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Pista de skate construída por meio de mutirão completa cinco anos

Mobilização foi fundamental para reforma de espaço 

Esporte olímpico desde 2021, o skate consiste na prática de manobras radicais, mas também é um estilo de vida para praticantes. Na Maré, o esporte é bem praticado embaixo do viaduto da Linha Amarela, no local batizado como Espaço Cultural do Pontilhão. Conquista veio há cinco anos, quando um grupo se mobilizou e conseguiu a construção de uma pista, batizada de Maré Favela Skatepark, que serve de lazer e entretenimento para a prática da modalidade para frequentadores.

Entre a Vila dos Pinheiros e o Morro do Timbau, a prefeitura tinha construído uma mini ramp, ou seja, uma pista de nível intermediário no formato U, mas os frequentadores desejavam ir além, com uma completa. Para o sonho virar realidade, o Coletivo Skate Maré, formado em 2015 por amigos que praticam o esporte, entrou em contato com o grupo Make Life Skate Life, que trabalha com projetos de pistas em locais de vulnerabilidade social. Dessa forma o coletivo criou uma campanha de benfeitoria em maio de 2019 com o objetivo de arrecadar fundos para compra de todo o material necessário. Após um mês da campanha, os voluntários internacionais já começaram a chegar para o início das obras, em forma de mutirão. Eles se uniram aos voluntários locais, chegando ao total de 20 pessoas.

Após 21 dias de trabalho voluntário, a Maré Favela Skatepark ficou pronta e começou a ser usada, mas a inauguração foi realizada em agosto. “Eu acredito que a construção desta pista foi muito importante para a Maré, muito além do movimento do skate, revitalizando um espaço que era abandonado e muito escuro. Com a construção da pista, o local chamou não só atenção da galera do skate, mas criou-se uma nova praça, sendo um novo polo de encontro para as pessoas. O projeto alavancou o movimento cultural de jovens, muito além do skate. Tenho muito orgulho de ter participado disso, de ter visto o quão impactante foi para o ambiente”, conta Gabriel Medeiros, cria da Vila dos Pinheiros, membro do Coletivo Skate Maré.

A iniciativa e a mobilização do coletivo podem servir de inspiração para outros projetos se reerguerem e acreditarem que é possível fazer uma mudança significativa, não tendo soluções financeiras. “Quando esse projeto surgiu, a gente não pensava no que se tornaria, em um novo espaço de encontro, eventos ou para reunir família. A gente pensava em ter uma pista para andar de skate e a consequência acabou sendo muito maior”, conta. Ele detalha que o apoio veio de diversos lugares, como de outros coletivos locais, de esqueitistas profissionais e da Rio Ramp Design, que costuma fazer os projetos das pistas, que desenharam a rampa da Maré.

Formando novos esqueitistas

Rayssa Leal, de 16 anos, é a esqueitista medalhista olímpica brasileira mais jovem. Ela conquistou uma legião de fãs e de crianças que se inspiram na garra que mostra nas manobras. Para incentivar essas crianças, os voluntários do Coletivo Skate Maré criaram uma turma de aula do esporte. “A gente se juntou sem nenhum tipo de renda para poder dar aula para as crianças. Temos apoio dos pais, de ex-alunos, de esqueitistas próximos com doações e da loja Maré Skate Shop, que fica perto da pista, sendo de um dos fundadores do coletivo, que acabamos usando como sede e guardamos os skates e tudo mais. Um diferencial das aulas é o número de meninas que cresceu bastante, sendo inclusive a maioria”, expõe Medeiros.

Para Renato Cafuzo, morador da Maré, escritor e frequentador do Espaço Cultural do Pontilhão, o lugar é muito simbólico. “O pontilhão é um lugar debaixo da ponte que tem uns shows de rap, forró e rock, roda de rima, bares, brinquedos, quadra de futebol, pensado também nas pessoas à noite, numa parada mais underground, mas ao mesmo tempo a pista, por ela acolher crianças que estão querendo aprender skate, também traz automaticamente uma galera mais nova”, diz. Ele destaca que a filha é aluna da escolinha de skate e que já foi professor voluntário, que isso é uma interação social. “Levava ela ao parquinho e, depois de um tempo ela queria um skate e eu a ensinei a andar. Está lá até hoje, são quatro anos de uma ligação muito forte com o território da Maré”, completa.

O amante do Pontilhão destaca que o lugar é uma rede de apoio, que acolhe diversas gerações. “Quem leva as crianças para as aulas geralmente são as mães, as avós e tem muitos pais. Isso reforça muito o laço dos pais com as crianças, assim, esse acompanhamento paterno, que é um estigma tão complexo, aqui é uma coisa que é trabalhada com muito carinho, fomentado por todo esse clima do pontilhão”, comenta. Ele ainda acrescenta que a pista fortaleceu o sentimento de apropriação do lugar, de carinho, de cuidados com a iluminação, com grafites e manutenção dos equipamentos, criando um ecossistema social de convivência de pessoas.

Bodas de madeira da pista

A pista de skate completou em 2024 cinco anos e durante esse período o coletivo teve todo um cuidado com o equipamento, realizando os pequenos reparos necessários. Para realizar essas manutenções, o coletivo recebe doações de ex-alunos, atletas, responsáveis das crianças e moradores que utilizam a pista. Quem quiser conhecer ou ajudar o coletivo, é só ir ao local aos sábados, de 10h as 12h, quando acontece as aulas ou visitar o Instagram: @csm_coletivoskatemare.

A celebração da resistência e identidade das favelas brasileiras

“Meu nome é favela, é do povo do gueto a minha raíz, becos e vielas. Eu encanto e canto uma história feliz, de humildade verdadeira, gente simples de primeira…”, essa música composta por Rafael Delgado ficou imortalizada na voz de Arlindo Cruz. A letra resume um grito que reconhece a resistência, a potência e a importância social, cultural e histórica das favelas brasileiras. O Dia da Favela (4/11) celebra a capacidade de superação e o protagonismo dos moradores, que, apesar das adversidades, continuam transformando realidades.

Este ano, um motivo a mais para comemorar é o retorno, depois de 64 anos, do nome favela reconhecido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), substituindo o antigo termo aglomerado subnormal. O nome favela surge oficialmente num documento no dia 04 de novembro de 1900. De forma pejorativa, um chefe da polícia se referiu ao Morro da Providência como favela. Mal sabia que o termo seria ressignificado e hoje faz parte da identidade local.

Uma outra versão sobre o nome, informa que o termo surgiu a partir de um morro onde militares atacavam os seguidores de Antônio Conselheiros, na Guerra de Canudos, no sertão da Bahia. O morro era conhecido como favela, por sua vegetação repleta de uma planta medicinal resistente e de espinhos, chamada de faveleira da Caatinga. Já o Dia da Favela é criado como lei na cidade do Rio de Janeiro só em 2006, e no estado, posteriormente, em 2019. 

Segundo a Central Única das Favelas (CUFA), o Dia da Favela foi instituído pela instituição em 2006 para dar visibilidade à força das favelas brasileiras, destacando seus talentos e conquistas em diversas áreas, como cultura, esporte, empreendedorismo e educação. Para a CUFA a data não comemora a existência das favelas, mas reconhece seus desafios, tornando-se um momento de reflexão para que seus moradores possam avaliar o que já foi conquistado e o que ainda precisa ser alcançado.

Outra instituição que tem representatividade e história de luta é a Federação das Associações de Favelas do Estado do Rio de Janeiro (FAFERJ), criada há 61 anos. Ela lutou contra as remoções e atualmente representa 860 associações de moradores. Rossino Castro Diniz, presidente da FAFERJ, diz que lamentavelmente não há muito o que comemorar. “Falta políticas públicas. Vivemos tempos difíceis, após um governo federal que sufocou o trabalho social, que causou perdas irreparáveis. Não só a Maré, mas todas as favelas são formadas por pessoas do bem, que pagam seus impostos e por isso precisam ser bem tratados. A favela precisa ser vista com bons olhos”, expõe.

A FAFERJ se identifica como uma instituição de trabalho, luta e resistência, dessa forma este ano recebeu a honraria de ser ponto de cultura. Recebeu também as medalhas Tiradentes e Pedro Ernesto, além de moção. “Queremos continuar lutando pela favela, pois não existe cidade partida, a favela é cidade e a cidade é favela. A favela representa a nação e por isso continuamos cantando: eu só quero é ser feliz, andar tranquilamente na favela onde eu nasci. Isso só não acontece quando somos impedidos pelas forças policiais, que discriminam os favelados”, comenta.

A resistência para sobrevivência

O professor André Gomes, doutor em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica (Puc-Rio) lembra que já no século 19, quando a favela é constituída, há um olhar da sociedade, descrito nos jornais da época, de um espaço de miséria e com pessoas muito pobres. Era um período da modernização da cidade, quando os cortiços são destruídos e as pessoas vão sendo jogadas ao redor da cidade, no alto dos morros, com o aval do governo Pereira Passos. Dessa forma, as favelas são construídas, reunindo a grande maioria de pessoas negras e migrantes.

“O território é muito mais do que se vê na mídia, como um espaço violento, onde o Estado tem que intervir. Enxergo a favela como esse lugar que não é só da ausência, mas profundamente da potência. E nesse espaço que nascem construções de relações sociais muito particulares e específicas, de colaboração e de dignidade. A gente tem uma geração mais nova que, na verdade, perdeu um pouco esses referenciais, em função até de como a favela foi esquecida pelo poder público”, afirma. Ele acredita que a favela tem muito a contribuir com as cidades mostrando a relação de solidariedade.

Desde a Favela da Providência, são muitos desafios. Antônio Carlos Firmino, mestrando em memória social e cofundador do Museu Sankofa Memória e História da Favela da Rocinha, observa que ainda há muito desrespeito por parte dos poderes públicos, além do racismo estrutural, ambiental e preconceito social. “A Favela é cidade, isso ouço muito do Itamar Silva, uma liderança intelectual da Favela do Santa Marta. Mesmo que os poderes não queiram, é cidade, isso mostra o professor Adair Rocha, no seu livro Cidade Cerzida: A costura da cidadania do Morro Santa Marta. Vejo que são muitos os desafios, dentre eles, é de sermos considerados cidadãos”, acentua. 

“Ainda é possível comemorar, pois estamos vivos e podendo ainda fazer algo dentro das nossas realidades. Sobre as favelas, elas nascem em função do racismo, o preto nesta sociedade só passou a ser considerado ser humano recentemente. Em nosso país não foi pensado para seu conjunto da sociedade. Somente para aqueles que chegaram da Europa tem prestígio. Os africanos foram trazidos a ferro, fogo, espada e pela cruz, e depois abandonados sem direitos”, diz. 

Para Dani Lopes, liderança no Complexo de Favelas da Mangueirinha, assistente social, especialista em políticas públicas, a favela precisa da garantia de acesso às políticas públicas de modo geral. “Temos muitos desafios no que se refere a habilitação, saneamento e educação. Há um grande déficit de creches que impacta no desenvolvimento econômico das famílias e dos territórios, já que muitas mulheres não conseguem trabalhar. Há interferência constante das ações de segurança pública que afetam o cronograma pedagógico e a qualidade do ensino. É difícil aprender em meio à tensão constante”, comenta. Ela defende que são muitos os desafios, mas na mesma proporção são muitas potencialidades.

Lopes acredita que nesse dia se celebra a resistência e a ancestralidade. “Celebramos a cultura diversa, colorida e amontoada que faz de nós, favelados, a própria favela em si, única e mergulhada em potência e possibilidades. Uma celebração consciente dos desafios, mas vestida de muito orgulho de nossos territórios. A favela é vida em movimento, é construção, ampliação e fortalecimento de novas tecnologias sociais, na mobilização e organização política”, comenta.

Ela acrescenta que a favela é um grande quilombo contemporâneo. “Não somente por concentrar uma maioria de pretos e pardos, mas também por emergir coletividade e resistência. Ainda lutamos por liberdade, vida, água, comida, como nos quilombos, só temporalizamos a organização, as tecnologias e compreendemos nossa força. Fica o recado, não aceitamos mais nada sobre nós sem nós”, revela. A moradora de Duque de Caxias diz ter orgulho de ser favelada e para demonstrar esse amor fez uma poesia:

Sobre seguir, a gente chora a cama vazia do filho perdido pela bala achada.

A gente grita o desespero do parto e o vazio do prato.

A gente sofre.

A gente lamenta a vida e quase todo dia, a morte.

Mas a gente segue, porque a favela é mulher forte.

ENEM 2024: saiba como se preparar para o dia da prova

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 ENEM acontecerá nos próximos dois domingos, 3 e 10 de novembro, e para que não ocorra nenhum imprevisto, é importante se atentar a algumas orientações

A porta de entrada para o sonho de muitos vestibulandos está cada vez mais perto! O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) será aplicado em dois domingos consecutivos: o primeiro no dia 3 de novembro e o segundo no dia 10. No primeiro dia são aplicadas as provas de Ciências Humanas, Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e a Redação. Já no segundo, Ciências da Natureza e Matemática e suas tecnologias encerram o processo de avaliação. Ao total, são 180 questões que servem para avaliar o desempenho dos estudantes do país, assim como possibilita a entrada em instituições públicas e privadas de nível superior.

Atenção ao local de prova

Para o dia do exame é importante se atentar a algumas informações e evitar imprevistos. O local de prova deve ser averiguado com antecedência na Página do Participante através do Cartão de Confirmação, assim, é possível estudar o caminho previamente e não correr risco de se atrasar. Os portões abrem 12h e fecham rigorosamente às 13h.

O documento válido com foto também é indispensável, e pode ser apresentado de maneira impressa ou digital, desde que seja no aplicativo oficial. Sem a documentação, não é possível permanecer no local de aplicação, alerta o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). 

Confira abaixo as identificações adequadas

  • RG (impresso ou digital pelo app Gov.br);
  • Título de Eleitor (impresso ou digital pelo app Gov.br);
  • Carteira Nacional de Habilitação, na forma da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997;
  • Cédulas de Identidade expedidas por Secretarias de Segurança Pública, Forças Armadas, Polícia Militar e Polícia Federal;
  • Carteira de Trabalho e Previdência Social impressa e expedida após 27 de janeiro de 1997.
  • Passaporte.

Para participantes estrangeiros:

  • Passaporte;
  • Identidade expedida pelo Ministério da Justiça para estrangeiros, inclusive aqueles reconhecidos como refugiados, em consonância com a Lei nº 9.474, de 22 de julho de 1997;
  • Carteira de Registro Nacional Migratório, de que trata a Portaria nº 11.264, de 24 de janeiro de 2020;
  • Documento Provisório de Registro Nacional Migratório, de que trata a Portaria nº 11.264, de 24 de janeiro de 2020;
  • Cédula de identidade civil ou documento estrangeiro equivalente, emitido por estado parte ou associado ao Mercosul, nos termos do Acordo sobre Documentos de Viagem dos Estados Partes do Mercosul e Estados Associados.

Redes da Maré celebra Novembro Negro com exposição, show de Leci Brandão e mais; confira.

A Redes da Maré desde a sua fundação vem criando, promovendo e fortalecendo eventos que tratam sobre a população negra em território de favela. Nesse ano de 2024, a instituição criou um calendário unificado, para que os moradores do conjunto de 15 favelas e trabalhadores do território possam saber e aproveitar dos eventos que irão acontecer durante todo o mês de novembro, chamado de Novembro Negro.

Novembro está no calendário como um mês de luta e memória para a população negra, pois na data do dia 20 marca o assassinato do líder quilombola Zumbi dos Palmares na invasão do Quilombo dos Palmares em Alagoas em 1695 por forças portuguesas. O Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra está no calendário federal desde 2011, mas somente se tornou feriado nacional em 2023. No Estado do Rio de Janeiro, a data está em vigor desde 2002.

Confira a programação

01/11/2024 – Lançamento da Programação e Exposição “Olhares Negros”
Descrição: Culminância dos projetos da Casa Preta da Maré e abertura da exposição “Olhares Negros”. Horário: 16h-20h. Local: Casa Preta da Maré – Rua Sargento Silva Nunes, 1016, Nova Holanda

04/11/2024 – Cine Conceição Especial
Descrição: Exibição do curta “Griots da Maré” e debate sobre ancestralidade e
memória na Maré. Horário: 9h-12h Local: Casa Preta da Maré – Rua Sargento Silva Nunes, 1016, Nova Holanda

06/11/2024 – Mobilização Territorial: Entrega do Jornal
Descrição: Distribuição da edição de novembro do jornal Maré de Notícias com mobilização das equipes. Horário: 9h-17h Local: Casa Preta da Maré – Rua Sargento Silva Nunes, 1016, Nova Holanda

07/11/2024 – Aula: Racismo e Mudanças Climáticas
Descrição: Aula sobre os impactos climáticos e como o racismo afeta territórios de
favela. Horário: 16h. Local: Casa Preta da Maré – Rua Sargento Silva Nunes, 1016, Nova Holanda

08/11/2024 – Memorial das Vítimas da Violência Armada na MaréDescrição: Homenagem às vítimas da violência na Maré e espaço de acolhimento para familiares. Horário: 14h-17h. Local: Areninha Cultural Herbert Vianna – Rua Evanildo Alves, s/nº, Maré


09/11/2024 – Lançamento da Campanha “Criar Futuros: Maré, Território de Cuidados”
Descrição: Lançamento de pesquisa e debate sobre justiça reprodutiva, com a participação de Lúcia Xavier. Horário: 10h-12h30. Local: Casa das Mulheres – Rua da Paz, 42, Parque União.

09/11/2024 – Aniversário da Casa das Mulheres e Encerramento do Festival Comida de
Favela. Descrição: Celebração do Festival Comida de Favela com anúncio dos vencedores
e show de Leci Brandão. Horário: 18h-22h. Local: Praça do Parque União


13/11/2024 – 1º Fórum de Educação Matemática da Maré
Descrição: Encontro para promover educação matemática contextualizada e afroreferênciada para a Maré. Horário: 9h-12h e 14h-17h.
Local: Areninha Cultural Herbert Vianna – Rua Evanildo Alves, s/nº, Maré

14/11/2024 – Lançamento da Edição de Novembro do Jornal Maré de Notícias
Descrição: Celebração do lançamento da edição de novembro do Jornal Maré de Notícias. Horário: 16h. Local: Casa Preta da Maré – Rua Sargento Silva Nunes, 1016, Nova Holanda

22/11/2024 – Novembro Negro na Rua.
Descrição: Intervenções culturais e conversa sobre redução de danos e resistência
negra. Horário: 15h. Local: Espaço Normal – Rua 17 de Fevereiro, 237, Parque Maré

23/11/2024 – Evento Amefricanidades na Casa Resistências
Descrição: Reflexão sobre herança negra e bem-estar para mulheres LBT de favela. Horário: 10h-15h
Local: Rua Projetada G, Salsa e Merengue – Maré

23/11/2024 – Mostra Maré de Música
Descrição: Mostra de música com Criptofunk. Horário: 20h-00h. Local: Centro de Artes da Maré – Rua Bitencourt Sampaio, 181 – Maré

24/11/2024 – Espetáculo “A Terra que Eu Piso é Maré”. Descrição: Espetáculo que narra a história de mulheres protagonistas na Maré, inspiradas em tradições de Nanã. Horário: 18h. Local: Centro de Artes da Maré – Rua Bitencourt Sampaio, 181 – Mar

Família de Marielle agradece resistência e luta da população em ato no Centro do Rio

Foram dois dias de julgamento dos réus confessos da morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. O júri popular deu o veredicto de condenação na noite da última quinta (31), no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJ-RJ). Logo depois, os familiares de Marielle seguiram para o Buraco do Lume, onde centenas de pessoas esperavam para uma aula pública sobre Direitos Humanos.

O ato foi marcado por diversos cartazes, placas e bandeiras, que pediam justiça, mas também por lenços amarelos e girassóis, que representavam a presença de Marielle e Anderson na memória e na luta do povo. Além disso, as frases que uniam os movimentos presentes em uma só voz “Marielle fez por nós. Faremos por Marielle e Anderson”, “Pisa ligeiro, quem mexeu com Marielle atiçou o formigueiro” eram repetidas durante o ato. 

Entre os presentes estava o Movimento das Mães e Familiares Vítimas da Violência Letal do Estado e Desaparecidos Forçados. “Hoje consigo ter um pouco de esperança de que a justiça possa chegar também a todos. É um alívio, ao mesmo tempo o começo de resposta e um combustível para continuar. A Marielle é essa mulher que correu por justiça e inspirada nela não vou silenciar pelo que aconteceu com meu filho. O povo da favela é resiliente, continua sem desanimar jamais. Estamos no caminho certo”, diz Bruna Silva, mãe de Marcos Vinícius, morto em 2018, durante operação policial na Vila dos Pinheiros e mobilizadora do Eixo de Segurança Pública e Acesso à Justiça da Redes da Maré. 

Nos discursos, muitos políticos que são “sementes”, ou seja, pessoas que se inspiraram na vereadora falaram sobre a importância dessa condenação. “Primeiro lugar veio a luta por justiça. Segundo, é preciso continuar lutando em memória de Marielle e outras mães que perderam seus filhos, para que sejam condenados os culpados. Hoje não é uma comemoração, mas é o sentimento de sede por justiça. Os acusados de mandantes continuam nos seus cargos, coisa do Brasil”, comenta Chico Alencar, deputado federal.

Um desabafo após júri popular

Na chegada da família ao ato, muita solidariedade e emoção. “Não dá para normatizar. Precisamos lembrar desse dia histórico para o Brasil e o mundo. Não é uma comemoração e sim um sentimento de dor de todas as mães que perderam seus filhos. Agradeço a todos que estão nessa luta”, expôs Marinete da Silva, mãe de Marielle. 

Anielle Franco, irmã de Marielle e ministra da Igualdade Racial, fez questão de agradecer a todos que estão na caminhada com a família. “A Mari morreu defendendo as mulheres, então não podemos aceitar a banalização dos nossos corpos. Estamos aqui com força para ecoar a voz e enquanto tivermos sangue estamos na luta. A dor de perder um familiar não tem preço e não se pode naturalizar os corpos caídos. É preciso que os envolvidos sejam penalizados. Somos crias da favela e por isso não podemos esquecer que a favela ainda não venceu. Ainda passaremos por provocação e discriminação, mas está para nascer a pessoa que vai me calar”, desabafa. 

O pai Antônio Francisco de Marielle, falou sobre a importância das famílias de outras vítimas também conseguirem justiça. “No dia 14 de março de 2018, nossa filha foi assassinada. Hoje, 31 de outubro de 2024, os assassinos confessos foram condenados. Hoje é uma vitória de todos que caminham conosco. Essa vitória tem que ser estendida para todas as famílias que perderam algum ente querido. Quantos ainda terão que perder a vida por ser preto ou favelado? A favela tem muita gente boa. Quantas mães que estão na luta vão ter que ouvir que o representante do Estado não teve a intenção de matar? É inadmissível que o Estado não proteja o cidadão”, relata.

Luyara Franco, filha de Marielle e diretora de Legado do Instituto Marielle Franco, explica que o momento é dos sentimentos contraditórios. “Estou feliz com essa vitória, mas triste em ver a frieza dos acusados confessos. O dia de hoje é a vitória, pois o povo não abandonou a luta. Vamos continuar preservando o legado de Anderson e Marielle. Foi só o início, agora vamos lutar pela solução dos mandantes e as reparações. Ainda estamos com um vazio”, conta.

Lígia Batista, diretora executiva do Instituto Marielle Franco, acrescentou que o sistema de justiça deu uma resposta, de que a violência política não pode ficar impune. “Ainda tem muita gente matando por aí. O instituto não recuará. Não podemos aceitar a perda de vida de mais ninguém. É preciso responsabilizar quem atravessa a nossa vida”, conclui.

Ronnie Lessa e Elcio Queiroz, réus confessos do assassinato de Marielle e Anderson receberam as penas de 78 e 59 anos de prisão respectivamente, os criminosos também deverão pagar pensão ao filho de Anderson e uma indenização por danos morais às famílias das vítimas.

Assassinos de Marielle e Anderson são condenados a prisão

Ronnie Lessa foi condenado a 78 anos de prisão, enquanto Élcio Queiroz recebeu uma pena de 59 anos

Após 6 anos, 7 meses e 17 dias do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, o 4º Tribunal do Júri do Rio condenou nesta quinta-feira (31) os ex-policiais Ronnie Lessa e Elcio Queiroz. Com penas de 78 e 59 anos de prisão respectivamente, os criminosos também deverão pagar pensão ao filho de Anderson e uma indenização por danos morais às famílias das vítimas.

Ronnie Lessa, foi o autor dos disparos naquela noite de 14 de março de 2018 e Élcio Queiroz, foi quem dirigiu o carro usado no atentado.

“Com toda a dificuldade de ser interpretada e vivida pelas vítimas a justiça chega aos culpados e tira deles o bem mais importante depois da vida que é a liberdade. A justiça chegou para os senhores Ronnie Lessa e Elcio de Queiroz. Os senhores foram condenados pelos jurados do 4º Tribunal do Júri da Capital”, disse a juíza Lúcia Glioche que em seguida informou a sentença.

Chiquinho Brazão, Domingos Brazão e Rivaldo Barbosa, acusados de mandar matar Marielle Franco ainda serão julgados, no Supremo Tribunal Federal.