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Carta de Saneamento da Maré 2024 destaca crescimento populacional e baixo IDH

Documento lançado na pré-conferência da Maré debate justiça climática e a transformação ecológica do bairro com soluções locais

A  Pré-conferência Municipal do Meio Ambiente e Mudança do Clima, realizada na Areninha Municipal Herbert Vianna, na última quinta-feira (26),  apresentou problemas e propostas de soluções, para questões ambientais e sociais do bairro. No evento, foi divulgada a Carta de Saneamento da Maré 2024.


Buscando aprimorar a primeira carta feita em 2020, a Redes da Maré e o Data_labe apresentaram durante o encontro, um novo diagnóstico relacionado aos problemas de saneamento básico da Maré. A Carta de Saneamento da Maré 2024, revela que,o crescimento populacional do território, foi um dos maiores da cidade nos últimos anos, mas em paralelo, passou a ocupar um dos piores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH).

Para a diretora do Data_labe, Clara Sacco, a discrepância dos dados, demonstra a negligência do poder público com o bairro: “não temos políticas públicas comprometidas com os dados. Se você tem uma área que cresce mais do que as outras, isso significa que você precisa olhar para ela com mais cuidado. É mais gente aglomerada, sem condições de boa moradia, conforto e acesso a equipamentos de saúde, resultando em problemas socioambientais.” Pontua.

O IDH ajuda a entender o bem-estar e a qualidade de vida, considerando fatores específicos de cada município, levando em consideração também, os critérios: longevidade, renda e educação.

A carta, também revela que, menos de 1% do esgoto produzido pela Maré é direcionado para  a estação de tratamento, resultando na poluição da Baía de Guanabara, que é para onde o escoamento das casas é direcionado. Umas das soluções apresentadas para o problema, é a retomada efetiva dos Planos de Saneamento Municipal e Programa de Saneamento Ambiental.

Com o município em ano eleitoral, a nova carta será apresentada para os candidatos à prefeitura do Rio, reunindo as demandas do território, contra o combate ao racismo ambiental, em meio a emergência climática. 

Pré-conferência da Maré debate justiça climática


Realizada pelo Eixo Direitos Urbanos e Socioambientais da Redes da Maré, em parceria com o Data_labe, e apoio da Rede Comuá e Casa Fluminense, o evento teve como principais pontos de discussão a justiça climática e a transformação ecológica, debatidas por meio do lançamento de dados que retratam o cenário atual da Maré.

Entre os dados apresentados, destaca-se a quantidade de lixo. Os mais de 140 mil moradores geram diariamente de 200 a 250 toneladas de lixo domiciliar. Como alternativa de solução, o Ecoclima sugere a separação do lixo seco do úmido, e a compostagem, que é a separação do resíduo orgânico. Ou seja, todo lixo que some na natureza e que pode ser reaproveitado servindo para adubar plantas.

Ecoclima: mobilização hiperlocal


Visando conscientizar a população, as cartilhas ambientais do projeto EcoClima: “Ilhas de Calor”, “Manguezal”, “Saneamento Básico” e “Resíduos Sólidos” foram apresentadas com soluções que ajudam a mitigar problemas já existentes no bairro. 

Para a agente climática do projeto, Andreza Alves, pensar em mudanças climáticas para regiões periféricas da cidade, como a Maré, é um desafio: “A Maré é rodeada por três rodovias: Av. Brasil, Linha Amarela e Linha Vermelha, que contribuem para os efeitos das ondas de calor, além da falta de saneamento básico, que agrava ainda mais a situação”. Ela acrescenta que o projeto busca reduzir os efeitos do calor excessivo através do Telhado Verde e do biodigestor com WetLand.

Conferência Municipal do Meio Ambiente

O evento finalizou com reuniões em grupos para levantar discussões e propostas que serão levadas para 5ª Conferência Municipal do Meio Ambiente e Mudança do Clima. 

Entre os objetivos da etapa municipal estão: incentivar a participação da população na construção de propostas para o enfrentamento da emergência climática, criar e enviar 10 propostas, sobre os eixos temáticos, para a Conferência Estadual do Meio Ambiente. E eleger dentre os participantes, a delegação que representará o município na etapa estadual da 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente, observando os critérios de gênero e etnia.

A mobilização de moradores formulando possíveis soluções para problemas locais, reforça a necessidade de pensar em políticas públicas juntamente com quem vive a realidade, tornando concreto o poder da conscientização.

(*) Maiara Carvalho é estudante de Rádio e TV da Universidade Federal do Rio de Janeiro e faz parte do projeto de Extensão Conexão UFRJ com o Maré de Notícias.

Lixo acumulado e riscos à saúde: medidas para prevenir infestações domésticas

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De repente você está dormindo com o inimigo. Antes fosse apenas uma ficção como no filme do Agente 007, mas é a realidade das pragas urbanas que podem estar invadindo o seu lar. Após a invasão de uma casa, alguns móveis podem virar um esconderijo para esses insetos, como fogões, camas e sofás. Wilza Lucindo, moradora do Conjunto Pinheiros, já teve uma praga infestando a sua casa: percevejo. “Meu filho e a vizinha também tiveram esse problema. Muitas das amigas da minha filha também reclamaram sobre essa praga. Todos os dias vejo sofás, camas e colchões infestados no lixo”, conta. 

Valdenise Brandão, mais conhecida como Val, graduanda em paisagismo e gari, atuou em diversos espaços na Maré que antes eram locais de descartes indevidos de lixo e se transformaram em canteiros. Ela acredita que o grande vilão da proliferação de pragas para os lares é o descarte indevido do lixo. “Os moradores têm que fazer a sua parte, colocando o lixo bem embalado e fechado. Essa responsabilidade deve ser compartilhada com a companhia de lixo, que precisa realizar a coleta domiciliar adequadamente e organizar a coleta seletiva. Todos compartilhando a sua parte teremos uma cidade mais limpa e sem insetos”, define. 

No Conjunto de Favelas da Maré, alguns territórios como Salsa e Merengue, Morro do Timbau, Nova Maré e Nova Holanda conhecem bem essas infestações devido ao acúmulo de lixo. Apesar da coleta de lixo ser realizada todos os dias, o serviço ainda se mostra insuficiente diante da quantidade de lixo produzida pela população mareense. 

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Moradores da favela Salsa e Merengue relatam que os insetos tomam conta da Rua Projetada G. “É muito lixo no chão, os garis utilizam trator para a retirada. Temos que colocar sal na entrada das lojas e casas para evitar a invasão dos tapurus”, comenta a comerciante Vanessa Silva

De acordo com Marcelo Guimarães, engenheiro ambiental e pesquisador do Núcleo de Gestão Urbana e Saúde da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP) Fiocruz, esses insetos podem causar uma série de doenças e desconfortos. “As moscas varejeiras podem causar berne, que são as larvas que se alojam e crescem se alimentando da pele. Mosquitos como o Aedes Aegypti podem utilizar embalagens usadas que contenham água para servir de criadouro. Podem causar febres hemorrágicas como Dengue, Zika e Chikungunya. Ratos podem se esconder entre o lixo e potencialmente causar doenças como leptospirose e cólera. Escorpiões e cobras podem se esconder em resíduos de construção civil, restos de tijolos, telhas. Esses animais podem ser peçonhentos e causar muita dor, outros sintomas e até morte.”

O que fazer e o que não fazer? 

Ainda de acordo com o especilista, a primeira coisa a ser feita após se livrar do lixo, é limpar o local e lavar o chão. Além disso, evitar alimentos e água em lugares acessíveis para essas pragas está entre as recomendações. 

“Quanto aos insetos, você deve inicialmente eliminar todos os possíveis locais com água parada, onde os mosquitos colocam seus ovos. Por serem muito pequenos, é pouco provável que você os enxergue. Não deixe jarras, garrafas com água sem tampa na sua casa por mais de um dia”, ressalta. 

Sobre o que não fazer, ele alerta sobre um comportamento comum na tentativa de moradores de acabarem com pragas que já se instalaram: a queima de lixo. “Deve ser evitada, pois emite gases que são potencialmente tóxicos e cancerígenos, principalmente para crianças com problemas respiratórios.”

Segundo o pesquisador, é importante também o descarte do lixo próximo a hora que passa a coleta para evitar que os animais revirem as sacolas. “…[os animais] podem se contaminar comendo alimentos estragados e transmitindo doenças para os moradores como teníase, triquinose, cisticercose e outros”.

No entanto, em casos de pragas que já se instalaram e estão fora de controle, Guimarães indica a ajuda do departamento de controle de pragas da prefeitura no canal 1746.

A Companhia de Limpeza Urbana da cidade do Rio de Janeiro (Comlurb) pede para que todos respeitem a limpeza, mantendo quintais limpos, sem folhas, e ressalta que é de grande importância o descarte correto dos resíduos domiciliares. 

Sobre o Salsa e Merengue, a Comlurb informa que realiza a limpeza das caixas diariamente. A empresa completou que as segundas-feiras costumam acumular mais lixo por conta das festas realizadas no fim de semana no local. O órgão informa que ao ocorrer conflitos ou operações policiais não é realizada a coleta de lixo, para evitar que os garis corram algum risco. Contudo, a limpeza é realizada ao término ou no dia seguinte.

Telefonia fixa na Maré deixa moradores sem comunicação; tecnologia oferecida não atende moradores

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Uma pessoa de cada lado, com um barbante entre eles. Amarrado a cada uma das extremidades dois copos diferentes. Parece que os moradores da Maré vão precisar participar dessa brincadeira de criança, isso porque repentinamente usuários da telefonia fixa ficaram sem o serviço. Com o fim do serviço de cabeamento de cobre, anunciado este ano através de uma correspondência para os moradores, a tecnologia de fibra óptica foi implantada em diversos locais da cidade, menos nas favelas. Para substituir os telefones fixos, foram disponibilizados celulares de modelos antigos que não encontram sinal dentro dos domicílios. 

Com a privatização da telefonia fixa, esse serviço ficou sob a responsabilidade da Telemar. Hoje o serviço na cidade do Rio é dividido entre Oi, Vivo, Tim e Claro, todas com o serviço de internet em forma de combo. 

Solução que não soluciona

Na Maré apenas a Oi disponibiliza o serviço, não há concorrências. Quando os moradores foram comunicados do encerramento do serviço no Conjunto de Favelas da Maré, a empresa Oi ofereceu como solução um celular com chip, que garantia o mesmo número utilizado pelo cliente. A tecnologia oferecida é a WLL, que significa Wireless Local Loop, ou seja, acesso sem fio. A Oi ofereceu um prazo para que os consumidores adotem um novo modelo do serviço.

Para André Melo e Lucas Gomes, profissionais de Tecnologia da Informação (TI), o sistema WLL utiliza basicamente a rede 2G e 3G, que será disponibilizada em parceria com a empresa Tim, tendo um sinal fraco na Maré. Outra desvantagem é que o serviço só contempla a parte de voz, não utilizando a Velox, ou seja, a internet. Além disso, há a previsão da desativação da rede 2G e 3G futuramente no Brasil. Luzia Eleutério, moradora da Vila dos Pinheiros, confirma os problemas. “Foi um erro o que fizeram. Enviaram um celular tijolão que não funcionava, mas a conta continuava chegando, tive que cancelar o serviço. O problema é que tinha a linha há mais de 30 anos, agora parentes e amigos que só tinham esse número não vão conseguir falar mais comigo”, reclama. 

O serviço de telefonia da favela sempre foi precário. Nas casas era difícil o atendimento de qualidade. Nas ruas havia poucos orelhões e a maioria vivia com defeito. Hoje a internet ainda é como no restante da cidade. “Eu utilizei a linha por dez anos. De um ano para cá começaram as instabilidades no serviço, ficava sem telefone por sete dias ou mais. Entrava em contato com a empresa e eles justificavam, por mensagem eletrônica, que era manutenção na área. Não tinha um auxílio. Isso me gerou danos, pois ficava incomunicável, além de interferir também no acesso à internet. Já fiquei impossibilitada de marcar consultas, de entregar trabalhos na faculdade, por conta do desserviço. Por fim, recebi uma carta avisando sobre a descontinuação da linha após 60 dias, sem um motivo razoável. O meu sentimento é de indignação”, diz Érica Oliveira, moradora da Baixa do Sapateiro.

O direito de falar e ser ouvido também é um dos direitos humanos essenciais, sem os quais não há garantida a condição de dignidade para o ser humano. Vilma Cajueiro, moradora do Parque Maré, percebe essa ausência de direitos para a mãe deficiente e o pai com dificuldade de locomoção. “O telefone fixo favorecia muito a nossa comunicação. Mas nos últimos anos passou a apresentar problemas, tais como: se chovia a ligação ficava cheia de ruído; linhas trocadas e telefone mudo. Agora ficamos sem o serviço telefônico. Os meus pais receberam um mini celular que para a visão de idosos vira missão impossível. Além disso, não tem WhatsApp e o sinal da OI não pega dentro de casa. Hoje, apesar de tantos anos contribuindo com a OI, os meus pais estão sem comunicação, não podem pedir socorro em uma situação de emergência na saúde”, expõe. 

Direito a telecomunicação

A Constituição Federal, na Lei nº 9.472, de 1997, no artigo 3°, assegura que o usuário de serviços de telecomunicações tem direito à acesso com padrões de qualidade e regularidade adequados à sua natureza, em qualquer ponto do território nacional; à não ser discriminado quanto às condições de acesso e fruição do serviço; à informação adequada sobre as condições de prestação dos serviços, suas tarifas e preços; à não suspensão de serviço prestado em regime público, salvo por débito diretamente decorrente de sua utilização ou por descumprimento de condições contratuais; ao prévio conhecimento das condições de suspensão do serviço; de resposta às suas reclamações pela prestadora do serviço; de peticionar contra a prestadora do serviço perante o órgão regulador e os organismos de defesa do consumidor; e à reparação dos danos causados pela violação de seus direitos.

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) informou que a concessionária Oi é obrigada a prestar o serviço telefônico fixo (SFTC) em toda a área do município. No entanto, a regulamentação da Anatel não estabelece qual a tecnologia que deve ser implantada. A prestação do serviço fixo por meio de cabos de cobre, fibra óptica ou WLL é uma liberalidade da prestadora, desde que cumpra com os requisitos de qualidade e cobertura estabelecidos na regulamentação. O desrespeito à regulamentação pode ensejar sanções à prestadora.

Já a empresa OI declarou que como obrigações legais como concessionária de telefonia fixa, vem mudando gradativamente a tecnologia de seus serviços baseados em cobre para tecnologias mais modernas, em particular a de fibra óptica. Nos casos onde isso não é possível, a empresa está adotando a alternativa tecnológica de comunicação sem fio, conhecida como WLL (Wireless Local Loop), garantindo, assim, estabilidade e qualidade de serviço. Estas migrações vêm sendo realizadas gratuitamente e são previamente comunicadas aos clientes. Em todos os casos, são mantidos os números de telefones fixos dos clientes.

A companhia ressaltou que os serviços baseados na tecnologia de cobre vêm sendo drasticamente afetados pelos frequentes roubos e furtos de cabos, comprometendo dessa maneira tanto a disponibilidade quanto à estabilidade dos serviços e impactando um enorme número de clientes. Este cenário é agravado pelo fato de o cobre ser uma tecnologia obsoleta e economicamente insustentável, o que tem levado operadoras de vários países a substituí-la.

Doces e resistência comunitária: a força da tradição de Cosme e Damião na Maré

Tradição afro-católica lembra a força das ações de mobilização para a construção e memória da Maré

Por Millena Ventura

Edição #164 – Jornal Impresso do Maré de Notícias

Iniciado em 1979, o projeto visava eliminar habitações de risco em favelas situadas à beira da Avenida Brasil. Apesar do pouco investimento do Estado, a titularidade foi resultado de uma resposta comunitária às necessidades que o poder público vinha ignorando desde o início da ocupação da área, intensificada pela chegada de famílias removidas: da Favela do Esqueleto, do Morro da Formiga, do Morro do Querosene, da Praia do Pinto e de Macedo Sobrinho.

Isso levou à criação da Comissão de Defesa das Favelas da Maré (CODEFAM), organização que uniu associações de moradores e representantes da sociedade civil, visando acompanhar as obras e representar os interesses dos moradores nas negociações com o governo. Como parte do Projeto Rio, foram construídas as favelas Vila do João e Conjunto Esperança (1982), Vila do Pinheiro (1983) e Conjunto Pinheiro (1986).

Afro Catolicismo

Por consciência ou não, os resultados de ações de mobilização se encontraram no calendário com outra data comunitária importante, comemorado no dia anterior à entrega dos títulos de propriedade: o Dia de São Cosme e São Damião, celebrado em 27 de setembro. 

A tradição dos santos gêmeos, embora de origem religiosa, está profundamente enraizada no imaginário carioca como um dia de dedicação e cuidado com as crianças. Introduzido pelos portugueses, o culto a São Cosme e São Damião se misturou com elementos do sincretismo religioso, sendo associados aos Erês na umbanda e aos Ibejis no candomblé. Cosme e Damião, cujos nomes originais eram Acta e Passio, foram médicos que atendiam gratuitamente os mais pobres na Egea, tornando-se mártires da fé e, posteriormente, santificados.

Devido à diversidade regional, as celebrações variam entre os estados: na Bahia, é comum oferecer caruru a crianças e adultos; em Pernambuco, celebra-se com danças populares; e no Rio de Janeiro, especialmente no subúrbio, a tradição é a distribuição de doces e brinquedos. 

 O dia 27 é alvo de questionamentos devido à reforma católica, que deslocou as homenagens para o dia 26 de setembro. Contudo, devido às tradições e ao sincretismo, especialmente com o candomblé, no Brasil, a data original foi mantida.  Por isso, Nei Lopes, intelectual especialista em cultura afro-brasileira e de diáspora, compreende a celebração como uma manifestação afro-católica, ou seja, agrega diferentes símbolos cristãos e de religiões de matriz africana.

Para Nei Lopes, dentro das linhas gerais em que se desenvolveu a religiosidade africana no Brasil e nas Américas, espíritos, entidades e orixás precisam ser cultuados, para que, felizes e satisfeitos, garantam aos vivos saúde, paz, estabilidade e desenvolvimento.

Continuidade

A resistência à mudança de data veio acompanhada da compreensão de que a entrega de doces tem um significado de tradição e memória, simbolizando a partilha, independentemente de motivações religiosas. 

Uma matéria do jornal Última Hora, na época das mobilizações, relatava que: além dos doces, era comum a oferta de sapatos, brinquedos, roupas e alimentos, impulsionada pela crise econômica dos anos 1980. Muitas vezes, a distribuição de doces envolvia famílias inteiras, seja por promessas ou  pelo desejo de alegrar as crianças. A preparação incluía desde a compra até o empacotamento dos doces, em alguns casos, resultando em festividades na entrega.

Beatriz Virgínia, moradora do Conjunto Esperança, recorda essa dinâmica de infância. Nos anos 2000, os pais dela distribuíam doces em cumprimento a uma promessa feita a São Cosme e Damião pela cura de uma doença, que a acometeu na infância, agravada pelas condições precárias da localidade conhecida como Kinder Ovo, na Vila dos Pinheiros. 

“Além dos doces, meu pai, que era gráfico, também distribuía revistas junto com os sacos. Economizávamos durante todo o ano para cumprir a promessa e nos juntávamos dias antes para preparar a doação”, lembra Beatriz. 

A família dela não tinha uma religião definida. Isso permitiu também que ela pudesse experimentar as festividades da data e lembrar com carinho das memórias de fartura de doces em casa, nos dias que seguiam o 27 de setembro. Apesar da promessa ter sido de apenas sete anos, a família entregou doces durante 13, pois havia um envolvimento com a celebração. 

Ludmylla Braga, moradora da Nova Holanda e secretária da Casa Preta da Maré, é outra que mantém a tradição, mesmo sem ligação religiosa. Em 2023, ela preparou um bolo confeitado com várias cores para celebrar a data e homenagear as crianças, motivada pela ação que foi feita no trabalho, no ano anterior. 

O bolo para ela é um elemento essencial para as festividades, juntamente com o guaraná. A entrega de doces faz parte da sua infância e ela quis manter  isso na vida adulta: “Era maravilhoso, criança gosta de doce!”.

Apesar da diminuição da distribuição de doces no dia de São Cosme e Damião, por diversos fatores, é possível ver ainda famílias e organizações da sociedade civil que entendem a importância da data para as crianças manterem a tradição. Assim,  preservando a identidade cultural, já que esta é de uma festa que está diretamente ligada à união para a partilha e das mobilizações de famílias, que se organizavam todo ano para dar para as crianças um setembro mais doce.

Os Garotin se apresentam na Mostra Maré de Música nesta sexta (27)

Evento gratuito no Centro de Artes da Maré faz integração de artistas locais e renomados

Vai uma dica para o ‘sextou’? Se liga que nesta sexta-feira (27), vai rolar mais uma edição da Mostra Maré de Música, no Centro de Artes da Maré a partir das 20h. Nesta edição, o evento faz uma conexão entre o Rio de Janeiro e São Gonçalo, trazendo Os Garotin como a grande atração da noite de apresentações.

A Mostra Maré de Música é um evento gratuito promovido pela Redes da Maré. Nessa edição Os Garotin trazem seu repertório repleto de R&B, Soul Music, MPB e pop. Entre seus sucessos estão as músicas Zero a Cem, Curva Escura e Calor do Momento. O trio tem mais de 30 milhões de reproduções mensais nas plataformas de áudio e acaba de ser indicado ao Grammy em três categorias, Melhor Álbum Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa, Artista Revelação e Melhor Álbum de Engenharia de Gravação.

A noite será encerrada com os Jamaicaxias, um coletivo de artistas e criadores de conteúdo que promove conexões afro-periféricas através da música, usando a cultura popular jamaicana (Dancehall). O Dancehall é uma cultura composta não só pela música, mas também, outras manifestações artísticas como dança, moda, gastronomia e audiovisual, todos elementos presentes no coletivo Jamaicaxias.

O Centro de Artes da Maré fica localizado na Nova Holanda, o evento tem entrada gratuita, por ordem de chegada, e a lotação máxima é de 700 pessoas.

Sobre a Mostra Maré de Música 

A Mostra Maré de Música é um projeto da Redes da Maré que visa criar conexões musicais potentes. A conexão se dá através de shows que unem sempre um artista independente e um artista já consagrado. Dentre os objetivos da Mostra, destacam-se: revelar novas sonoridades, realizar encontros musicais inéditos, conectar artistas e públicos de diferentes partes do Rio de Janeiro, mostrar o potencial e valorizar artistas da Maré e periféricos, e firmar a Maré como palco alternativo da cena musical carioca. 

Quais são as funções de um prefeito e vereador? Entenda o papel dos cargos votados este ano

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As eleições municipais acontecem em outubro e elegem os representantes do povo pelos próximos 4 anos

Com as eleições municipais se aproximando, é fundamental entender o papel dos cargos de vereadores e prefeitos que serão escolhidos pelos eleitores. As datas para a votação são os dias 6 de outubro para o primeiro turno e 27 de outubro, caso haja empate entre os dois mais votados no cargo de prefeito, tornando necessário uma segunda votação. 

Segundo o Tribunal Superior Eleitoral, nas eleições municipais de 2024, mais de 150 milhões de pessoas em todo país estarão aptas a votar nas urnas eletrônicas em outubro. Cada posto em disputa tem responsabilidades cruciais para a administração e desenvolvimento dos municípios.

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O prefeito é a autoridade máxima do poder executivo municipal, responsável por gerir a cidade e implementar políticas públicas. Suas funções incluem elaborar o orçamento anual, administrar serviços como saúde, educação, transporte e segurança, além de promover o desenvolvimento econômico e social da cidade. O prefeito também representa o município em diferentes esferas governamentais e em eventos oficiais.

Junto com o prefeito também é eleito o vice-prefeito que tem a função de apoiar o prefeito e assumir suas responsabilidades, em caso de ausência ou impedimento. Além disso, ele pode ser designado para gerenciar áreas específicas da administração municipal ou liderar projetos estratégicos, contribuindo para uma gestão mais eficiente.

Vereadores

Os vereadores compõem o poder legislativo municipal, sendo responsáveis por criar, debater e aprovar leis que impactam diretamente a vida dos cidadãos. Eles elaboram normas como o Plano Diretor e o Código de Posturas, além de fiscalizar as ações do prefeito e da administração pública. Sua função inclui representar os interesses da população e atuar como um canal direto entre os cidadãos e o governo municipal.

Importância do Voto

Os cargos públicos votados em uma eleição municipal são essenciais para a democracia e a governança local. Prefeito, vice-prefeito e vereadores têm funções complementares que garantem a administração da cidade. O voto consciente é uma oportunidade para os cidadãos escolherem líderes comprometidos com a melhoria da qualidade de vida e o bem-estar da comunidade.