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Prefeitura lança novo calendário de vacinação; confira datas para grupos prioritários

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Pessoas de 45 até 59 anos poderão se vacinar até 29 de maio

Por Edu Carvalho, em 26/04/2021 às 10h

A partir desta semana, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a SMS, divulgou o novo calendário de vacinação contra a Covid-19 estará destinado para os grupos prioritários, incluindo, entre outras, as pessoas com comorbidades. O cronograma, que começa hoje, segunda-feira (26/04), mantém o padrão do escalonamento por faixas etárias, e tem como previsão vacinar pessoas de 45 até 59 anos dos grupos prioritários até 29 de maio.

Estão incluídas neste calendário gestantes, pessoas com deficiência permanente, indivíduos com comorbidades, trabalhadores da saúde, da educação, de serviços de limpeza urbana, guardas municipais, motoristas e cobradores de ônibus e transporte escolar. Policiais civis, policiais militares, bombeiros e agentes penitenciários serão vacinados em seus locais de trabalho.

As comorbidades prioritárias são: diabetes mellitus, hipertensão grave, doença pulmonar obstrutiva crônica, doença renal, doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, câncer e obesidade grave, entre outras. A lista pode ser consultada em coronavirus.rio/comorbidades.

Confira as datas:

Artigo: O impacto da qualidade do ar e as mudanças climáticas na Maré

Por Laerte Breno – Campanha Climão, em 26/04/2021 às 10h

O ar que respiramos recebe grandes quantidades de gases e partículas líquidas e sólidas, que, apesar de serem bem pequenas, provocam um grande impacto ambiental e põe nossa saúde em risco. Por exemplo, quando levamos em consideração que a favela da Maré é localizada entre as três principais vias expressas do município do Rio de Janeiro (Linha Amarela, Linha Vermelha e Av. Brasil) os veículos que passam por elas liberam o SO2, um composto químico altamente tóxico e a sua inalação pode ser fortemente irritante. Além disso, a falta de árvores e a proximidade das casas dificultam o ar de circular e refrescar a região.


Maria de Fátima, moradora da Maré, trabalha como diarista em bairros da zona sul do Rio de Janeiro, reconhece bem a diferença de respirar aqui na favela e e no Jardim Botânico, “O clima lá (Jardim Botânico) é bem diferente da favela. Aqui onde moramos é muito mais quente. Eu trabalho no Jardim Botânico e sinto uma diferença enorme. É muito triste vivermos nessa situação”. A moradora reconhece que com o crescimento populacional no território, muitas árvores tiveram que ser cortadas, o que alterou a sensação de bem-estar na localidade. “A Maré quando foi construída, boa parte das casas tinham árvores em frente aos portões. Era pra ter deixado as árvores, pois teríamos um ar mais puro e mais fresco”.


Esses exemplos de poluição do ar são conhecidos como Poluição Atmosférica e estão ligados intimamente com as mudanças climáticas, pois se reduzirmos as poluições no ar, também amenizaremos e estaremos cuidando do clima dentro e fora da nossa favela. Esse ar poluído atinge não só os pulmões, mas pode provocar mortes precocemente. Logo, percebe-se que a situação acarretada pelas mudanças climáticas já exibe danos severos para os pequenos. De acordo com dados da Redes Maré, em 2018, foram 30 óbitos em crianças de até 5 anos por doenças respiratórias.


Além disso, o excesso de calor, dificuldade de circulação do ar e as doenças pulmonares causadas pelas mudanças climáticas, atualmente, estão sendo somadas com a pandemia do novo coronavírus, pondo em risco, de forma ainda mais forte a nossa saúde respiratória
A favela da Maré, por exemplo, é privilegiada em relação às demais favelas do município do Rio de Janeiro por conter uma enorme área florestal, o Parque Ecológico, conhecido na comunidade como “Mata”.

A localidade conserva diversas espécies de plantas há anos e pode ser uma excelente proposta para refrescar o ambiente e deixar o ar que respiramos mais fresco. Porém, apesar da existência de um espaço tão importante, o local vem sofrendo degradação e só se mantém viva graças a atuação de preservação dos moradores e garis comunitários. Por isso, é importante mobilizar as entidades locais e seus vizinhos para pensar a revitalização do espaço e multiplicar o local com mais verde.

O cuidado com o ar também deve estar nas nossas casas. Evite tonalidades muito escuras, pintar as paredes de branco ou numa cor clara pode aumentar a sensação de conforto térmico. Além disso, na Vila do João e na feira da Teixeira Ribeiro, existe pessoas que vendem mudas de plantas num precinho bem acessível, compre algumas para o seu lar e cuide delas, trazer o verde para dentro de casa é uma excelente opção para melhorar a saúde de nós, moradores, e principalmente pela capacidade das espécies de filtrar os poluentes. Você estará não só amenizando os impactos destrutivos do meio ambiente, mas também fortalecendo a economia local.

Para escritora Nélida Piñon, livros sustentam civilização e são ‘carta de alforria’

Por Hélio Euclides, em 25/04/2021, às 15h
Editado por Andressa Cabral Botelho

Ainda em relação ao Dia Mundial do Livro (23 de abril), o Maré de Notícias conversou com Nélida Piñon, jornalista, romancista, contista e professora. Sua estreia na literatura foi com o romance Guia-mapa de Gabriel Arcanjo, publicado em 1961. Com vasta bibliografia, suas obras – entre romances, contos, ensaios, discursos, crônicas e memórias – foram traduzidas em mais de 30 países. Foi eleita para uma cadeira da Academia Brasileira de Letras (ABL) em 1989 e tornou-se a primeira mulher, em 100 anos, a presidir a ABL, no ano de seu centenário. Sua última obra publicada foi o romance Um dia chegarei a Sagres, lançado em 2020. Nélida esteve por duas vezes na Maré, em 2011 e 2019, onde visitou a biblioteca comunitária que leva o seu nome, na favela de Marcílio Dias.

Maré de Notícias: Como a senhora vê os festejos para o Dia Internacional do Livro?
Nélida Piñon: É muito interessante como outros países comemoram o Dia Mundial do Livro de uma forma tão profunda. Na Espanha se celebra uma festa. Na Catalunha é montado quiosques e se tem o enraizado costume de se comprar um livro e uma rosa e dar a uma pessoa. Se tornou um símbolo de amizade e respeito pelo outro. Se reconhece no outro a sabedoria. De uma forma especial, duas pessoas se unem pelo livro e pela rosa. A importância do Diada de Sant Jordi (Dia de São Jorge) e do Dia do Livro chega a ser algo sagrado para a Espanha. 

MdN: Em sua primeira visita à Maré, a senhora falou destacou o papel da palavra. Como é para uma escritora o poder da palavra?
NP: Primeiro, o termo escritora é uma invenção humana. Já a palavra é algo que cada um recebe dos nossos pais, avós, bisavós e tataravós, ou seja, dos antepassados. Quando se colocam as palavras no berço, por mais humilde que sejam, ditas com carinho é fundamental para o conhecimento. Nos humaniza a forma como você fala e se expressa. Ela diz o que você é, a palavra é a mediadora da humanidade.

MdN: Qual a importância dos livros?
NP: As bibliotecas antigas da Alexandria guardam todos os manuscritos das grandes civilizações. São a história. Se nós não conhecêssemos os livros, seríamos como seres da caverna. Nem nossas vozes seriam essas. As obras nos adestram. O livro sustenta a civilização. Somos náufragos sem ele. É nossa carta de alforria.

MdN: Quais as alternativas para esse momento de pandemia?
NP: A pandemia é muito penosa sem um convívio. É ainda pior para quem não tem o livro, é uma solidão vazia. O conhecimento do livro é extraordinário. Um ministro era sedutor, mas não era bonito. Ele usava as palavras para benefício dele, que era seduzir. Para provocar admiração é preciso ter uma sedução verbal. Quem pensa mal, não tem um discurso. Falta conhecimento. São mentes vazias. É preciso sedução na vida com o livro para seduzir o mundo.

MdN: Um dia será inevitável a migração do livro do papel para o e-book?
NP: Sou filha de (Johannes) Gutenberg, por isso não quero viver esse tempo. O livro tradicional nos dá a liberdade, já que ninguém sabe o que está sendo visto ou admirado.

MdN: O que acha dos espaços populares de leitura?
NP: É extraordinário encontrar bibliotecas em comunidades. São pessoas que estimulam a voz de outros. Quando lemos, soma-se a nós 1.000 pessoas. É uma experiência que enriquece. Ninguém passa em silêncio ou vai ser igual após a leitura do livro. 

MdN: O que acha do movimento dos livreiros do Rio, que se uniram em coletivo como forma de enfrentar esse período?
NP: Estão certos, pois a pandemia é muito prejudicial. Está empobrecendo a todos, se tornou uma crise humana. Eu li em um jornal que as consequências dessa pandemia são piores do que as da 2ª guerra mundial. Atingiu todas as funções, como os escritores pequenos, que estão em situação dramática. Todos estamos igualados no tempo.

MdN: Podemos esperar uma terceira visita da Nélida à Maré?
NP: Leitores, tenho a maior admiração pelos fundadores da Biblioteca Comunitária Nélida Piñon, na Maré. Quando tudo isso passar eu quero estar junto para receber do saber.

Nélida Piñon em visita à biblioteca que leva o seu nome em Marcílio Dias. Foto: Rosilene Ricardo
Leia mais: Pobre, favelado e periférico lê, sim!

Das palafitas ao asfalto, Seu Joaquim morre aos 90 anos

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Figura ilustre da Nova Holanda deixa sete filhos, 25 netos, 26 bisnetos e quatro tataranetos. Seu Joaquim faleceu neste sábado, 24 de abril, de complicações de uma pneumonia.

Felipe Rebouças em 05/5/2018 atualizado em 24/4/2021

“Era ele que erguia casas

Onde antes só havia chão.

Como um pássaro sem asas

Ele subia com as casas

Que lhe brotavam da mão”.

Quando a maré cheia inquietava a todos, quando caranguejos e humanos dividiam o mesmo espaço, desde esse tempo Joaquim Severino da Silva, de 90 anos, faz parte da Maré. Aos 17 anos, em 1948, migrou de Mamanguape, cidade no interior da Paraíba, para o Rio de Janeiro, em busca de uma oportunidade de emprego na Construção Civil. Em sua terra natal, Joaquim deixou os avós que o criaram, um casal de irmãos e uma plantação de grãos. E hoje, dia 24 de abril, ele partiu deixando filhos e muitas memórias de quem viu a Maré ser construída.

Ao chegar ao Rio, em meados do século XX, encontrou um ambiente de desenvolvimento urbano, às vésperas da Copa de 1950. Também viu duas pistas recém-inauguradas, cortando as Zonas Norte e Oeste da cidade, a Avenida Brasil. Pela Avenida, Joaquim chegou à Maré e foi atrás de João Gordo, figura importante para os retirantes que chegavam. “Todo nordestino que vinha tinha seu endereço e procurava por ele”, contou Seu Joaquim.

O paraibano conseguiu emprego numa Construtora, em São Cristóvão; também colaborou na construção de palafitas: “quando a maré enchia, a gente tinha de se ajeitar para não se molhar muito”, relembrou. Mas depois de dois anos dormindo de forma improvisada, a saudade do Nordeste bateu e o aventureiro retornou a Mamanguape, próximo de completar 20 anos de idade, em 1950.

De volta ao aconchego

Na cidade de origem, Joaquim conheceu Luzia. No dia 19/02/1956 eles se casaram. Tiveram três filhos: duas meninas e um menino. Depois de uma década na calmaria, Joaquim decidiu retornar ao Sul. Em junho de 1961, 13 anos depois, retornou ao Rio de Janeiro, sem esposa e filhos, e se deparou com uma Maré que mudava rapidamente. Ele seguiu trabalhando como pedreiro em algumas regiões da cidade, mas nunca abandonou os serviços na Maré. As comunidades do Parque Maré, Morro do Timbau e Baixa do Sapateiro, ocupadas e instituídas durante a primeira passagem de Joaquim pelo Rio, já estavam consolidadas. Parque Rubens Vaz e Parque União eram novidades. E a extinção das palafitas era questão de tempo na medida em que os caminhões carregados de terra eram mobilizados pelos moradores da Avenida em direção ao mangue. “Começamos a aterrar e subir os barracos nas ruas Oito, Oliveira, Beira-Mar e Nova”, conta, entusiasmado.

Joaquim conseguiu dinheiro para alugar uma casa em Cordovil e comprar quatro passagens de Mamanguape para o Rio de Janeiro. Luzia e os filhos vieram se aventurar no Sul. O País passava por um período desenvolvimentista, caracterizado pelas grandes obras, que prometiam emprego e mais mobilidade nos centros urbanos, especialmente nas capitais do Sudeste. Diversas favelas do Rio sofreram remoções, deslocamentos forçados e um incêndio – até hoje não explicado. A favela da Catacumba, em 1967, foi devastada pelo fogo, onde hoje é um parque público.

Nesse contexto, Seu Joaquim e milhares de pessoas buscaram refúgio em núcleos populares de habitação, sobretudo aqueles em expansão, como era justamente o caso da Maré, na década de 1960. A população das favelas no Rio cresceu exponencialmente e a família de Seu Joaquim e Dona Luzia acompanhou todo o processo.

De volta à Maré, pra ficar

Após passar alguns meses em Cordovil, a família mudou-se novamente para a Maré. A favela da Nova Holanda foi aterrada durante o Governo Carlos Lacerda, que conduziu um projeto de conjuntos habitacionais, entre os quais a Cidade de Deus, Vila Aliança, Vila Kennedy e Cidade Alta.

Na Maré, a família se mantém até hoje; ganhou mais sete filhos, que geraram 25 netos, 26 bisnetos e quatro tataranetos. Ao todo são 65 pessoas, além do casal, e 62 anos de casamento de Dona Luzia e Seu Joaquim. “A Nova Holanda é um canto bom de viver, aqui é muito tranquilo, ninguém perturba ninguém, ninguém rouba ninguém (..) Todos os meus filhos estudaram aqui e, graças a Deus, estão todos formados”.

A história de Seu Joaquim nos faz refletir sobre o Rio de Janeiro do século passado, em que estão as raízes dos problemas vividos hoje. Segundo ele, “analfabeto é quem não sabe o que aconteceu, o que está acontecendo e o que pode acontecer no futuro”.

Ao longo de todas as gestões, a política de urbanização e modernização sempre seguiu uma linha: tratar a parcela mais pobre da população como um problema que se deve varrer para debaixo do tapete. Hoje, Seu Joaquim trabalha num armazém, no 1º andar de sua casa, além de atuar como pastor, às terças, quintas e domingos, na Rua 7 de Março. Quando perguntado como conseguiu tudo o que tem na vida, ele responde com serenidade: “evite falar muito, fale pouco; evite querer enxergar tudo, enxergue o que é necessário; e ouça bastante”.

Joaquim Severino da Silva, morreu aos 90 anos em 24 de abril de 2021, em decorrência de complicações de uma pneumonia bacteriana.

Foto: Bira

Artigo: ‘Marchemos!’

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“Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.”

Por Marcello Escorel em 24/04/2021 às 07h

Hoje a luz vem de um tradutor, ensaísta e poeta, que durante quatro décadas se dedicou para nos dar uma nova visão do Antigo Testamento e dos Evangelhos: André Chouraqui. Um argelino de família sefaradi (judeus orientais), que fez parte da Resistência na França durante a Segunda Guerra Mundial e depois migrou para Israel, onde, desde 1957, trabalhou incessantemente a favor da reaproximação das comunidades espirituais.

Vamos ver o que ele tem a nos dizer sobre uma das passagens mais belas dos Evangelhos: o Sermão da Montanha, capítulo 5 do Evangelho de Mateus.

 “A primeira palavra do Sermão da Montanha constitui-se no principal obstáculo à compreensão das palavras de Jesus. Felizes, bem aventurados, repetem todos os tradutores de todas as línguas e dialetos de todos os séculos, exemplo típico de uma interpretação em uma única palavra supostamente conhecida num sentido diferente daquele que tinha originalmente. Porque Jesus não diz a palavra ‘makarioi'(grego), bem aventurados ou felizes, ele pronuncia a palavra ‘ashréi’. Mateus, imperturbavelmente fiel às traduções do judaísmo helenístico, traduz ‘ashréi’ por ‘makarioi’. ‘Ashréi’ repete-se 43 vezes na língua hebraica. Essa exclamação tem como radical ‘ashar’, que não evoca uma vaga felicidade, mas implica uma retidão (yashar) do homem marchando na estrada que leva ao Reino de Deus. Todos os dicionários do hebraico bíblico dão como primeiro sentido ao radical  ‘ashar’ o de marchar, ser feliz é um efeito secundário e tardio. O sentido fundamental de ‘ashar’ é andar. Jesus não tem a crueldade de declarar felizes a multidão de deserdados, de opositores condenados pelas legiões romanas, por qualquer coisa que digam ao suplício da cruz, ou, na melhor das hipóteses, à escravidão nas galés ou nos bordéis do Império. Não se chamam de felizes os homens enviados às torturas, aos massacres ou aos genocídios deste mundo. Jesus convida esses homens a se porem em marcha na direção do Reino de Deus, do qual ele lhes traz a esperança e lhes abre a porta, introduzindo em seus corações a exigência e a dinâmica da salvação universal. Sim, porque falar de bem aventurança ou felicidade na hora da partida equivale a se condenar à inação, a nunca se por a caminho do objetivo desejado – o Reino de Deus – o único lugar de toda felicidade e de todas as bem aventuranças do homem vivo e de pé, marchando na retidão do coração dedicado a Deus, à espera do Reino de Deus.”

Fica assim então a tradução de Chouraqui:

“Em marcha, humilhados do Espírito Santo!

Sim, deles é o reino dos céus!

Em marcha os enlutados!

Sim, eles serão reconfortados!

Em marcha os humildes!

Sim, eles herdarão a Terra!

Em marcha os famintos, e os sedentos por justiça!

Sim, eles serão saciados!

Em marcha os corações puros!

Sim, eles verão a Deus!

Em marcha os pacificadores!

Sim, eles serão chamados filhos de Deus!

Em marcha, os perseguidos por causa da justiça!

Sim, deles é o reino dos céus!

Em marcha, quando vos insultam e vos perseguem, e mentindo vos acusam de todo crime, por minha causa.

Regozijai-vos, exultai! Vossa recompensa é grande nos céus!

Assim também perseguiram os inspirados, os que vieram antes de vós.”

André Chouraqui, advogado e escritor

Para Jesus é desaconselhável que os pobres oprimidos e marginalizados, fiquem inativos sendo continuamente reprimidos numa espera beatífica de recompensas que só virão quando Deus aprouver ou exclusivamente no pós morte. Ele é, por assim dizer, o fundador de uma dinastia em que se incluem personalidades como Martin Luther King, Nelson Mandela e Ghandi, entre outros. O Evangelho não prega tão somente a não violência, mas também a desobediência civil contra todas as leis e comportamentos injustos perpetrados pela elite política, econômica e religiosa de sua época. Seu protagonista talvez fosse apenas preso ou assassinado e não crucificado se não vivesse em tempos mais bárbaros.

Lembro-me de uma música do saudoso Festival da Canção da extinta TV Tupi que poderia ser considerada uma descendente da milenar canção que Jesus entoou na montanha: “Para não dizer que não falei de flores”, de Geraldo Vandré, que consagrada pelo público, se tornou um verdadeiro hino da resistência contra os opressores da ditadura militar.

Jesus, como Vandré, nos incita à marcha “caminhando e cantando e seguindo a lição” do Evangelho, “aprendendo e ensinando” sua “nova lição”: o avento do Reino para aqueles que tem a certeza de que “esperar não é saber. Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”.

Portanto, marchemos! Marchemos!

Foto: Rodrigo Castro
Marcello Escorel é ator e diretor de teatro há mais de 40 anos. Paralelamente a sua carreira artística estuda de maneira autodidata, desde a adolescência, mitologia, história das religiões e a psicologia analítica de Carl Gustav Jung

Ronda Maré de Notícias: Em mais uma semana, cidade do Rio segue com medidas restritivas

Prefeitura, no entanto, flexibiliza em alguns pontos e amplia o horário de funcionamento de restaurantes

Por Andressa Cabral Botelho, em 23/04/2021 às 19h45

Por mais uma semana, a Prefeitura prorrogou as medidas restritivas para reduzir circulação do vírus pela cidade. O decreto com as novas medidas vai de 24 de abril até 03 de maio e traz algumas alterações, como a ampliação do horário de funcionamento de algumas atividades.

Restaurantes, museus, cinemas, teatros, clubes esportivos, casas de festas e outros, poderão funcionar até as 22h. A partir desse horário, estabelecimentos deverão funcionar com a modalidade de drive-thru e delivery. Atividades essenciais podem funcionar sem horário definido, porém respeitando o limite de público – 40% em locais fechados e 60% em abertos -, além de garantir o distanciamento mínimo de 1,5 metro entre as pessoas e não permitir aglomerações em filas.

A permanência na rua entre 23h e 5h segue vetada, assim como a permanência e o comércio nas praias nos sábados, domingos e feriados. O funcionamento boates, a realização de shows, festas e rodas de samba, em áreas públicas e particulares seguem proibidos.

“É importante que os cariocas usem as áreas de lazer, com responsabilidade, para se exercitarem ao ar livre. Em relação aos bares e restaurantes, as fiscalizações continuarão a pleno vapor, portanto, não serão toleradas aglomerações”, explicou o secretário Pedro Paulo durante a coletiva de lançamento do 16º Boletim Epidemiológico.

Números da covid-19

As médias móveis de casos confirmados e de atendimentos de síndromes gripal e respiratória aguda grave (SRAG) nas unidades de urgência apresentaram queda e a média móvel de óbitos apresentou estabilidade, de acordo com o boletim da Prefeitura. Entretanto, nesta semana o estado do Rio bateu recorde na média móvel de mortes diárias por covid-19: 280 pessoas perderam as suas vidas em 24h no estado. Desde junho que o Rio de Janeiro não tinha números tão altos de morte como agora. Nesta sexta-feira (23), foram registrados 4.646 novos casos e 272 mortes, totalizando em 720.749 pessoas que testaram positivo e 42.634 que morreram.

A cidade do Rio, assim como a maioria do estado, está na bandeira vermelha, de risco alto para a covid-19. São 251.825 casos confirmados e 23.095 mortes na cidade, de acordo com o painel da Prefeitura.

As favelas ultrapassaram as 4 mil mortes, de acordo com o Painel Unificador Covid-19 Nas Favelas do Rio. Entre os casos, as favelas registraram 44.745 pessoas que tiveram covid-19. A Maré lidera em número de casos. De acordo com o boletim Conexão Saúde: De Olho na Covid, o conjunto de favelas tem até o momento 2.140 casos positivos testados pelo Dados do Bem. Nos últimos 14 dias houve um crescimento 3% no número de óbitos, que passou de 173 para 178.

Vacinação

Embora a vacinação já esteja em andamento em diversos países do mundo, o mundo bateu um novo recorde diário de novos casos, devido, principalmente, em relação à Índia, que entrou em colapso, com falta de leitos, oxigênio e remédios nos hospitais. O país asiático registrou nas últimas 24h 332 mil novos casos, sendo, agora, responsável por 37% dos casos do mundo. No mundo, foram 889 mil novos casos na quarta e 899 mil na quinta, segundo o Our World in Data. No mundo são 973 milhões de pessoas vacinadas até o momento, com mais de 35 milhões de doses no Brasil, o 5º país no total de doses aplicadas.

Nesta sexta-feira (23), dia de vacinação de homens com 60 anos, a cidade alcançou a marca de 90% de idosos vacinados. Aqueles que tem a partir de 60 anos e ainda não tomaram a primeira dose do imunizante, pode comparecer em qualquer unidade de saúde. Para os que já tomaram, é importante prestar atenção na data do cartão de vacinação para que possa tomar a segunda dose para que a imunização esteja completa.

Até o momento, 1,3 milhões de pessoas já foram vacinadas na cidade; destas, quase 395 mil pessoas receberam a segunda dose. Na Maré, 14.458 pessoas já receberam a primeira dose da vacina, mas somente 2.540 receberam a segunda dose.

Como resultado, as notificações de surtos de covid-19 em instituições de longa permanência, como asilos de idosos, chegou a zero até o momento, comprovando a eficácia da vacina contra a doença.

14° Festival de Música e Cultura de Rua de Bangu

Neste sábado, a partir das 18h será transmitida a 14ª edição do Festival de Música e Cultura de Rua de Bangu, com muita música, poesia, dança e performances locais. O festival foi gravado no Espaço Cultural Gastronômico Marcio Conde, ponto de cultura de Padre Miguel. Além das apresentações, o momento será de apoiar a Frente ZO Fome Zero, ajudando em arrecadação de alimentos não-perecíveis e distribuição de cestas básicas pela Zona Oeste do RJ. É possível assistir ao festival pelo Facebook e canal do YouTube.

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