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Corrida de rua e intervenção artística marcam 20 anos do Observatório de Favelas

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Ação que acontece neste sábado, terá percurso da Maré até a Penha conectando equipamentos culturais

Por Observatório de Favelas, em 15/10/2021 às 10h.

Em comemoração aos 20 anos de fundação do Observatório de Favelas, acontece no próximo sábado, dia 16 de Outubro, a ação que une arte e atividade física: a corrida de rua: ‘20 anos de Corre’. A corrida realizada em parceria com artistas do Ghetto Run Crew, vai conectar os 2 espaços culturais cogeridos pelo Observatório de Favelas – Galpão Bela Maré, localizado no Complexo da Maré e a Arena Carioca Dicró, na Penha -.

“A corrida em parceria com o Ghetto Run Crew vai fazer os dois equipamentos culturais que gerimos – Bela Maré e Arena Dicró – se encontrarem a partir de uma conexão que queremos valorizar e mobilizar cada vez mais : artes e bem-viver. Tudo isso organizado, pensado a produzido a partir das favelas, periferias e seus protagonistas”, destaca Isabela Souza, diretora do Observatório de Favelas.

O ponto de encontro será às 16h no Galpão Bela Maré com previsão de chegada às 17h na Arena Dicró, com recepção ao som da DJ Ingrid Nepomuceno e intervenção de grafite com a artista Juliana Fervo. Neste contexto de retomada e reabertura, esta ação foi pensada a partir do desejo da ocupação gradual dos espaços e a possibilidade de vivenciar as ruas.

“A iniciativa busca impactar e evidenciar periferias como territórios de mobilização criativa, como propõe o eixo Arte e Território do Observatório de Favelas, responsável pela ação”, destaca Gisele Jacob, coordenadora da Arena Dicró.

Em conformidade com o DECRETO (RJ) Nº 49.335, DE 26.08.2021, só será permitida a participação de pessoas que apresentarem comprovante de vacinação contra a Covid-19. A ação é uma iniciativa do eixo de Arte e Território do Observatório de Favelas e faz parte das ações de comemoração do Observatório de Favelas, que completa 20 anos

Serviço:

Sábado (16/10) às 16h

Ponto de encontro/ largada: Galpão Bela Maré – Rua Bittencourt Sampaio, 169 – Maré. Próximo a passarela 10 da Avenida Brasil

Ponto de chegada: Arena Carioca Dicró – Rua Flora Lobo, Parque Ary Barroso – Penha Circular.

Sobre o Galpão Bela Maré

Inaugurado em 2011, o Galpão Bela Maré, localizado no Conjunto de Favelas da Maré, representa o projeto institucional do Observatório de Favelas do Rio de Janeiro, em parceria com a Produtora Automatica, na construção de um espaço alternativo dentro do cenário das artes do Rio de Janeiro metropolitano. O espaço existe com o objetivo de contribuir para a democratização e difusão de todos os tipos de expressões artísticas.

Sobre a Arena Carioca Dicró

Inaugurada em junho de 2012, a Arena Carioca Carlos Roberto de Oliveira – Dicró é um espaço cultural da Prefeitura do Rio de Janeiro, cogerido pela Secretaria Municipal de Cultura e pelo Observatório de Favelas do Rio de Janeiro. Localizada na Penha, em nome homenageia um grande artista, intérprete e compositor da música popular brasileira, morador da Leopoldina. O espaço destaca-se por ser um grande centro de difusão de produtos artísticos, de formação em diversas linguagens artísticas dentre elas balé Infantil, teatro juvenil, aulão de passinho, dança de salão, dança árabe, capoeira, circo. Além de possuir um teatro com capacidade para 338 pessoas.

Sobre o Observatório de Favelas

Observatório de Favelas, criado em 2001, é uma organização da sociedade civil sediada no Conjunto de Favelas da Maré, mas com atuação nacional. Dedica-se à produção de conhecimento e metodologias visando incidir em políticas públicas sobre as favelas e promover o direito à cidade. Fundado por pesquisadores e profissionais oriundos de espaços populares, tem como missão construir experiências que contribuam para a superação das desigualdades e o fortalecimento da democracia a partir da afirmação das favelas e periferias como territórios de potências e direitos. Atualmente, tem em andamento projetos, divididos em cinco áreas: Arte e Território, Comunicação, Direito à Vida e Segurança Pública, Educação e Políticas Urbanas. Muitos em parcerias com universidades, organizações locais, nacionais e internacionais.

Rio promove neste sábado Dia D da Campanha de Multivacinação de crianças e adolescentes

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Por Redação, em 15/10/2021 às 09h55.

A Secretaria Municipal de Saúde realiza neste sábado (16/10) o Dia D da Campanha de Multivacinação. As vacinas dos calendários de imunização da criança e do adolescente serão oferecidas das 8h às 17h nas 237 unidades de Atenção Primária (clínicas da família e centros municipais de saúde) e em postos extras espalhados pela capital, incluindo três grandes centros comerciais (Carioca Shopping, Madureira Shopping e Jardim Guadalupe), que terão horário de funcionamento diferenciado.

As crianças poderão colocar em dia as vacinas BCG, hepatites A e B, pentavalente, pneumocócica 10-valente, poliomielite (VIP e VOP), rotavírus, meningocócica C (conjugada), febre amarela, tríplice viral, influenza, tríplice bacteriana, varicela e HPV. Já os adolescentes irão atualizar os imunizantes HPV, dupla adulto, febre amarela, tríplice viral, hepatite B e meningocócica ACWY (11 e 12 anos). É importante que ambos os grupos levem a caderneta de vacinação que possuem ao se dirigirem aos postos.

A campanha de multivacinação, que acontece até o dia 29 de outubro, visa atualizar a situação vacinal de 1,2 milhão de pessoas do público-alvo no Município do Rio, porém a adesão das famílias cariocas até o momento está muito baixa.

”Os responsáveis de crianças e adolescentes devem levar seus filhos ao posto de saúde, neste sábado, com o intuito de que elas sejam protegidas de uma série de doenças que podem ser facilmente evitadas de uma única vez”, disse o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz.

Uma novidade da multivacinação deste ano é que os adolescentes a partir de 12 anos que estão contemplados também pela campanha de imunização contra covid-19 e que ainda não tenham recebido sua dose poderão aproveitar o momento em que se dirigirem aos postos de saúde para tomar diferentes imunizantes, incluindo o da covid-19. O Programa Nacional de Imunizações recomenda a aplicação de diversas vacinas no mesmo dia (simultâneas), com segurança na aplicação, desde que sejam respeitados os locais de aplicação distintos.

#VacinaMaré – 2ª Dose chega ao segundo dia de campanha

Moradores acima de 18 anos podem se vacinar; adolescentes a partir de 12 também estão aptos a receber imunizante

Por Edu Carvalho, em 15/10/2021 às 09h45.

No primeiro dia da mobilização #VacinaMaré – 2ª Dose, moradores com idade de 25 a 33 anos foram vacinados. Hoje, sexta-feira (15/10), o calendário é destinado às faixas etárias acima de 18 anos. Já no sábado (16/10), há esquema de repescagem para todas as idades.

Desta vez, clínicas da família e associações de moradores são os pontos de vacinação, abertos sempre das 8h às 17h nos três dias, prioritariamente na população entre 18 e 33 anos. Os moradores acima de 18 anos que ainda não se vacinaram com a primeira ou segunda dose estão aptos a se vacinar nos dias da campanha, assim como adolescentes a partir de 12 anos que ainda não tomaram a primeira dose.

O #VacinaMaré é uma articulação integrada que reúne a Secretaria Municipal de Saúde, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Redes da Maré, que também tem como apoiadores o Ministério da Saúde, SAS Brasil, Conexão Saúde e PUC-Rio.

Veja mais informações abaixo:

15/10 – pessoas com 18 anos ou mais

16/10 – repescagem para todas as idades acima de 18 anos

14, 15 e 16/10 – vacinação para adolescentes acima de 12 anos (apenas nas unidades de saúde)

Onde? Nas Clínicas da Família e associações de moradores!

Clínica da Família Adib Jatene • Via B Um, 589-501 – Maré
Clínica da Família Augusto Boal • Av. Guilherme Maxwell, 901 – Baixa do Sapateiro
Clínica da Família Américo Veloso • Rua Gerson Ferreira, 100 – Praia de Ramos
Clínica da Família Diniz Batista dos Santos • Av. Brg. Trompowski, SN – Maré
Clínica da Família Jeremias Moraes da Silva • R. Teixeira Ribeiro – Maré
Centro Municipal de Saúde Vila do João • R. Dezessete, s/n – Maré
Centro Municipal de Saúde João Cândido • Av. Lobo Junior, 83 – Penha Circular
Associação de Moradores Morro do Timbau
Associação de Moradores da Vila do João
Associação de Moradores Marcílio Dias
Associação de Moradores Rubens Vaz
Associação de Moradores Parque União
Associação de Moradores da Vila dos Pinheiros
Associação de Moradores Roquette

O que precisa para vacinar?

É preciso ter cadastro em uma unidade de saúde da Maré para se vacinar. Caso a pessoa não tenha, será possível fazer um pré-cadastro na unidade de saúde ou nas associações de moradores, de 22 a 25 de julho!

Cada unidade de saúde atende uma região específica, procure ir na mais próxima de você. Caso tenha dúvidas procure um agente de saúde comunitário. Seus vizinhos ou familiares podem ter o contato de whatsapp do agente que atende sua rua ou região.

É preciso ter cadastro em uma unidade de saúde da Maré para se vacinar. É necessário fazer o pré cadastro! Veja aqui se você está cadastrado na unidade de saúde!!

Para mais informações, acesse: https://www.vacinamare.org.br/

Publicação de cartas de crianças moradoras da Maré completam dois anos

Continuidade da violência e pandemia afetam crianças e adolescentes

Por Gracilene Firmino, em 14/10/2021 às 07h.

Em agosto de 2019, a Redes da Maré reuniu e entregou à Justiça mais de 1.500 cartas e desenhos de crianças do conjunto de favelas, pedindo paz e respeito. O material estava acompanhado de uma petição pedindo para que fosse restabelecida uma Ação Civil Pública que regula e restringe as operações policiais na Maré. O pedido, aceito pela Justiça em 2017, ajudou a diminuir todos os índices de violência ao longo de um ano, mas acabou suspensa em junho de 2019. Diante do apelo dos moradores, a ação foi revalidada, restabelecendo parâmetros mínimos para as ações, como a exigência da presença de uma ambulância e o veto a operações durante o horário de entrada e saída de alunos das escolas. Dois anos depois da ação Cartas da Maré, as crianças mudaram mas as violações de direitos não.

De lá para cá, outro grande acontecimento alterou completamente o cotidiano não apenas do favelado mas de pessoas do mundo inteiro: a pandemia de covid-19. Em junho de 2020, o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, determinou a proibição de operações policiais em favelas do Rio de Janeiro durante a pandemia causada pelo coronavírus. Segundo Fachin, as ações só podem acontecer em hipóteses consideradas excepcionais e devem ser justificadas por escrito pela autoridade competente. Determinação que não vem efetivamente sendo cumprida. Segundo o Boletim Direito à Segurança Pública na Maré, que traz dados sobre as dinâmicas de violência no território no primeiro semestre de 2021, ocorreram sete operações policiais nesse período. Essas ações provocaram oito mortes e sete dias sem atendimento médico nas unidades de saúde.

Uma das cartas entregue à Justiça pela Redes da Maré.

Violência segue afetando jovens moradores da Maré

Algumas das crianças que escreveram cartas na ação, hoje, são adolescentes. Essa faixa etária é amplamente afetada pela violência. Segundo levantamento feito pelo Instituto Fogo Cruzado, três adolescentes foram baleados por mês em 2021, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Os números, colhidos no período entre 1° de janeiro e 21 de setembro, mostram que 30 jovens foram vítimas de arma de fogo no Grande Rio este ano. Desses, 10 morreram. Alessandra Larissa de Campos, de 17 anos, Joycy Dayana de Campos, de15 anos, e Agatha Mirian de Campos, de 12 participaram do “Cartas da Maré” e assim como na infância, ainda se sentem inseguras agora na adolescência.

“Elas estão bem. Mas em relação à segurança, não mudou muito desde que elas escreveram as cartas. Agora elas já estão adolescentes e, por causa da pandemia, ficam mais em casa. Ficam apavoradas quando tem tiroteio, nada mudou. Elas acreditam que tem que mudar muita coisa ainda, sobre a questão da violência. Estão sem aulas, isoladas e vivendo em uma situação que pode trazer risco a vida delas”, conta Wanir Campos, responsável pelas adolescentes.

Crianças em 2018 em frente ao Tribunal de Justiça do Rio.

Saúde mental abalada

“Um dia eu estava no pátio da escola fazendo educação física. De repente, o helicóptero passou dando tiro para baixo. Aí, todo mundo correu para o canto da arquibancada. Quando passou o tiro, a gente correu para dentro da escola até minha mãe me buscar. Quando deu mais tiro, eu estava em casa”. “O ruim das operações nas favelas é que não dá para brincar muito. E também morrem moradores nas comunidades. Também têm muita violência”. “Eu não gosto do helicóptero porque ele atira para baixo e as pessoas morrem”. Essas são apenas algumas das frases escritas pelas crianças em 2019 na ação “Cartas da Maré”. Na época a situação no conjunto de favelas era alarmante.

Em boletim semestral publicado naquele ano, a Redes da Maré mostrou que 27 pessoas morreram apenas no primeiro semestre de 2019, 10% a mais que ao longo de todo o ano de 2018, quando 24 pessoas foram mortas. Além disso, 15 pessoas faleceram durante as 21 operações policiais ocorridas no primeiro semestre. As outras 12 morreram durante os 10 confrontos entre facções da região. O mesmo boletim também informou que, ao longo do primeiro semestre daquele ano, as escolas e os postos de saúde tiveram 10 dias de atividades suspensas por causa de tiroteios. O número foi o mesmo em 2018. Já em 2017, antes da Ação Civil Pública, as crianças ficaram sem aula durante 35 dias e os postos de saúde somaram 45 dias fechados.Em 2017, 41 operações policiais foram realizadas.

Yasmin Holmer, de nove anos, fala do que mais sente falta por estar em meio a pandemia de covid-19 e pela violência. “Doida pra estudar e brincar principalmente. Mas mesmo sem pandemia nem sempre dá para brincar na rua, me sinto muito mal”. Quando perguntada sobre o que desejaria para o lugar onde mora, a menina é sincera. “Pois é… Às vezes, sinto vontade de ir embora daqui. Mas, ao mesmo tempo, não quero por conta da escola e dos amigos”. A pesquisa “Construindo Pontes” mostra que pessoas em situações de violência são mais vulneráveis ao sofrimento mental. Segundo o estudo, o medo de que alguém próximo seja atingido por arma de fogo chega a 71%. Estresse pós-traumático, ansiedade, depressão e tentativas de suicídio são alguns dos transtornos frequentes.

A pesquisa pioneira foi liderada pela organização inglesa People’s Palace Projects e pela Redes da Maré. Realizada entre 2018 e 2020 com 1.411 moradores acima de 18 anos, teve como desdobramento a 1ª Semana de Saúde Mental da Maré, a Rema Maré, que aconteceu entre os dias 23 a 28 de agosto deste ano. As crianças são peças-chave quando se fala de cuidados de forma geral e com a saúde mental, não pode ser diferente. É preciso estar atento e proteger os mais vulneráveis, esse é um dever de todos e uma obrigação do Estado.

Princípio da Proteção Integral

As crianças e adolescentes do Brasil estão protegidas por lei. Essa proteção é absoluta descrita como “Princípio da Proteção Integral”. Estes princípios têm a finalidade de assegurar os direitos fundamentais da criança e do adolescente com normas protetivas diferenciadoras das aplicadas aos adultos, com base na Constituição e declarado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), dando-lhes proteção integral e prioridade absoluta. O princípio da proteção integral assegura direitos e privilégios que diminuam sua fragilidade pressuposta. Ele se encontra descrito no artigo 6º da Constituição Federal de 88, e no 3º do ECA.

“Art. 6º. São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.”

“Art. 3º. A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata a lei, assegurando-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.”

Responsáveis e crianças moradoras da Maré em frente ao Tribunal de Justiça do Rio, na sessão para recibimento das cartas.

No artigo 227 da Carta Magna do Brasil encontramos o princípio da Prioridade Absoluta. “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem com absoluta prioridade, direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e a convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”. A destinação privilegiada dos recursos públicos para as garantia da proteção da criança e do adolescente estão elencadas nos artigos 59,87,88 e 261, parágrafo único, do ECA.

Apesar da violência, moradoras têm esperança de dias melhores

Rayssa Fagundes Sampaio e Rayane Fagundes Sampaio, ambas com 14 anos, são irmãs gêmeas e, apesar de reconhecerem o quanto são expostas à violência, falam sobre felicidade. “Sobre mudanças na Maré desde que escrevemos as cartas, não vemos muitas. A violência não mudou em nada, ao meu ver até piorou. Mas eu estou bem graças a Deus. Principalmente de saúde. Já tomei a primeira dose da vacina e estou muito feliz por isso. Apesar da minha vida não ter melhorado muita coisa, sou grata a Deus pela minha saúde e da minha família”, conta Rayane.

As gêmeas fazem parte do projeto “Nenhum a menos”, na Lona Cultural da Maré Herbert Vianna, onde participam de diversas atividades. “Lá, nós fazemos danças,aula de música e de circo,capoeira e robótica. Mas por conta da pandemia está tudo parado. Sentimos muita falta. Pois as aulas nos ajudavam muito e nos mantinham ocupadas. Nos sentimos muito bem lá. Agora, ficamos mais em casa. Não vejo a hora da pandemia acabar para tudo voltar ao normal. As aulas voltaram mas ainda não estão 100%, não são todas as semanas nem todos os dias que tem aula. É muito ruim ficar só em casa. Me sinto chateada e muito presa. Gostaria de poder estar saindo, encontrando mas com os meus amigos e outras coisas assim. Me faria muito bem”, diz Rayssa.

E deixa um recado aos governantes mais uma vez. “Queria dizer para os nossos governantes de modo geral que prestem mais atenção nas nossas comunidades. Na classe pobre, nas escolas da Maré. Lembrando que as aulas voltaram e nós crianças e adolescentes não temos nem alimentação na escola e, quando temos, é de péssima qualidade. Nós merecemos mais.”

#VacinaMaré – 2ª Dose: campanha de vacinação recomeça na Maré

Representantes do programa de vacinação em massa participam de coletiva de imprensa e acompanham primeiro dia das ações

Por Edu Carvalho, com informações de Agência Fiocruz e Redes da Maré, em 14/10/2021 ás 16h35.

No primeiro dia para a segunda fase da vacinação em massa na Maré, o #VacinaMaré, que começou nesta quinta-feira, dia 14, e vai até o próximo sábado (16), representantes da iniciativa articuladora estiveram no território para uma coletiva de imprensa. Eles acompanharam toda a movimentação da ação que busca imunizar a maior quantidade de moradores a partir de 18 anos nas 16 favelas que compõem a Maré. A primeira dose também será dada aos adolescentes acima de 12 anos (apenas nas unidades de saúde).

A abertura do evento contou com a participação do secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz; a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima; o assessor de Relações Institucionais da Fiocruz, Valcler Rangel; o pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz, Fernando Bozza; e a coordenadora da Redes da Maré, Luna Arouca. Também participaram do evento o secretário municipal de Educação Renan Ferreirinha e a deputada estadual Renata Souza (PSOL).

“O projeto #VacinaMaré foi um sucesso já na primeira fase, superando as expectativas. Agora vamos acelerar o processo com a aplicação da segunda dose, possibilitando já avaliar alguns resultados da vacinação em massa na proteção da comunidade local, incluindo as crianças”, ressaltou Soranz.

Desta vez, clínicas da família e associações de moradores são os pontos de vacinação, abertos sempre das 8h às 17h nos três dias, prioritariamente na população entre 18 e 33 anos. Para os moradores acima de 18 anos que ainda não se vacinaram com a primeira ou segunda dose estão aptos a se vacinar nos dias da campanha, assim como adolescentes a partir de 12 anos que ainda não tomaram a primeira dose.

Mobilizadores da ação #VacinaMaré. Foto: Matheus Affonso

Para a segunda fase da campanha, os postos de vacinação contarão com apresentações culturais e intervenções de artistas locais. Nas primeiras horas do dia, quem abriu os trabalhos com muita música na Clínica da Família Adib Jatene foi o grupo coletivo Panderolando Maré, ao som de atabaques e alfaias, além da Orquestra do Amanhã. A programação também acontece nessa sexta (15) e no sábado (16), com divulgação nas redes sociais da ONG Redes da Maré.

Integrantes do coletivo Panderolando, durante apresentação na abertura do evento. Foto: Matheus Affonso

“Vamos celebrar, tomando o cuidado de não formar aglomerações, com pequenas intervenções artísticas. Mas temos resultados a comemorar, depois de tantos desafios causados pela pandemia e agravados pelos problemas históricos do território: a taxa de letalidade na Maré é menor do que a do município e conseguimos, com um projeto pioneiro, dar um tratamento adequado e com base científica para os moradores da favela”, avalia Eliana Silva, diretora da Redes da Maré.

Luna Arouca, coordenadora da ONG Redes da Maré e do Projeto #Vacina Maré, representou a diretora Eliana na abertura do evento. “Depois de um ano e meio de perdas, é uma alegria estarmos reunidos aqui para esse projeto”, afirmou, “É um momento de celebração e cuidado, ainda temos que seguir com as precauções, mas também podemos aproveitar esse momento juntos”.

Músicos da Orquestra do Amanhã também estiveram presentes no pontapé inicial da campanha. Foto: Matheus Affonso

Aline Aquino, 38 anos, é Técnica de Enfermagem desde 2008. Para ela, participar da mobilização na Maré traz um orgulho ainda maior, e mexe com a autoestima do morador. “Nós que estamos nessa área (Saúde) podemos ver que é muito sofrido para alguns moradores notar as diferenças no status de vida para uns e para outros. Fazer parte de algo que muda isso é muito importante”. Aline esteve alocada na Associação de Moradores do Parque União.

“Essa campanha é importante para conscientizar as pessoas de como todos devem se vacinar, protegendo uns aos outros” arremata didaticamente Helena Edir, 71 anos, uma das diretoras da Redes da Maré. Essa é a primeira vez como voluntária da ação, que aproveitou a terceira dose para, enfim, se unir ao grupo de articuladores que tem levado esperança no território através da vacina.

Registro feito durante pesquisa que ocorre sobre a vacinação na Maré. Foto: Matheus Affonso

Caso Evaldo: pela primeira vez, militares são condenados por mortes de civis no Rio de Janeiro

Sessão que julgou fuzilamento de Evaldo Rosa e Luciano Macedo começou na quarta (13) e terminou nas primeiras horas de hoje (14)

Por Edu Carvalho e Hélio Euclides, em 14/10/2021 às 10h29

Com mais de 15 horas, foi decidida a primeira parte do processo em que a Justiça Militar julgou oito militares do Exército por matarem o músico Evaldo Rosa e o catador de latinhas Luciano Macedo, em 2019.

O placar do plenário foi de 3 votos a 2, culpando por duplo homicídio e tentativa de homicídio (o sogro de Evaldo, Sérgio, ficou ferido e sobreviveu). Segundo a defesa, os militares vão recorrer da decisão com os réus respondendo pelo crime em liberdade e até que se esgote os recursos.

A análise final que condenou os militares do 1º Batalhão de Infantaria Motorizada Escola, foi realizada por um conselho composto por cinco componentes: Mariana Aquino, juíza federal substituta; e os juízes militares: Tenente Coronel Sandra Fernandes de Oliveira Monteiro, Major Rêmulo Dias de Carvalho, Major José Adail da Silva Ferreira e o Capitão Perotti Honori.

Segundo o laudo feito na época, aconteceram cerca de 257 disparos, destes, 62 tiros atingiram o carro – à época, o crime ficou conhecido como “caso dos 80 tiros”. No auditório do Tribunal estavam Luciana Rosa, viúva de Evaldo e Dayana Fernandes, viúva de Luciano, que acompanharam todo o julgamento até a divulgação da sentença.

O Ministério Público Militar pediu a condenação de oito militares e a absolvição dos outros quatro envolvidos na operação, com alegação de falta de provas. Essa solicitação foi acatada. O Tenente Ítalo da Silva Nunes, que chefiou a ação, recebeu a pena de 31 anos e seis meses e os envolvidos: Fábio Henrique Souza Braz da Silva, sargento e Leonardo Oliveira de Souza, cabo foram condenados a 28 anos. Pena igual a dos soldados: Gabriel Christian Honorato, Matheus Sant’Anna, Marlon Conceição da Silva, João Lucas da Costa Gonçalo e Gabriel da Silva de Barros Lins. Já o Cabo Paulo Henrique Araújo Leite e os soldados Wilian Patrick Pinto Nascimento, Vitor Borges de Oliveira e Leonardo Delfino Costa, foram absolvidos.

Luciana se emocionou em vários momentos no julgamento e precisou de serviços médicos. Ela deixou claro que o resultado não traz a vida do esposo, mas sim a realização de justiça. “Com certeza eles estavam totalmente despreparados. Destruíram a minha família, me tiraram meu melhor amigo, o meu esposo, que era a base de tudo. O importante é não desistir jamais, por, mas que todas circunstâncias digam o contrário. Não podemos nos calar”, conclui a viúva.