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Operações com uso da força na Maré não são garantia de segurança pública

Operações conjuntas do governo estadual e federal nas favelas da Maré priorizam uso da força e a presença armada do Estado no conjunto de favelas

“Medo dessa operação.” “Vem operação ai.” “Logo agora faltando pouco tempo para as férias das crianças, sem aula, não mando meu filho de jeito nenhum.” “Fiquemos atentos.” 

Após o anúncio e a visibilidade nacional dada a uma operação conjunta do Governo do Estado do Rio de Janeiro e o Governo Federal, moradores do conjunto de favelas da Maré vivem dias de expectativa e medo. O Governo do Estado do Rio de Janeiro, por meio de pronunciamentos do governador Claudio Castro, tem previsto o uso da força e forte presença bélica como estratégia da chamada “Operação Maré”. A ação foi anunciada dias depois do programa do Fantástico, da TV Globo, noticiar imagens de uma investigação da Polícia Civil.  

Na contrapartida do que se espera sobre o uso da inteligência no campo da segurança pública, o que o Governo do Estado tem anunciado é o forte uso da força. De acordo com o governador Cláudio Castro a operação na Maré contará com a atuação de mil homens das forças de segurança estaduais, 12 blindados, 50 viaturas, três aeronaves, drones com inteligência artificial de reconhecimento facial e de placas, cinco ambulâncias e uma unidade para demolição de barricadas. O governador também afirmou que serão utilizadas ainda câmeras nas operações. 

O momento atual é de diálogos entre o Governo do Estado do Rio de Janeiro e o Governo Federal e não há previsão concreta sobre o início das ações. Há monitoramento das vias próximas à região da Maré. A assessoria da polícia militar, da Polícia Civil e do Governo do Estado do Rio de Janeiro não retornaram o Maré de Notícias sobre prazos e detalhes sobre as ações, até o fechamento desta matéria.

Descumprimento contínuo de determinações jurídicas federais

Apesar do avanço da discussão à nível federal sobre a redução das violências e violações durante operações policiais nas favelas do Rio de Janeiro –  fruto do trabalho de organizações da sociedade civil que buscam alternativas a lógica militarizada – o eixo Direito à Segurança Pública e acesso à Justiça da Redes da Maré, que é uma dessas organizações que protagoniza esses movimentos, vêm mapeando uma série de violações e de descumprimentos das determinações da ADPF das Favelas nas operações policiais na Maré. 

Sobre as dinâmicas das operações na Maré, desde junho de 2020, período da primeira decisão liminar da ADPF das Favelas, 77  operações policiais ocorreram em ao menos uma das 16 favelas da Maré. Nessas  77 operações policiais:

  • 49 pessoas foram mortas por arma de fogo;
  • 34 dias de atividades suspensas nas escolas;
  • 47 dias sem atendimento nas unidades de saúde;
  • 413 violações de direitos, sendo 131 denúncias de invasões a domicílios.

Em absoluto descumprimento às determinações da ADPF. Durante esses três anos não foi identificado o uso de câmeras em fardas e viaturas policiais em nenhuma operação policial. Em apenas uma operação houve a presença de ambulâncias no território para socorrer feridos. O plantão do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro foi acionado 18 vezes pela Redes da Maré e, até o presente momento, as famílias em acolhimento não obtiveram retorno sobre as denúncias. Além disso, o Estado do Rio de Janeiro ainda apresentou versão do seu Plano de Redução da Letalidade Policial e Controle de Violações de Direitos Humanos que notoriamente não atende a todos os requisitos impostos pelo STF.

“É porrada na criminalidade”, afirmou o governador Cláudio Castro durante a posse do novo secretário da Polícia Civil do Rio de Janeiro, José Renato Torres do Nascimento. O posicionamento favorável e indiscriminado ao uso da força não é novo em discursos do governador. 

O Boletim Direito a Segurança Pública na Maré 2022 mostra que as mortes em decorrência da violência armada nas favelas da Maré caracterizam-se pelas evidências de execuções – foto: Affonso Dalua – Maré de Notícias

Onde nasce a violência? 

“Para a gente chegar a isso, muita coisa aconteceu antes. E uma das coisas foi justamente a falta de compromisso e de soberania do Estado naquilo que é público, naquilo que ele faz em relação à própria cidade. E a resposta para esse fato não pode ser de efeito”,  destacou Eliana Sousa, fundadora e diretora da Redes da Maré, em entrevista para a Folha de São Paulo.

Eliana chama a atenção para o fato de em muitas outras áreas, para além da segurança pública, o Estado não cumprir com seus deveres na Maré. Também destaca a instabilidade e o medo que anúncios como o feito pelo governo do estado gera em milhares de moradores da Maré e afirma que a organização está num processo de diálogo com a prefeitura, o governo do estado e o governo federal para que outras demandas do território também possam ser observadas e atendidas nesse momento. Ela reitera que não haja apenas um super investimento em segurança pública.

“Considerando que a violência é um processo complexo, multicausal e multiescalar, as estratégias de enfrentamento também devem ser sofisticadas e variadas. As respostas devem ser preventivas e integradas, com soluções a médio e longo prazo. Soluções que somente poderão ser eficazes se aplicadas junto a outras estratégias de efetivação de direitos para os moradores destes territórios, para além das ações policiais”, destaca também nota pública da Redes da Maré sobre a ação. 

Para Daniel Hirata, professor de Sociologia e coordenador do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (UFF), a existência e práticas dos grupos armados em favelas se devem também por meio da conivência do Estado em diversos níveis, “direta ou indiretamente, do executivo, do legislativo, dos órgãos de fiscalização, das forças policiais. Então, atuar contra a penetração desses grupos no Estado seria forte”. O professor ainda complementa que a “atuação do Estado com relação aos grupos armados, deve ser feita não só a partir de ações reativas e repressivas, mas, sobretudo, num trabalho proativo e de atuação sobre as bases políticas e econômicas desses grupos”. 

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Resultado de processos de incidência pela garantia de direitos

O Ministério da Justiça e Segurança Pública informou, em nota na última quarta-feira, 4 de outubro, que o Secretário Executivo Ricardo Cappelli recebeu notificações do Ministério Público Federal do Rio de Janeiro com questionamentos e exigências sobre o apoio da Força Nacional às polícias estaduais do Rio de Janeiro e o secretário irá dialogar com o procurador do MPF. 

Até que esse diálogo aconteça, as forças federais não irão atuar na operação conjunta com o Governo do Estado do Rio de Janeiro, na Maré, segundo a nota. 

Opinião de quem tem o cotidiano afetado

De acordo com o relatório “Saúde na Linha de tiro: impactos da guerra às drogas no acesso à serviços de saúde no Rio de Janeiro”, que integra o projeto Drogas Quanto Custa Proibir, coordenado pelo CESeC (Centro de Estudos de Segurança e Cidadania), o número de pessoas com hipertensão arterial, insônia prolongada, depressão e ansiedade é maior nas comunidades mais expostas a tiroteios com presença de agentes de segurança. 

O Censo de Empreendimentos da Maré de 2014 mostra que nas favelas da Maré há mais de 3 mil empreendimentos da área de serviço e que são responsáveis por gerar emprego e renda para mais de 9 mil pessoas com mais de 15 anos de idade. “Acontece a operação, aí a consulta é adiada, aí tu vai levar mais não sei quanto tempo. As escolas fecham, as crianças, coitadas das crianças, ficam sem aula. Pelo menos a gente já está acostumado com a rotina, com o dia a dia. E tendo a operação, vai adiantar o quê? Eles vão botar cursos gratuitos para o povo? Eles vão ver emprego pro povo? Eles não vão trazer nada de benefício,” desabafa uma comerciante da Maré. 

A moradora, que preferiu não se identificar, também relatou os impactos das operações no cotidiano dos comerciantes locais: “O comércio fechado, a gente deixa de ganhar, a gente tem conta pra pagar. Quem tem o seu comércio próprio, que vive daquilo, vai atrasar as contas, vai atrasar a dívida, vai piorar a vida das crianças, vai piorar a vida da saúde, vai piorar tudo. E o dinheiro que é investido? Você acha que vai 100% para educação? 100% pra alguma coisa? E ninguém tá pedindo nada, o morador não tá pedindo nada.”

Paulo César Ramos Justino, de 43 anos, morador da Vila do Pinheiro destaca os desafios para acesso a empregos fixos para moradores de favelas. “Eu tô há 8 meses parado fazendo o bico no caso, mas não tô com minha carteira assinada, porque eu coloquei meu currículo numa empresa e eu senti que essa empresa não me chamou porque eu moro em comunidade, porque a qualquer hora pode ter operação e o funcionário tem que faltar 2, 3 dias. Então, assim, como é que você entra numa empresa, já de início você vai faltar 3 dias? Na verdade, pra sociedade a gente é invisível. Todas as pessoas que moram em favela, comunidade, são invisíveis para a sociedade”. 

Os empreendimentos da Maré empregam mais de 9 mil moradores da região de acordo com o Censo de Empreendimentos da Maré (2014) – Foto: Affonso Dalua – Maré de Notícias

Outro morador que também preferiu não se identificar, transmite a descrença sobre a resolução dos desafios impostos pela segurança pública na Maré por meio de operações policiais. “A gente sabe que isso nunca vai acabar. Isso aí é só um paliativo para dizer que fez e que pegou dinheiro para determinada coisa (…) a gente tenta viver aquele sonho achando que a polícia entrando na comunidade fazendo determinada coisa vai mudar, mas na verdade não vai mudar em nada, vai continuar tudo na mesma.”

 Maré recebe biblioteca itinerante

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Biblioteca itinerante, que já está funcionando em Salvador, Recife e São Paulo, multiplica o saber com acervo de 6.500 livros para todos os gostos e todas as idades: levando um livro já lido, o leitor escolhe um exemplar novinho em folha para chamar de seu

A Maré acaba de receber uma biblioteca montada sobre rodas que oferece um acervo diversificado de livros novos para serem trocados fomentando o incentivo à leitura. A estreia da iniciativa, que circulará pelo Rio até fevereiro de 2024,  acontece no Galpão Bela Maré, na Nova Holanda, na Maré, com alunos da comunidade recebendo a primeira visita da bicicleta, que leva em seu baú novas ideias, cidadania, diversão e educação.

Para o público em geral, a BiciBiblioteca estacionará todos os sábados, a partir do dia 7, na Feira da Teixeira Ribeiro, também na Maré, das 10h às 16h. Além disso, estará todo primeiro domingo do mês, começando no dia 8 de outubro, na Praia de Copacabana, no Posto 3, das 10h às 16h. Nessas ocasiões, qualquer pessoa poderá levar um livro que já leu e trocar por um novo gratuitamente. 

Além do Rio, a BiciBiblioteca já está em circulação nas capitais Salvador, Recife e São Paulo, por onde rodará até fevereiro de 2024. A estrutura do projeto prevê dois eixos para alcançar o público. Durante a semana, a biblioteca itinerante visita escolas públicas, instituições e organizações sociais, que possuem algum tipo de atendimento ou serviço à população, como centros de convivência e espaços culturais. Nos fim de semana, chega a espaços públicos com grande circulação de pessoas, como praças, feiras e avenidas fechadas para carros. Em ambas as situações, qualquer pessoa pode levar um livro que já leu e trocar por um novo livro. Paralelamente ao intercâmbio das obras, ocorrem  atividades de contação de histórias e leitura para as crianças.

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Todo o acervo da BiciBiblioteca converge para uma gama diversificada de autores brasileiros e estrangeiros de todos os tempos, de todos os gêneros. A começar por “Era uma vez”, de Hans Christian Andersen e Irmãos Grimm, “Narizinho e o príncipe Escamado”, de Monteiro Lobato, “O menino azul”, de Cecília Meireles, “O menino maluquinho”, de Ziraldo, “A luz como água”, de Gabriel García Márquez, a coleção completa de “Harry Potter”, de J. K. Rowling, “Meu crespo é de rainha”, de Bell Books, e “Caderno de rimas do João” e “Caderno sem rimas da Maria”, ambos de Lázaro Ramos. Em braile, o acervo conta com “O menino que via com as mãos”, de Alexandre Azevedo, “O que será que a bruxa está lavando”, de Elizete Lisboa.

Já para os jovens, o acervo traz títulos como “É Assim que Acaba: 1” e “É assim que começa”, de  Colleen Hoover, que estão na lista dos mais vendidos em 2023, e “Heartstopper: Dois Garotos, um encontro”, de Alice Oseman, que virou série de sucesso na Netflix. Para os adultos, o acervo traz os bestsellers “Coração de Tinta”, de Cornelis Funke, “Hibisco Roxo”, de Chimamanda Ngozi Adichie, “Pequeno manual antirracista”, de Djamila Ribeiro, e diversas biografias de personagens importantes do Brasil e do mundo como Rita Lee, Nelson Mandela e Ingrid Silva.

A grande quantidade e a qualidade dos livros da BiciBiblioteca têm a capacidade de torná-la uma grande aliada de professores da rede pública, pois os livros são instrumentos para se trabalhar em sala de aula e alavancam ideias para ampliar o horizonte dos conteúdos formativos. 

A BiciBiblioteca é realizada com recursos do Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac), via Lei Rouanet, tem patrocínio do Itaú Unibanco, a realização da FGM Produções, Girassol Incentiva, Ministério da Cultura  e Governo Federal. No Rio de Janeiro, o projeto é apoiado pelo Observatório de Favelas, por meio do Galpão Bela Maré.

Museu Virtual Rio de Marés foi lançado nesta terça-feira

O Museu Virtual conta a história da Maré, de bairros da cidade e pretende pesquisar outras favelas

O Museu Virtual Rio Memória lançou nesta terça-feira (3) a galeria Rio de Marés que reúne uma curadoria de textos e imagens da história do Conjunto de Favelas da Maré. O evento de lançamento aconteceu no Galpão Ritma onde representantes da iniciativa e pesquisadores falaram sobre a produção.

A Redes da Maré participou com apoio nas pesquisas para elaboração da galeria. A diretora da ONG, Eliana Silva abriu a inauguração falando sobre a importância do registro e de mostrar a história e identidade dos mareenses e como se sente parte da história. “A gente sabe da importância da gente tá registrando e mostrando como as pessoas chegaram aqui e suas identidades. Como uma pessoa que cresceu aqui na Nova Holanda pra mim é muito importante fazer parte dessa reconstrução e da busca dessas memórias” afirma.

A coordenadora do eixo Arte Cultura Memórias e Identidades da Redes, Pamela Carvalho pontua que a organização trabalha baseando suas iniciativas em torno dos direitos e destaca a importância da memória para a construção dos direitos à cidade. “Para a gente é muito importante ter uma galeria que coloque a Maré no centro do debate sobre Memória”

Evento de lançamento da plataforma aconteceu na Maré na última terça. Foto: Gabi Lino

A história contada de dentro

A idealizadora do Rio Memórias, Lívia de Sá Baião, de 58 anos, conta que a iniciativa busca mostrar “a história que não é contada” […] O Rio Memórias se propõe a registrar, divulgar e valorizar as histórias das cidades”.

Lívia explica também que a história da Maré não foi contada dividindo o bairro por favelas mas sim por sessões. Destacou os depoimentos dos moradores onde são contadas as próprias histórias e sua relação com a formação do bairro. “A gente acha que é assim que se conta a história de uma cidade, não é uma pessoa de fora contando” Sá Baião conta ainda que a tendência é incluir mais informações ao longo do tempo, já que a pesquisa não parou.

Construção do futuro através do passado

A pesquisa para a construção da galeria foi feita por Dani Figueiredo, de 28 anos, Tainara Amorim, de 27, ambas estudantes de história da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e Aristenio Gomes, de 32 anos, mestrando em História das Favelas na Universidade do Rio de Janeiro (UERJ). Os três moradores da Maré compartilham o questionamento da ausência da história das favelas.

Durante a conversa sobre o lançamento da galeria os pesquisadores comentaram que as principais informações são de entrevistas e acervos de moradores das 16 favelas, além de consulta a documentos públicos. Entre as dificuldades os pesquisadores destacam encontrar dados públicos uma vez que muitos não se cruzam com as informações passadas pelos moradores.

Aristenio, pontua ainda o apagamento da historia da população empobrecida e a importância do Rios de Marés já que “muitos só conhecem até a história dos seus avós”. Falando também sobre sua trajetória com a história da Maré o mestrando afirma que “lidar com a história coletiva da Maré foi a solução para a minha falta de identidade”.

O jornalista Hélio Euclides, de 48 anos, que faz parte do Maré de Notícias desde a primeira edição do jornal e é cria da Nova Maré, foi um dos entrevistados para a pesquisa. Para ele pensar na história é importante para a construção de narrativas. “Quando a gente vai lá atrás a gente consegue construir o presente e o futuro” pontua.

Jornalista do Maré de Notícias Helio Euclides colaborou com a pesquisa Rio de Marés. Foto: Gabi Lino

Liderança da Vila do João morre aos 63 anos

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Sebastiião Lessa, também conhecido como Boi leva no seu coração a Vila do João e o futebol

“Você foi simplesmente o ser humano mais íntegro e honesto que algum dia conheci. E pode ter certeza que jamais será esquecido. Pois pessoas assim especiais acabam por se tornar imortais. Descanse em paz e se puder sinta orgulho do bem e de todos os ensinamentos valiosos que deixou a tantas pessoas”, essa foi a mensagem de Pedro Francisco, presidente da Associação de Moradores do Conjunto Esperança, ao falar de Sebastião Lessa, conhecido como Boi, cria da Vila do João. 

Boi nasceu no bairro do Riachuelo, mas a mudança de vida veio em 1964, quando tinha quatro anos e passou pela primeira remoção. Com a justificativa da ampliação da Avenida Marechal Rondon foi assentado com a família no duplex da Nova Holanda. Na infância estudou na Praia de Ramos, na Escola Armando de Salles Oliveira. Antes de Jorge Bob’s (Jorge Geraldo) tomar conta do estacionamento do Bob’s, onde hoje é um restaurante popular, foi Boi que realizou esse serviço. 

Com o programa de moradia “Promorar”, na época do governo militar de João Figueiredo, aconteceu na sua vida a segunda remoção, sendo a Vila do João sua nova morada, desde a fundação. Trabalhou por dez anos na Vila Olímpica da Maré. Depois continuou seus ensinamentos no futebol para as crianças no campo do Palace, no Conjunto Esperança, de forma gratuita.

Outro marco na vida do morador foi o incentivo e organização de peladas, torneios e campeonatos dos veteranos, sendo coordenador do time Raiz da Vila.O morador e líder comunitário foi algumas vezes fonte e entrevistado do Maré de Notícias.

Sebastião também foi motivador da matéria sobre os 40 anos da Vila do João. Boi morreu na madrugada de domingo (01/10), aos 63 anos, de parada cardiorrespiratória. Ele deixa esposa, cinco filhos e quatro netos. Seu enterro ocorreu na tarde de segunda-feira (02/10), no cemitério do Caju.

Escolas GETs na Maré, o que são?

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Mudança na fachada das escolas municipais da Maré tem levantado dúvidas aos responsáveis dos estudantes

Fachadas de escolas na Maré com a identificação de novo modelo de ensino. Foto: Gabi Lino

Há algumas semanas, pais e outros responsáveis pelos alunos têm notado uma mudança na fachada das escolas municipais do Campus Maré. A colocação do letreiro GET tem chamado atenção e levantado questionamentos. Afinal, o que é GET? Qual diferença vai fazer na educação das crianças? Em quais escolas da Maré será implementado?

Fomos atrás dessas respostas e para “literalmente”, “começar do começo” respondemos: GET significa Ginásio Experimental Tecnológico e de acordo com a Secretaria Municipal da Educação, a proposta desse novo modelo é a abordagem de ensino que será “associada à programação (pensamento computacional) e à robótica (cultura maker)”.

Ainda de acordo com a nota: “O processo de aprendizagem acontece por meio de metodologias ativas, em que o aluno é o centro do processo de aprendizagem. Na abordagem STEAM [sigla em inglês] (ciência, tecnologia, engenharia, artes e matemática) temos a integração de diversas áreas do conhecimento permitindo a construção integral do saber”.

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A equipe do Maré de Notícias esteve no Campus para perguntar aos responsáveis dos alunos o que acham do novo modelo de aprendizagem.

Dayane Oliveira, de 34 anos, leva os filhos para a Escola Municipal Erpídio Cabral de Souza e para a Escola Municipal Olimpíada Rio 2016, ambas já receberam o novo letreiro informando a mudança e Dayane se mostrou empolgada.

“Espero que isso possa melhorar o aprendizado das crianças e que eles já saiam tendo uma direção para o que querem para o futuro“, afirma dizendo que foi informada da mudança logo após as férias escolares.

Mas nem todos os responsáveis estão por dentro do que significa GET e qual é a possível mudança para o ensino dos alunos. Entrevistamos alguns pais e mães e com excessão de Dayane, todos afirmaram que não sabiam o que significava.

“Eu não estou sabendo de nada, a escola não me disse. O pouco que eu sei, eu vi na televisão”, disse um deles que preferiu não se identificar.

Micaela de Alburqueque, de 25 anos, e Antônia Maria, 66 anos, que levaram filha e neta, respectivamente, também não sabem.

Para ser sincera eu nem tinha reparado aquela placa ali, estou vendo agora que você me falou“, afirma Antônia.

Ou seja, para muitos responsáveis que o Maré de Notícias entrevistou, a GET ainda é apenas uma sigla. Segundo a Prefeitura do Rio a inauguração do novo modelo acontece ainda este mês e toda a comunidade escolar será convocada a participar da cerimônia que contará com esclarecimentos sobre a transformação.

Quais escolas da Maré vão virar GET?

Ao todo, serão seis escolas que passarão a adotar o novo modelo de ensino, sendo elas: Escola Municipal Olimpíadas Rio 2016, Escola Municipal Osmar Paiva Camelo, Escola Municipal Lino Martins da Silva, Escola Municipal Genival Pereira de Albuquerque, Escola Municipal Nova Holanda e Escola Municipal Erpídio Cabral de Souza.

Cinco coisas que o SUS oferece, mas você não sabia

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Conheça algumas ações promovidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) que vão além do habitual tratamento de doenças

Foto: PAC/ Flickr

Você conhece o Sistema Único de Saúde (SUS)? Se pensou nos atendimentos que teve em unidades da rede pública de saúde, está no caminho certo! O SUS é um sistema público que garante à população acesso integral, universal e gratuito a serviços de saúde. Portanto, isso inclui o diagnóstico e o tratamento de doenças em Unidades Básicas de Saúde (UBSs), Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e hospitais de grande porte. Mas não é só isso! Conheça cinco coisas que o SUS também oferece, mas que talvez você não saiba.

Fiscalização de comida, cosméticos, medicamentos…

Sabe aquela refeição que você adora comer no restaurante? Então, tem SUS aí! O alimento que consumimos, seja comprado no supermercado ou em restaurantes e lanchonetes, é fiscalizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A unidade é vinculada ao SUS.

A Anvisa garante o controle de qualidade e higiene dos alimentos, mas também dos cosméticos, dos produtos de limpeza, das vacinas, dos medicamentos e de outras coisas. Atua até em aeroportos, portos e fronteiras para evitar a entrada e a propagação de doenças vindas de outros países.

Então, por meio da Anvisa e de outros órgãos de vigilância sanitária presentes nos estados e municípios, o SUS também atua na identificação e na prevenção de riscos à saúde e ao ambiente.

Vigilância de doenças transmitidas entre animais e pessoas

Levou seu cãozinho para vacinar? Novamente, o SUS estava por lá! A vigilância sanitária de zoonoses, isto é, de doenças transmitidas entre animais e pessoas é uma ação do Sistema Único de Saúde. E isto inclui a imunização de animais. Porém, não para por aí!

Cabe ainda à vigilância sanitária de zoonoses atividades como castração de cães e gatos, controle de pragas, prevenção e controle de doenças de animais urbanos e rurais. Além disso, é responsável por checar se as clínicas veterinárias e os pet shops estão cumprindo normas sanitárias.

Saneamento básico também é coisa do SUS

Acesso à água potável, tratamento de esgoto e estratégias para destinação adequada do lixo são serviços de saneamento básico e também são ações do Sistema Único de Saúde. A Fundação Nacional de Saúde (Funasa), que é integrante do SUS, promove ações de saneamento básico em municípios com até 50 mil habitantes.

E ainda tem mais SUS nessa história! Afinal, ele também garante a qualidade e a segurança da água que bebemos a partir do Programa Nacional de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Vigiagua). Isto porque o Vigiagua é estruturado a partir dos princípios do SUS.

Banco de leite humano

Alguns bebês que nascem antes do tempo (com menos de 37 semanas de gestação) ou com baixo peso e que não podem ser alimentados pelas próprias mães podem ter acesso a leite a partir da Rede de Bancos de Leite Humano (sBLH-BR).

Esta é uma iniciativa do Ministério da Saúde coordenada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A Fiocruz, por sua vez, é uma instituição pública vinculada ao Ministério da Saúde e que compõe o SUS.

A Rede de Bancos de Leite Humano é responsável pela coleta, processamento e distribuição de leite humano aos bebês que precisam. Mas também fornece apoio e orientação sobre aleitamento materno a todo mundo que procura uma das mais de 200 unidades existentes no país. E tudo de forma gratuita!

Vacinas especiais

Provavelmente, você já recebeu alguma vacina no SUS fornecida pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) em Unidades Básicas de Saúde (UBS). Mas sabia que o SUS também disponibiliza imunizantes especiais? Eles podem ser encontrados em Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE).

As vacinas específicas são destinadas a pessoas que apresentam alguma condição que as deixam mais vulneráveis a infecções. Este é o caso também daquelas que apresentam alergia grave a componentes das vacinas disponíveis nos serviços de saúde, bebês que nascem com muito baixo peso, profissionais de saúde expostos a riscos, entre outros. Em todos os casos, o acesso aos imunizantes especiais é gratuito, no entanto, para ser atendido no CRIE é necessário um encaminhamento prévio para a unidade.

Essa matéria foi publicada originalmente pela Invivo