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Escola Municipal IV Centenário, na Maré, ganha 1º lugar no Circuito Cine Curta

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Levando a magia do cinema para milhares de alunos de escolas públicas, projeto chega a sua décima edição

Por Edu Carvalho em 24/11/2020 às 16h30
Editado por Daniele Moura

Tudo começou com a sugestão para que professoras dos 4°, 5° e 6° anos do Ensino Fundamental da Escola Municipal IV Centenário, na Maré, conhecessem o projeto ‘’Circuito Cine Curta’’, desenvolvido pela atriz e produtora cultural Juliana Teixeira, que assina a curadoria dos filmes juntamente com Alessandra Matos e pensassem no que poderiam sugerir para concorrer ao festival. Dali em diante, um manancial de possibilidades se abriu junto aos alunos, mandando suas colaborações feitas com o celular, diretamente de suas casas, com ajuda de familiares. Estava pronto. O que não esperavam, é que a ideia conquistaria o 1º lugar no concurso. 

‘’Durante todo o ano procuramos incentivar as crianças a fazerem vídeos e a mandarem áudios para desenvolver a linguagem oral. Mesmo com todas as adversidades, conseguimos criar momentos propícios a essas novas descobertas’’, diz Alessandra Aguiar, diretora da escola, que contou com a ajuda das professoras Daniella Salgado, Dione Brito, Elma Simões e Verônica dos Santos.

Com a pandemia, toda troca se deu por meio de plataformas digitais de ensino, o que de início complicou a vida de todo um mundo. Mas quem disse que não é possível vencer os desafios? ‘’Em alguns momentos, dificuldades são encontradas, mas resolvemos com material impresso e com atendimentos por telefone. O importante é estarmos juntos neste período tão difícil e diferente’, conta a diretora.  

O projeto “Circuito Cine Curta” completou dez anos em 2020, e esta foi a primeira vez onde sua realização aconteceu toda online. E justamente por ser remoto, o alcance está muito maior. Ao todo, foram contemplados 35 bairros, tendo 98 escolas participantes. 

Professores ao receberem as camisetas do concurso, no qual a escola foi vencedora
Foto: Divulgação

Com o objetivo de levar a magia do cinema para milhares de alunos de escolas públicas de 6 a 14 anos, temas como diversidade, inclusão, meio ambiente, saúde, qualidade de vida e respeito ganharam protagonismo. 
O tema explorado pela escola e que levou o 1º lugar é a história do filme Dela, de Bernard Attal. Para conferir o curta premiado, você pode clicar aqui.

Uma reforma necessária na saúde

Unidades da Maré precisam de melhoria para um bom atendimento

Por Hélio Euclides, em 23/11/2020, às 19h15
Editado por Edu Carvalho

Com uma população de 140 mil pessoas, segundo o Censo Maré (2019), se o Conjunto de Favelas da Maré fosse um município, estaria na 21ª colocação entre os mais populosos, em comparação com outras cidades do estado do Rio de Janeiro, ficando à frente de Itaguaí, por exemplo. Apesar deste tamanho, faltam políticas públicas para o território, como investimentos nas unidades de saúde existentes, como já foi apontado algumas vezes pelo Maré de Notícias. 

O município do Rio de Janeiro para 2020, a previsão de orçamento era, inicialmente, de R$ 5 bilhões em gastos para a saúde. Com a pandemia, houve crescimento de R$ 500 milhões. Ainda assim, o valor total na área da saúde, é de apenas R$ 40 milhões a mais do que o orçamento de 2016.

Na Maré existem quatro clínicas da família e três Centros municipais de saúde (CMS), incluindo o localizado em Marcílio Dias. As unidades se encontram com necessidade de reformas. O teto apresenta falhas, causando goteiras. Só neste ano, o Maré de Notícias mostrou, por duas vezes, os problemas estruturais do CMS Vila do João. A unidade teve uma reforma emergencial e na próxima semana ocorrerá a troca das calhas de lâmpadas danificadas. 

Outra unidade que precisa de troca de calhas de lâmpadas é o CMS Américo Veloso, que fica na Praia de Ramos. O centro se encontra em algumas partes às escuras. Em uma das salas se percebe uma mancha amarelada, referente a goteiras. “Isso acontece por erros na construção do prédio”, afirmou um funcionário que trabalhava na sala. Já uma funcionária disse que esses são problemas crônicos, mas que existe manutenção periódica para amenizar a situação.

A Clínica da Família Jeremias Moraes da Silva, localizada na Nova Holanda, desde sua inauguração, em março de 2018, não tem energia elétrica disponibilizada por concessionária. A unidade funciona de forma improvisada por meio de um gerador. Esse é um dos fatores que não permite o funcionamento da sala de odontologia. “A Light já veio à unidade, fez medição, mas até agora continuamos com gerador. O bom que aqui não tem goteira, nesse ponto estamos melhores que o Boal (Clínica da Família Augusto Boal)”, conta.

Com a última chuva, a Clínica da Família Augusto Boal, localizada na antiga sede do SESI, próximo ao Morro do Timbau, também enfrenta problemas relativos à goteira. A boa notícia é que chegaram as telhas para a reforma, mas sem prazo de colocação. A unidade tem mato alto no entorno, que os próprios profissionais tentam amenizar. “Não é só isso, estamos com insuficiência de insumos. Todas as unidades da Maré estão com falta de folhas de papel”, comenta uma funcionária.

O Maré de Notícias entrou em contato com a Secretaria Municipal de Saúde para saber informações sobre os problemas apresentados, mas até o fechamento da matéria não obteve a resposta.

Proposta para a saúde

No próximo domingo, dia 29 de novembro, os cariocas retornam às seções eleitorais para votar no segundo turno. Nessa fase, cada eleitor vai escolher o futuro prefeito. Na cidade, Marcelo Crivella tenta a reeleição. Do outro lado, Eduardo Paes se aventura nas urnas para um retorno, após dois mandatos consecutivos. 

Vejam abaixo algumas das propostas dos dois candidatos para a saúde:

Marcelo Crivella

A reestruturação de processos da RIOSAÚDE e promover o fortalecimento da Atenção Primária à Saúde.

Ampliar os polos de imunização;

Realizar a integração de todos os sistemas de saúde do município e centralizar a marcação de agenda de saúde dos usuários do SUS;

Promover a qualificação das equipes de saúde seja da atenção básica ou hospitalar bem como de organizações da sociedade civil para atuação direcionada à primeira infância;

Implantar nas unidades de atenção primária, ações específicas para o acolhimento e acompanhamento de menores de 1 ano com doenças respiratórias;

Eduardo Paes

Recontratar mil médicos e 5 mil profissionais de saúde já no primeiro ano de mandato;

Recuperar todas as UPAs e Clínicas da Família que precisam de reformas;

Reduzir pela metade o tempo de espera para consultas, exames e cirurgias no SISREG;

A partir da adaptação de unidades de saúde já existentes, implantar 21 clínicas de especialidades e 13 centros de diagnóstico por imagem até o final de 2023;

Criar o Programa Saúde Digital, com a disponibilização de carteira de vacinação, marcação de consultas, acesso a resultados de exames e transparência operacional de forma online com funcionamento integral até 2023.

#CaiuNaRede: É verdadeiro vídeo de grande área com painéis de energia solar

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Imagens foram gravadas em montanhas na China

Thaís Cavalcante (Maré de Notícias, especial para a Lupa)

Circula nas redes sociais um vídeo que mostra imagens de uma grande extensão montanhosa com painéis de energia solar fotovoltaicos. O conteúdo foi verificado no Caiu na rede: é fake?. Confira:

“Real ou fake? Se isso for verdade, o que você acha?”

Trecho de texto que acompanha o vídeo publicado no Instagram que, até as 14h do dia 9 de novembro de 2020, foi visualizado por 117.676 pessoas

VERDADEIRO

A informação é verdadeira. Um grupo de engenheiros da Colômbia que fez a postagem confirmou por mensagem que o vídeo mostra painéis solares fotovoltaicos instalados nas montanhas de Taihang, na China. Eles informaram que a área montanhosa promove energia limpa por meio da conversão de luz em eletricidade.

Nota da redação: o projeto Caiu na rede: é fake? é uma parceria da Agência Lupa com Voz das Comunidades, Favela em Pauta e Maré de Notícias e conta com o apoio da Fundação Heinrich Böll Brasil.  

#CaiuNaRede: É falsa mensagem sobre bolsa de estudo na área da saúde e segurança

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Postagem divulga curso em centro educacional que não existe

Thaís Cavalcante (Maré de Notícias, especial para a Lupa)

Circula nas redes sociais uma mensagem sobre uma bolsa de estudos na área da saúde na Maré, no Rio. As aulas práticas e gratuitas seriam no  Centro Educacional de Saúde e Segurança (CESS) nas áreas de Socorrista, Atendente de Farmácia e Auxiliar de Necropsia. O conteúdo foi verificado no Caiu na rede: é fake?. Confira:

“FORMAÇÃO DE NOVOS PROFISSIONAIS QUE QUEIRAM APRENDER OU TRABALHAR NA ÁREA DE SAÚDE EM MARÉ!”

Trecho do texto que acompanha a publicação no Facebook que, até as 21h do dia 17 de novembro de 2020, tinha sido compartilhada 77 vezes.

FALSO

A informação é falsa. A mensagem foi postada por um perfil chamado Centro Educacional de Saúde e Segurança (Cess), que não existe. A sigla é a mesma do Centro de Estudos em Gestão de Serviços de Saúde (Cess) da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que informou que não tem conhecimento ou relação com a instituição da postagem. A UFRJ declarou, também, que foi procurada por outras pessoas alegando que foram enganadas pela divulgação: “pagaram algum valor, mas não conseguem contato com eles”.

Nota da redação: o projeto Caiu na rede: é fake? é uma parceria da Agência Lupa com Voz das Comunidades, Favela em Pauta e Maré de Notícias e conta com o apoio da Fundação Heinrich Böll Brasil.

#CaiuNaRede: É verdadeiro que deixaram oferenda com dinheiro em cemitério no Rio

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Concessionária do local não soube informar o valor que havia em notas

Thaís Cavalcante (Maré de Notícias, especial para a Lupa)

Circula nas redes sociais um vídeo que mostra um grupo de pessoas no Cemitério de Inhaúma, no Rio de Janeiro, recolhendo o que seria uma oferenda com muitas notas de dinheiro. O conteúdo foi verificado no Caiu na rede: é fake?. Confira:

“CEMITÉRIO DE INHAÚMA, RJ Boatos que foi colocado 15mil de oferenda”

Texto que acompanha vídeo publicado no Instagram que, até as 14h do dia 9 de novembro de 2020, havia sido visualizado por 3.173 pessoas

VERDADEIRO, MAS

O vídeo foi feito no Cemitério de Inhaúma e, de fato, foi deixada uma oferenda com muitas notas de dinheiro no local, mas o valor não foi contabilizado, informou a Concessionária Rio Pax, que administra o cemitério. A Rio Pax administra outros cinco cemitérios públicos e presta serviços funerários na cidade do Rio de Janeiro.


Nota da redação: o projeto Caiu na rede: é fake? é uma parceria da Agência Lupa com Voz das Comunidades, Favela em Pauta e Maré de Notícias e conta com o apoio da Fundação Heinrich Böll Brasil. 

Morte de homem negro em Porto Alegre evidencia importância do Dia da Consciência Negra

João Alberto Silveira foi espancado ao lado da esposa em mercado

Por Edu Carvalho e Andressa Cabral Botelho, em 20/11/2020, às 18h10
Editado por Andressa Cabral Botelho

Em mais um 20 de novembro, data símbolo da luta por justiça e busca de direitos, negros e negras se uniram para protestar contra mais uma morte brutal. João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, foi assassinado por um segurança e um policial militar em uma filial da rede de supermercados Carrefour, em Passo D’Areia, Porto Alegre.  Se o feriado desta sexta-feira é um dia de refletir sobre o racismo e as suas consequências e de relembrar a morte de Zumbi dos Palmares, tivemos uma amostra grátis de como o racismo opera.

Ele estava acompanhado de sua mulher, Milena Borges Alves, quando espancado. Milena tentou ajudar o marido, mas foi impedida pelos seguranças. “Eu estava pagando no caixa, daí ele desceu na minha frente, quando eu cheguei lá embaixo ele já estava imobilizado. Ele pediu ‘Milena, me ajuda’, quando eu fui, os seguranças me empurraram”, contou.

O Carrefour rompeu o contrato com a empresa de segurança do estabelecimento e não abrirá o estabelecimento nesta sexta-feira (20), em respeito à família. Em nota publicada no Instagram, a rede de supermercados lamenta a morte de João Alberto e informa que “que adotará as medidas cabíveis para responsabilizar os envolvidos neste ato criminoso”. 

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, se manifestou sobre o ocorrido nas redes sociais: “Infelizmente, nesta data em que deveríamos celebrar políticas públicas e avanços na luta por igualdade racial, deparamos com cenas que nos deixam indignados pelo excesso de violência que levou à morte de um cidadão negro”. Em vídeo, o governador anunciou a abertura da Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância (DPCI), a primeira do estado, que acontecerá em dezembro. O anúncio foi feito junto à chefe de polícia, delegada Nadine Anflor, e do comandante-geral da Brigada Militar, coronel Rodrigo Mohr Picon, prestando solidariedade à família de João Alberto.

Coletivos organizaram manifestações pelo Brasil em diversos estabelecimentos da rede e instituições ligadas à luta por direitos humanos prestaram solidariedade ao caso. Em nota, a Anistia Internacional “repudia o racismo e a violência empregados pelos dois autores do homicídio, um deles, policial militar”. 

“O Dia da Consciência Negra é um dia de luta e hoje estamos em luto, novamente por mais um crime bárbaro contra uma pessoa negra”, disse Jurema Werneck, diretora da organização no Brasil. 

Para o Geledés – Instituto da Mulher Negra, “A morte de João Alberto Silveira Freitas, por seguranças do Carrefour do bairro de Passo d’Areia, na Zona Norte da capital gaúcha, escancara mais uma vez, a prática de extermínio contra a população negra no Brasil.”

Hamilton Mourão, vice-presidente da República, disse que o caso é “lamentável”, além de desconhecer que exista racismo no país. “Para mim, no Brasil não existe racismo. Isso é uma coisa que querem importar aqui para o Brasil. Isso não existe aqui”.

De acordo com 14º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, mais de 74% das vítimas de mortes violentas no país são negras; negros são 79,1% dos mortos pela polícia. 

Prática comum

Este não é o primeiro caso de pessoas negras abordadas violentamente por seguranças. A prática é bastante comum com pessoas negras, mas não deveria, de forma alguma, ser naturalizada. Cinco em cada 10 pessoas negras já foram seguidas por seguranças de lojas, como aponta a pesquisa As Faces do Racismo, feita em 2020 pelo Instituto Locomotiva a pedido da Central Única das Favelas (CUFA).

Recentemente, em agosto de 2020, Matheus Fernandes, de 18 anos, foi perseguido e agredido por dois seguranças no Ilha Plaza Shopping, na Zona Norte do Rio, após tentar trocar um relógio comprado por ele em uma loja do shopping. Ele foi confundido com um ladrão, levado para a escada de emergência e espancado. 

Em 2019 dois casos vieram a público. O primeiro foi em fevereiro de 2019, quando Pedro Henrique Gonzaga (19) foi morto por um segurança no Supermercado Extra da Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Já em julho, um adolescente negro de 17 anos foi chicoteado, torturado e ameaçado de morte após tentar furtar duas barras de chocolate no Supermercado Ricoy do bairro Vila Joaniza, Zona Sul de São Paulo. Na época, os próprios seguranças filmaram e colocaram o vídeo na internet. Em 2009, Januário Alves de Santana (hoje com 50 anos) foi acusado de roubar o seu próprio carro – um Ford EcoSport – no estacionamento do supermercado Carrefour, dessa vez na cidade de Osasco. O vigia da Universidade de São Paulo (USP) foi torturado, enforcado e teve dentes e parte do maxilar quebrados pelos seguranças do estabelecimento.