Home Blog Page 393

Ronda Coronavírus: Maré é a favela carioca com maior número de casos e de mortes

0

No final de semana que chegou-se a 50 mil mortos, houve aumento de circulação de pessoas na cidade

O Brasil ultrapassou as 50 mil mortes por Covid-19 em pouco mais de três meses após registrar sua primeira morte 17 de março. Se seguirmos nessa curva, o Brasil pode superar os Estados Unidos em número de mortes de Coronavírus no dia 29 de julho, aponta a projeção de um dos principais modelos matemáticos usados pelo governo americano para definir suas estratégias. Neste dia 29 de julho, o Brasil teria 137,5 mil mortos e os EUA, 137 mil. 

OMS fala da subnotificação no Brasil 

O  Diretor de programas de emergência da Organização Mundial de Saúde (OMS) relatou nesta segunda (22) que o Brasil está em subnotificação. Ele mencionou que a taxa de prevalência (número de indivíduos afetados pelo número total de pessoas) do coronavírus é bem parecido no mundo todo, mas que no Brasil é inferior  mesmo diante do número grande de nossa população. Ele ressalta que pela falta de testagem em massa, o Brasil certamente não tem dados que demonstrem a realidade que vivemos hoje.

Dados Covid-19

A Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro informou que são 97.572 casos confirmados e 8.933 mortes Coronavírus. Até o momento, entre os casos confirmados, 78.316 pacientes se recuperaram da doença. Na capital, passamos dos 50 mil casos confirmados (50.922) e  5.875 mortes. Só nas favelas cariocas são  2060 casos confirmados e 433 mortes. Na Maré, segundo dados oficiais, são 297 casos e 75 mortes, fazendo com que o conjunto de 16 favelas fique em primeiro no ranking em um número de mortes e número de casos de Covid-19 nas favelas cariocas. Segundo o levantamento do De Olho no Corona!, ainda há 663 casos suspeitos, que somando aos oficiais, dá pelo menos 921 pessoas com suspeita ou confirmação de coronavírus na Maré, e 96 mortes. 

Maré Diz Não ao Coronavírus 

Começou na última sexta-feira, 19, a terceira fase da Campanha Maré diz NÃO ao Coronavírus, com distribuição de cestas de alimentos e kits com produtos de higiene pessoal e de limpeza para a população das 16 favelas da Maré. Como o número de famílias que precisam dessa ajuda aumentou, a Redes da Maré está com uma campanha de arrecadação de recursos financeiros pela plataforma do Catarse. Para ajudar, é só contribuir e compartilhar essa ideia:

Solidariedade

João Batista, de 56 anos e morador da Baixa do Sapateiro, uma das 16 favelas da Maré,  buscou formas de continuar trabalhando durante a pandemia para garantir a renda da família com o seu comércio perto de casa. João também conta com a doação de alimentos e reforça a importância da ajuda ao próximo. “A gente primeiro tem que se apegar com Deus e depois com a ajuda das pessoas, porque se for esperar por esses governantes, eles não estão nem aí pela gente. O pouco que eu tenho eu estou ajudando o meu vizinho”. 

João Batista, buscou formas de continuar trabalhando durante a pandemia para garantir a renda da família

Desinfecção das ruas 

A frente Cuidados e Prevenção de Saúde da Campanha Maré Diz NÃO ao Coronavírus irá concluir até o final de junho a desinfecção das ruas, becos, vielas, travessas e praças da Maré. Assim, 100% das ruas do território terá uma película protetora que mantém pisos e paredes protegidas contra a propagação da Covid-19. Comlurb, Redes da Maré e associações de moradores estão juntas nesta iniciativa, que envolve cerca de 70 pessoas na ação, além de dois carros de som que passam no dia anterior na favela que será limpa dando orientações e cuidados para a população. Esta semana será a vez das ruas do Conjunto Pinheiro, Salsa & Merengue, Vila do João e Conjunto Esperança.

Foto: Douglas Lopes

LIVE MUSICAL

No próximo sábado, 27 de junho, às 18h, acontece a live A Esperança Equilibrista, com diversos nomes da arte, música e poesia, como Ivan Lins, Zeca Baleiro, João Bosco e outros mais. A live tem a organização da Inspirartes Cultural, em parceria com a Redes da Maré e apoio da Fenae. Um grande show que todos podem assistir sem sair de casa, através do canal do YouTube da Inspirartes Cultural e também do Facebook. Mais informações aqui. 

EDUCAÇÃO FEMININA

Atenção  meninas e mulheres estudantes moradoras da Maré, a Redes da Maré quer saber como anda o ensino durante a pandemia. O objetivo é  ajudar a melhorar a educação do território. Basta acessar o link para responder:

RESULTADO DA CHAMADA PÚBLICA

Com a pandemia de Covid-19, a Redes da Maré, organização da sociedade civil com atuação no conjunto de favelas da Maré há mais de duas décadas, lançou a Campanha Maré diz NÃO ao Coronavírus, em março de 2020, com o objetivo de apoiar moradores e moradoras da Maré. Dentre as linhas de atuação da campanha, foi feita uma chamada pública para selecionar projetos que contemplem novas formas de fazer arte, cultura e comunicação nas favelas. Confira o resultado aqui 

VOTAÇÃO ABERTA

O projeto A Maré de casa compartilha o que os moradores da Maré veem das suas janelas, por meio de fotografias e textos reunidos no ensaio. Todo mês acontece uma votação popular para escolher cinco autores que serão premiados e terão sua foto e texto em destaque na Galeria da Minha Janela. Confira as fotografias e vote aqui.  

#COLABORA NESSA MARÉ DE NOTÍCIAS

O Projeto #Colabora e o Maré de Notícias estão com inscrições abertas para profissionais de comunicação, com o objetivo de produção de conteúdos sobre o impacto da pandemia de Covid-19 no território. As inscrições vão até 30 de junho. Informações e inscrição aqui.

Ronda Coronavírus: Brasil passa da marca de um milhão de casos confirmados de COVID-19

0

Dados do Consórcio de imprensa revela que Brasil passa de um milhão de casos, marca que só os Estados Unidos tinha passado

O Brasil chegou a 1 milhão de casos de coronavírus na tarde desta sexta-feira (19), mostra um boletim extra do levantamento feito pelo consórcio de veículos de imprensa a partir de dados das secretarias estaduais de Saúde. No estado do Rio já são mais de 87 mil casos confirmados e 8.400 mortes. Na capital são 48.753 casos confirmados e  5.632 mortes.  De acordo com o Painel Rio Covid-19 nas Favelas, do coletivo Voz das Comunidades, o Conjunto de Favelas da Maré lidera em número de casos confirmados e de mortos pela doença. As favelas cariocas possuem mais  mais de dois mil casos e 420 mortes. 

Covid-19 na Maré

Embora elevados, os números de casos e de mortes estão subnotificados. Somente na Maré, de acordo com o Boletim de Olho no Corona, da Redes da Maré, até a última segunda feira (15/6) são 921 pessoas com suspeita ou com confirmação de Covid-19  nas 16 favelas da Maré e 96 mortes confirmadas ou suspeitas. 

Claudione Ameida tem 52 anos e é moradora da Nova Holanda. Ela relata que teve os sintomas de uma gripe forte e fez o teste duas vezes. O primeiro deu negativo e já internada, foi testada positivo. Hoje, em casa, agradece o atendimento que teve no SUS. “O tratamento foi maravilhoso, eles cuidaram muito bem de mim. Não tenho o que falar. Todo o cuidado que eles tinham era para a minha melhora.” Veja o depoimento completo no vídeo.

Claudione foi uma das vítimas da COVID-19 na Maré

Ruas movimentadas

Hoje na Vila do João, Vila dos Pinheiros e Baixa do Sapateiro, três das 16 favelas da Maré, muitos bares e restaurantes estavam cheios. Na Vila do João, a estrutura para receber a feira de roupa que tradicionalmente acontece sábado já estava montada.

Estrutura montada para a feira de roupa na Vila do João.

As igrejas católicas da Maré estão se preparando para abrir no dia 04 de julho para missas. O pedido é que o grupo de risco continue a acompanhar as celebrações pelas redes sociais e televisão. Matheus tem 19 anos e é estudante universitário e relata estar assustado com a quantidade de pessoas que estão na rua da favela Nova Holanda. “O auxílio emergencial não foi o bastante para as pessoas ficarem na rua. Estou assustado com tanta movimentação aqui, porque isso acarretará em consequências graves daqui a algumas semanas”, diz o universitário.

Matheus evita de sair de casa, mas quando foi à rua se assustou com a grande movimentação.

Campanha Maré Diz Não ao Coronavírus 

Redes da Maré segue em busca de mais doações, pois o número de famílias que precisa de ajuda aumentou muito com a pandemia do coronavírus. A ajuda será para a compra de mais 4.000 cestas básicas para famílias da Maré que estão sem nenhuma ou pouca renda.  Para ajudar só acessar. Durante o dia de hoje (19), o Consultório na Rua, projeto que oferece assistência médica a pessoas em situação de rua, recebeu 700 máscaras cirúrgicas, 180 aventais e 400 máscaras de pano da Campanha Maré Diz não ao Coronavírus.

Equipe do consultório de rua recebendo doações de máscaras no Centro de Artes da Maré

Oportunidade para comunicadores da Maré

Estão abertas as inscrições para o projeto de capacitação que dará bolsas a jovens jornalistas da Maré (formados e em formação) para realização de reportagens sobre o impacto da Covid-19 no conjunto de favelas. Saiba mais aqui:

Dicas culturais 

Na programação do Sesc, transmitida pelo YouTube e pelo Instagram, hoje tem show de Carlos Careqa com Mário Manga, amanhã (20/6) a Besta Fera de Jards Macalé e no domingo, a voz de Vanessa Moreno. Também amanhã, às 16h20, tem show da cantora e compositora Linn da Quebrada na plataforma digital do Teatro de Contêiner Mugunzá.

Nenê do Zap

Com maior movimentação de pessoas e a volta das atividades comerciais em algumas cidades, a dica do Nenê do Zap é bastante importante. Ainda é hora de ficar em casa com os nossos o máximo que a gente conseguir. Não está na hora de voltar tudo ao normal. Está na hora de tomar mais cuidado que nunca. Se cuide, cuide dos seus e vamos passar por isso juntos. Se liga na dica de hoje no Nenê do Zap.

Vírus atinge famílias mais vulneráveis na Maré

0

Das famílias com casos de coronavírus atendidas pela Redes da Maré, 70% delas vivem com, no máximo, um salário mínimo

Acompanhando o histórico de chegada e transmissão do coronavírus no Brasil, é simples concluir que a Covid-19 chegou e acometeu primeiro a uma parte mais privilegiada de pessoas e aos poucos foi chegando nas classes econômicas e sociais mais vulneráveis. Na Maré, os impactos para as famílias com menor renda já são percebidos. A condição socioeconômica dos moradores da Maré com suspeita ou confirmação de Covid-19 liga o alerta de organizações locais que seguem mobilizadas a fim de garantir condições mínimas para famílias onde o vírus chegou.

De acordo com a Edição 7 do Boletim “De Olho no Corona!”, que apresentou uma análise sobre a situação da renda e trabalho de cerca de 509 famílias na Maré, 98 destas famílias vivem sem nenhuma renda; 29 com até meio salário mínimo e 198 entre meio e um salário mínimo. Vale destacar que a média de pessoas que vivem em um mesmo domicílio na Maré varia entre 2 ou 3, chegando a 5, e tendo casa que abrigam até mesmo 12 pessoas – como foi o caso de uma família atendida pela equipe. De acordo com os dados do IBGE, a renda domiciliar per capita no Brasil, em 2019, foi de R$ 1.439.

Ainda que a pandemia tenha desestabilizado a economia de todo o país e a taxa de desemprego tenha subido para 12,6 ainda em abril, a falta de políticas que atendam as necessidades sanitárias e de geração de renda dos territórios de favela alarmam. Como indica o boletim “o isolamento social não pode ser a única resposta para o enfrentamento do problema, pois este deve ser acompanhado de políticas públicas que protejam as famílias mais vulneráveis do contágio  da perda de renda e que, também, assegurem o pleno acesso aos serviços de saúde e de assistência social”

O Painel Rio Covid-19 apresentou nesta quinta (18/6) 46.255 casos de coronavírus e 5.508 óbitos na cidade do Rio e 279 casos e 71 óbitos na Maré. Já os dados do boletim, que vem desenvolvendo um canal direto com os moradores da Maré, apontam que até o dia 15 de junho, a Maré tinha 921 casos de pessoas confirmadas ou suspeitas de coronavírus. Desse total, 258 casos foram confirmados pelo Painel Rio Covid-19, e outros  663 casos suspeitos e 29 mortes foram identificadas pelo  “De Olho no Corona!”  como casos suspeitos sem acesso a teste ou diagnóstico.

 Dificuldades após a perda de renda

São diversos os relatos de famílias que perderam renda na Maré. Porém, o custo para arcar com o tratamento de um paciente de coronavírus sem o suporte ideal do Estado, tem sido alto. João Lopes, pai do fotógrafo do Maré de Notícias Douglas Lopes, está em tratamento da Covid-19 há cerca de um mês e só uma das receitas com remédios indicados somou o total de R$249,47. Nenhum dos sete remédios prescritos para o tratamento estavam disponíveis na farmácia popular, hospital ou clínica da família. Além dos gastos com medicamentos, a alimentação adequada e materiais de higiene e limpeza necessários também pesam no orçamento dos pacientes sem recursos.   

Receita médica de João Lopes. Morador gastou quase R$250 com medicamentos

Muitas dessas pessoas ainda não conseguiram também acessar o auxílio emergencial do Governo Federal. Tanto por dificuldade no entendimento do cadastro, quanto por atraso e confusão por parte do governo. Só agora, depois de 3 meses de pandemia, a Cristina Maia, moradora do Parque União, teve o pedido de auxílio emergencial aprovado. Ela está desempregada e a família composta por mais duas adolescentes e uma criança, e no momento conta apenas com a renda do marido. “Quase não acreditei quando vi o ‘aprovado’, já não sabia mais o que fazer, vendo que só a renda do meu marido não estava dando mal para aluguel e compras e eu não tinha como procurar um emprego agora”, relatou.

Uma das frentes da campanha “Maré diz NÃO ao Coronavírus”, da Redes da Maré, é a geração de renda para moradores. O Maré de Sabores, da Casa das Mulheres da Maré, conta com 26 cozinheiras, que estão preparando as refeições diariamente para a população em situação de rua. Já no Tecendo Máscaras e Cuidados, 54 costureiras estão produzindo máscaras para serem distribuídas à população das favelas da Maré. Todas haviam perdido renda neste momento. A organização também lançou uma chamada pública para apoiar financeiramente artistas e grupos locais que atuam na Maré, além de ter contratado motoristas para entrega das cestas básicas e kit de limpeza e higiene. 

Ronda Coronavírus: Ação policial na Maré suspende atendimento médico

0

Em plena pandemia, atendimentos em Clínica da Família foram suspensos durante a manhã de quarta

O país tem 955.377 casos confirmados e 46.510 mortes por coronavírus até o dia de hoje (17), segundo dados no Ministério da Saúde. O estado do Rio passa de 86 mil casos confirmados e 8 mil mortes, na cidade do Rio são  45.978 confirmados e mais de 5 mil mortes. Nas favelas cariocas, segundo dados oficiais apontam para 1.941 casos confirmados e  404 mortes.  Na Maré, pelo Portal Rio Covid-19, são 278 casos confirmados e 70 óbitos, mas de acordo com o boletim De Olho no Corona!, canal direto com moradores, são mais de 740 casos suspeitos e 94 mortes pelo novo coronavírus.

Rio epicentro da pandemia no país

E a cidade do Rio de Janeiro vive, em conjunto com o Estado, a pandemia como se ela tivesse acabado. Os camelôs voltaram às ruas no dia 4 de junho. Dois dias depois, shoppings, lojas de rua, áreas de lazer e de esportes, bares e restaurantes foram liberados para funcionar, assim como as igrejas. “Temos uma situação no Estado de maior letalidade do Brasil, de 10% sobre o total de casos”, alerta Ligia Bahia, médica especializada em Saúde Pública da UFRJ. Na visão da médica, a partir desse indicador, o Rio deveria ser considerado o epicentro da pandemia no Brasil. 

Mortes por  Síndrome Respiratória Aguda Grave

Para cada 10 pessoas que morreram por Covid-19 no Brasil, outras oito morreram por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) sem causa determinada. Até a primeira semana de junho foram 23 mil casos. Os sintomas são os mesmos e a faixa etária das vítimas também: 7 de cada 10 têm 60 anos ou mais. Os dados fazem parte das fichas de pacientes enviadas pelos hospitais para o Ministério da Saúde, sistema que foi desenhado para monitorar a influenza, mas se revelou um indicador da subnotificação de mortes pelo coronavírus. Em Minas Gerais, para cada 10 vítimas da Covid-19, há outras 45 mortes por SRAG indeterminada. No Paraná, 51. No Mato Grosso do Sul, 87. A análise completa aborda as mortes incógnitas da pandemia, que se parecem com a Covid-19, mas não entram na conta oficial.

Ação policial

Na manhã desta quarta-feira (17), uma ação policial foi realizada nas favelas Nova Holanda e Parque Maré. Homens do Batalhão de Polícia de Choque passavam pela Av. Brasil quando a ação foi desencadeada. A partir das 7h iniciaram os relatos de moradores pelas redes sociais sobre intensas trocas de tiro, e homens do BPChq circulando no território. 

No último dia 5 de junho, o Supremo Tribunal Federal determinou a suspensão de operações policiais durante o período de pandemia de Covid-19. A determinação prevê inclusive pena de responsabilização civil e criminal caso aconteçam operações. Hipóteses absolutamente excepcionais, que deveriam ser devidamente justificadas por escrito pela autoridade competente, com a comunicação imediata ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, estariam liberadas. Além do policial atingido, duas pessoas foram baleadas e encaminhadas para o Hospital Geral de Bonsucesso nesta manhã.

 De acordo com a assessoria de imprensa e fala do porta-voz da PMERJ coronel Mauro Fliess, a mobilização de mais policiais do choque para ação na região foi emergencial. É importante destacar que a realização de uma ação deste porte durante o período de pandemia, impede a realização de ações de solidariedade como a entrega de cestas básicas e itens de higiene, impacta na circulação das pessoas em busca de atendimento em unidades de saúde e coloca em risco a vida de milhares de pessoas. O atendimento na Clínica da Família Jeremias Moraes da Silva ficou suspenso durante toda a manhã de hoje. 

Auxílio emergencial

Caixa começa a pagar terceira parcela do auxílio emergencial. Nesta etapa, 13,5 milhões beneficiários do Bolsa Família receberão o auxílio. Everton de Oliveira, de 33 anos e morador do Parque Rubens Vaz, ficou sem renda antes de começar a pandemia. Os profissionais autônomos são maioria nas favelas cariocas e tiveram seus empregos prejudicados durante a pandemia. Enxergando como oportunidade, Everton se cadastrou para receber o auxílio disponibilizado pelo governo, mas depois de meses, continua aguardando a aprovação. De acordo com a Caixa Econômica Federal, mais de 10 milhões de pessoas ainda estão aguardando o recebimento do Benefício Auxílio Emergencial.

Everton se cadastrou para receber o auxílio disponibilizado pelo governo, mas depois de meses, continua aguardando a aprovação

Acesso precário à internet para a educação

A Pesquisa TIC Educação 2019, que estuda a apropriação das tecnologias de informação e comunicação, aponta que apenas 14% das escolas públicas e 64% das particulares do país têm ou disponibilizam plataforma de aprendizagem ou um ambiente para estudos online. Durante a pandemia do novo coronavírus, o estudo a distância foi uma alternativa, mas não para todos. Ana Júlia, 15, que é moradora do Pinheiro, na Maré, e estudante do 1º ano do ensino médio, não concorda com o oferecimento de aulas online e um dos motivos é a desigualdade que percebe no seu entorno. “Muitos alunos não têm acesso à internet, não porque não querem, mas porque não podem. Acaba que eles não aprendem”.

Ana Júlia, 15, que é moradora do Pinheiro na Maré e estudante do 1 ano do ensino médio, não concorda com o oferecimento de aulas online 

Já a jornalista Ana Paula Oliveira, moradora da Nova Holanda não estuda mais, mas necessita da Internet para trabalhar e passa pela mesma precariedade no serviço de internet. Não tendo acesso à banda larga teve que comprar dados móveis para poder continuar o trabalho durante a pandemia.

Ana Paula Oliveira, moradora da Nova Holanda tem  muitas dificuldades com o serviço de internet

Inscrições para jornalistas

Estão abertas as inscrições para o projeto de capacitação que dará bolsas a jovens jornalistas da Maré para realização de reportagens sobre o impacto da Covid-19 no conjunto das 16 favelas. Poderão ser inscrever jornalistas, fotógrafos e comunicadores moradores da Maré, para produzirem conteúdos sobre o impacto da pandemia de Covid-19 em suas comunidades. Serão oferecidas cinco bolsas de reportagem de  R$ 3 mil cada aos jovens jornalistas da Maré. As equipes do #Colabora e do Portal Maré de Notícias vão orientar os selecionados e oferecer capacitação em treinamentos online sobre como elaborar a pauta, apurar a reportagem, editar e criar material engajador nas redes sociais. Todo o conteúdo será publicado, no prazo de até três meses, nos sites e canais de redes sociais do #Colabora e do Maré de Notícias. Faça sua inscrição aqui.

Nenê do Zap

Não é porque se está relaxando as medidas de isolamento que devemos deixar de pensar que o distanciamento social, máscara, água e sabão não sejam mais importantes. Tudo isso ainda deve ter muita atenção de todos enquanto a vacina não sai. Confira na dica do Nenê do Zap de hoje.

A tradição popular das ervas medicinais

O poder da natureza e o saber popular sendo passado de avós e mães para filhos

Maré de Notícias #113 – junho de 2020

Hélio Euclides, Douglas Lopes e Matheus Affonso

“Para um forte resfriado… Só limão com cobertor. Tudo isso é resultado das coisas que mamãe me ensinou”, esta é uma parte da música “As Coisas Que Mamãe Me Ensinou”, de 1989, composta por Leci Brandão e Zé Maurício. A canção retrata a sabedoria dos idosos e o poder da natureza. Em diversas casas da Maré encontram-se vasinhos de plantas que ajudam na saúde, como hortelã, boldo, camomila, capim- santo, erva cidreira e tantas outras. Apesar de não existir um remédio para a COVID-19, moradores se aproximam da sabedoria popular como forma de aliviar sintomas e como tratamento associado aos remédios.

Há registros que uma das primeiras utilizações das ervas se deu por volta de 3000 anos antes de Cristo, pelo imperador chinês Sheng Wung. No Brasil, este uso está muito ligado à tradição indígena, conhecimento passado de geração em geração, que se juntou à cultura dos negros trazidos para o Brasil, que utilizavam as ervas para fins religiosos e medicinais, além de estudos de botânica da Europa.

Karla Rodrigues, moradora do Rubens Vaz e mãe de Pedro, de 4 anos de idade, lembra com carinho da infância. “No próprio prédio onde eu morava, no Conjunto Pinheiros, tinha muitas plantas, como boldo e erva de santa maria, uma para curar dor barriga e outro para combater vermes, que minha mãe pegava quando tinha algum problema”, conta. Amante dessa terapia alternativa, Karla recomenda que todos sigam a tradição. “Era comum ter ervas medicinais em casa, pois não tínhamos farmácia em cada esquina. Acho que o tema das ervas e chás é crucial, em especial nesse momento de pandemia”, comenta.

Tereza Onä, ativista com ênfase racial, na Maré, acredita que as ervas fazem parte da cultura de um povo. “Além do poder curativo, fazem parte da minha memória. Porém, é necessário conhecer a propriedade da erva, caroço e da casca, para não ter um efeito contrário”, adverte. Ela enfatiza que as plantas são referência desde a alimentação até o banho, que fortalece a alma. “Sou preta, minha casa parece um terreiro de tantas ervas, faço questão de tê-las e cultivá-las. Todas as plantas e ervas, além de purificar o ar, estimulam o paladar e protegem a casa. Todos nós já fomos à rezadeira um dia e ela sempre usou uma erva”, lembra.

Uma das mudas da casa da Karla – Foto: Matheus Affonso

O meio ambiente também é sua casa

O Censo Populacional da Maré constata que 25,8% dos mareenses são nordestinos, que vieram tentar a sorte na cidade maravilhosa. Muitos viveram na zona rural e muito próximo à natureza. Dona Lourdinha, agente do conhecimento tradicional da Rede Fitovida, trabalha com as plantas e muito aprendeu com seu pai, que era de Pernambuco. “Quando as pessoas se feriam, meu pai sabia qual era a planta certa para colocar no machucado”, conta. Ela lembra de um fato marcante quando morou na Vila dos Pinheiros: “Minha laje era pequena e as pessoas perguntavam por que eu tinha árvores plantadas. Eu respondia que usava os brotinhos das folhas, como abacate, aroeira, assa-peixe, romã e jamelão, tudo sem sair de casa.” Além dos chás, ela também realiza a reza das pessoas, algo que aprendeu com sua mãe de umbigo.

Os desafios da vida em quarentena

Nenês e crianças na primeira infância demandam cuidados durante a pandemia de coronavírus

Maré de Notícias #113 – junho de 2020

Nenê do Zap

Hoje eu vim aqui contar um pouquinho do que fazer para se cuidar e se proteger, enquanto o coronavírus está solto por aí. Mas antes, acho legal me apresentar, né? Para quem não me conhece, eu sou o Nenê do Zap! A partir de agora, vou estar aqui no Maré de Notícias para falar com quem cuida de nenê e criança de até 6 anos de idade, seja pais, tios, avós, vizinhos ou professores. Nasci para isso mesmo: levar informação para os adultos sobre esses primeiros anos de vida das crianças – o que rola nessa fase é muito importante para eles crescerem saudáveis e felizes.

E sabe o que aconteceu logo depois que eu cheguei nesse mundão? O coronavírus chegou também – e mudou tudo! Criança em casa, sem escola, sem creche e um monte de coisa nova que tem de fazer para se proteger.

Sei que não está fácil para ninguém e que está todo mundo lutando para dar conta de tudo. E para você, que não sabe o que fazer primeiro, te digo uma coisa: está difícil mesmo! Às vezes, criar uma rotina em casa ajuda a organizar o dia a dia. E se não der para fazer tudo, tudo bem também. Mais importante do que dar conta de tudo é estar bem, com a cabeça boa. Nesses tempos em que todo mundo está preocupado, é normal ficar com medo e estressado – e te garanto que as crianças também ficam irritadas de não encontrar os amigos da escola, além de ficarem mais agitadas e exigirem mais atenção e paciência dos adultos.

Então, tente manter a calma, fazer as atividades do dia sem muita cobrança e encontrar alguns momentos na rotina para dar risadas, brincar com os nenês e as crianças ou bater um papo em família – pode ter certeza que nada melhor para relaxar que um momento de boa, só trocando aquela ideia. Mas é verdade que precisa tomar alguns cuidados para manter a saúde em dia e evitar pegar esse tal de coronavírus. Mesmo que não dê para ficar todo mundo o tempo todo em casa, é bom ficar ligado, principalmente se tiver bebês e velhinhos na família.

Como se cuidar e cuidar do nenê?

Tem bebezinho engatinhando? Então misture 1 litro de água com 2 colheres (de sopa) de água sanitária e passe um pano úmido no chão para o nenê rolar e engatinhar de boa.

Chegou da rua? Já bote o sapato do lado da porta e vá lavar a mão (sabe aquele álcool em gel que estão distribuindo por aí? Usa ele! Ou lave com água e sabão, que também funciona). E se der para chegar em casa do trabalho e ir direto para o banho, melhor ainda. Ainda mais se for pegar o nenê no colo, precisa estar limpinho mesmo.

Já para os vovôs e vovós que estão em casa, o ideal é que eles tenham contato com o menor número possível de pessoas, pois a COVID-19 (que é o nome da doença que o coronavírus provoca) pode ser muito mais grave para eles. Ah! E tem outro lance que ajuda, ainda mais para quem tem de sair todos os dias: a máscara, que pode ser feita com camiseta ou outro tecido macio como algodão, é importante usar para o vírus não ir se espalhando por aí. Mas a máscara só vale quando for sair e para a criançada maior de dois anos, hein?

Ao final de cada dia, converse com as crianças, conte uma coisa boa ou engraçada que fizeram juntos. Comemore o que você fez de bom, tente melhorar amanhã o que não foi tão bom assim hoje. Eu não sei quando tudo isso vai acabar, mas sei que, juntos, somos mais fortes e podemos passar por essa. Se cuidem, fiquem bem! Beijos a distância!