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Ronda Coronavírus: Covid-19 avança no Rio de Janeiro

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Secretaria da Saúde confirma 233 casos e 4 mortes. Maré ainda não testa positivo para Covid-19 e tem 1 caso suspeito

Ainda não há registro oficial de pessoa contagiada pelo novo coronavírus na Maré. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES), já passam de 230 os casos no Rio de Janeiro. Prefeito determina fechamento do comércio na cidade e ainda há incertezas sobre situação na Maré. Mobilizações de coletivos e organizações locais seguem desenvolvendo campanhas de conscientização e se preparam para cenários piores nas próximas semanas.

Até o fim desta segunda-feira, 23 de março, 11 dias após a confirmação da contaminação comunitária no Rio de Janeiro, a SES ainda não registrou nenhum teste positivo para o novo coronavírus. Há, porém, um caso suspeito. Este caso soma-se a outros 60 em favelas do Rio, segundo Secretaria de Saúde.

A rotina na Maré já sofreu algumas alterações, como o fechamento das escolas e equipamentos religiosos. Porém mesmo com a determinação do prefeito Marcelo Crivella, de fechamento obrigatório do comércio da cidade a partir do primeiro minuto da próxima terça-feira, dia 24, moradores desacreditam que o mesmo seguirá na Maré: “infelizmente as pessoas, os comerciantes, contam com isso. Não acredito que fechem”, comenta comerciante da Vila do Pinheiro que preferiu não se identificar. 

Moradores sinalizam que ainda há muitas pessoas nas ruas. A Redes da Maré realizou nesta segunda-feira uma reunião com às organizações locais Luta pela Paz, DataLabe, Uere e Observatório de Favelas com o objetivo de alinhar ações e pensar estratégias conjuntas para o território. 

Governo do estado do Rio divulga informações sobre serviços

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O Governo do Estado cria medidas para conter transmissão e prestação de serviços públicos

Flávia Veloso

Até o momento, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ), registrou 233 casos de infecção em todo o estado (atualizado na noite de 23/03). No município carioca são 212 casos, dez em Niterói, três em Petrópolis e em São Gonçalo e Barra Mansa, Guapimirim e Miguel Pereira registraram um caso cada. As quatro mortes confirmadas ocorreram em Petrópolis, Miguel Pereira, Niterói e Rio de Janeiro até a noite do dia 23..

Colégios estaduais e eventos

Durante 15 dias, a partir da publicação do Decreto de 17 de março, estão suspensas aulas dos colégios estaduais, jogos de futebol, comícios e passeatas, cinemas e teatros, shows, eventos fechados ou ao ar livre, feiras e eventos científicos e visitação prisional e de pacientes diagnosticados com a infecção.

Voluntários da saúde contra o novo coronavírus

Os médicos, profissionais e estudantes da área da saúde que desejarem ser voluntários na assistência de pacientes infectados em todo o estado podem se inscrever pelo site voluntarioscoronavirus.rj.gov.br.

Departamento de Trânsito do Estado do Rio de Janeiro (DETRAN)

Somente casos emergenciais serão atendidos pelo DETRAN. Na área de veículos, o primeiro emplacamento deve ser agendado on-line. A segunda via do Certificado de Registro do Veículo (CRV) não necessita de agendamento. Confira os postos de atendimento no site do DETRAN.

Quem precisa de segunda via de Identidade e Habilitação deve agendar pelos seguintes telefones: (21) 3460-4040 ou 3460-4041 (para a Região Metropolitana) e 0800-020-4040 ou 0800-020-4041 (para o interior).

A renovação da Carteira de Habilitação foi prorrogada por 30 dias, e os exames de habilitação que estavam marcados para entre 16 e 30/03 foram remarcados para entre 6 e 20/4.

Mais informações em detran.rj.gov.br.

A Companhia Estadual de Águas e Esgotos (CEDAE)

Pela segurança da saúde dos funcionários, a CEDAE suspendeu por 15 dias (a partir de 18/03) os atendimentos nas agências comerciais. Os serviços de rua (como vazamento, falta d’água e manutenções) e de atendimento ao cliente (como segunda via e consulta de últimas contas) continuam sendo prestados.

Para mais informações, ligue 0800-2821195 e acesse cedae.com.br.

Departamento de Transportes Rodoviários (DETRO)

Estão proibidos de transitar entre Região Metropolitana e os demais municípios do Rio os veículos de modalidades regular, fretamento e complementar por 15 dias ou até que o Decreto seja revogado.

Aqueles que compraram passagens para os demais municípios, serão ressarcidos pelas empresas de ônibus.

Confira no site do DETRO os canais de atendimento: detro.rj.gov.br.

Comprovação Anual de Vida

A Prova de Vida anual está suspensa para aposentados e pensionistas do Estado.

Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e Polícia Militar (PMERJ)

Em vários municípios, viaturas e agentes a pé estão percorrendo áreas de maior concentração de pessoa, alertando para que evitem aglomerações e orientando ficar em casa.

Demais Secretarias

A preferência é que os atendimentos ao público sejam feitos remotamente, por telefone ou internet. Confira no site os contatos das Secretarias do estado: http://www.rj.gov.br/Secretarias.aspx.

Aulas à distância para estudantes do estado

A Secretaria Estadual de Educação (SEEDUC) firmou parceria com o Google para disponibilizar uma plataforma de estudo à distância. O acesso à internet será disponibilizado gratuitamente, para que os estudantes possam acessar. Em breve, a SEEDUC dará mais informações sobre o acesso à plataforma. 

Combatendo fake news e mitos

O Ministério da Saúde criou um site disponibilizando à população informações oficiais sobre o novo coronavírus, como prevenção, orientações e sintomas. Confira em: http://coronavirus.saude.gov.br/

Proteja-se!

Principais recomendações

  • Lave frequentemente as mãos, especialmente após tossir ou espirrar
  • Utilize lenço descartável para higiene pessoal
  • Cubra nariz e boca quando espirrar ou tossir
  • Evite tocar mucosas de olhos, nariz e boca
  • Utilize álcool em gel nas mãos apenas se estiver na rua

Combate aos mitos

  • Chás ou enxaguante bucal não têm o poder de eliminar o vírus
  • Produtos vindos da China não transmitem COVID-19
  • Não há semelhanças entre o coronavírus e o HIV
  • Vitaminas não previnem coronavírus
  • O vírus não é eliminado ao lavar o nariz com soro fisiológico
  • Bebidas alcoólicas destiladas não são eficazes contra o COVID-19
  • Vinagre não é mais eficaz que álcool em gel

Medidas podem frear alto contágio do coronavírus e evitar mortes

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Característica de crescimento exponencial do vírus pode sobrecarregar o Sistema Único de Saúde

Flávia Veloso

O Brasil, hoje, tem de correr contra o tempo para evitar que o Covid-19 se espalhe em proporções em que não haja mais como conter. Em entrevista coletiva na última quarta-feira (18/03), o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que o crescimento de casos do novo coronavírus “depende diretamente do comportamento das pessoas”. É verdade que os devidos cuidados com a higiene têm de ser tomados, mas faltam ações dos governos para o controle da epidemia.

As principais delas são planos para evitar aglomeração de pessoas e testagem em massa do Covid-19, recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS). Contudo os testes estão sendo feitos somente em casos graves da infecção e ainda se vê conduções lotadas de trabalhadores que não foram liberados para quarentena. Isso se reflete no registro de contágio: no terceiro dia de recomendação de quarentena (18/03), havia 55 infectados na cidade do Rio; no oitavo dia (22), o número já subira para 168.

Muitos dos trabalhadores que não foram autorizados a ficar em casa moram em favelas, correndo alto risco de contrair o vírus e transmitir a seus familiares. A realidade de casas em que moram muitas pessoas com poucos cômodos também não faz parte da pauta do Estado.

Estudos da Universidade de Brasília (UnB) indicam que o aumento do contágio acontece de maneira exponencial, ou seja, está em constante aumento. No caso do Covid-19, cada pessoa infecta três, três infectam nove, nove infectam 27 e assim por diante. Com a falta de testagem em massa na população, muitos casos podem não ser notificados e não haverá controle da transmissão do vírus.

Medidas de controle e prevenção

Alguns países, principalmente asiáticos, têm sido modelos a serem seguidos na questão do controle da epidemia. Japão e Cingapura não esperaram uma explosão de casos para isolar contaminados e incentivar falta de contato. China e Coreia do Sul, que já apresentavam milhares de casos, conseguiram estabilizar a situação com alto número de testes, rastreamento e isolamento de pessoas que tiveram contato com infectados, toque de recolher, bloqueio de transportes e distanciamento social.

Medidas mais próximas das que a OMS tem recomendado estão sendo tomadas pelos governadores João Dória (São Paulo) e Wilson Witzel (Rio de Janeiro), estados com primeiro e segundo maior número de casos registrados, respectivamente, e os únicos a registrar mortes pelo Covid-19.

Até agora, Witzel determinou fechamento de shopping centers, cancelamento de eventos e suspendeu aulas, reduziu a frota de transportes públicos, restringiu a lotação de bares, fez recomendações para que as praias sejam evitadas dentre outras medidas. Desde o dia 21 de março, a cidade do Rio foi isolada do restante da região metropolitana, proibindo a circulação de ônibus intermunicipais e limitando a circulação de barcas, trens e metrôs. Apenas pessoas que trabalham com serviços essenciais estão sendo liberadas, após comprovar a sua atividade. Em âmbito municipal, o prefeito Marcelo Crivella determinou que os ônibus só podem circular com passageiros sentados e fechamento do comércio a partir desta terça (24), exceto farmácias, supermercados, hortifrutis, padarias, hospitais e postos de gasolina. São considerados serviços essenciais:

  • Trabalhadores do serviço público;
  • Trabalhadores da área de saúde;
  • Trabalhadores de gêneros alimentícios, como supermercados e hortifrutis;
  • Trabalhadores de transporte, logística e entrega;
  • Trabalhadores de segurança;
  • Trabalhadores de imprensa;
  • Trabalhadores do setor industrial, como indústria farmacêutica, de material hospitalar, alimentos, produtos de higiene;
  • Trabalhadores de limpeza urbana e coleta de lixo.

Coronavírus: o fator globalização

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O grande problema de vírus como o COVID-19 é a comunicação.  
Em 23 de março de 2020 às 9h24.

Jorge Melo

O Coronavírus provocou uma pandemia mundial, que não respeita fronteiras e se espalha pelo mundo numa velocidade assustadora. Teve origem na China na cidade Wuhan, capital da província de Hubei. E quando detectado, em dezembro de 2019, foi chamado de a doença de Wuhan, o que não é correto e muito menos justo. Uma pandemia não tem pátria, poderia ter surgido em qualquer país do mundo. A China agiu rapidamente, convocou médicos e profissionais de saúde, montou em duas semanas um hospital com mil leitos e decretou uma quarentena severa, 56 milhões de pessoas só em Hubei.

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom,  considerou a cidade chinesa, onde foi comunicado o primeiro caso do novo coronavírus (SARS-CoV-2), um exemplo de esperança para todo o mundo. Epicentro da epidemia na China, com quase 50.000 enfermos e mais de 2.000 mortos antes do início de março, Wuhan conseguiu controlar a doença e não registrou nenhum novo caso de contaminação local por três dias, da quinta feira, 19 de março ao sábado, 22 de março.

O grande problema de vírus como o COVID-19 é a comunicação.  Num mundo globalizado pessoas e mercadorias circulam o tempo todo. O celular vem da China, a camiseta das Filipinas, o tênis da Malásia e a camisa de algodão de Bangladesh. E comércio significa deslocamentos contínuos de pessoas. 

O coronavírus foi isolado e identificado pela a primeira vez, em 1937. Mas só em 1965, com o surgimento de microscópios mais potentes, foi descrito como coronavírus, por causa de sua aparência de coroa.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) vivemos uma pandemia de um novo coronavírus, chamado de Sars-Cov-2. Nas duas primeiras semanas de março o número de casos de Coronavírus  [doença provocada pelo vírus COVID-19] fora da China aumentou 13 vezes e a quantidade de países afetados triplicou, alcançando 118 mil infecções em 114 nações. 

Europa e Estados Unidos

A definição de pandemia, de acordo com a OMS, não depende de um número específico de casos. Considera-se que uma doença infecciosa atingiu esse patamar quando afeta um grande número de pessoas espalhadas pelo mundo. A OMS evita usar o termo com frequência para não causar pânico ou uma sensação de que nada pode ser feito para controlar a enfermidade.

Circulando o coronavírus chegou os Estados Unidos e à Europa. Nos EUA, entre os dias 22 e 23 de março, segundo dados da Universidade John Hopkins, usados como referência, morreram cem pessoas, elevando o número de vítimas fatais para 389. O número de casos confirmados chegou a 26.900 na manhã do domingo (22), colocando o país em terceiro lugar no mundo, atrás de China (81.054) e Itália (53.578). Em 24 horas, os EUA registraram 2.693 novos casos de contaminação, mais que o dobro de todos os casos brasileiros até agora.

Na Europa, o coronavírus atingiu a Itália de forma devastadora. Entre os dias 22 e 23 de março, quando fechamos essa edição, foram 793 mortos, totalizando 4800.. Na Espanha a situação também é preocupante. Até o dia 23 de março, mil e trezentas pessoas tinham morrido e 25 mil estavam infectadas. E esses números estão crescendo em progressão geométrica. 

A jornalista brasileira Beatriz Falleiros vive um verdadeiro drama. Partiu para Madrid, no início de março. Pretendia viajar pela Europa de carro com o filho, Ulisses Frare, arquiteto que vive e trabalha na capital espanhola, mas foi apanhada pela quarenta e a suspensão dos vôos para o Brasil. Não sabe quando volta mas  procura enfrentar a situação com tranquilidade. “A quarentena estimula a criatividade para preencher o vazio de gente, de rua, e atenuado o tédio que se instala, eu e meu filho achamos até um bar virtual que reúne pessoas em isolamento mundo afora que se conectam para conversar e fazer tim-tim.”

Beatriz conta que a quarentena em Madrid é rigorosa, “sair, só uma pessoa de cada família, para ir ao supermercado ou à farmácia. A polícia exige as notas fiscais e quem não se explicar pode pagar uma multa alta e até ser preso, mesmo assim é o maior prazer da cidade-fantasma ir ao mercado rapidinho, com máscara e sacola. Os policiais te param para saber onde você vai, pedem endereço. A gente pode sair rapidamente também para depositar o lixo”.

Mas nem tudo é ruim, segundo Beatriz, a solidariedade e o espírito comunitário ajudam a seguir em frente ”todas as noite, nas sacadas e varandas dos prédios a gente conversa com os vizinhos, tem sempre gente cantando e regularmente nós aplaudimos médicos, enfermeiros e agentes de saúde que estão cuidando da população”. Ao mesmo tempo as autoridades vão tornando o controle mais rígido, “medidas mais duras vão limitando a rotina já tão restrita da vida em isolamento, a medida mais recente foi o fechamento dos hotéis”, diz ela.

Portugal 

Assustado com a situação na Espanha, o governo português procurou se antecipar e desde de 16 de março tomou uma série de medidas para evitar que o coronavírus se espalhe pelo país com a velocidade que atacou a Itália e Espanha. Em Portugal, até o dia 23 de março foram registrados 1600 casos e 14 vítimas fatais do coronavírus.   A quarentena e a redução das atividades foram as mais importantes. Portugal e Espanha são praticamente um país só com um intenso intercâmbio econômico, social e cultural. 

Flora Costa Nogueira é cidadã portuguesa, mas nasceu e viveu a maior parte da vida no Brasil. No fim de 2018 decidiu ir morar em Portugal, em busca de uma vida mais tranquila. Escolheu uma pequena vila, a 40 quilômetros de Lisboa, Aveiras de Cima. Segundo ela, estamos lutando contra um inimigo invisível. Em Portugal, reuniões em família, cultos em igrejas, eventos passeios, exercícios em grupo estão proibidos, 

nos bancos é atendida uma pessoa por vez, sem máscara para poder ser identificada. “As filas se formam do lado de fora, com espaço de um metro e meio entre cada uma delas; os hospitais criaram entradas separadas para quem tem suspeita de contaminação e o sistema de saúde pede aos cidadãos que não busquem os postos de saúde nem hospitais; foi liberado um número de telefone para o primeiro contato. O vírus não faz distinção de religião, classe social ou situação. Mas como é mais mortal para aqueles que já tem algum problema de saúde como asma, bronquite, diabetes. É preciso que todos contribuam para a evitar a propagação da doença”.

Segundo a diretora-geral assistente para Acesso a Medicamentos, Vacinas e Produtos Farmacêuticos da Organização Mundial da Saúde, a brasileira Mariângela Simão, não existe no momento nenhuma vacina apta para combater o coronavírus mas 20 estudos estão em curso “ essas pesquisas demandam tempo, em torno de um ano. Por isso as medidas preventivas como o isolamento são tão importantes”, diz ela.

É #FakeNews que morador do Morro do Timbau, na Maré, contraiu Covid-19 e está circulando, colocando em risco a saúde dos demais moradores

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Os veículos de notícias estão trabalhando diariamente para reportar informações verdadeiras e combater as falsas; veja dicas para checar a veracidade de notícias

Flávia Veloso

Nos últimos dias, circulou em grupos de WhatsApp que um morador da Rua Meireles, no Morro do Timbau, havia contraído Covid-19 e estava circulando constantemente pelas ruas, usando máscara e luvas, colocando a saúde dos mareenses em risco. De fato, esse morador apresentou sintomas e procurou uma Unidade de Pronto Atendimento, para receber orientações. Por estar com sintomas do novo coronavírus, ele foi orientado a fazer quarentena, e desde então o morador está cumprindo corretamente a orientação. Até o momento, o único caso confirmado em favelas cariocas é o de um morador da Cidade de Deus.

É muito importante que a população tome todos os cuidados para não compartilhar fake news, principalmente em um momento de crise na Saúde. Os veículos da grande mídia, portais de comunicação de favelas e agências de checagem de fatos têm trabalhado diariamente para divulgar informações verdadeiras e combater as falsas sobre o novo coronavírus.

DESCONFIE PARA NÃO DESINFORMAR

Quando receber uma notícia ou informação, confira qual veículo está reportando. Se você não reconhecer, faça uma busca no Google, e procure saber se outros sites conhecidos e confiáveis estão corroborando ou não aquilo. Caso a dúvida permaneça, é melhor não compartilhar. A intenção pode ser a de ajudar seus amigos e familiares, mas a consequência pode ser o contrário.

Da Maré para o mundo

“Garotas da Maré”, página de comunicação tocada por duas mulheres da Maré e direcionada principalmente para o público feminino, aborda temas da atualidade com muita informação e clareza

Maré de Notícias #110 – março de 2020

Flávia Veloso

Política, feminismo, cultura, entretenimento, atualidades, história… O perfil no Instagram das “Garotas da Maré” tem como objetivo atingir o público – principalmente o feminino – com informação, embasamento, clareza e leveza na escrita: um papo de mulher para mulher. Com cerca de quatro meses de atividade, suas criadoras e administradoras, as irmãs Simone Lauar e Anna Cláudia Neves, moradoras do Salsa & Merengue, na Maré, selecionam diariamente conteúdos informativos que conversam com a atualidade e colocam leitores e leitoras para pensar e refletir sobre os acontecimentos e a sociedade.

Simone viu que faltava algo na comunicação que retratasse a Maré além das questões da segurança pública: “As coisas que eu mais vejo sobre a Maré nos veículos de comunicação sobre tiroteio e morte, e acabam associando a gente a só isso. Eu queria fazer algo que fugisse disso e ainda assim que falasse do território, porque aqui dentro tem cultura, informação e outros assuntos que não a violência. E o conteúdo da gente não deixa de ser jornalístico, mas é feito de uma forma mais branda, mais leve e mais objetiva.”

Um novo olhar para o território

Mesmo morando na Maré há 20 anos, Simone Lauar, que é quem escreve e faz as publicações, não se sentia parte da favela. Anos depois, terminando o ensino médio no Colégio Estadual César Pernetta, localizado no Parque União, assistiu a uma palestra da jornalista Gizele Martins no colégio, que despertou em Simone interesse pela comunicação. E foi essa ferramenta que abriu seus olhos para a importância e a riqueza do lugar onde já morava há anos.

Foi voluntária de um jornal comunitário da Maré durante quatro anos, mas sentia que precisava de um espaço onde pudesse falar de outros assuntos que considerava relevante para o público. Foi quando resolveu criar o “Garotas da Maré”, que é, como diz em sua página: “notícias pelos olhos de garotas mareenses”.

Marielle plantou semente

“Foi lá [no jornal em que trabalhei] que eu conheci a Marielle. Não falo que sou semente dela à toa, só para parecer bonito. Ela realmente ampliou minha visão para muitas coisas, em relação à política, à favela. Eu achava que morar aqui era um castigo, mas ela me fez perceber que a favela, na verdade, me enriquecia muito. Ela é minha maior inspiração, eu aprendi com ela muito do que sei”, disse Simone.

As donas do blog fazem questão de sempre incentivar a leitura e a busca por conhecimento: “Se nós temos o país que temos hoje, é porque as pessoas não estão sintonizadas principalmente com a história, com o passado. Um exemplo disso é quando as pessoas exaltam a ditadura e pedem sua volta. Meu avô foi perseguido na época da ditadura militar, ele era sambista, e ser sambista naquela época era sinônimo de ser vagabundo.”

Lauar pretende estudar comunicação e fazer cursos na área, pois tudo o que aprendeu até então foi praticando a profissão. Entretanto, os planos de estudo não param por aí. A comunicadora pretende cursar Ciência Política, o que também pode servir como embasamento para seus conteúdos de opinião. Descendente de família mineira e de mulheres cozinheiras, Simone quer ainda se aperfeiçoar na culinária, com uma faculdade de gastronomia, área em que já trabalha fazendo quentinhas vegetarianas e veganas que entrega dentro e fora da Maré a preços acessíveis.

E, aos poucos, o objetivo de informar – especialmente o público feminino – das Garotas da Maré vem se cumprindo. Mulheres da família, amigas e vizinhas já comentam com Simone e Anna que suas publicações as levaram a questionar, pesquisar e buscar respostas. Daqui pra frente, é fazer o público crescer ainda mais.

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