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Eleições 2020: o que os Prefeitáveis do Rio Propõem para as Favelas?

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Este artigo foi escrito por Tatiana Lima, publicado originalmente no Rioonwatch em 08/11/2020, e postado aqui no Maré Online em 09/11/2020 às 16h45

Em meio ao luto de, oficialmente, 12.268 mortos por Covid-19 e 120.802 casos (até 6 de novembro), a população carioca irá às urnas no próximo dia 15 de novembro para as eleições municipais, em um dos pleitos eleitorais mais acirrados dos últimos 20 anos, para o cargo de prefeito. No total, 14 candidatos à prefeitura de diferentes denominações partidárias e ideológicas—extrema-direita, direita, centro, esquerda e extrema-esquerda—disputam, entre a dor e os efeitos econômicos da pandemia do coronavírus, o voto de 4.851.887 eleitores registrados no município. 

Mas o que tantas candidaturas têm de propostas concretas para as favelas? A plataforma de dados do Instituto Pereira Passos, o Data Rio, estima-se atualmente que dos 6.718.903 habitantes da cidade do Rio, 22% da população viva em favelas.

O levantamento, para esta matéria, realizado a partir dos planos de governo dos 14 candidatos a prefeito do Rio divulgados no portal do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), revela que a maioria limita-se a falar superficialmente das favelas da cidade nas suas propostas. De acordo com o DataRio, a cidade possui 1.018 favelas, com uma população estimada em 1.434.975 pessoas

Favela: Direitos e Prioridades

Dos 14 candidatos a prefeito do Rio, seis oferecem propostas mais específicas para as favelas, sendo eles: Benedita da Silva (PT), Clarissa Garotinho (PROS), Eduardo Paes (DEM), Luiz Lima (PSL), Paulo Messina (MDB), e Renata Souza (PSOL). No entanto, se encontra diferenças estratégicas no plano de ação de cada um e na visão da favela. Principalmente, na capacidade de enxergar a favela como cidade e do direito da favela à cidade.

Benedita da Silva (PT)

A candidata que é cria do Chapéu Mangueira, na Zona Sul—onde viveu por 57 anos—e que possui 38 anos de experiência em cargos políticos no Legislativo e Executivo, defende a democracia participativa com um Programa de Governo—de 60 páginas—de cidade sustentável e inclusiva em diálogo com as minorias, e a inversão das “atuais prioridades de governo” tratando igualmente os cidadãos, “com atenção especial para as favelas e conjuntos habitacionais”. Seu Programa traz a gestão territorial do município como espinha dorsal da criação de políticas públicas em dez áreas de seu plano de governo, a partir do olhar sobre as favelas.

Foto: divulgação

São mais de 20 propostas que envolvem dez áreas de abrangência do Poder Executivo Municipal. Sendo propostas prioritárias: a criação de um plano emergencial de empregos que compreende iniciativas com mutirões remunerados pela prefeitura em diversas áreas; o retorno do programa gari comunitário; o combate da criminalização da cultura negra e periférica como o funk e os bailes de favela; atendimento primário e vigilância à saúde; estabelecendo como prioridade a retomada gradual da atividade de médicos ginecologistas e obstetras, clínicos e pediatras, incorporando-os aos processos de trabalho das Clínicas da Família, integrando profissionais e territórios. 

O Programa também prevê a criação de “Espaços de Alimentação” com ações como a construção de hortas, restaurante populares, central de abastecimento do território, cozinha comunitária, assistência com cestas básicas e articulado a uma política de compra de alimentos das escolas da agricultura familiar local ou regional. 

O Programa traz a meta de reformular e estruturar as Vilas Olímpicas existentes, apoiar as escolinhas de esportes contratando profissionais das comunidades; e criar o “Bolsa Atleta Municipal” para esses atletas de média e alta performance dentro das favelas. Ressalta-se também o programa de microcrédito para construção de moradias e o posicionamento contrário à privatização da CEDAE, em defesa da universalização do acesso à agua para todos nas favelas. 

Clarissa Garotinho (PROS)

As “favelas e comunidades” são temas presentes em seu Plano de Governo, de 29 páginas. Na página 24, lista quatro prioridades com relação às favelas: retomar o programa Favela-Bairro com obras de infraestrutura de saneamento e implantação de serviços, espaços de lazer e esporte, equipamentos públicos e programas sociais; acesso dos moradores aos serviços públicos; após intervenção urbanística orientar os moradores sobre regras de construção; e não permitir o crescimento irregular, horizontal ou vertical.

Foto: divulgação

O Plano de Governo da candidata aborda como um dos temas as “favelas e comunidades”. Defende-se uma intervenção urbanística implantada a partir de um escritório com arquitetos, assistentes sociais e agentes comunitários. No texto consta o combate do crescimento irregular, “lançando mão de recursos tecnológicos que permitam acompanhamento em tempo real destes movimentos”.

Clarissa Garotinho já exerceu vários cargos públicos eletivos: foi vereadora pela cidade do Rio de Janeiro ao se eleger em 2009, deputada estadual pelo estado do Rio de Janeiro ao se eleger em 2011 e deputada federal, tendo sido eleita em 2015 e reeleita em 2019. Também foi Secretária Municipal de Desenvolvimento, Emprego e Inovação entre 2017 e 2018 no governo de Marcelo Crivella—atual prefeito da capital carioca.

Eduardo Paes (DEM)

Ex-prefeito da cidade do Rio de Janeiro entre 2008 e 2016—período no qual foram realizados a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016—também já ocupou diversos cargos públicos executivos em administrações de prefeitos anteriores. O Programa de Governo de Eduardo Paes, no site do TSE, tem duas páginas e lista doze objetivos centrais. Porém, o candidato lançou posteriormente uma “Carta-compromisso com as Favelas e Comunidades do Rio“.

Foto: divulgação

Nesta Carta, o candidato assume oito compromissos centrais sobre o desenvolvimento das favelas. Dentre os compromissos assumidos na Carta, está prevista a participação de moradores de favelas na tomada de decisão e diálogo direto com o prefeito e secretarias, com as seguintes propostas concretas e prioritárias para as favelas: retomar o programa Favela-Bairro, começando com as comunidades de menor Índice de Desenvolvimento Humano; criar um Conselho Municipal de Favelas ligado diretamente ao gabinete do prefeito; criar a Diretoria de Regularização Fundiária das Favelas ligada diretamente ao Secretário de Urbanismo e ao Conselho Municipal de Favelas.

Também defende dar prioridade às reformas das Clínicas da Família, UPAsEDIs e Escolas do Amanhã localizadas dentro das comunidades; criar programas de uso de mão de obra local, resgatando programas como gari, carteiro, eletricista, catador e hortas comunitárias. O candidato cita também a redução dos níveis de pobreza, ampliando o programa Cartão Família Carioca, e a priorização de investimentos sociais em locais pobres para melhorar a qualidade dos serviços públicos.

Vale lembrar, que a gestão de Eduardo Paes, como prefeito do Rio, foi responsável por 80.000 pessoas removidas de suas casas, promovendo mais remoções do que a gestão de Pereira Passos e Carlos Lacerda juntos.

Luiz Lima (PSL)

Plano de Governo, de 91 páginas, defendido pelo deputado federal pelo Rio, pretende investir no Morar Carioca, com destaque para a fase final no Complexo do Alemão; planeja reduzir o número de famílias que recebem vouchers de aluguel social e fazer andar a fila de quem espera por habitação social, através da oferta de unidades; urbanizar a “Favela da Maré e sua margem, na Avenida Brasil“; e licenciar, fiscalizar, planejar e conter o crescimento irregular das favelas.

Foto: divulgação

Martha Rocha (PDT)

Ex-chefe de Polícia Civil do estado durante o governo Sérgio Cabral, possui apenas três propostas, voltadas diretamente às favelas, nas 128 páginas do seu Programa de Governo.

Martha Rocha, candidata à prefeitura. José Cruz/Agência Brasil.
Foto: divulgação

As propostas são: a construção de alternativas de mobilidade em morros e favelas (planos inclinados, teleféricos etc.); a ampliação da frequência de recolhimento de lixo nas favelas e morros da cidade; e o investimento em planos de urbanização das favelas cariocas que envolvam a ampliação da oferta de serviços, com regularização fundiária “obedecendo os critérios de ocupação comprovadamente antiga, mansa e pacífica”, podendo ocorrer desapropriações com a garantia de direitos de posse e indenizações. O programa defende medidas de contenção à expansão das favelas, em especial, em situações que ofereçam risco à preservação ambiental.

Paulo Messina (MDB)

É vereador do Rio de Janeiro em terceiro mandato, com um Plano de Governo de 212 páginas, que defende o fortalecimento da confiança da população no governo municipal. Para as favelas, Messina—que foi ex-chefe da Casa Civil do atual prefeito do Rio Marcelo Crivella— defende implantar a instalação de redes gerais e intervenções pontuais nos territórios para a regularização de serviços de fornecimento de água e recolhimento de esgoto.

Paulo Messina, candidato à prefeitura em entrevista à TV Globo.
Foto: divulgação

O grande foco do programa é a “Universidade na Cidade” que visa promover, analisar e identificar formas para criação de vias estruturantes e de infraestrutura para as favelas, criando e recuperando espaços de “presença da prefeitura” dentro das comunidades. Defende que intervenções urbanísticas nas favelas sejam pontuais para mobilidade, acessibilidade, e infraestrutura. “Os assentamentos foram formados através de uma ocupação orgânica”, afirma no Programa. Planeja a ampliação das Vilas Olímpicas, criando times esportivos nas favelas.

Renata Souza (PSOL)

Cria da Nova Holanda, no Complexo da Maré, na Zona Norte, tem 12 anos de experiências em cargos públicos legislativos, sendo há quase dois anos deputada estadual no Rio de janeiro. O Programa de Governo da candidata, com 127 páginas e 25 áreas de atuação, traz uma lista de “15 propostas para mudar o Rio de Janeiro“. Tal lista de propostas envolve 15 áreas e torna as favelas e periferias do município a prioridade de atuação da prefeitura, garantindo o direito à favela, como cidade, para os moradores.

Renata Souza, candidata à prefeitura do Rio de Janeiro.
Foto: divulgação

O programa defende a recuperação do caixa da prefeitura para reinvestir em programas para a população como o Renda Básica Carioca—de auxílio financeiro para famílias mais pobres—e o Habita Rio, com a construção de 100.000 casas, como um programa de habitação para quem não tem casa ou vive em situações precárias. Também defende a criação da Imobiliária Carioca, uma imobiliária pública “que vai operar abaixo dos preços do mercado e adotar um papel ativo na dinâmica de produção imobiliária da cidade”.

Através do programa Favela é Cidade, o saneamento básico é apontado como uma prioridade para as favelas, gerando também empregos. “Vamos investir em infraestrutura de armazenamento e distribuição de água para garantir o acesso à água limpa. A favela vai ter o mesmo padrão de abastecimento das áreas ricas da cidade”. A candidata se coloca contra a privatização da CEDAE. O Programa fala ainda em criar um pacto municipal de igualdade de gênero e raça, e outro de redução da violência urbana e doméstica.

O programa prevê ainda como prioridade: criar o Programa de Agente Comunitário de Defesa Civil para garantir atenção primária na proteção socioambiental das favelas; realizar revisão completa do sistema de alerta e alarme comunitário para chuvas fortes da cidade; elaborar uma cartografia de riscos hidrológicos para todas as favelas; criar programas específicos de coleta seletiva e limpeza urbana nas favelas através dos garis comunitários e da integração com o catadores locais.

Defende também implementar políticas de Assistência Técnica para Habitações de Interesse Social (ATHIS) nos termos da Lei Municipal n° 6.614/2019, de autoria da Vereadora Marielle Franco, para a requalificação urbana das favelas, loteamentos, assentamentos rurais, comunidades tradicionais e ocupações consolidadas da cidade. Ainda dentro desta área, a candidata propõe criar um programa de construção de moradias populares através de mutirões e autogestão, em conjunto com as famílias das comunidades locais e entidades da sociedade civil organizada, a exemplo do programa “Cada família, Um Lote”, do governo Brizola e do “Programa de Construção por Mutirão e Autogestão”, da gestão Erundina.

Uma… Duas ou Nenhuma Proposta para Favelas

Vista desde a Favela de Manguinhos. Foto por: Edilano Cavalcante.
Foto: divulgação

Eduardo Bandeira de Mello (REDE)

Seu Programa de Governo, de 58 páginas, inclui as favelas no projeto de saneamento básico, citando o Fundo de Saneamento Básico como instrumento de universalização à água, dentro dos parâmetros do Marco Legal do Saneamento revisado, que prevê parceria público-privada. 

Cyro Garcia (PSTU)

Programa de Governo, de seis páginas, diz que “O Rio de Janeiro e o Brasil precisam de uma saída socialista!”, e que quer combater as opressões às minorias e à classe trabalhadora, porém não menciona as favelas diretamente.

Fred Luz ( Partido Novo)

Seu Plano de Governo, de nove páginas, não menciona favelas ou comunidades em nenhum ponto do Plano.

Glória Heloisa (PSC)

Seu Plano de Governo, de 30 páginas, orientado pelo pensamento cristão solidário atrelado à tecnocracia na gestão pública, genericamente fala em legalização do transporte alternativo, proposta que pode afetar às favelas e comunidades.

Henrique Simonard (PCO)

Seu Programa de Governo, de 37 páginas, baseado numa resolução válida para todos os candidatos do país decidida na conferência Nacional do Partido da Causa Operária, tem como “tática eleitoral a defesa da revolução e do socialismo”, e não menciona favelas ou comunidades.

Marcelo Crivella (Republicanos)

O atual prefeito do Rio de Janeiro, candidato à reeleição, em seu Plano de Governo, de 60 páginas, traz um “plano de mobilidade sustentável para áreas de comunidades”, e planeja “desenvolver e implantar o aplicativo com informações em direitos humanos com funcionalidade específica para denúncias de violações e georreferenciamento”.

Suêd Haidar (PMB)

Seu Plano de Governo, de oito páginas, que não possui propostas diretamente para as favelas, prevê: a criação de um conselho de governança cidadã com participação popular, o empoderamento econômico feminino, e a revisão do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janeiro. Porém também prevê a “redução das áreas subnormais ocupadas”.

Ronda Maré de Notícias: Vacinação pode começar até março de 2021

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Segundo a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, a produção da vacina está prevista para começar entre janeiro e fevereiro

A pesquisadora e presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Nísia Trindade, anunciou nesta nesta segunda-feira (2) que a vacinação contra a Covid-19 no Brasil começa até março. A expectativa é que a vacina, formulada pela Universidade de Oxford e da farmacêutica AstraZeneca, com parceria da Fiocruz, seja produzida entre janeiro e fevereiro. O imunizante ainda está em testes e após a aprovação, a sua produção será acompanhada pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Durante a declaração, a presidente da fundação anunciou também que não haverá vacinação em massa e que será necessário escolher um critério para que a vacinação ocorra. No primeiro semestre de 2021 serão produzidas cerca de 100 milhões de doses com a importação de insumos. A partir do segundo semestre, a Fiocruz passa a produzir de forma independente, já que parte do acordo era a transferência da tecnologia da produção da vacina da AstraZeneca para a Fiocruz. 

A declaração sobre a vacina foi dada por Nísia no Cemitério do Caju, durante inauguração da Pira da Esperança, onde a chama ficará acesa até que alguma vacina para covid-19 seja concluída. Simbolicamente, a chama atua como agente que vai iluminar os pesquisadores até chegarem ao final do desenvolvimento da vacina. “Esse é um ato muito importante pela afirmação do papel da ciência, de uma mensagem de esperança e solidariedade. A função da Fiocruz é trabalhar com a ciência para que essa mensagem de esperança se dê através da vacina, dos testes e de uma visão integral do Sistema Único de Saúde (SUS)”, afirmou Nísia após a cerimônia.

Covid-19 no Rio

Nesta semana, o prefeito e candidato à reeleição Marcelo Crivella, anunciou medidas que reduzem as restrições durante a pandemia. Dentre elas, está liberado que banhistas permaneçam na areia, aluguel de cadeiras e guarda-sóis e venda de bebidas alcoólicas na areia, algo que na prática já acontecia desde a liberação do banho de mar sem permanência. Além desses pontos, restaurantes self-services e casas de festas estão liberadas para voltar a funcionar, assim como creches e escolas da rede municipal de ensino. No caso dos espaços educacionais, ainda não há uma data para o retorno e essa volta fica a critério da comunidade escolar.

A justificativa para as atuais liberações é, segundo análise feita pela prefeitura, o controle da curva de contágio da cidade. De acordo com o painel da prefeitura, ao longo dos últimos 30 dias, a cidade vem em um momento que varia entre estabilidade e queda nos números de casos. Desde o início da pandemia, a cidade do Rio registrou até esta quinta-feira (05) 120.802 casos confirmados e 12.268 mortes pelo novo coronavírus. A Maré tem 1.943 casos e 162 mortes, entre confirmados e autodeclarados, de acordo com o Painel Unificador Covid-19 nas Favelas.

Educação na pandemia

Foi lançado nesta semana o ebook Fraturas expostas pela pandemia – Escritos e experiências em educação, destacando diversas experiências de ensino durante a pandemia. Dentre elas, está o projeto educacional da Maré UniFavela, no capítulo intitulado A vida não pode parar: desafios da população periférica no desenvolvimento de comunidades remotas de ensino e aprendizagem. O texto e todo o material já está disponível para leitura aqui.

Defensoria Pública em Ação na Maré

No dia 14 de novembro vai acontecer mais uma edição do projeto “Defensoria Pública em Ação na Maré”. O evento realizado pela Defensoria Pública do Rio tem como objetivo garantir o acesso à justiça aos moradores da comunidade. Nesta edição, a iniciativa é levar atendimento de demandas da área cível e criminal, que serão levantadas pela equipe Redes da Maré e informadas previamente à DPRJ. Os atendimentos serão realizados pela plataforma Google Meets e irão acontecer por escala em três salas virtuais, duas para a área cível e uma para a criminal. Os interessados em participar do projeto devem buscar a Redes da Maré para fazer o pré-agendamento enviando mensagem via Whatsapp para o número (21) 99924-6462, de segunda a sexta-feira, das 14h às 17h. As próximas ações serão realizadas nos dias 12 de dezembro e 16 de janeiro, das 9h às 15h, também via Google Meets.

A favela reinventa a cidade

Nesta quarta (04) aconteceu o lançamento on-line do livro A Favela reinventa a Cidade, onde se apresenta um novo e possível projeto para a cidade do Rio de Janeiro, pensando a partir da realidade da favela, com um olhar de dentro para fora. A publicação da EDUNIperiferias foi escrita pelos geógrafos Jailson de Souza e Silva, Jorge Luiz Barbosa e Mário Pires Simão e já está à venda pela editora Mórula.

Perdeu os posts da semana aqui do MN? A gente acha para você!

Terça-feira (03/11):

  • Maré de Notícias: Está no ar e nas ruas da Maré a edição #118 do Jornal Maré de Notícias. Leia mais.
  • Miss Beleza T Brasil sofre racismo após coroação. Por Leonardo Nogueira. Leia mais

Quarta-feira (04/11):

  • Alô, dona de casa! O carro de som chegou!. Por Thaís Cavalcante. Leia mais.
  • Dia da favela: O nosso dia irá chegar. Por Fillipe dos Anjos, Secretário Geral da Faferj. Leia mais

Sexta-feira (06/11):

  • Favela também é lugar de adoção. Por Hélio Euclides. Leia mais.
  • Vai votar, mas você sabe pra quê?. Por Daniele Moura. Leia mais.
  • Em sua homenagem, rua da Maré pode ganhar nome de Marielle Franco. Por Thaís Cavalcante. Leia mais.
  • #CaiuNaRede: 

Checagem 1: É falso que insetos no morango transmitem hepatite.

Checagem 2: É falso que vídeo “Argentina está conseguindo” vai hackear seu celular

Checagem 3:  É falso que Coca Cola Brasil abriu 23 mil vagas de trabalho

#CaiuNaRede: É falso que Coca-cola Brasil abriu 2,3 mil vagas de trabalho

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Empresa divulga suas vagas apenas em seu próprio site, Linkedin e 99Jobs

Thaís Cavalcante (Maré de Notícias, especial para a Lupa)

Circula nas redes uma mensagem que afirma que a Coca-Cola Brasil abriu seleção para 2,3 mil vagas. A mensagem diz ainda que a empresa está voltando com as atividades, reabrindo filiais e fábricas. O conteúdo foi verificado no Caiu na rede: é fake?. Confira:

“A Coca-Cola Brasil está retornando todas as atividades pós-pandemia com reabertura de todas as filiais e fábricas, com isso estamos com mais de 2.300 vagas disponíveis”

Trecho da mensagem compartilhada em grupos de WhatsApp

FALSO

A informação é falsa. O site mencionado na mensagem, e-vagas, sequer existe. Em nota, a Coca-Cola garantiu que vagas de emprego anunciadas em aplicativos de mensagens, mídias sociais ou em sites não oficiais são falsas. A empresa, que tem sido alvo de boatos constantes, destaca que não cobra taxas para quem quiser participar de processos seletivos.

As oportunidades de trabalho na Coca-Cola Brasil são divulgadas em seu site oficial, na seção Carreiras, em sua página oficial no Linkedin e no portal 99 Jobs.  Até o fechamento desta matéria, a vaga  disponível para candidaturas no Brasil é para um Programa de Estágio. 

Nota da redação: o projeto Caiu na rede: é fake? é uma parceria da Agência Lupa com Voz das Comunidades, Favela em Pauta e Maré de Notícias e conta com o apoio da Fundação Heinrich Böll Brasil. 

#CaiuNaRede: É falso que vídeo “Argentina está conseguindo” vai hackear seu celular

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Facebook garante que não é possível hackear aparelho a partir de vídeos no WhatsApp

Thaís Cavalcante (Maré de Notícias, especial para a Lupa)

Circula nas redes sociais uma imagem que alerta os usuários do WhatsApp para não clicarem no vídeo chamado “Argentina está conseguindo”, sob o risco de ter sua conta no aplicativo invadida. O vídeo mostraria como a curva de Covid-19 estaria se achatando na Argentina. O conteúdo foi analisado no Caiu na rede: é fake?. Confira:

“No WhatsApp começará a circular um vídeo que mostra como a curva de covid-19 está se achatando na Argentina. O arquivo se chama “Argentina está conseguindo”, não abra nem veja, ele hackeará seu telefone em 10 segundos e não poderá ser interrompido de forma alguma.”

Trecho da mensagem que está sendo compartilhada em grupos de WhatsApp

FALSO

A informação é falsa. Não há informações de que alguém de fato tenha recebido o vídeo. O Facebook, proprietária do WhatsApp, garante que não é possível hackear contas de WhatsApp por meio de  vídeo. Além disso, a curva de casos de Covid-19 na Argentina não está se achatando. De acordo com publicação oficial da Casa Rosada, sede da presidência argentina, as medidas de isolamento e distanciamento social tiveram de ser estendidas por mais 14 dias. Houve inclusive uma nova escalada de mortes por Covid-19 na Argentina, que ocupa a 10ª posição no ranking global dos países com mais mortes por 1 milhão de habitantes.

Em 2019, aconteceu um bug e houve um erro parecido ao descrito, mas o Facebook se pronunciou e corrigiu a tempo que nenhum usuário fosse prejudicado.


Nota da redação: o projeto Caiu na rede: é fake? é uma parceria da Agência Lupa com Voz das Comunidades, Favela em Pauta e Maré de Notícias e conta com o apoio da Fundação Heinrich Böll Brasil. 

#CaiuNaRede: É falso que insetos no morango transmitem hepatite

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Informação circula em vídeo que orienta a lavar frutas com vinagre; aprenda a higienizá-las

Thaís Cavalcante (Maré de Notícias, especial para a Lupa)

Circula nas redes sociais um vídeo que mostra bichinhos em morangos e afirma que eles transmitem as hepatites A e E. Outro trecho do vídeo orienta higienizar a fruta com vinagre e bactericida hidrosteril. O conteúdo foi verificado no Caiu na rede: é fake?. Confira:

“O morango, por exemplo, tem-se destacado como um dos transmissores dos vírus das hepatites A e E, que causam inflamação no fígado”

Trecho de texto que aparece no vídeo compartilhado em grupos de WhatsApp

FALSO

A informação é falsa. Os insetos que aparecem no vídeo não transmitem doenças aos humanos. De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), “há vídeos circulando na internet que apresentam uma larva deste circulando pela superfície da fruta. O inseto também não transmite nenhuma doença a seres humanos”.

Para a higienização de frutas e verduras, a Embrapa não recomenda o uso de vinagre, pois não tem efeito de matar vírus, bactérias e fungos. A orientação é preparar uma solução de água e detergente neutro e mergulhar os morangos com talos na solução. “Remexe-se nos morangos para que eles sejam limpos. Retira-se dessa solução e lava-se os morangos com água corrente potável. Depois disso faz-se a imersão dos morangos por 15 minutos em uma solução contendo 1 litro de água e uma colher de água sanitária, de procedência conhecida e confiável, com registro na Anvisa ou hidrosteril (na dosagem recomendada pelo fabricante). Passados os 15 minutos, retira-se os morangos da solução e se deve lavá-los em água corrente potável para remover o resíduo de cloro.”
Nota da redação: o projeto Caiu na rede: é fake? é uma parceria da Agência Lupa com Voz das Comunidades, Favela em Pauta e Maré de Notícias e conta com o apoio da Fundação Heinrich Böll Brasil. 


Em sua homenagem, rua da Maré pode ganhar nome de Marielle Franco

Favela Salsa e Merengue foi a escolhida pelos moradores para ter o nome da vereadora, nascida e criada no território e defensora dos Direitos Humanos

Maré de Notícias #118 – novembro de 2020

Thaís Cavalcante

As ruas, becos e vielas das favelas da Maré contam histórias – de resistência, luta e perseverança daquela população. Uma das formas de garantir que a história local continue viva é batizando a rua com o nome de um morador querido que faleceu. Esta tradição comunitária não vem de hoje, mas da época em que as casinhas da Maré ainda eram de madeira e sobre a água, no tempo das palafitas.

O caminho de homenagear moradores é trilhado até hoje na favela Salsa e Merengue, localizada no Conjunto Novo Pinheiro. Marielle Franco, moradora brutalmente assassinada em 2018, recebeu esta homenagem na Escola Municipal Vereadora Marielle Franco, inaugurada no mesmo ano. Com o passar do tempo, a ação fez com que a Rua Projetada D, a rua da escola, ficasse conhecida naturalmente pelo nome da vereadora.

Mônica Cândido, secretária da ONG Redes de Desenvolvimento da Maré e moradora do Salsa e Merengue, faz parte do acompanhamento territorial de nomeação das ruas do território. Ela conta que o trabalho de articulação demorou cerca de dois meses para ser feito e que valeu a pena: “Foi uma troca enorme com os moradores, e vamos levar esse abaixo-assinado com as assinaturas dos moradores para a Prefeitura”.

Para fazer a sugestão de mudança de nome de ‘Rua Projetada D’ para ‘Rua Marielle Franco’, foi necessária uma articulação entre os moradores da região, Redes da Maré, Prefeitura do Rio de Janeiro e a Associação de Moradores do Conjunto Novo Pinheiro. Mônica afirma que o nome sugerido pela Prefeitura era Rua Gratidão. “Fomos até os moradores conversar e avisar sobre essa decisão. Informamos que eles poderiam mudar o nome se sugerissem algum morador querido daquele espaço. Acredito que todos conhecem o nome de luta de Marielle e tem como referência do nome da escola”, observa.

Crédito: Vitor Vanes


Um legado que fez história

Marielle Franco teve um papel fundamental no território desde pequena. Primeiro, como assistente de catequista na igreja católica, depois, na horta comunitária e até como professora de pré-vestibular comunitário. Uma trajetória de vida que ficou na história do Conjunto de Favelas da Maré. Sua estrutura de formação, socialização local e política vem de família, assim como sua atuação na favela.

Marinete Silva, mãe de Marielle Franco, fala sobre a importância de ter uma homenagem à sua filha em um território tão potente como a Maré. “Não dá para imaginar o que Marielle se transformou para receber uma homenagem desse tamanho. Isso é gratificante, e eu quero muito que se concretize. Além de ser uma coisa boa para a gente, de ter o nome da nossa filha honrada num território em que a gente viveu tanto tempo”, diz.

Entre a burocracia e o reconhecimento

Ainda não há previsão para que aconteça o lançamento da nomeação, de acordo com a Secretaria Municipal de Urbanismo, Infraestrutura e Habitação: “O trabalho de articulação e mobilização social junto às comunidades do Conjunto de Favelas da Maré, com o objetivo de reunir as sugestões de nomes para os reconhecimentos de logradouros, está em andamento”.

Na prática, as pessoas já fazem referência à rua com o nome. Na teoria, há processos e critérios antes da decisão oficial. Todos os nomes sugeridos de moradores precisam ser avaliados pelo Número Global de Localização (NGL), para não correr o risco de serem duplicados, por exemplo. Essa é uma das justificativas da Prefeitura para tomar decisões. Em 2017, foram alteradas ruas e travessas na Vila do João, e muitos moradores não sabiam da mudança até a sua divulgação.

Colocar nome em uma rua é reconhecer que ela existe. É uma atividade que resgata a memória de quem viveu ali e fez parte de sua construção social. Uma mudança de significado.