno Soares Cândido da Silva

6. Johnny Soares Cavalcante

7. Jonathan Teles da Silva

8. Laiz do Nascimento de Souza

9. Thiago Lima de Sousa

10. Jhenyfer Teles de Oliveira

Lista de espera:

1. Estêvão Soares da Silva

2. Anatan dos Santos Ferreira

3. Renata Cipriano Pereira

4. João Lucas Silva Matos

5. Thamires de Almeida Xavier

6. Hevellen de Almeida Xavier

7. Eshiley Dias Gonçalves

8. Maria Cristina neves Fernandes

9. Giovana

10. José Lúcio de Lima Júnior

11. Giovana da Silva Barbosa

12. Tarja Natércia Alves de Sousa

13. Adriany Andrade Tavares

14. Vinícius do nascimento Rodrigues

15. Sofia Lara Ferreira Cavalcante

16. Nathalia Cristina Pedro de oliveira

17. Maiara Cristina Viana da Silva

Módulo I: Introdução ao Mundo Digital, segundas e quartas, das 20h às 22h.

Início: 11 de setembro.

Selecionados:

1. Lorrane Oliveira Gomes da Silva

2. Michele Nogueira Gandra RG

3. Jade Fernandes

4. Anatália Nascimento De lima

5. Vitor Luís de Paiva do Rosário

6. Maiana da Silva Rodrigues

7. Rodrigo Lopes

8. Mery Lucy Monteiro de Oliveira

9. Ingrid Vitória Brum da Silva

10. Lucas Borges Pereira da Silva

Abaixo, as listas dos selecionados para o Módulo II: Aplicativos de Impacto e os dias e horários do início das aulas. Lembrando que, para garantir a vaga, o aluno deve comparecer ao primeiro dia de aula.

Módulo II: Aplicativos de Impacto, sábados, das 10h às 12h.

Início: 14 de setembro.

Selecionados:

1. Luana Flor Duarte Fernandes

2. Luis Henrique dos Santos Lima

3. Érica Pereira de Paulo Gonçalves

4. Natalia da silva araujo

5. Edneide da Silva Pereira

6. LUIZ Fabiano da Silva Pereira

7. Viviane da Silva Gomes

8. Thauanna Cruz Rodrigues

9. Ana Jara Barbosa de Lima

10. Ana Luiza Avelino de Souza Vieira

Lista de espera:

1. Andressa Araújo da Silva

2. Milena de Oliveira de Araújo Lima

3. Maria da Conceição Matos Barbosa

4. Helen Santo Vilar da Silva

12 horas de terror: Após um mês, COE realiza operação policial na Maré

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Moradores das favelas Nova Holanda, Parque Maré, Rubens Vaz e Parque União enfrentam mais de 12 horas de operação policial na Maré. Até o momento, há duas mortes confirmadas no Parque União. Por volta das 05h50, o dia começou com intenso tiroteio e fogos de artifício como despertador nesta sexta-feira (06). Policiais do Comando de Operações Especiais (COE) formado pelo Batalhão de Ações com Cães (BAC), Batalhão de Polícia de Choque (BPChq), Grupamento Aeromóvel (GAM) e Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE), da Polícia Militar do Rio de Janeiro, e a Polícia Federal, iniciaram uma ação policial no início da manhã, enquanto muitos moradores seguiam para o trabalho ou escola. Também houve relatos da presença de caveirões (carros blindados) circulando pelas ruas, nas primeiras horas do dia. As clínicas da família Jeremias Moraes e Diniz Batista dos Santos estão estiveram em alerta vermelho todo o dia. Moradores relataram ainda que o funcionamento das escolas da região também foi comprometido. Hoje não houve aula.

A equipe do Maré de direitos recebeu relatos de violência, danos ao patrimônio e violações de direitos pelo WhatsApp (21) 99924-6462. Entre os relatos dos moradores há casas invadidas, motos quebradas, e ainda, duas pessoas mortas no Parque União, um homem torturado no Tijolinho, dois baleados, sendo que um na favela da galinha e outro na rua Carlos Lacerda. As mortes ocorreram no período da tarde, quando supostamente a circulação de policiais militares e troca de tiros cessaram no território. A identidade de uma das vítimas foi confirmada, Pedro Souza, ele era conhecido como “Seu Pedro”. Neste momento, a equipe de segurança pública e acesso à justiça da Redes da Maré está no local de sua morte e contatou a delegacia de homicídios para o encaminhamento da perícia mas até agora nada.

No dia 12 de agosto crianças e jovens da Maré entregaram ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) mais de 1.500 cartas nas quais expressavam sua dor e medo no percorrer das ações policiais na Maré. Dois dias depois, a Ação Civil Pública da Maré, em vigor desde 2017 e anulada em junho pela juíza Regina Lucia Chuquer de Almeida Costa Castro, da 6ª Vara de Fazenda Pública da Capital, foi restabelecida. Desde então, os 140  mil moradores da Maré permaneceram sem a interrupção de seu cotidiano provocada por operações policiais. Após a volta da Ação Civil Pública identificamos uma redução nos impactos negativos da politica de segurança pública. Hoje, dia 6 faz um mês sem operações, sem escolas ou postos de saúde com as atividades suspensas.

Nas últimas semanas, moradoras da Maré receberam a visita do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) e da Associação de Juízes para a Democracia (AJD) para discutir saúde pública, segurança e direitos humanos. Os encontros foram importantes para aproximar a justiça e o governo à realidade vivida pelos moradores de favela que lutam para ter seus direitos como cidadãos respeitados.

Ontem (05), durante uma agenda na zona oeste, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, anunciou que seu governo irá adotar protocolos para reduzir danos em operações em favelas. Segundo ele, o protocolo vai ajudar a população quando houver operação policial no território. Witzel chegou a fazer referência às medidas utilizadas durante a Segunda Guerra Mundial, “Na Segunda Guerra Mundial, eles tocavam a sirene, ia todo mundo para debaixo da terra, para evitar os bombardeios nazistas, e a Inglaterra poder sobreviver no combate ao nazismo. Aqui, vamos ter que adotar protocolos semelhantes. Policiais nas escolas para ajudar as crianças e professores a se protegerem”, diz o governador.

A assessoria de imprensa da Polícia Federal informou que a ação conjunta no território, em parceria com a Polícia Militar, teve o objetivo de fechar uma rádio comunitária na Maré que supostamente estava causando interferência no espaço aéreo do aeroporto Santos Dumont, no Rio. Segundo a assessoria, o pedido foi da ANATEL e a ação policial contou com 27 policiais federais e 8 viaturas blindadas e todos os equipamentos transmissores foram confiscados.  Já a assessoria  da Polícia Militar informou que foram apreendidas munições, drogas e uma pessoa foi detida e conduzida para a 21° DP (Delegacia Policial de Bonsucesso).