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Rock na Maré conecta bandas e promove ações sociais

Rock na Maré promove cultura e lazer feitos por crias

Funk, pagode, música clássica e também o Rock, sim o Rock. A Maré tem se mostrado um reduto do rock, mas não é de hoje. Desde a década de 80 que há registros de bandas tocando em eventos que fecharam a rua, levando cultura e também solidariedade.

Enquanto o Rock in Rio acontece na Cidade do Rock, na Zona Oeste do Rio, no Conjunto de Favelas da Maré há também diversos amantes do gênero musical que fazem seu próprio festival dentro da favela. Nesta sexta-feira (13), houve mais uma edição do Rock de Favela que reuniu no Pontilhão Skate Park as bandas “KillGrave” “Repressão Social” e “Baixo Grau”.

O Rock de Favela traz bandas com músicas autorais e com diversas vertentes do gênero musical como o hard rock e  punk rock. Um dos organizadores é Jefferson Arcanjo, de 35 anos, morador da Baixa do Sapateiro, vulgo ‘Sem Sangue’, ele conta que o evento é uma junção de grupos existentes na Maré com o mesmo objetivo: promover um intercâmbio entre bandas, em um espaço para elas se apresentarem na Maré e mostrar para a juventude o rock atual e autoral. “Todas as bandas que se apresentam no Rock de Favela tem músicas autorais, não ficamos só nos tributos, fazemos rock do presente e do futuro” afirma. O evento tem apoio da Tabacaria Dreadlocks.

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Jefferson explica que o Rock tem origem preta mas com o tempo perdeu seu espaço e agora passa por uma retomada. “O rock é uma música preta, mas o que mais ganhou fama foi a imagem da elite branca”, afirma. Ele acrescenta que acredita que o futuro do rock será uma junção com outros ritmos para que possam romper as barreiras. “Hoje em dia a indústria faz músicas para quem já gosta de rock e nas redes sociais tem uma geração que está ligada em recomendações do algoritmo. Não posso prever o futuro mas acredito que o rock incorporado ao rap e o funk vai chegar em um público maior e já tem gente fazendo isso”. 

Jeferson menciona artistas como MC Thá e Major RD, na Maré há outras bandas locais como a D’Loks do Morro do Timbau que se apresentava no Bar do Seu Zé Toré e foi inspiração para Jefferson. Hoje em dia trabalha como designer gráfico e junto com outros amigos forma o coletivo, mas ninguém é pago pelo trabalho. 

Na Areninha Cultural Herbert Vianna da Maré acontece o “Favela Rock”, evento realizado com a perspectiva de fortalecer a cena rock do território. A última edição foi em junho deste ano. 

Rock solidário

Outro rockeiro mareense é Renato Nascimento, de 48 anos, da Vila do Pinheiro. Fundador do Rock In Rio Maré, conta que faz eventos dentro e fora da Maré voltados para o estilo musical, pedindo apenas 1 kg de alimento. “Eu não ganho nada fazendo os eventos, mas faço para ajudar, meu objetivo é tornar o rock acessível e fazer ações sociais. As pessoas não conhecem o rock por falta de oportunidade”, comenta.  

Com as arrecadações no evento, Renato consegue fazer cestas básicas que são distribuídas em ONGs. Também foi através de um evento de rock que Renato conseguiu levar doações para Petrópolis em 2022 quando houve a enchente na região. Renato conta que as bandas convidadas para tocar são todas pagas com seu próprio dinheiro e ajuda dos comerciantes locais. 

Renato conta que esteve em edições anteriores do Rock In Rio e conta a sensação da cidade do rock: “Lá parece outro mundo! A energia é surreal! Na última edição que eu fui assisti o show da Gloria Groove empolgadão!”

Origem do Rock 

Apesar do título de “Rei do Rock” ser atribuído ao cantor Elvis Presley, o ritmo musical se destaca pela sua influência do jazz e do blues, tendo uma mulher negra como uma das principais precursoras: Sister Rosetta Tharpe, conhecida como “Mãe do Rock”. O título de pai do Rock também pertence a outra pessoa negra, o cantor Chuck Berry por volta dos anos 50 já cantava músicas que viraram sucesso como Maybellene de 1955.

Pela solidariedade, para levar mais uma forma de acesso à cultura na favela, ou apenas para curtir um bom rock. A Maré tem a musicalidade na essência dos crias.

Após incêndio em subestações da Light, Maré ainda tem pontos sem energia

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Moradores relatam danos causados pela falta de luz

Por volta das 16h desta quinta-feira (12), a zona norte do Rio sofreu um apagão elétrico. Duas subestações da Light localizadas no Complexo do Alemão e em Vista Alegre foram tomadas pelas chamas, ocasionando a pane em milhares de domicílios. 

O incêndio atingiu uma área de vegetação na Fazendinha, Complexo do Alemão e, felizmente, não deixou feridos. Com a interrupção do serviço, locais como a Maré, Ramos, Vista Alegre, Vila da Penha, Cordovil, Irajá, Pavuna e Duque de Caxias ficaram sem luz. A origem das chamas ainda é desconhecida e está sendo investigada pelas autoridades. 

O Prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, informou em suas redes sociais sobre o incidente às 18:24h da quinta-feira. “Ainda temos parte de Irajá sem Luz e parte da Pavuna também sem luz, mas a Light já está trabalhando para restabelecer essa energia e a gente espera que na próxima uma hora já esteja tudo restabelecido”.

Em nota, a Light informou que houve rompimento de um cabo em Furnas (empresa da Eletrobras de geração e transmissão de energia) e que a previsão de restabelecimento da energia seria até às 22h da última quinta (12), ou seja, no mesmo dia.

No entanto na Maré, passadas mais de 16 horas do ocorrido, parte da população permanece sem energia elétrica. Dona Vera, moradora da Vila dos Pinheiros de 57 anos, relata estar sem energia desde 1h da manhã: “Aqui, somos cinco pessoas, incluindo uma bebê de 2 meses. Já tive problemas com minha geladeira que queimou o motor e tive que consertar, agora alimentos que estragam e com crianças pequenas fica tudo mais difícil nesse calor. Eu saio às 5h da manhã  pra trabalhar e passei a noite sem dormir” conta.

Além, da Vila dos Pinheiros, moradores do Parque União e Conjunto Pinheiro também relataram que ainda estão sem energia. Perguntamos a Light qual a previsão para o restabelecimento nesses locais, mas até o fechamento desta matéria não obtivemos retorno.

Operações e remoções impactam a vida dos moradores e geram múltiplas de violações

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Maria Tereza Cruz

Edição #164 – Jornal Impresso do Maré de Notícias

“Tive que sair da minha casa, porque a crise do meu filho piora na poeira e, para não voltar com ele para uma UTI, precisei pedir ajuda de amigos”. Esse é um trecho de um depoimento postado por uma moradora da Maré nas redes sociais. 

Na imagem, ela aparece com o filho, um bebê de um mês de vida, no colo, e narra que a sua família é uma das que está sendo removida dos prédios construídos no Parque União. A poeira de edificações é composta por partículas finas de materiais como cimento, areia, gesso, e outros componentes e a inalação dessas partículas pode causar problemas respiratórios, irritação nos olhos e na pele, e, em casos mais graves, doenças como a silicose, quadro crônico que pode comprometer o funcionamento dos pulmões.

O que aconteceu

Agentes da Prefeitura do Rio de Janeiro foram até as construções no dia 3 de julho e colocaram cartazes dando o prazo de três dias para os moradores simplesmente saírem das casas. Nem a Secretaria de Assistência Social e nem a de Habitação visitaram o local na data para cadastro de famílias e demais orientações sobre o processo. 

O papel colado dava ainda a informação pouco detalhada de que, caso a determinação não fosse cumprida, os prédios poderiam ser demolidos a qualquer momento. O processo de demolição começou no dia 19 de agosto e seguiu até o início deste mês, com previsão de retorno para uma “segunda fase”, de acordo com a Secretaria de Ordem Pública (SEOP). 

Somente no dia 24 de agosto, no 6º dia de operação policial consecutiva para a realização das demolições, é que agentes da Secretaria de Assistência Social apareceram no local e, segundo nota da pasta, cadastrou 40 famílias. 

Múltiplas violações

Nesse período todo, a moradora que fez o desabafo nas redes sociais, o filho com problemas respiratórios e todos os outros moradores ficaram submetidos a poeira. Mas também vivenciaram outras violações: ameaças, xingamentos e até a invasão de seus domicílio e furto de pertences por parte do Estado que, na verdade, deveria auxiliar e atender as demandas dessas pessoas.

Ana Beatriz, de 20 anos, vive no local há três anos e contou que não recebeu diretamente nenhum aviso prévio da demolição. “Eu penso em continuar na minha casa, não vou sair, até porque eu não tenho para onde ir e meus filhos são pequenos ainda. Não tá tendo aula, eu tenho que levar minha filha no posto e não tá tendo [atendimento]”.

A Secretaria Municipal de Ordem Pública (SEOP), em conjunto com a Polícia Civil e com batalhões especiais da Polícia Militar, coordena as demolições e a retirada das famílias.  Mas no site da prefeitura do Rio, consta apenas a seguinte atribuição à SEOP: “formular e implementar políticas públicas que garantam a manutenção da ordem urbana e a integração da Prefeitura com todas as forças de segurança pública”. 

Em um trecho da nota divulgada no dia 21 de agosto, a Redes da Maré toca neste ponto. “O que estamos testemunhando envolve violações mais amplas dos direitos fundamentais dos moradores. A questão das remoções é histórica e está profundamente ligada ao problema do acesso à moradia digna nas favelas e periferias urbanas. A falta de políticas públicas adequadas e a negligência estatal com os espaços e equipamentos resultam em estratégias improvisadas para ocupar o espaço urbano sem a devida regulamentação e fiscalização. O Estado, ao abdicar de sua responsabilidade na gestão do espaço público e na regulação dos direitos urbanos e habitacionais, contribui para a perpetuação dessas práticas.”

O que diz a lei

Em 2021, o Supremo Tribunal Federal (STF) aprovou uma arguição, como resultado da Campanha Despejo Zero, que, na ocasião, representava uma grave violação aos direitos humanos, diante da pandemia. A partir dessa articulação, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), publicou a resolução 510 e uma cartilha de orientações para quando o despejo for a última saída. 

Nesse texto, há o passo a passo para a realização de remoções, começando com uma reunião para elaboração do cronograma de desocupação: “Essa reunião deve contar com a presença dos ocupantes, seus advogados, Ministério Público, Defensoria Pública, órgãos de assistẽncia social, movimentos sociais e/ou associações de moradores e o Oficial de Justiça responsável pelo cumprimento da ordem, além de outros possíveis interessados”. 

Em seguida, o município deve fazer um cadastramento das famílias que ocupam a área a ser despejada, bem como fazer  a realocação e inserção delas em programas habitacionais, com a presença da assistência social e a garantia de um prazo razoável para desocupação. 

Nada disso aconteceu no processo de retirada dos moradores do Parque União, o que tornou a rotina dos moradores, inclusive de outras favelas do conjunto, incerta, tensa e insegura.

Todos afetados

Em 2024, a Maré já viveu 37 operações policiais. Em agosto foram 10 dias consecutivos de operações. Crianças e adolescentes já perderam, desde janeiro, um mês inteiro de aula. 

Os impactos das escolas fechadas vão muito além do ensino propriamente dito, como destaca a nota da Redes da Maré. “O processo de ensino e aprendizagem fica completamente comprometido quando existe sempre a possibilidade de não se ter aula no dia seguinte. Essa incerteza, permeada por estresse e ansiedade, afeta toda a comunidade escolar, causando adoecimento físico, mental e emocional dos estudantes e suas famílias, mas também de professores, gestores e outros profissionais de educação.”

Além das escolas, a rede de saúde também tem sido severamente afetada, só nos 10 dias consecutivos de operações policiais, mais de 2 mil atendimentos deixaram de ser realizados. 

Uma moradora nos relatou que faz tratamento psiquiátrico e necessita de remédios controlados de uso contínuo, mas não conseguia ter acesso aos medicamentos. Outro morador nos contou que sofre de uma doença crônica e teve o quadro de saúde agravado no domingo, que antecedeu o início das operações, e ficou 4 dias esperando para ser atendido. 

A circulação constante de policiais e veículos blindados também alteram sensivelmente a rotina da comunidade, inclusive, para além dos limites do Parque União. Ao menos três direitos constitucionais estão sendo sistematicamente violados: o de acesso à educação (artigo 205º), à saúde (artigo 6º) e o direito de ir e vir (artigo 5º). 

O pior é que este cenário não tem prazo para acabar. Em insistentes questionamentos feitos pelo Maré de Notícias aos órgãos responsáveis sobre o cronograma e previsão de término das remoções, as respostas foram evasivas. Em muitos casos, se limitaram a dizer que “as operações vão continuar pelos próximos dias”. 

‘A pneumonia é a infecção que mais mata no planeta’, diz especialista

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As pneumonias podem ser causadas por diferentes agentes infecciosos, como vírus, bactérias e fungos

Hélio Euclides e Teresa Santos

Nos primeiros seis meses deste ano, mais de 400 mil pessoas foram internadas com pneumonia no Brasil. Segundo o Ministério da Saúde, pelo menos 28 mil morreram até agosto. Após a morte do comunicador Sílvio Santos, de 93 anos, um “novo” termo ganhou visibilidade entre a população: broncopneumonia. O apresentador morreu em agosto deste ano em decorrência de complicações de uma infecção por Influenza (H1N1), gripe que evoluiu para esse tipo de pneumonia. Com isso, a pesquisa do termo atingiu um pico de popularidade no Google, com usuários buscando entender melhor essa condição.

E afinal, o que é broncopneumonia?

Segundo Denise Medeiros, médica pneumologista e intensivista Instituto Nacional de Infectologia da Fundação Oswaldo Cruz (INI/Fiocruz), a broncopneumonia é um subtipo de pneumonia. E assim como os outros tipos de pneumonia é potencialmente grave. “A pneumonia é a infecção que mais mata no planeta”, destaca em entrevista ao Maré de Notícias. A mesma doença também atingiu o presidente Lula no ano passado.

As pneumonias podem ser causadas por diferentes agentes infecciosos, como vírus, bactérias e fungos. Isso significa que a pneumonia pode ser causada por bactérias como pneumococos e estafilococos, mas também por vírus como os da influenza, da Covid-19 e até mesmo do sarampo, entre outros agentes.

A imunização como precaução 

Felizmente, já existe vacina para boa parte dos agentes infecciosos citados acima. E, de fato, uma das principais medidas de prevenção da pneumonia é a vacinação. Entre os imunizantes disponíveis no Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde, estão a vacina contra Influenza, covid-19 e pneumocócica-10 valente, conhecida como Pneumo 10. Saiba onde e quem pode se vacinar clicando aqui.

A vacina contra a pneumonia Pneumo 10 faz parte do calendário de vacinação infantil do Ministério da Saúde e está disponível como rotina em todas as unidades de Atenção Primária, como clínicas da família e centros municipais de saúde. O imunizante é indicado para crianças até 04 anos, 11 meses e 29 dias. As vacinas Pneumo 13 e Pneumo 23 têm indicações específicas definidas pelo Ministério da Saúde, e estão disponíveis nos Centro de Referência para Imunos Especiais (CRIE). A vacina da gripe está disponível para todos a partir de 6 meses de idade na cidade.

A médica Denise Medeiros lembra ainda que o calendário vacinal das crianças tem outras vacinas que protegem contra a pneumonia, tal como a tríplice viral, que protege contra o sarampo, caxumba e rubéola, e a vacina Hib que atua contra infecções bacterianas causadas por Haemophilus influenzae tipo b (Hib). A Hib está contida na vacina Pentavalente.

A médica pneumologista, pesquisadora da Fiocruz e presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, Margareth Dalcolmo, em entrevista ao Maré de Notícias, adverte que muitas doenças são desenvolvidas a partir de outras complicações. “No caso de Silvio Santos é bom destacar que teve complicações com a gripe Influenza A. É fundamental que todos se vacinem contra a gripe/influenza, lembrando que essa vacina é anual e não esquecer de todos os demais imunizantes da infância. Outro ponto é o controle do ambiente”, comenta. 

A Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro reforça a importância da vacinação contra a gripe, sobretudo durante o inverno, que apresenta forte sazonalidade para quadros respiratórios graves, especialmente entre os públicos mais vulneráveis, como crianças, idosos e pessoas com imunossupressão.

Pneumonia e Síndrome Respiratória Aguda Grave

A pneumonia não é uma doença de notificação compulsória, o que significa que os profissionais de saúde não são obrigados a informar as autoridades sanitárias sobre todos os casos. A exceção ocorre quando a pneumonia evolui para Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Em 2024, até o momento, o município do Rio de Janeiro já registrou 4.281 casos de SRAG.

A médica do INI/Fiocruz, Denise Medeiros, lembra que na SRAG o quadro gripal se acentua, com características de gravidade relacionadas à disfunção da respiração.

“A SRAG é uma síndrome que, em sua definição, não tem causa determinada. O Ministério da Saúde notifica por uma questão de vigilância. Quando o quadro gripal se acentua com características de gravidade que são relativas exatamente à disfunção da respiração, temos a SRAG. Esta síndrome se refere à falta de ar, queda do nível de oxigênio no sangue (queda da oximetria) e coloração azulada dos lábios ou rosto, quadro conhecido como cianose (condição causada pela má oxigenação).”

Mas, mesmo sem evoluir para SRAG, a pneumonia, por si só, exige muita atenção. É preciso atentar quando a pessoa tem além da febre, tosse e catarro, sinais como falta de ar, dor ou alteração do sensório, isto é, confusão, alteração de consciência, algo particularmente comum em idosos.

O melhor caminho é buscar atendimento, como fez Maria Margarida, de 80 anos, moradora do Parque União. Ela procurou a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Maré para ser atendida. “Semana passada até procurei a UPA para exames, pois estava com calafrios, mas não tinha nada, só uma indisposição. Esse ano não tive nenhuma doença respiratória. Eu tomei a vacina contra a gripe para me proteger”, diz. 

Além de procurar atendimento médico em caso de sintomas e de se vacinar para prevenir as infecções, existem outras medidas importantes que também podem evitar as infecções respiratórias. 

A Dra. Denise Medeiros lembra que as pneumonias virais podem ser transmitidas de uma pessoa para outra. Portanto, é necessário atenção a cuidados habituais: lavar as mãos e usar máscara se tiver sintomas respiratórios.  “Aprendemos a adotar essas medidas na Covid-19, mas elas valem para todas as situações de risco de pneumonia viral”, destaca a especialista. 

Vacina Maré completa três anos de pesquisa e vacinação em massa

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Projeto iniciou em 2021 com campanha de vacinação em massa e hoje realiza mapeamento do impacto do coronavírus no território da Maré

Edição #163 – Jornal Impresso do Maré de Notícias

O projeto Vacina Maré, iniciativa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Redes da Maré e Secretaria Municipal de Saúde, está completando três anos. O programa começou em 2021, com a campanha Vacina Maré, que imunizou mais de 36 mil moradores em apenas quatro dias, uma mobilização histórica pelo direito à saúde.

Produção de dados

Um dos frutos desta mobilização é a produção de dados sobre a saúde da população mareense, um marco importante quando se pensa em saúde nas favelas. O principal objetivo da pesquisa é analisar a eficácia da vacina contra a Covid-19 na população da Maré e o impacto na vida dos moradores.

No auge da pandemia, a Maré registrou uma queda de 89% na letalidade por covid:

Cerca de 6.500 moradores da Maré, incluindo crianças, participam do estudo para entender como a Covid-19 se espalha dentro das famílias e na favela. É realizado um acompanhamento da saúde dessas famílias ao longo do tempo, coletando amostras de sangue periodicamente. Os dados são armazenados pela Fiocruz.

Para Fernando Bozza, pesquisador do Instituto Nacional de Infectologia da Fiocruz, as ações de incidência e capacitação que a Redes da Maré fez na área da saúde foram fundamentais para fortalecer a parceria, assim como o financiamento, às pesquisas e à produção de dados.

“Esse projeto teve impacto não só na Maré como na própria sociedade civil, gerando ações mais efetivas no campo da saúde pública. Fomos convidados para apresentar o Vacina Maré na Organização Mundial da Saúde, no Ministério da Saúde e em diversas universidades internacionais. Inclusive, o projeto foi reconhecido como uma das 6 ações mais importantes da Fiocruz na pandemia”, conta

Direito à informação

A moradora do Parque Rubens Vaz, Roxana Novais, é acompanhada pelo programa Vacina Maré desde 2021. “Fazer parte desse projeto é confortante, porque mesmo no meio do caos que estávamos vivendo com a covid, tivemos pessoas que nos acolheram, que nos passaram informações. Mesmo sendo escassas, as informações eram precisas e claras, e o acompanhamento dessa equipe sempre foi impecável. Para mim, esse projeto tem uma importância enorme, pois ele acompanha e leva informações para quem não consegue ter acesso fácil”, reflete Roxana.

A pesquisa faz parte do projeto internacional EFFECT-Brazil e conta com o apoio de três instituições: o Instituto Todos pela Saúde (ITpS), no Brasil; o Centers for Disease Control and Prevention de (CDC), nos Estados Unidos; e a Wellcome Trust, no Reino Unido. O projeto foi selecionado pelo International Covid-19 Data Alliance (ICODA), uma iniciativa da Fundação Bill e Melinda Gates, entre mais de 400 propostas enviadas por diversos países.

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Território saudável

O eixo Direito à Saúde, da Redes da Maré, busca tornar a Maré referência de território saudável, mapeando cadernetas de vacinação de crianças e adolescentes. Os projetos e ações do eixo também visam ampliar o conceito de saúde, compreendendo que um morador saudável não é apenas aquele que vive sem doenças, mas sim o que tem bem-estar físico, mental e social.

Diana Souza, coordenadora de campo da pesquisa, conta que: “o projeto mantém uma relação de proximidade com as unidades de saúde, atuando em conjunto com elas. O Vacina Maré é uma pesquisa de produção de ciência em saúde nas favelas, pensando nas perspectivas da saúde de forma ampliada”. 

Ela reforça a importância da participação dos moradores para que a campanha fosse realizada e, para que hoje a pesquisa continue: “Acredito que a mobilização do Vacina Maré trouxe um sentimento importante de pertencimento, todos deram seu máximo independente de qual favela pertencia. Trabalharam de forma incansável para que desse certo. E não podia ser diferente, foi maravilhoso!”